domingo, 31 de agosto de 2008

Concurso leva professores ao FSM

Incentivar professores a discutir a idéia de tecnologia social em sala de aula é a proposta do concurso “Aprender e Ensinar Tecnologias Sociais”, promovido pela Revista Fórum e pela Fundação Banco do Brasil. O objetivo é difundir o conceito e as práticas sobre soluções reaplicáveis de transformação social para as escolas públicas do ensino fundamental e espaços de educação não-formal.

A expressão Tecnologia Social compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representam efetivas soluções de transformação social. São propostas inovadoras de desenvolvimento, construídas de forma coletiva e que permitem a disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outros.

Inscrições
Professores da rede pública de ensino fundamental e de espaços não-formais de educação podem participar. As inscrições são feitas pela internet e estão abertas até o dia 31 de outubro de 2008. No ato da inscrição, o educador ganha uma assinatura da Fórum até fevereiro de 2009 e um exemplar do livro “Geração de Trabalho e Renda”.

Como resultado, todos os projetos enviados que forem certificados serão considerados finalistas, ficando todos os conteúdos disponíveis no site do Concurso para possibilidade de reaplicação das soluções propostas. Os professores autores dos cinco melhores projetos ganharão viagem e hospedagem para participar de debate sobre Educação e Tecnologia Social, no próximo Fórum Social Mundial, em Belém (PA).

Faça sua inscrição www.revistaforum.com.br/ts

. . . Compromisso de Valença pela Educação

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A eleição de 2008 será a mais disputada dos últimos tempos, num momento em que até rincões como Valença estão cientes da falência do projeto de “modernização” das elites, que se revela em sua tragédia ecológica e social. A globalização trou
xe celular, bateria, relógio, carro, bebidas, aumentou o peso de parte da população, aumentou a riqueza do mundo, mas deixou também desamparo, violência e miséria na maioria dos espaços. No Estado do Rio de Janeiro este processo é ainda mais cruel, o pensamento dominante do establishment é: quem tem mais, ganha mais e pode mais, o resto é massacrado. Para agravar, em províncias como a nossa, esta opressão é marcada na pele pelo ferro quente do “agronegócio” e seus aparelhos. Um banditismo por questão de classe.

Aqui em Valença, o setor de profissionais que trabalham na Educação (professores, auxiliares e outros) tem grande tradição de resistência e mobilização, notadamente na história do sindicato da categoria (SEPE) e na biografia de importante educadores(as) que fizeram e ainda fazem de vossas profissões quase um sacerdócio (Paula Figueira, Aparecida Santos, Danilo Serafim, Dilma Dantas, Regina Magalhães e mais duas dezenas).

Porém, com o advento do “lulismo” - política de domesticação das classes populares – e o conservadorismo religioso da classe média, as lutas e os debates para o progresso da sociedade estão bastante interditados nestes espaços. E necessário um maior comprometimento.

Tendo em vistas o momento de eleições para os governos municipais, o Sindicato dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEPE/RJ), junto com o JORNAL VALENÇA EM QUESTÃO, vem por meio deste propor um COMPROMISSO ELEITORAL PELA EDUCAÇÃO, notadamente à Educação Pública, aos candidatos a PREFEITO(A) E VEREADORES(AS) DE VALENÇA/RJ.


COMPROMISSO ELEITORAL DOS CANDIDATOS PELA EDUCAÇÃO DE VALENÇA, RIO DE JANEIRO, NAS ELEIÇÕES DE 2008.




1 • MANUTENÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA


A volta da escolha direta para direção de escolas talvez tenha sido a maior vitória da educação municipal nos últimos tempos. Na pedagogia que acreditamos: DIRETOR(a) DE ESCOLA É CARGO DE CONFIANÇA DA COMUNIDADE ESCOLAR E NÃO DE GOVERNOS. No (des)governo do Estado, o que assistimos é o teatro dos horrores de Sergio Cabral, onde tenebrosas transações arrepiam a vida dos profissionais de educação e do cidadão fluminense como um todo. Violência estatal, inocentes mortos, chacinas (a “política do enfrentamento”), e, nas escolas, o Assédio Moral, o Arrocho Salarial, o Favorecimento Pessoal e o Curral Eleitoreiro. Esta é a política do PMDB de Sérgio Cabral, Picciani, Garotinho, Eduardo Paes e outros.

A eleição direta e comunitária do diretor(a) de escola é a decisão política do cidadão que vive o cotidiano escolar (profissionais, pais, alunos) e deve vir atrelada a cursos de gestão e capacitação aos futuros gestores eleitos, oferecidos pela Secretaria Municipal de Educação (SME).



2 • REAJUSTE SALARIAL ANUAL (data-base),


Com a aprovação do Projeto de Lei Municipal nº.70 de 26 de Abril de 2007, nós que fazemos da Educação nosso ofício, recebemos um alívio imediato no bolso tão corroído pelos desmandos passados. O PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DA EDUCAÇÃO imediatamente incidiu em ganhos reais (aumentos de 30%) à categoria e ainda criou mecanismo de aperfeiçoamento e elevação profissional, por meio de formação acadêmica e experiência em serviço.

Documento que baseia a nossa estabilidade e o nosso desenvolvimento vital, a luta pelo PLANO foi longa e cansativa. Cabe agora o seu aperfeiçoamento e a GARANTIA REGISTRADA DOS CANDIDATOS pela sua defesa junto à sociedade e aos educadores.



3 • NOVO ESTATUTO PARA OS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO


Um outro COMPROMISSO que propomos aos candidatos é COMISSÃO PARITÁRIA (governo, sindicato e sociedade), COM AMPLOS PODERES PARA DECIDIR SOBRE UMA REFORMA NO ESTATUTO DO MAGISTÉRIO, legislação atrasada (1994) que precisa ser adequada ao novo Plano de Carreira (2007).

Esta Comissão terá como instrumento democrático a prerrogativa de chamar um CONGRESSO MUNICIPAL DE EDUCADORES para conceber e referendar uma nova proposta de Estatuto.



4 • REFORMA E CONSTRUÇÃO DE NOVAS ESCOLAS E CRECHES.


Em 2007 Valença recebeu R$ 11.000.000.00 (onze milhões de reais) do Governo Federal somente pelo FUNDEB. somado com o que o município é obrigado pela Constituição a gastar do seu próprio dinheiro com a Educação (R$ 15.000.000,00 - quinze milhões de reais – 25% da Receita) Na boa e honesta gestão pública, esta montante pode ainda aumentar. por outras fontes Desta maneira reivindicamos a construção de NOVAS escolas, NOVAS creches e NOVO aparelhos sócio-educacionais no âmbito do município.



5 • MANUTENÇÃO MULTIPLICAÇÃO DO HORÁRIO ESCOLAR INTEGRAL


HORÁRIO INTEGRAL para escolas-pólos, (Aparecida, João Bonito, Bairro de Fátima, Instituto de Educação, São José das Palmeiras e distritos)



6 • DESCONGELAMENTO DOS TRIÊNIOS


Se os triênios "congelados" pelos últimos prefeitos fossem pagos, as condições de aperfeiçoamento e dedicação dos professores seriam definitivamente melhores. Exigimos COMPROMISSO DE DESCONGELAR PRIMEIRA PARCELA DOS TRIÊNIOS NO PRIMEIRO ANO DE GOVERNO (2009).



7 • VALE-TRANSPORTE PARA LOCALIDADES INTER-MUNICIPAIS E GRATIFICAÇÃO DE DIFÍCIL ACESSO


Tendo em vista que Valença sempre se caracterizou por formar excelentes educadores(as), o que gera numa imigração destes profissionais para outras cidades, REIVINDICAMOS VALE-TRANSPORTE PARA O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO QUE LECIONAR ALÉM DOS MUNICÍPIOS da microrregião de Barra do Pirai, atualmente atendidos por lei.

Sendo Valença é o segundo maior município em extensão de terras do Estado, com a grande maioria do seu território localizado na zona rural do município, fica os poderes públicos compromissados com a regulamentação de uma política de GRATIFICAÇÃO POR DIFÍCIL ACESSO para a categoria.

sábado, 30 de agosto de 2008

Redução de vagas na FAA

Publicado em 27/08/08 no sítio do MEC

Em onze meses de supervisão de 81 cursos de direito, houve uma redução de 54% das vagas ofertadas. De um total de 45.042 oferecidas, foram cortadas 24.380. A adequação, junto a outras medidas propostas a cada instituição de educação superior, produz efeito imediato na qualidade do ensino. A redução das vagas implica na diminuição do número de estudantes por professor. Outra ação prioritária é a qualificação do corpo docente.

O processo de supervisão teve início em outubro de 2007. À época, 81 cursos de direito foram notificados pelo Ministério da Educação por terem registrado conceitos inferiores a três no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e no Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD). Os cursos também apresentaram baixos índices de aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Em janeiro deste ano, 29 cursos assinaram termo de saneamento de deficiências com o MEC, eliminando cerca de 6,3 mil vagas. Em maio, mais 22 cursos assinaram o termo de compromisso e diminuíram 14,2 mil vagas. Os 30 restantes passaram por verificação in loco entre os meses de maio e junho. Em julho, também assinaram o documento e reduziram em torno de 3,6 mil vagas.

O termo de saneamento de deficiências define medidas específicas para cada instituição, incluindo a redução do número de vagas, e tem validade de até 12 meses a partir da assinatura. Após este período, a instituição será reavaliada pelo MEC. Além da redução de vagas, são previstas outras ações, como melhoria do perfil do corpo docente (titulação e regime de trabalho), estruturação do núcleo de prática jurídica, reorganização de turmas, revisão do projeto pedagógico, adequação da estrutura física e dos recursos de apoio e aquisição e manutenção de equipamentos e sistemas.

A comissão de especialistas da Secretaria de Educação Superior inicia, agora, a fase de acompanhamento do cumprimento dos termos. No último dia 13, os 29 cursos que assinaram o compromisso em janeiro apresentaram relatórios parciais do andamento da implementação das medidas propostas. Em novembro, será a vez das 22 instituições seguintes prestarem contas e em fevereiro de 2009, as 30 últimas.

Em julho de 2009, os 81 cursos já deverão ter cumprido todas as metas e, no mesmo ano, passarão por novo Enade. Caso a comissão de supervisão verifique que as medidas acordadas não foram cumpridas adequadamente, podem ser tomadas medidas mais drásticas e de implementação imediata.

Letícia Tancredi

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Valença na Mídia (pra variar: ou é desgraça ou é safadeza!)



DEU NO JORNAL "O ESTADO DE SÃO PAULO":

Justiça desmonta fraude em áreas de preservação no PA

LINK: http://www.estadao.com.br/geral/not_ger230548,0.htm

CARLOS MENDES - Agencia Estado

BELÉM - O juiz federal Antonio Carlos Campelo, de Altamira, no sudoeste do Pará, determinou hoje o bloqueio de 34 títulos de terra obtidos mediante fraude da fazenda Juvilândia, de 1,3 milhão de hectares, localizada dentro da Reserva Extrativista do Iriri e da Estação Ecológica da Terra do Meio, unidades de conservação federais situadas em uma das regiões mais cobiçadas e devastadas da Amazônia. O tamanho da fazenda grilada equivale à metade do estado de Sergipe.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), os títulos foram emitidos em nome de 49 pessoas físicas e jurídicas, a maioria "laranja". O proprietário da área, o fazendeiro Júlio Vito Pentagna Guimarães, residente no Rio de Janeiro, é acusado de fraudar os registros da terra no cartório de Altamira. O fazendeiro montou duas empresas para fazer os registros falsos, segundo o MPF. Osmar Ferreira, o "rei do mogno" na Amazônia, também participou do esquema, assim como outros parentes de Guimarães.

A utilização de "laranjas" como titulares das terras foi necessária, segundo o MPF, porque os títulos não poderiam ter nenhuma aparência de legalidade se tivessem um único proprietário. "As leis paraenses não permitem a concessão de posses acima de 4.356 hectares por ocupação primária, modalidade escolhida por Guimarães para disfarçar a grilagem", disse o Ministério Público.

A denúncia destaque um aspecto comum entre os supostos proprietários das terras nas unidades federais de conservação em Altamira: a maioria deles reside em Valença (RJ). O prefeito de Rio das Flores (RJ), Vicente de Paula Souza Guedes, também é um dos envolvidos. Nem ele nem o fazendeiro Guimarães foram localizados para comentar a denúncia do MPF.




DEU NO SÍTIO ELETRÔNICO DA "JUSTIÇA FEDERAL DO PARÁ:

LINK: http://www.pa.trf1.gov.br/noticias/ver.php?id=621

Mais de 30 títulos fraudulentos são bloqueados em Altamira

O juiz federal substituto Antonio Carlos Almeida Campelo, da Subseção de Altamira, mandou bloquear 34 títulos de terra fraudulentos referentes à fazenda conhecida como Juvilândia. A propriedade, segundo o Ministério Público Federal, ocupa irregularmente mais de 1 milhão e 300 mil hectares da Reserva Extrativista do Iriri e da Estação Ecológica da Terra do Meio, unidades de conservação federais.

Além de determinar o bloqueio, o juiz também proibiu o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de fazer qualquer pagamento de indenização aos donos dos títulos e fixou multa de R$ 100 mil se a decisão for descumprida.

Campelo tomou a decisão, em caráter liminar, ao apreciar ação civil pública que o MPF ajuizou. Os mais de 1 milhão e 300 mil hectares que formam a fazenda foram grilados, segundo informou o Ministério Público. Além disso, os ribeirinhos que moravam na região foram expulsos de forma violenta. São cerca de 200 famílias que, a partrir de 1977 (quando as fraudes começaram), receberam a visita de seguranças armados que falavam em nome de Julio Vito Pentagna Guimarães, fazendeiro acusado de planejar e executar as fraudes.

“Laranjas” - Os títulos fraudulentos agora bloqueados por determinação do juiz federal Antonio Carlos Campelo estão em nome de 49 pessoas físicas e jurídicas mas. O MPF considera, no entanto, que a maioria das pessoas são “laranjas”, que emprestaram seus nomes – algumas vezes sem o saber - para Julio Vito. Ele constituiu duas empresas para fazer os registros falsos: Juvilândia Empreendimentos da Amazônia S.A e Lester Indústria e Comércio Ltda. A empresa Serraria Marajoara S.A (Semasa) também participou, assim como muitos parentes do empresário.

“Os “proprietários” de terras nas unidades de conservação da Terra do Meio têm o mais diverso perfil. Alguns são parentes de Júlio Vito Pentagna, e os demais, certamente, conhecidos seus, são quase todos residentes em Valença (RJ). Pessoas sem a menor ligação com aquelas terras, em que vale ressaltar um prefeito de uma cidade do Rio de Janeiro”, informa a ação civil pública.

Segundo o Ministério Público, o uso de “laranjas” como titulares das terras foi necessário porque os títulos não poderiam ter nenhuma aparência de legalidade se tivessem um único proprietário, já que as leis estaduais não permitem a concessão de posses acima de 4.356 hectares por ocupação primária, modalidade escolhida por Pentagna para disfarçar a grilagem.

Plataforma de políticas de juventude

Uns dias atrás, postei o que o Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro organizou e está organizando em relação às eleições municipais na capital carioca. Eles realizaram um Encontro de Galeras e discutiram, junto aos jovens, políticas públicas de juventeudes que deveriam ser pensadas pelos candidatos. Mais do que isso, eles fariam um encontro com os candidatos e estes poderiam se comprometer ou não com as propostas dos jovens.

Iniciativa louvável, que elogiei, e terminei a postagem afirmando que faltava algo assim em Valença. Um anônimo (temos vários), perguntou então porquê não fizemos. A pergunta pode ter sido mesmo simplória, e ele apenas perguntou porque não fizemos, já que tivemos acesso a essa discussão, etc.

Minha resposta, talvez não muito ‘carinhosa’, era que nos faltavam pernas para realizar evento desse porte em Valença. Talvez tenha sido uma resposta meio grosseira, e por não saber qual a intenção do anônimo com sua pergunta, fiquei me sentindo um pouco ignorante.

A resposta continua a mesma, faltam-nos pessoas que colaborem, que estejam em Valença e tenham disposição e tempo para realizar esse tipo de trabalho. Minha ‘irritação’ em relação à pergunta é que fica parecendo que nós temos obrigação de fazer esse tipo de coisa, como se não fosse algo que deveria ser feito por qualquer pessoa.

O anônimo mesmo poderia ter tomado a iniciativa e feito algo desse tipo. Por que ele não fez? Por que nem ele nem ninguém em Valença fez? Porque tem que existir um grupo disposto a fazer isso. E Valença está carente de mobilização política (estou falando de política como algo amplo, não disputa eleitoral ou partidária).

Bom, o que aconteceu é que, em conversar com o pessoal do Fórum de Juventudes do Rio, vamos fazer uma adaptação do documento para apresentar aos candidatos de Valença nas próximas eleições e possibilitar que eles se comprometam. Não vai ser um processo tão forte como o realizado no Rio, em que os jovens tiveram participação direta. Vamos adaptar um documento produzido por jovens de outra cidade. Mas não deixa de ter importância.

A plataforma de políticas públicas vai ser apresentada aos candidatos no debate que vai ser realizado pelo SEPE em parceria com o Valença em Questão, com data a ser definida em breve.

Teatro Rosinha de Valença

Espetáculo "Pretas por ter", dias 13 e 14 e 20 e 21 de setembro, no Teatro Rosinha de Valença, sempre às 20 horas.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O petróleo é vosso

Contribuição do jornalista Antônio Augusto, que sempre colabora com o VQ, e agora nos recomenda este texto retirado do sítio Direto da Redação. A autoria deste artigo (que foi editado para ser postado aqui) é de Mário Augusto Jakobskind.

O PETRÓLEO É VOSSO

Quem acompanha nestes dias as informações e comentários sobre a exploração das reservas petrolíferas do pré-sal constata que há um clima de nervosismo na turma do “petróleo é vosso”. De Arnaldo Jabor a Miriam Leitão, passando por Carlos Alberto Sardenberg e outros que ocupam o espaço midiático conservador, todos foram unânimes em questionar os defensores de a riqueza do pré-sal ficar com os brasileiros e não ser diluída nas mãos de empresas multinacionais do setor.

Trocando em miúdos: tanto eles, colunistas, como seus superiores hierárquicos, querem que as grandes empresas petrolíferas tomem conta das riquezas de uma vez por todas. E chegam até a advertir Lula, que pelo menos na retórica está defendendo a preservação da reserva petrolífera sob o controle brasileiro.

A jóia do pensamento pró-multinacional ficou por conta de Sardenberg ao afirmar que “esse negócio de petróleo é nosso”, “riqueza nas mãos dos brasileiros” é, pasmem, “coisa do passado”, “populismo”.

O hoje sócio do Teatro Casa Grande, David Zilberstajn, o tal genro nomeado por Fernando Henrique Cardoso para a Agência Nacional de Petróleo e que ao se reunir com representantes de multinacionais petrolíferas cunhou a frase “o petróleo é vosso”, está de volta na defesa de interesses antinacionais. Na era FHC, Zilberstajn, o genro, tornou-se um dos mais ardorosos defensores da entrega da estatal brasileira de petróleo para os acionistas estrangeiros, que hoje chegam a 60%.

Os mesmos propulsores desta privatização pelas beiradas são os veementes defensores de que as riquezas energéticas do pré-sal sejam exploradas pelas multinacionais e pregam a continuidade dos leilões de petróleo. De saída, sem qualquer tipo de discussão mais aprofundada, a tal patota se colocou contra a criação de uma estatal para cuidar melhor desta riqueza.

Aliás, esta turma pós-moderna não traz nada de novo. Ela sim é “coisa do passado”, uma vez que os argumentos hoje apresentados reproduzem o que a mídia conservadora nos anos que antecederam a criação da Petrobrás (final dos anos 40 e início dos 50) dizia.

Claro, não adianta nada criar uma estatal de um lado e do outro conceder as facilidades para que a maior parte da riqueza fique com as multinacionais, como fez FHC. Mas a bancada do “petróleo é vosso” nem quer ouvir falar em estatal, ainda por cima se ela for controlada pelo povo brasileiro e não por quem o grupo defende e possivelmente é subsidiado.

Nenhum dos tais analistas foi capaz de associar a reativação da IV Frota dos Estados Unidos com as riquezas do pré-sal. Na verdade, tanto a Secretária de Estado, Condoleezza Rice, o vice Dick Cheney e o próprio presidente George W. Bush só agem em conformidade com as empresas petrolíferas que estão de olho no nosso litoral. O trio sinistro inventou vários argumentos para justificar a reativação IV Frota. Chegaram até a falar em “ação humanitária”.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

5º Circulando

É sábado agora, dia 30, no conjunto de favelas do Alemão, no Rio. Evento imperdível!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Vacinação contra Rubéola

A Secretaria Municipal de Saúde, através do Setor de Imunização, informa que no próximo dia 30 de agosto será realizada mais um dia “D” de vacinação contra Rubéola. A vacinação é destinada a homens e mulheres na faixa etária de 12 a 39 anos. Esta campanha teve início no dia 09 de agosto e se estenderá até o dia 12 de setembro. Aqueles que já foram vacinados no primeiro dia da campanha não precisam repetir a dose.

No dia 30 de agosto funcionarão 23 postos de vacinação, das 8:00 às 17:00 horas: Sala de Vacina Central, na Rua Castro Alves, n. 97, no centro; PSF (Programa Saúde da Família) do Parque Pentagna; PSF da Biquinha; PSF do Cambota; UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Valença; UBS do Carambita; UBS do Ciep São José das Palmeiras; PSF de João Bonito; PSF de Osório; PSF de Pentagna; PSF de Parapeúna; UBS do Bairro de Fátima; UBS da Passagem; UBS de João Dias; PSF de Chacrinha; UBS de Varginha; UBS do Canteiro; PSF de São Francisco; UBS de Quirino; UBS de Barão de Juparanã; PSF de Conservatória; PSF de Santa Isabel; e na Rua dos Mineiros (Tenda).

Já até o dia 12 de setembro a vacina estará disponível de segunda à sexta-feira, das 8:00 às 17:00 horas, nos seguintes locais: Sala de Vacina Central; PSF do Parque Pentagna; PSF da Biquinha; PSF do Cambota; PSF de João Bonito; PSF de Osório; PSF de Pentagna; PSF de Parapeúna; PSF de Chacrinha; UBS do Canteiro; PSF de São Francisco; UBS de Barão de Juparanã; PSF de Barão de Juparanã; PSF de Conservatória; e PSF de Santa Isabel.

Fonte: www.valenca.rj.gov.br

domingo, 24 de agosto de 2008

Pesquisa

Pessoal,

O VQ faz sua pesquisa eleitoral e conta com sua colaboração.

Escolha ao lado em qual candidato irá votar para prefeito nas próximas eleições.

Obrigado.

sábado, 23 de agosto de 2008

A prevenção da aids e do uso de drogas é uma responsabilidade de vida


Professor, ensinar a viver é um compromisso de todos. Promova um concurso de histórias em quadrinhos (HQ) na sua escola sobre prevenção às DST/AIDS e ao uso de drogas econcorra com participantesde todo o país. A educação preventiva para DST/AIDS e uso de drogas qualifica jovens e adultos para o exercício de bem viver.

Envie a HQ da sua escola até o dia 26 de setembro de 2008 para: SAS - Q. 05 - Bloco H - Lote 6 - Ed. CNPq/UNESCO - 9º Andar - CEP 70.070-914 - Brasília - DF.

Podem participar escolas públicas de ensino fundamental, médio e inclusive Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Para conhecer o regulamento completo da sétima edição do Prêmio Escola, acesse http://www.unesco.org.br/areas/educacao/premioescola2008/mostra_padrao

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

CARLOS LATUFF - Arte para Revolução

Beleza de entrevista do Latuff para o Fazendo Media.



Boa leitura a tod@s!
















CARLOS LATUFF - Arte para Revolução


Sala lotada, treze pessoas com a atenção totalmente voltada para o desenhista Carlos Latuff, três horas de conversa. Perto do aniversário de 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente e de 15 anos da “Chacina da Candelária”, um dos desenhos de Latuff foi utilizado em outdoors na cidade do Rio de Janeiro. A iniciativa visava chamar a população para uma manifestação contra a violência policial. O governador considerou o desenho ofensivo e em quatro dias o outdoor foi recolhido. Para Latuff foi uma pequena vitória. É o que ele nos conta nessa entrevista histórica, a segunda que concede ao Fazendo Media impresso – republicada excepcionalmente aqui no fazendomedia.com.

Por Diego Novaes, Eduardo Sá, Fernanda Chaves, Gilka Resende, Leandro Uchoas, Lorena Bispo, Luana Bispo, Luis de Gonzaga, Marcelo Salles, Maubia Chaves, Raquel Junia, Sergio Santos e Tatiane Mendes.


Tem uma frase de maio de 68 que diz assim: “nunca mais volta a dormir aquele que uma vez abriu os olhos”. Quando é que você abriu os olhos?
Que frase bonita! Eu não sei, eu lembro que o processo se desencadeou com os Zapatistas mesmo [movimento Zapatista, do México]. Eu sempre tive um incômodo com a realidade que me cercava, mas eu nunca objetivei, eu tinha aquelas revoltas juvenis, aquela coisa de adolescente revoltado, aí depois que cresce baixa o fogo e vira yuppie, civiliza. Mas o golpe fatal foi na Palestina. Aliás, eu vou contar um negócio aqui que eu achei do caralho. Eu estava no computador e aí pipocou uma pessoa no meu MSN. Era a Laila de Rafa, em Gaza [Palestina] e abriu uma câmera. Ela passou toda a conversa com um sorriso de lado a lado. A mulher vive em Gaza, com bloqueio de comida, de medicamento, de combustível, de passagem física, de tudo, e a mulher sorriu à vontade porque estava me vendo. Eu pensei assim: ‘caralho, é como se você visse uma pessoa em Sarajevo com bomba caindo e a pessoa sorrindo porque está te vendo. Por quê, eu sou um homem bonito?’


Não, com certeza não.(risos)
É porque fazia diferença para ela e para as pessoas que ela conhece. Esse trabalho de cartunista fez tanta diferença para uma pessoa que mora em Gaza a ponto de ela esquecer onde ela está vivendo para ficar sorrindo só falando comigo. O que mais comove o palestino é uma pessoa que não é mulçumana, não é árabe, que mora longe, brasileiro, se colocar a favor do povo palestino.



Como foi que o seu desenho foi parar no outdoor aqui na cidade do Rio...
A princípio, eu e o Marcelo [Salles] conversamos muito sobre a produção de imagens que possam ser apropriadas pelo movimento social. Porque a intenção foi essa, a gente primeiro criou aquela imagem, discutiu e eu publiquei na internet e fiquei aguardando. A minha parte como produtor dessa imagem eu fiz, assumi o risco de fazer e assinar. Sempre quando produzo alguma coisa tenho esse pensamento de que esse desenho possa não ser circunscrito à internet ou a um jornal. Ele precisa ser copyleft [livre reprodução] e atingir um sem número de pessoas. Aí veio o representante do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente e falou que estava pensando em fazer um outdoor e usar um desenho meu. Eu falei: ‘Cara, eu já tenho um desenho pronto. Se não for pra pegar pesado nessa questão eu não vou fazer. Se for pra desenhar pombinha da paz, criancinhas alegres eu não vou fazer’.

Por que não?
Porque é babaquice, é o Viva Rio [ONG Viva Rio] fincar cruzinhas na praia, balãozinho vermelho... Isso aí não quer dizer porra nenhuma! Porque com isso você pede paz, mas não diz quem causa a guerra. É um troço vazio. E ele me perguntou o que é pegar pesado. Eu respondi: ‘é mostrar uma criança baleada, vítima dessa política, é mostrar sangue, violência, mas dentro de um contexto diferente desse que você vê no Rambo, no Tropa de Elite, entendeu? Um contexto nosso, a realidade como é de fato.’ Aí ele falou para eu mandar o desenho. Eu mandei e não me responderam nada, pensei que o desenho tinha sido vetado.

É bom dizer o que tem no desenho...
É um policial diante de uma mãe negra abraçada a uma criança morta, também negra e baleada no peito. O garoto tem o uniforme de colégio e um caderno caído no chão. O policial está ao lado com um fuzil que acabou de atirar, ainda com a fumacinha no cano, no fundo tem uma favela e do outro lado tem um caveirão distribuindo tiro pra todo lado.

















Então eles preferiram esse desenho à pombinha da paz...
É, me deixou satisfeito o Conselho ter a coragem de bancar o desenho. Aí gerou toda aquela polêmica, o artigo de O Globo cita como uma imagem polêmica. Mas por quê? A realidade não é polêmica, a imagem é que é polêmica. Quando você mostra, choca; estranho, né? É a lógica da sociedade hipócrita e doente; tem certas coisas que a gente sabe que existem, mas não pode externar, não pode colocar numa imagem e mostrar.

Acho que é por causa da linguagem que alcança mais gente e é isso que incomoda...
Mas aquela imagem na verdade não é uma criação literária.


Você acha que foi alvo de censura?
Isso pra mim não é novidade nenhuma, a história mais recente foi aquela da camisa do Cauê no Pan [personagem criado para ser mascote dos Jogos Panamericanos no Rio. Latuff desenhou uma versão do Cauê com um fuzil na mão, representando a violência policial, e recebeu a visita da polícia em sua casa para explicar o desenho]. Você tem o fascismo clássico, o racismo clássico. Nós aqui na mesa temos duas meninas negras que podem até falar muito bem disso. Se eu, por exemplo, morar no Tennessee, o cara vai chegar na lata e falar ‘negra, fuck you negra!’, mostrando a camisa com o emblema da Ku Klux Klan. Nos Estados Unidos o negócio é descarado, na lata. Na África do Sul já era política de estado, tinha aquela coisa de colored people. No Brasil é um racismo cordial. Dizem: ‘Eu não sou racista, eu tenho um amigo que é preto. Eu não sou homofóbico, eu tenho um amigo que é viado’.

Ou então você é moreninho...
Moreninho. Essas historinhas que na verdade mascaram o racismo objetivo, mas ninguém chega e fala “eu sou racista”. O fascismo é assim também no Brasil, é cordial. Claro, se for na favela é diferente, é pé na porta e o caralho. Agora esse caso do outdoor, como foi feito por um Conselho do Estado e o cara que estava à frente é um desembargador [Siro Darlan] as coisas se resolvem na base do telefonema. Se fosse um regime fascista clássico, tacava fogo no outdoor, invadia a empresa e dava porrada em todo mundo. Aqui eles não vão entrar e quebrar tudo, eles dão um telefonema para o dono - como em Israel, quando colocaram no Centro de Mídia Independente uma ilustração minha, que era o Ariel Sharon fazendo a saudação nazista. A polícia não chutou a porta da empresa de internet, deu porrada em todo mundo e tirou o site do ar. O cara ligou para o dono e falou assim: ‘Se você não tirar o site do ar a gente te mata’. Aí as coisas se resolvem, sabe...

Qual o papel da polícia na manutenção da ordem capitalista, tanto na política de segurança do governo Sergio Cabral, no Rio, quanto em outros governos baseados no extermínio?
Eu tenho certeza que o Sérgio Cabral é um cara que tem formação, não é um cara idiota. Ele sabe direitinho sobre socialismo, sabe que esse problema, se é para ser resolvido de fato, vai ter que ser no âmago da questão, que é estrutural. Porque essa coisa de troca de tiro e partir para cima é enxugar gelo, ele sabe disso, mas ele sabe que não tem outra alternativa. Ele não quer e não vai solucionar o problema do capitalismo, ele não foi eleito para isso, então essas operações na verdade são pirotécnicas.

Eles não vão lá num banco da Suíça pegar o cara que está ganhando em cima do tráfico...
E também não vão a Brasília. Não vão pegar um juiz que está envolvido, não vão pegar graúdo, não vão pegar ninguém, porque aí vão atirar no próprio pé. Entra na questão sistêmica, ele não pode combater o sistema do qual ele saiu. É o Matrix, a gente vive as sensações, a de segurança é uma delas. O Josias Quintal, que foi o secretário de segurança aqui no Rio de Janeiro no governo Garotinho, deu uma declaração que eu nunca mais vou esquecer. Eles conseguiram um acordo com as Forças Armadas para colocar a Marinha nas ruas por certo período. Ele falou assim: ‘Eu estou muito satisfeito com esse convênio firmado com as Forças Armadas de colocar os soldados na rua porque isso dá à população a sensação de segurança’. É isso, não importa se existe a segurança, importa a sensação de segurança. Ele não vai dar segurança, porque para isso ele precisa atacar as questões sistêmicas e não tem condições de fazer isso.

E como a gente combate esse sistema?
Eu acho que o combate só quem pode dar é a esquerda, qualquer um que apresente uma solução fora da esquerda é maquiar o cadáver, é jogar perfume num monte de estrume. É melhorar o capitalismo, é novamente o discurso pós-moderno de que acabou a história, o muro caiu e não tem mais luta de classe, não tem mais esquerda e direita, é só o mercado que rege nossas vidas.


Você acredita na mudança do mundo?
Não, mas eu me comovo de ver como um povo pode ser resistente como o palestino. Como pode, meu Deus! E os filhos da menina [Laila, de Rafa] sorridentes, crianças lindas, meu Deus! Aí você abre o jornal e vê: ‘o palestino é o homem-bomba, o palestino é o terrorista’. Você vê a supra-realidade. ‘O palestino é isso, o palestino é aquilo, o favelado é o bandido’ E você abre a webcam e vê: puxa, ela põe um quadro na parede, ela tem uma vida, ela é de carne e osso, ela é gente, ela é humana. Como artista, eu acho que o que eu posso fazer são essas coisas, entendeu? Como o outdoor. Ficou quatro dias, mas já foi uma vitória.

Por que você não fala com a grande imprensa?
Porque se ela não for omitir, ela vai distorcer; então se for para me sacanear, os caras vão fazer isso sozinhos e não vão precisar da minha ajuda. Você acha que O Globo faria isso que você está vendo aqui? Só se eu fosse o superstar da política e olhe lá. Aquela menina do Globo escreveu no artigo que eu não dou entrevista para a imprensa. É uma mentira, meu problema não é com a imprensa, é com essa imprensa. A imprensa corporativa, de rabo preso.

Como você define ser de direita?
É simples: é quando você privilegia o capital acima do social. Melhor definição: quando você dá mais importância ao capital em detrimento do social. Isso é direita, isso é o capitalismo, isso é o neoliberalismo, isso é o pós-modernismo. Quando você privilegia o social em detrimento do capital, é o internacionalismo, é o socialismo, é o comunismo, é o anarquismo, é a esquerda.

Engraçado, ninguém se diz de direita.
Não tem um que diga...Não tem. Eu ainda sou mais o Le Pen [Jean-Marie, político francês da extrema direita]. Ele diz literalmente que é fascista. Ótimo, parabéns. Fica mais fácil a gente te combater. Agora, o cara do PFL vem dizer que é democrata?! Pena que essa discussão só fica entre a gente.

Que nada. Milhares de pessoas vão ler essa entrevista...
Que elas vão ler essa entrevista, não tenho dúvida. Se elas vão tomar alguma atitude a partir dela, é que eu não sei. Também não importa. Mas a gente tem que fazer. O que vai acontecer em seguida não importa. Tá bom pra vocês?

Retirado do site

http://fazendomedia.com/2008/entrevista20080821.htm

Fazendo Média

Quem são:"Somos profissionais e estudantes de Comunicação Social, História e Educação e procuramos entender a chamada grande mídia a partir de suas relações com o poder político-econômico estabelecido, para então compreender seus mecanismos que, mais do que formar opinião, são capazes de moldar percepções, criar paradigmas e reproduzir os interesses do status-quo, deixando em segundo plano sua função social."

Jovens apresentam agenda de políticas publicas aos candidatos

Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro se encontra no dia 2 de setembro com os candidatos à prefeitura do Rio e entregam Agenda de Políticas Públicas de Juventude

Os candidatos ao cargo de prefeito do Rio de Janeiro foram convidados pelo Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro para um debate com os jovens da cidade. O debate acontece no dia 2 de setembro, às 17 horas, no auditório do Clube de Engenharia. No evento os jovens entregarão aos candidatos uma agenda das políticas públicas de juventudes produzida pelos jovens.

A agenda foi produzida durante um Encontro de Galeras organizado pelo Fórum em agosto (veja vídeo abaixo sobre este encontro), onde os jovens, a maioria moradores de favelas e periferias da cidade, discutiram quais as políticas públicas devem ser priorizadas num próximo governo nas áreas de educação, saúde, cultura e habitação.

A proposta desse debate com os candidatos é, além de expor as preocupações e expectativas dos jovens da cidade, fazer com que se comprometam com as políticas públicas preconizadas pelos jovens durante o Encontro de Galeras.

Faltou fazer algo assim em Valença...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Fábio Vieira é cassado e fica inelegível

do site do TRE:
Valença tem o primeiro registro cassado no Estado do Rio

Candidato à reeleição pela coligação "Força do Bem", o prefeito de Valença, Antonio Fábio Vieira, teve o registro cassado pelo juiz da 111ª zona eleitoral Cláudio Gonçalves Alves por compra de voto e abuso de poder político e econômico. Com a decisão, Antonio Fábio Vieira fica inelegível pelo período de três anos, a partir da publicação no Diário oficial, o que está previsto para a sexta-feira (22). Além disso, o prefeito vai pagar duas multas, que totalizam 41 mil Ufirs. Esta é a primeira cassação de registro de candidatura por captação ilícita de sufrágio nas eleições 2008.

Na decisão, o magistrado acolheu parecer do Ministério Público Eleitoral, elaborado a partir de ações de investigação que confirmaram denúncias de que Antonio Fábio Vieira teria distribuído, em julho, vales-gasolina aos participantes de uma carreata de apoio a sua candidatura. Em operação de busca e apreensão, mais de 100 vales foram recolhidos em um posto de gasolina, dentro de um envelope, com os dizeres "Dr. Fábio Vieira". O prefeito foi denunciado ainda por distribuir folders com imagens de bens públicos municipais e obras realizadas pela atual administração, além de exibir um DVD com essas imagens aludidas durante um comício.

Para o juiz, a conduta de Antonio Fábio Vieira não deixou dúvida quanto à "intenção de influenciar a vontade do eleitor mediante subterfúgios que violam a própria normalidade e equilíbrio do pleito eleitoral". O prefeito teve o registro de candidatura deferido pelo juiz Cláudio Gonçalves Alves dentro do prazo estabelecido pela legislação porque as ações de investigação ainda não haviam sido concluídas. Como o prefeito já havia obtido a aprovação da candidatura, o juiz proferiu a sentença de cassação de registro e inelegibilidade. A partir da publicação da sentença, Antonio Vieira terá três dias de prazo para apresentar recurso ao Plenário do TRE-RJ.

do site dO Dia:
Justiça cassa candidatura do prefeito de Valença


A candidatura do prefeito de Valença, Antonio Fábio Vieira, à reeleição foi cassada nesta quarta-feira por compra de voto e abuso de poder político e econômico, mesmo após ter sido deferida pela Justiça Eleitoral. Trata-se do primeiro caso no estado.

Valença, depois do Rio, é a cidade com mais candidatos a prefeito: sete. Com a decisão, Antonio Fábio Vieira fica inelegível pelo período de três anos, a partir da publicação no Diário Oficial, o que está previsto para sexta-feira. Além disso, o prefeito terá que pagar duas multas, que totalizam 41 mil Ufirs.


Do globo On Line (que não permite copiar o texto, mas é praticamente igual ao do site do TRE)

O Modelo Vitória

Esse texto que apesar de grande é muito bom, foi retirado da revista Piauí. Merece atenção especial pois prova a importancia dos movimentos sociais, que são criminalizados. E além, que a reforma agrária, a reforma urbana e a distribuição de renda são um grande passo em busca de uma sociedade melhor. Sendo necessário um novo modelo de sociedade que com certeza não é a sociedade capitalista nem o modelo neoliberal.

Saudações revolucionárias!!


O Modelo Vitória

O assentamento do MST é uma ilha sem propriedade privada, com casas grandes e mesas fartas.


LUIZ MAKLOUF CARVALHO


ÀS TRÊS E MEIA DE UMA MADRUGADA do fim de abril, Ildo Roque Calza acordou bem-humorado e disposto na suíte de sua casa recém-reformada. Ela tem cinco quartos, sala, cozinha, lavanderia, dispensa e varanda em 118 metros quadrados de área construída. Uma hora depois, o leite saía de uma sala de ordenha mecanizada e Calza o recebia no laticínio contíguo, com câmara fria, onde se faz a pasteurização e a embalagem. Dois vizinhos haviam chegado um pouco mais cedo e, de avental e botas de plástico branco, ordenhavam as vacas. O leite foi canalizado para os tambores de inox da sala ao lado. Foi ali que Ildo Calza operou as máquinas que esterilizaram, pasteurizaram e ensacaram o leite em embalagens plásticas de 1 litro.

Entre o leite da tarde anterior, armazenado na câmara fria, e a produção daquela madrugada, a média ficou em 1 mil litros por dia. Na gíria da região, o noroeste do Paraná, o leite é “barriga mole”, devido à flacidez dos saquinhos. Ele é produzido pela Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória, ou Copavi, fundada por um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária coloca a Cooperativa Vitória entre os dez assentamentos mais bem-sucedidos do Paraná. Pela sua forma coletiva de propriedade e de produção, a direção do MST classifica o assentamento como modelar.

A Cooperativa Vitória dispõe de 256 hectares – algo como 310 campos do Maracanã – onde 77 pessoas, de 23 famílias, vivem e produzem leite e açúcar mascavo. Entre elas, 27 são crianças. As terras fazem limite com a zona urbana de Paranacity, uma cidade de 10 mil habitantes, onde o prefeito do PMDB administra um orçamento de 11 milhões de reais. A entrada da Vitória fica a menos de 1 quilômetro da cidade, às margens do asfalto de uma rodovia estadual.

ÀS SEIS DA MANHÃ, quando o sol raiava, uma das duas Kombis da Vitória estacionou na frente do seu laticínio. A motorista, uma jovem de olhos verdes e cabelos compridos e lisos, era Danuza, um dos cinco filhos de Ildo Calza. “Cinco e ponto final”, explicou ele, querendo dizer que não aumentaria a família. A convicção é coletiva: a cooperativa incentiva firmemente a vasectomia dos casais que têm dois filhos. Entre esses, só um ainda resiste à limitação.

Ildo Calza descende de italianos. Paranaense de Marmeleiro, é lavrador de profissão, sempre em terra alheia. Entrou para o MST em 1985, na invasão de uma fazenda. Mostra os pêlos arrepiados do antebraço ao lembrar que desafiou a polícia na desapropriação: a filha de 6 meses foi erguida e exibida a um cordão de soldados a menos de 1 metro de distância. Antes de entrar na área que viria a ser a Cooperativa Vitória, viveu oito anos nas cabanas de lona preta dos acampamentos do MST. Calza só tem o 1º grau completo. “Sou mais da prática”, explicou. Uma prática variada. “Como temos pouca gente, todo mundo tem que se virar em três”, disse. No rodízio das tarefas dos cooperados, inclusive os jovens, Calza cuida do leite, trata de galinhas, conserta as cercas e dirige o trator.

Danuza saiu da Kombi com cara de sono. Vestia calça jeans e blusa de malha rosa, com um moletom marrom-claro por cima. Tem 20 anos e 2º grau completo. Aguarda vaga num dos cursos universitários que têm convênio com o MST. Enquanto ela não vem, trabalha na venda direta da produção da Vitória. Como antes carpia e podava o bananal, e depois cortou e carregou cana, o seu trabalho agora é leve. Espantou o sono carregando as caixas vermelhas que o pai lhe passou por uma janela da câmara fria. Transportou cada uma das 26 caixas com dez saquinhos de leite até lotar a Kombi. Cada saco tem a inscrição: “Copavi – Leite integral pasteurizado – Produto da reforma agrária – Indústria brasileira.”

ANTES DAS SEIS E MEIA, Danuza parou a Kombi em uma das padarias de Paranacity. A freguesia nessa hora é de bóias-frias que trabalham no canavial da Usina Santa Terezinha, do Grupo Meneghetti, uma das maiores da região. Parte de seus domínios faz divisa com a terra do MST. Danuza desceu e foi perguntar quantos saquinhos o dono queria. Voltou, pegou cinco sacos no automóvel, entregou, e recebeu 1,25 real por saco. A segunda padaria quis três caixas. A terceira, 20 litros. A essa altura, o calor do leva-e-traz a fez tirar o moletom. Numa outra padaria bem movimentada, a freguesia integralmente masculina a olhou com mais que admiração. Desembaraçada, Danuza nem ligou.

ÀS SETE E MEIA, com 180 litros vendidos, Danuza voltou à cooperativa. Embarcou na Kombi oito crianças para levá-las à creche municipal, na cidade. As crianças maiores iriam para a escola mais tarde, num ônibus escolar da prefeitura. Danuza não tomou café da manhã – ela quer emagrecer um pouco. Desde as 7 horas, o café estava servido no refeitório do assentamento. A sala está em reforma, para ampliação. É norma na Vitória que todos devem tomá-lo ali, assim como almoçar. Só o jantar é por conta de cada família. Danuza voltou ao laticínio, onde o pai já a esperava com mais saquinhos de leite. Dessa vez eram 355, distribuídos em caixas vermelhas ou em grandes baldes plásticos azuis, com água gelada, para manter o resfriamento. No carregamento, ela contou com a ajuda do vereador Antônio Soares “Sacola”, do PT, a figura mais popular no assentamento.

No último domingo de abril, Antônio Soares Sacola convidou o prefeito de Paranacity, o peemedebista Mario Yamamoto, para almoçar em sua casa. Com 140 metros quadrados de construção, ele mostrou com orgulho os quartos de cada um dos três filhos e a suíte dele e de sua mulher, Célia. A visita seguiu pela cozinha, com duas geladeiras e dois fogões (um deles novo, a lenha), a copa, a dispensa, a lavanderia, a sala do computador (decorada com um pôster com a frase “Cuba – Viva o socialismo!”), os três banheiros e a varanda. “Somos felizes”, disse-me Sacola enquanto acendia, no quintal, o fogo para o churrasco e Célia preparava arroz, mandioca cozida, duas saladas e uma torta de carne.

Gordinho, baixinho e de bigode, Sacola tem traços orientais no rosto redondo. “É descendência paraguaia”, explicou, ajeitando os espetos de carne sobre o braseiro. Deve o apelido, com o qual se elegeu duas vezes, ao começo de sua militância no Movimento dos Sem Terra, no final dos anos 80. “Íamos fazer uma ocupação perigosa numa fazenda, levando gente de um acampamento distante”, ele contou. “Eu usava uma sacola a tiracolo, com um porta-revólver, para o caso de precisar, e o dinheiro para pagar os dois caminhões que iam levar o pessoal. Era dinheiro que daria para comprar um Fusca, uns 7 mil reais em dinheiro de hoje. Como ninguém sabia o nome de ninguém, começaram a me chamar de ‘Sacola’.” O vereador contou dezenas de histórias como essa, envolvendo enfrentamentos com jagunços e policiais.

Sua vida começou a acalmar num dia preciso, 19 de janeiro de 1993, quando a sua família, a de Ildo Calza e outras catorze ocuparam a área junto a Paranacity. Era um canavial com terra de baixa qualidade cuja desapropriação estava decidida, mas o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o Incra, demorava em efetivar. Mesmo antes da invasão, a liderança do Movimento Sem Terra entendeu que a área se prestava a uma experiência de produção coletiva, sem a propriedade privada dos meios de produção, como ensinam os princípios socialistas que orientam a organização.

Nos meses que se seguiram à ocupação, houve um conflito feio. Mas não com os donos da terra, já que ela estava em vias de desapropriação legal. O atrito foi com os pobres sem-MST da cidade. Algumas famílias de Paranacity haviam ocupado porções do canavial, e os novos invasores os desalojaram. Pesou na balança o apoio da Igreja Católica ao MST, formalizado numa missa campal, em abril de 1993, à qual compareceram cerca de 3 mil militantes do Movimento. A Cooperativa Vitória foi fundada em 10 de julho. Um mês depois, toda a cana do assentamento foi cortada e vendida para um usineiro da região. Em maio de 1994, o Incra legalizou a posse da terra, o que permitiu a entrada de financiamento do Estado, por meio de convênios, principalmente com o governo federal.

ÀS 8 HORAS, Sacola assumiu o volante e Danuza ocupou o banco do passageiro depois de encherem a Kombi de leite, iogurte, queijo, açúcar mascavo, melado, ovos, cachaça e pão. Se fosse uma sexta-feira, levariam também legumes da horta. Tudo produzido na Vitória. A dupla voltou a Paranacity e depois tomou o rumo de Cruzeiro do Sul, cidade nas imediações. Eles percorreram os endereços anotados numa planilha. Além das escolas e creches municipais – onde entregam 1 600 litros por mês – são 250 casas, em bairros pobres e de classe média. Sacola parava o carro, buzinava, os fregueses vinham comprar, ou Danuza descia para entregar a mercadoria. Quando a casa estava vazia, os saquinhos de leite eram deixados no lugar combinado. Sacola conhecia e brincava com todo mundo. “Foi essa venda direta que me elegeu”, disse. (A Vitória ainda não decidiu se ele deve disputar o terceiro mandato.)

A Kombi parou na porta da casa de dona Rosa, uma senhora idosa, com dificuldades para andar. Danuza, ligeira, levou dois saquinhos até ela. Dona Maria, outra senhora, aproximou-se da janela do motorista e disse:

– Ô, Sacola, tu vai agüentando as pontas que no final de semana eu acerto.

– Sem problema, dona Maria – respondeu o vereador, anotando na planilha mais 3 litros na conta dela.

O calote e os atrasos no pagamento são constantes. “Se somar tudo, vai a uns 20 mil reais, o que daria pra comprar uma Kombi seminova”, reclamou Sacola.

Ao ouvir a buzina, o delegado de polícia Cláudio Marques da Silva saiu do jardim de seu bangalô e foi até o carro. Sem pressa, vangloriou-se dos sete gols que teria marcado na pelada da véspera e pediu notícias sobre a cooperativa do MST. “Tudo bem”, respondeu Sacola, recolhendo o pagamento por mais 2 litros.

A venda de porta em porta é feita de segunda a sexta-feira, de manhã e de tarde, e aos sábados, pela manhã. Domingo também tem venda direta, mas na feira de Paranacity, onde a Vitória arma a sua barraca. No final daquela tarde, a planilha de Sacola contabilizou 802 litros de leite vendidos e um faturamento de 1 mil reais. Nem todo dia é tão bom. Na média, o leite rende 15 mil reais por mês à Vitória. O açúcar mascavo e o melado trazem mais 40 mil.

AO MEIO-DIA, foi servido o almoço no refeitório, com arroz, feijão, carne, saladas, macarrão e suco artificial. Não tem sobremesa, mas há fartura. Todos sentam à mesma mesa e conversam sobre as tarefas do dia, mas há mais silêncio do que barulho, e alguma algazarra quando os estudantes chegam da escola. Jacques Pellenz, o presidente da Vitória, descansou alguns minutos num dos bancos de madeira, sob a sombra ventilada dos eucaliptos, onde todos fazem uma pausa antes de voltar ao trabalho. Pellenz é paranaense e tem 39 anos. Entrou no MST em 1988, coordenou invasões e amargou muita lona preta antes de chegar à direção estadual do Movimento. Estava entre os primeiros que chegaram na futura Vitória. Completou o 2º grau quando já era sem-terra e, por conta do Movimento, esteve seis meses em Cuba, nos anos 90, onde fez curso de cooperativismo.

DEPOIS DO ALMOÇO, Pellenz estava escalado para cortar cana, o setor com mais problemas da cooperativa. Por falta de investimento e de mão-de-obra, o canavial de 50 hectares tem produtividade baixa, e não consegue abastecer com matéria-prima a usina de açúcar mascavo e de melado – justamente de onde vem o grosso da renda da Vitória. É preciso trazer cana de fora, todos os dias úteis, senão a fábrica pára. A solução tem sido pagar 23 reais por tonelada de cana em plantações de pequenos e médios produtores da região. E, o que dói nos brios do MST, contratar bóias-frias, com intermediário (“gato”) e tudo, para ajudá-los no trabalho braçal do corte e do carregamento do caminhão. “Não temos outra alternativa para manter a produção”, disse Pellenz.

A principal tarefa de Solange Luiza Parcianello, casada com Pellenz, é dar assistência política aos sete assentamentos da Brigada Iraci Salete Strozake, a subdivisão administrativa do MST à qual a Vitória está integrada. O Movimento tem trinta brigadas no Paraná, que somam 15 mil assentados e 7 mil acampados. Seus nomes homenageiam mártires socialistas (Che Guevara), militantes assassinados (Dorcelina Folador) ou mortos queridos (como Iraci Salete Strozake, vítima de um acidente rodoviário). Solange integra a direção nacional da Via Campesina, uma organização internacional de camponeses contra a globalização, da qual o MST participa.

“Sempre preferi a experiência coletiva”, disse Solange na varanda de sua casa. “Ela é mais eficiente para a produção e tem a grande vantagem de poder liberar gente para a mobilização do movimento: se a propriedade é individual, fica-se no dilema de tocar o lote ou tocar a luta.” Ela completa 46 anos neste junho, vinte deles no MST. “Nada é fácil por aqui, mas estamos mostrando que mesmo dentro do capitalismo é possível tentar uma sociedade diferente”, falou. Pensou mais um pouco, e complementou: “Ainda há muitos traços capitalistas na nossa forma de produção. Se quiser sobreviver, a gente tem que entrar no esquema do mercado. O ideal seria trabalhar direto com o consumidor, mas, para sobreviver, ainda precisamos do intermediário. É uma luta constante. E ainda temos famílias que não estão contentes.”

Pellenz tem um filho mais velho do primeiro casamento, Cristiano, que tem 21 anos e trabalha em Guararema, no interior de São Paulo, onde fica a Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST. Com Solange, são duas filhas adolescentes. Elas moram no assentamento, estudam em Paranacity, mas volta e meia vão a Cascavel, cidade grande, visitar tias e passear em shopping centers. “Elas voltam deslumbradas”, contou a mãe, preocupada com o canto da sereia do consumismo. A preocupação com a influência da ideologia capitalista é de todos os adultos da cooperativa. É por isso que, em três tardes por semana, há aulas complementares para as vinte crianças de 6 a 12 anos que recebem educação convencional nas escolas públicas de Paranacity. Nenhuma delas nasceu no assentamento.

“Como é que essas crianças vão entender o que é um sem-terra, se já nasceram com terra?”, exemplificou Alex Verdério, pedagogo recém-formado de 26 anos encarregado das aulas vespertinas. “É um trabalho ideológico com as crianças, para que elas entendam a luta dos pais e possam continuá-la.” A “aulinha”, como a meninada a chama, procura combinar brincadeiras, trabalhos manuais, histórias do MST, orientações práticas sobre a limpeza da agrovila e as atividades da horta. Verdério contou que crianças de fora da cooperativa aparecem e gostam do curso. Às vezes, há problemas. “Tivemos um menino de 9 anos muito brigão, que batia nos nossos”, disse o professor. “E os nossos resolveram que iam derrubar uma colméia de abelhas em cima dele. Por sorte, descobrimos antes e evitamos o pior: resolvemos na conversa.”

É com conhecimento de causa e tranqüilidade que Alex Verdério reconhece que “não é fácil se adaptar” à ausência de propriedade privada. Os seus pais, pioneiros na Vitória, não se ajustaram ao sistema coletivo e saíram da cooperativa. Verdério ficou. Ele é o quarto integrante do assentamento com curso superior, e há mais quatro na faculdade. A Vitória dá meia diária a seus universitários e paga as despesas de transporte.

Outra que não se adaptou foi Terezinha, esposa de José Antônio Gonçalves. Ele saiu da Vitória em abril, chorando feito criança na hora da despedida, que ainda hoje é contada com emoção. Terezinha trabalhou duro na cooperativa durante quinze anos – nos últimos meses, cuidava da panificadora –, mas nunca deixou de reclamar de não poder fazer, como dizia, “as coisas do meu jeito”. O casal abandonou o assentamento com 5 mil reais e os móveis da casa. O dinheiro pagou as horas trabalhadas (hoje a 1,60 real para todos), e o investimento na reforma da casa. As casas, benfeitorias, o produto das vendas, tudo é propriedade coletiva. “O sentimento do ‘meu’ está muito enraizado”, disse Solange. “É muito difícil passar a pensar no ‘nosso’.”

O caso mais extremo de apego à individualidade foi o de João Borges, que também deixou a cooperativa. Ele reclamava, muito, de não poder “nem dar um corretivo na mulher”. No regimento interno da Vitória, o capítulo “Da relação entre os associados” estabelece que eles “deverão crescer no companheirismo e no compromisso de uns com os outros, dentro e fora do trabalho”. Os que agredirem verbalmente um companheiro são advertidos duas vezes, e expulsos na terceira. Agressão física, ou com arma branca ou de fogo, assim como o roubo, leva à expulsão e denúncia à Justiça do criminoso. Só houve um caso de expulsão: o de um cooperado que furtou e usou indevidamente cheques da cooperativa.

Das dezesseis famílias pioneiras, restam nove. As que saíram foram substituídas. Há vagas para mais três famílias e, por falta de mão-de-obra, urgência em preenchê-las. Mas são raros os candidatos. Os que aparecem passam por um período de experiência de quatro meses, quando uma assembléia geral, a instância máxima, decide se devem ou não ficar. A última família a ser aprovada continua em processo de adaptação. Existe um grupo de cinco pessoas para cuidar das relações interpessoais, que conta com a assessoria de uma psicóloga contratada. No momento, ela ajuda a resolver, em reuniões com a família, o caso de um garoto hiperativo que tem dado trabalho. Reunião, aliás, é o que não falta na Vitória: há grupos de jovens, de mulheres e dos setores da produção.

Quando foi fundada, no governo de Fernando Henrique Cardoso, a cooperativa recebeu empréstimos de 340 mil reais, do Programa de Crédito Especial para Reforma Agrária, e de 160 mil reais, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Com eles, botou de pé a infra-estrutura que até hoje sustenta o empreendimento: estábulo, ordenha, unidade de beneficiamento da cana, laticínio, barracões, caixa d’água, refeitório, abatedouro, dois aviários, usina de secagem de banana, escritório e padaria. Depois dos barracos de lona, as primeiras casas foram pequenas construções de alvenaria. A prioridade era a produção, sobretudo cana e leite. As dívidas com os programas do governo federal não foram pagas no tempo certo, mas estão sendo renegociadas e devem ser saldadas até 2015.

Houve outras tentativas de diversificar e incrementar a produção econômica que consumiram recursos e não deram certo: criação de cabras, frangos de corte, uma horta hidropônica e plantação de banana, tomate e café. O que mais doeu foi o cultivo de banana. Com tecnologia premiada trazida da Espanha, a plantação começou bem, mas uma praga devastou o bananal.

No ano passado, depois de inúmeras reuniões, a Vitória decidiu que era hora de melhorar as casas. Captou recursos existentes no Incra (105 mil reais) e na Caixa Econômica Federal (86 mil), e, para garantir melhor qualidade, investiu 55 mil de recursos próprios. Também permitiu que os cooperados desembolsassem do próprio bolso, caso quisessem ampliar os imóveis.

Quem responde pela administração financeira da Vitória é Valmir Strozake, que foi à Espanha estudar o beneficiamento industrial da banana. Nas suas contas, o assentamento entrou com cerca de 800 mil reais de recursos próprios ao longo dos últimos quinze anos. O período atual, disse ele, é bom. Por meio de um convênio com a prefeitura peemedebista de Paranacity, o Incra aprovou um empréstimo de 465 mil reais para a reforma da indústria de açúcar. Mais 18 mil reais sairão da Companhia de Habitação do Paraná, para a construção de sete casas novas, de 52 metros quadrados cada (a cooperativa entrará com mais 21 mil reais). Outros 400 mil foram pedidos à Petrobras, para projetos de educação ambiental e centro comunitário. Para patrocinar a festa oficial de aniversário dos quinze anos da Vitória, em julho, foram solicitados 60 mil reais à Eletrosul, mas a empresa negou o pedido.

A comemoração extra-oficial dos quinze anos do assentamento foi feita em 19 de janeiro, data da ocupação, no Ody Park, em Maringá, distante 100 quilômetros da Vitória. Ele tem uma enorme piscina de ondas, bóias, toboáguas, rio de correnteza artificial, ofurô e saunas. Para poder levar todos os assentados ao parque, foram contratados peões de outro assentamento para tomar conta da área e fazer tarefas inadiáveis, como a ordenha. Foram em ônibus alugado, com bebidas e carne para o churrasco. É às gargalhadas que eles contam que um gay entrou na sauna, se deparou com a algazarra e gritou: “Está cheio de sem-terra aqui!”, e saiu correndo. Houve um senhor que tomou uns goles a mais, empolgado com a piscina de ondas, mas nada que estragasse o passeio. O passeio custou 3 mil reais e foi bancado pelo fundo social da cooperativa.

“Tivemos o mais puro estilo roceiro no parque aquático mais chique da região”, disse Zumbi, o apelido de Élson Borges dos Santos, um engenheiro agrônomo com mestrado. Ele tem duas filhas adolescentes que moram em outra casa com a mãe, Claudete Sturmer. Como Zumbi e Claudete se separaram, ele mora numa casa menor, próxima à de seu pai, João. Em tempos idos, João teve terra própria, mas perdeu. Em 1989, entrou com o filho no MST. Aos 72 anos, o seu trabalho, que começa de madrugada, é cuidar dos porcos. São 60 e mais um javali que mete medo. O cruzamento resulta num bicho que os assentados batizaram de “javaporco”. É uma experiência que pode crescer porque o javaporco tem menos gordura que os suínos. Mas primeiro será preciso descobrir se há mercado para o novo produto. À noite, João faz o curso de alfabetização. Às vezes ele escapa de uma aula: telefona do celular para dizer que não está muito bem.

Zumbi foi catequista – “queria ser missionário na África” –, militante da Comissão Pastoral da Terra e auxiliar de enfermagem, porta que o levou ao sindicalismo, e que mais tarde foi de grande valia nos acampamentos onde passou. Em 1994, entrou na Universidade Estadual de Maringá. “Aqui nós estamos numa ilha e lá fora tudo roda contra”, disse Zumbi. “Não saio daqui porque estamos numa batalha que pode marcar a história de uma classe social.”

POUCO DEPOIS DA UMA DA TARDE, Francisco Strozake, o pai de Valmir, olhou para o céu e disse: “Vai chover outra vez.” Ele saía do pasto onde cuidava de um rebanho de 200 cabeças de gado, 60 delas vacas que produzem em média 9 litros por dia. É uma produção baixa: por falta de nutrientes, o capim é fibroso, com pouca proteína. Com 67 anos, barba e cabelo inteiramente grisalhos, alto e esguio, Strozake, que todos chamam de Chicão, é um gaúcho cuja ascendência polonesa é tão forte que, sem perceber, às vezes ele se refere aos brasileiros como se não fosse um deles. Chicão é um líder histórico do Movimento dos Sem Terra, ao qual aderiu quando era bóia-fria no acampamento de Encruzilhada Natalino, no Rio Grande do Sul, berço da organização. Teve oito filhos, uma delas a falecida Iraci Strozake que dá nome à brigada.

Chicão tem um enorme pôster da filha na sala da ampla casa que divide com Elzina Wandscheer, de 52 anos, outra pioneira do movimento. Ela é responsável pela padaria (que faz 230 pães por dia) e pela alfabetização de oito adultos da Vitória que ainda não aprenderam a ler e escrever. “Eu vim para cá porque sabia que seria uma experiência de produção coletiva”, disse Chicão. “Sempre me identifiquei com o socialismo. Sou fã de Che Guevara e de Fidel Castro. Aqui temos segurança alimentar, segurança de permanecer na terra. A cooperativa não é de ninguém individualmente, mas é nossa. Com ela, estamos mostrando que é possível produzir, morar e viver bem mesmo num país de capitalismo selvagem como o que vivemos.”

A Vitória foi tema da dissertação de mestrado da engenheira de alimentos Iracema Moura, defendida na Universidade de Campinas. Ela calculou que a renda familiar na cooperativa era de 825 reais mensais, em 2005. Nascida no sertão cearense, com a infância marcada pela miséria e pela seca, Iracema Moura trabalha no programa Rede de Educação Cidadã, vinculado à Presidência da República. “Eles tiram leite de pedra”, disse a engenheira, que tem 37 anos, sobre os integrantes do assentamento. “Apesar de todas as adversidades, transformaram uma área agreste de um só proprietário, que só tinha cana, numa área agroindustrial com diversidade produtiva que dá condições dignas de vida a mais de 70 pessoas. Não é um modelo que deva ser generalizado, porque tem condições muito específicas, mas há lições que podemos aprender, como as de organização e solidariedade.”

ANTES DAS 14 HORAS, a chuva chegou. Darci José Wagner subiu no volante de um caminhão Mercedes 1974, vermelhão, alugado por 1,20 real a hora, e partiu em direção à vizinhança da cidadezinha de Uniflor, onde Pellenz, o presidente, fora cortar cana. Catarinense com descendência alemã, Wagner é dos poucos na Vitória que nunca foi sem-terra: era garçom de churrascaria, mas o irmão estava na cooperativa e o incentivou a mudar. O irmão morreu há cinco anos, num acidente de trabalho no projeto das bananas – uma queda durante a instalação de um aquecedor solar. “Meu espírito sempre foi coletivista, e não tive dificuldade de adaptação”, disse Wagner, na encharcada estradinha de terra que leva ao canavial.

Quando a chuva amainou, Pellenz e seis bóias-frias retomaram o trabalho. Com golpes de facão, eles cortavam as plantas pela base e arrancavam as folhas. Ninguém conversava. É um trabalho duro e rápido, que continuou quando a chuva voltou. Uma hora e meia depois, pararam o corte e começaram a carregar o caminhão. Em cima da carroceria, Darci Wagner recebia e arrumava os feixes. Carregar é ainda mais trabalhoso do que cortar. O silêncio continuou. Outra hora e meia e o caminhão estava cheio. Antes de sair, Wagner entregou a Pellenz 25 pães de Elzina, dos de hambúrguer, para o lanche dos bóias-frias. Eles ganham 25 reais por hora de trabalho.

No caminho de volta, Wagner argumentou que a contratação de bóias-frias era uma necessidade. “O ideal era não ter que contratar nenhum, mas sem eles a gente não vence”, disse. Contou que para não trabalhar com bóias-frias, a cooperativa contratou cinco peões com salários de 540 reais, mas ainda faltava mão-de-obra.

A carga pesou 7,5 toneladas na balança da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, em Paranacity. “Essa cooperativa é capitalista, e a nossa é de cooperação”, disse Wagner. Para manter a fábrica funcionando a Vitória precisa de 200 toneladas de cana por mês. Se for retomado o turno noturno, como já aconteceu, a necessidade dobrará. Uma alternativa seria invadir os vizinhos e imensos canaviais da Usina Santa Terezinha. Mas o MST tem uma política de estreita boa vizinhança com o usineiro. O Movimento até cedeu um pedacinho do assentamento para que a Santa Terezinha construísse um desvio por onde os seus gigantescos caminhões de cana pudessem transitar. Em troca, a Santa Terezinha construiu para a Vitória uma cerca de 2 quilômetros e plantou 4 alqueires de cana. “Não negociamos a questão ideológica”, adiantou o vereador Sacola, um dos artífices das boas relações.

A TARDE TERMINAVA quando Darci Wagner estacionou o Mercedes na plataforma de moagem da Vitória. A cana foi descarregada manualmente. Depois de passar pela moenda, a garapa seguiu, canalizada, para os tanques e tachos de fervura. O processo de filtragem, cozimento e evaporação produz densas nuvens de fumaça, que atraem abelhas em profusão. Ao lado da caldeira a temperatura era de 60 graus centígrados. Nos tachos fumegantes, onde o mosto da cana ferve, estavam Marlene Souza e Claudete Sturmer. Com botas plásticas, avental e panos na cabeça, elas não paravam: transferiram o mosto para duas batedeiras industriais, nas quais seis pás giratórias o resfriaram até ele se transformar em açúcar mascavo bruto. Marlene e Claudete carregaram num tacho de metal o açúcar e o despejaram em uma grande mesa na sala ao lado.

Com um rodo, Cristina, filha de Claudete e Zumbi, espalhou o açúcar mascavo na mesa. Ela tem 15 anos, estuda pela manhã, almoça no refeitório e depois vai para a usina. Todos os jovens do assentamento trabalham. Estão registrados na categoria de aprendiz, permitida pela lei. Depois de empurrar o açúcar para lá e para cá, Cristina enche um balde azul com o produto, que em seguida é peneirado. O produto final é carregado, no balde, para o local de ensacamento, tarefa masculina. Um caminhão embarcou as 110 sacas (2 750 quilos) que estavam disponíveis. “O que nós produzimos, sai”, disse Anderson Verdério, recém-formado em Administração Rural e Agroindustrial pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, que também tem convênio com o Movimento dos Sem Terra. A produção média diária é de 1 tonelada. A maior parte é vendida para atravessadores que usam suas próprias marcas. O resto vai para saquinhos de 1 quilo, com a marca Copavi-MST e a frase “Produtos da reforma agrária”. São vendidos para supermercados da região e para Organizações Não-Governamentais, ONGs. “As condições de produção são precárias, mas o novo financiamento vai modernizar o processo”, disse Anderson, referindo-se aos 465 mil reais de investimentos aprovados pelo Incra. Para evitar o uso de bóias-frias, a Vitória pretende comprar um equipamento para mecanizar o carregamento e o descarregamento da cana no caminhão.


Anexa à usina, fica a destilaria de cachaça, com seus fermentadores, caldeira, barris de carvalho e de inox. Ao longo dos anos, com o nome de “Camponeses” ou “Libertação”, a cachaça é a peça de resistência da propaganda do assentamento. Pellenz disse que a última destilação, de 15 mil litros, foi no começo de 2006. No ano passado, a exportação, para ONGs da Espanha e da França, foi de 650 garrafas. Ainda restam, em alguns barris, 3 500 litros. Se não chegarem novas encomendas, o mesmo sairá este ano. “A verdade é que não temos estrutura para entrar neste mercado, dominado por monopólios”, disse Pellenz.

No dia 7 de maio, a Vitória recebeu a primeira e única visita de uma autoridade federal. Era o economista Paul Singer, secretário nacional da Economia Solidária, órgão do Ministério do Trabalho. Foi levado pelo economista João Pedro Stédile, o líder do Movimento dos Sem Terra, também em sua primeira visita. Singer chegou no final da tarde, visitou a destilaria, deu uma olhada nas outras instalações e participou de três horas de reunião com os cooperados. “Gostei do que vi e do que ouvi”, disse dias depois. “A Cooperativa Vitória é a vanguarda da economia solidária no Brasil. Não são os únicos, mas fizeram um modelo avançado, uma alternativa para a gente pobre e para pessoas mais velhas que o mercado não aceita mais.” Singer visitou a cooperativa porque entende que o MST “é um aplicado praticante da economia solidária em mais de 80 cooperativas de assentados”.

Num mapeamento nacional feito pela secretaria de Paul Singer, ainda não concluído, foram cadastrados 22 mil empreendimentos do gênero. Eles envolvem 1,7 milhão de pessoas, a maioria agricultores e artesãos. “O que os une é a pobreza e o desejo de trabalhar por conta própria, individual ou associadamente, sem ter e sem serem patrões”, disse Singer. “A Copavi, que optou pelo coletivismo, lembra os kibutzim que visitei em Israel. Não só a terra é trabalhada em conjunto, como eles compartilham as refeições. É importante que o Brasil tenha esses exemplos. É um caminho para os jovens que procuram uma opção de vida diferente da dos pais.”

João Pedro Stédile disse que a Vitória é um símbolo: “Ela mostra que é possível ter desenvolvimento econômico, tecnológico e respeito ao meio ambiente, com distribuição de renda.” E completou: “É uma prova de que não só é possível como necessário um outro modelo de produção agrícola, para salvar o planeta, fixar as pessoas no interior, longe das favelas, e melhorar as condições de vida de todos.”

ERA NOITE quando Daniela Calza, a filha mais velha de Ildo, despediu-se da família. Daniela é o bebê com o qual o pai desafiou a polícia numa invasão, há 22 anos. Ela estava a caminho da estação rodoviária de Paranacity, para tomar o ônibus e chegar a Lapa, do outro lado do Paraná, onde cursa a Escola Latino-Americana de Agroecologia, do Movimento dos Sem Terra. São três meses lá e três meses no assentamento, praticando o que aprende.

Dessa vez, havia um personagem a mais na despedida: o namorado, Allan Francisco Ferreira, de 26 anos, um engenheiro florestal que não é do MST. Eles se conheceram num encontro de agroecologia. Namoram mais por e-mail, com alguns telefonemas no meio. Essa foi a primeira vez que ele foi à cooperativa, conhecer a família dela. Daniela estava preocupada, como todos, com o problema da falta de mão-de-obra para a cana, que leva ao uso de bóias-frias. “São coisas que a gente não pára de discutir”, ela disse. Sobre o futuro, ela contou que o namorado gostou do que viu, e que achou que ele pode ajudar a resolver o problema.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Observando as eleições de Valença

Nas minhas incontáveis horas de navegação na Internet resolvi me informar como anda as discussões sobre a política valenciana em tempo de eleição. Participei de algumas comunidades para ler as propostas dos postulantes ao cargo público e a ação dos cabos eleitoriais nessa "nova" trincheira política que se tornou o Orkut.

Pois bem, quero falar hoje de uma confusão generalizada que acontece com os candidatos quando começam a fazer a sua propaganda: o problema de saber qual o motivo que levou o determinado indivíduo a se engajar na política.Há um pressuposto fundamental de todos: eles não estão lá por nenhum interesse material. Muitos se gabam de possuir uma profissão e rendas suficiente para não precisar da política. No entanto, se engajam por sentir uma "necessidade" de ajudar nossa querida cidade a se desenvolver, estão desenganados com a forma de fazer política e nos falam da necessidade de renovação.

O discurso é muito bonito, se eu fosse um cara religioso acreditaria que Valença é uma prodigiosa cidade de fabricar Messias, isto mesmo, em nossa cidade está lotado de pessoas que acreditam estar inventando a roda ou que acreditam que a realidade da nossa cidade é fruto apenas da incompetência dos políticos. Não são capazes de nenhuma análise estrutural, é tudo baseado na "boa vontade" do sujeito....

É curioso que toda essa "boa vontade" não aparece quando se perguntam aos mesmos pretendentes as suas preferências em relação a escolha do prefeito. Não vejo nenhuma renovação em Valença em matéria de uma pessoa com projeto político para a cidade. Ganha aquele que mentir mais, mas mentir com estilo, com marketing.

É engraçado como, em nossa cidade, a "boa vontade" se comunga com a política rasteira. O cara pode esculhambar a política valenciana ao mesmo tempo em que compõem chapa com aquilo que ele critica.Quando perguntamos sobre a origem da atitude, "quero ser vereador", devemos procurar uma resposta que consigar fazer o diálogo com a realidade da nossa cidade. Dou dois exemplos: quero ser vereador pois tenho um projeto de revitalizar o centro histórico de Valença; quero ser vereador para fiscalizar as ações do prefeito. Aqui em Valença, voê querer discutir política com substância ainda não é possivel. Infelizmente, ainda votamos no candidato bonitinho, bem intencionado, que vai a Igreja....Pobre cidade

Ps: Não sou candidato a nada e não vou à Igreja

sábado, 16 de agosto de 2008

A questão do transporte público nos distritos valencianos

A crise do transporte público valenciano não só se reduz às taxas cobradas dos passageiros, infra-estrutura dos ônibus, ou até mesmo sonegação à entrada livre de estudantes, idosos ou deficientes (não são raros o número destes casos). Tem-se ainda, para completar a atual situação, os horários de acesso aos ônibus aos distritos do município, em especial Conservatória e Juparanã.

Em Conservatória, só existem três horários de ida e três de volta, em momentos bem dispersos e um pouco sem nexo: 9h30min, 13h, 17h50min (o antigo 16h foi retirado da grade). Sem contar a condição da estrada Valença-Conservatória, apesar desta passar atualmente por asfaltamento (mais precisamente uma terraplanagem bem feita). E cuidado, já que a passagem é um assalto à mão armada: R$ 6,00, fazendo com que muitos se dirijam para Barra do Piraí para resolverem suas questões pessoais e, lógico, gastar seu dinheiro.


Em Barão de Juparanã, os horários são, aproximadamente, de duas em duas horas (um intervalo AINDA aceitável). Uma exclusão, não tão recente, de duas linhas de ônibus; a estrada em boas condições de viagem; e o valor da passagem individual de R$ 4,00 cada, não um absurdo, mas excessivo tendo em vista a qualidade do caminho e, de forma alusiva ao que acontece com o distrito acima, tal taxa "empurra" os juparanaenses para a cidade mais próxima, Vassouras.

Enfim, tal crise não levanta dúvidas que estamos tendo um leve e despercebido "exôdo urbano" de parte do capital valenciano; isto é, aqui se acumula renda pessoal e esta é gasta em outros municípios, havendo assim uma perda econômica.

Aparenta que a maneira agora é esperar a poeira das Eleições 2008 baixar e tocer pela melhora da qualidade locomotiva-pública destas regiões valencianas. E que os preços abaixem, pois o valor vigente das passagens não é muito saúdavel ao bolso das famílias utilizadoras deste tipo de serviço.

Boas viagens e que Deus os iluminem.

Fabrício de Souza Lopes, licenciado pleno em Matemática e pós-graduando em Filosofia.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Punição aos torturadores é necessidade democrática

Antônio Augusto, jornalista, para o Valença em Questão
Os ministros Tarso Genro, da Justiça, e Paulo de Tarso Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, defenderam em 31 de julho, durante audiência pública no Ministério da Justiça a punição aos torturadores da ditadura. No dia seguinte, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, se contrapôs à iniciativa. Ato no Clube Militar, em 7 de agosto, com a presença de notórios torturadores como o coronel Brilhante Ustra, atacou os ministros Tarso Genro e Paulo Vannuchi. Está no centro do debate nacional a punição aos torturadores, medida ainda não efetuada da normalização democrática.

A tortura da ditadura estabelecida em 1964 é a página mais trágica da História brasileira.

Ocorreram mais de 400 assassinatos políticos cometidos pela repressão, 128 desaparecidos políticos. Calcula-se em 20 mil os brasileiros torturados por motivos políticos.

Os casos citados abaixo são apenas exemplos da rotina da tortura e da repressão, não relatam nem de longe o conjunto das ocorrências.

Já nos dias iniciais do golpe, sucederam-se as torturas e assassinatos, como a do dirigente sindical dos estivadores Astrogildo Pascoal Vianna, cujo corpo deu entrada no IML carioca em 8 de abril de 1964. A 17 de abril, o ferroviário José de Souza foi “suicidado” no DOPS (a polícia política) do Rio de Janeiro. Em 15 de agosto, o ex-pracinha da FEB Dilermano Mello do Nascimento também foi “suicidado” no intervalo dos interrogatórios de um Inquérito Policial-Militar (IPM), realizado na própria sede do Ministério da Justiça, igualmente no Rio de Janeiro.

Nos anos seguintes a repressão se intensificou a níveis inimagináveis.

O sargento Manoel Raimundo Soares, preso durante 152 dias em Porto Alegre, torturado diariamente, em agosto de 1966, teve seu corpo encontrado em estado de putrefação, com as mãos e os pés amarrados às costas, no Rio Jacuí. À época, o então ministro do Superior Tribunal Militar, marechal Olímpio Mourão Filho (o iniciador do golpe ao pôr em marcha a tropa em Juiz de Fora), assim se manifestou: “Trata-se de um crime terrível e de aspecto medieval, para cujos autores o Código Penal exige rigorosa punição”. Apesar disso, a impunidade foi completa, como aconteceu ao longo de toda a ditadura.

Atrocidades intermináveis
No reinado do terror, a morte e a tortura se tornaram regra. Vieram os casos do secundarista Edson Luís de Lima Souto, assassinado no restaurante do Calabouço, em 1968. Do secretário do Arcebispo D. Helder Câmara, em 1969, padre Antônio Henrique Pereira Neto. Seu corpo foi encontrado em matagal existente na cidade universitária de Recife, pendurado de cabeça para baixo, em uma árvore, com marcas evidentes de tortura: espancamento, queimaduras de cigarro, cortes profundos por todo o corpo, castração, e dois ferimentos produzidos por arma de fogo.

A lista só se multiplicaria. Em 1971, Stuart Angel foi assassinado, depois de massacrado, com o cano de um carro na boca, do qual escapava gás ao ser acelerado. O centro de torturas, nas dependências da Aeronáutica, tinha o macabro nome de “Paraíso”. O chefe das torturas, o brigadeiro Burnier, um louco que quase explodiu o gasômetro do Rio de Janeiro, o que acarretaria dezenas de milhares de mortes, sendo impedido graças à coragem do capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, o capitão Sérgio Macaco, comandante do Parasar (tropa de elite da Aeronáutica destinada a salvamentos). Burnier queria usar o Parasar no atentado terrorista. O capitão Sérgio foi excluído da Aeronáutica por causa do episódio. Anistiado em 1979, não assinariam suapromoção a brigadeiro a que tinha direito até praticamente a sua morte, de câncer terminal em 1994. Tal o revanchismo existente em certos meios militares.

Stuart integra a lista de desaparecidos. Sua mãe, a estilista de moda Zuzu Angel, por denunciar o crime, morreu em 1976 num acidente bastante estranho. Diante das ameaças constantes que sofria, antecipou: ”Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”.

Dirigentes comunistas como David Capistrano da Costa (ex-deputado e herói da Guerra Civil Espanhola e da Resistência Francesa), Orlando Bonfim e José Montenegro de Lima, também estão entre os desaparecidos. Há indicações que estiveram em centros clandestinos da repressão e tiveram seus corpos esquartejados. Segundo denúncias, Bonfim e Montenegro acabaram de ser assassinados com injeções utilizadas para sacrificar cavalos.

Mário Alves, um dirigente e intelectual comunista, morreu empalado por um cassetete dentado de aço.

O ex-deputado trabalhista Rubens Paiva também é desaparecido, provavelmente esquartejado.

Outros presos, como Eduardo Leite (o Bacuri) e o ex-sargento João Lucas Alves, sofreram meses de torturas diárias, tiveram os olhos vazados, antes de se libertarem dos sofrimentos após serem assassinados.

Crianças eram torturadas na frente de pais, mulheres estupradas diante de companheiros.

A lista de atrocidades é interminável.

Por que é importante relembrá-la?

Na medida em que a tragédia é conhecida, criam-se condições para que não se repita.

Para demonstrar que tanta violência, a bestialidade inominável, foi política de Estado, a política da ditadura, a tortura: o pau-de-arara, os choques elétricos, afogamentos, a cadeira do dragão, a coroa de Cristo (instrumento de tortura que esmagava o crânio e perfurava o cérebro), andar sobre latas descalço, a geladeira, e ainda diversos outros modos de suplício.

O símbolo da ditadura, a ocupar o lugar dos símbolos nacionais, foi o onipresente pau-de-arara.

Direito à memória e à verdade
O ministro Tarso Genro sustenta que a tortura é um crime contra a Humanidade, imprescritível.

"Não pode haver reconciliação em torno de qualquer idéia de que não houve tortura no Brasil, de que Vladimir Herzog cometeu suicídio, de que Rubens Paiva nunca foi preso", afirma o ministro Paulo Vannuchi.

O titular da pasta dos Direitos Humanos toca duas outras questões fundamentais, as ações judiciais para declarar o reconhecimento da prática de tortura por conhecidos torturadores, e a abertura dos arquivos do terror da ditadura: “Não nos peçam para fazer reconciliação sem o direito à memória e à verdade. O tema terá que ser resolvido em algum momento. As ações estão em andamento, o Ministério Público Federal está propondo uma ação contra os comandantes dos centros de tortura. O que não se pode é querer resolver por interdição do debate um tema que o Judiciário levará adiante, as famílias continuarão trabalhando, assim como as entidades de direitos humanos”.

Nesta terça, 12 de agosto, há nova audiência no Tribunal de Justiça de São Paulo, sobre a ação referente às torturas e assassinato do jornalista Luiz Eduardo Merlino. Sua ex-companheira, a historiadora Angela Mendes de Almeida, e a irmã do jornalista, Regina Merlino, buscam o reconhecimento pela Justiça brasileira de que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do DOI-Codi paulista de setembro de 1970 a janeiro de 1974, é responsável pela morte de Merlino.

Durante a passagem de Brilhante Ustra pelo DOI-Codi paulista, situado na Rua Tutóia, ocorreram cerca de 40 assassinatos. Muitos dos mortos estão entre os desaparecidos. O centro de torturas por ele comandado promovia com freqüência seqüestros e ocultação de cadáveres. No seu período de comando, estima-se em mais de 500 o número de torturados na sucursal do inferno da Rua Tutóia.

Atuação do Ministério Público
O Ministério Público Federal em São Paulo promoveu, em maio de 2007, o Debate Sul-Americano sobre Verdade e Responsabilidade em Crimes contra os Direitos Humanos. O encontro estabeleceu a histórica Carta de São Paulo, na qual se declara: “o crime de tortura é crime contra a Humanidade; o Estado Democrático de Direito, inaugurado no Brasil com a Constituição de 1988, é incompatível, com crimes contra a Humanidade; a Lei de Anistia não anistia crimes de torturadores”.

Ao contrário do Chile, Argentina, Uruguai e Peru, que puniram torturadores, o Brasil está atrasadíssimo na questão: os torturadores gozam aqui da mais completa impunidade. Na Argentina e no Uruguai ex-ditadores foram parar na prisão.

Mostra-se assim descabida a declaração do ministro Nelson Jobim de que os torturadores são abrangidos pela Lei de Anistia. Como declara o ministro Tarso Genro, “a anistia não foi um ponto de chegada, mas um ponto de partida do processo de reconciliação nacional”.

Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, “anistia não é amnésia. A tortura é crime de lesa-humanidade, imprescritível. A melhor forma de impedir barbáries futuras é não esquecer que no Brasil houve tortura”.

O que não se pode é aceitar a apologia da tortura, como fez o deputado Jair Bolsonaro, no ato do Clube Militar: “O grande erro foi ter torturado e não ter matado”. A liderança do PC do B ingressa no Conselho de Ética da Câmara com representação contra ele. Após os devidos trâmites, se garantida a ética, Bolsonaro merece a perda do mandato.

Durante o mesmo ato pode também se avaliar o saudosismo da tortura e da ditadura no discurso do advogado Antônio José Ribas Paiva, apresentado como “consultor jurídico da União Democrática Ruralista (UDR)”: “Vivemos sob a ditadura do crime organizado”. Acrescentou que “o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o ministro Paulo Vannuchi, e o assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia, deveriam ser investigados por apoio ao narcotráfico”.

O presidente do Clube Militar, general Gilberto Figueiredo, chamou de “imoral” a iniciativa dos ministros Tarso Genro e Paulo Vannuchi. E que os ministros deveriam se preocupar “com a gravíssima suspeita de envolvimento, de alguns deles, com as FARC”.

Declarações desse teor não são apenas folclóricas, como se poderia pensar dado seu disparate. Presente ao ato estavam o atual comandante Militar do Leste, general Luiz Cesário da Silveira, e os ex-ministros do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, de Sarney, e Zenildo Zoroastro de Lucena, de Collor.

Ao ato se aplica o mesmo que o ex-ministro da Justiça, José Carlos Dias, do governo Fernando Henrique, escreveu na Folha de S. Paulo, de outro ato, realizado em 2006:”O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-Codi, órgão de repressão do exército, durante os piores anos da ditadura militar, de 1971 a 1974, acaba de ser homenageado com um banquete por mais de 400 pessoas, das quais 200 oficiais de alta patente da reserva - entre eles, 70 generais. O fato é gravíssimo e alarmante”.

Prosseguia o ex-ministro: “Causou-me surpresa ter notícia de que algumas pessoas que me pareciam dissociadas dos métodos de tortura lá estavam no regabofe, a homenagear e a solidarizar-se com o herói da tortura, coronel Ustra.” E concluía: “ele,na realidade, emporcalhou com o sangue de suas vítimas a farda que devera honrar”.

Ivan Seixas era um rapaz de 16 anos, quando foi torturado junto com o pai, Joaquim Alencar de Seixas, no DOI-Codi comandado pelo coronel Brilhante Ustra. Ele presenciou o assassinato do pai, na tortura, em 16/4/1971. Hoje é ativista das entidades de Direitos Humanos. Para ele, “o julgamento dos torturadores e assassinos é simplesmente uma questão de Justiça. O Estado de Direito democrático deve deixar sua marca na História do país e se impor ao regime de medo e terror que infelicitou o Brasil por longos 21 anos. O país merece”.