domingo, 20 de janeiro de 2008

Se a moda pega...

Entidades querem “provão” para candidatos a vereador e prefeito

Entidades de classe e movimentos sociais organizados de Januária, município de 63 mil habitantes, no Norte de Minas, vão pedir que o juiz eleitoral da comarca aplique teste os candidatos a vereador e prefeito suspeitos de serem analfabetos. A iniciativa é da Associação dos Amigos de Januária (Asajan), entidade que se tornou referência regional no combate à corrupção, e conta com apoio da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e do comitê municipal do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.

As entidades vão sugerir que o teste a ser aplicado seja de leitura, interpretação de texto e escrita. Quem não atingir nota mínima, a ser definida pelo juiz eleitoral, teria o registro de sua candidatura negado. O presidente da Asajan, Cleuber Carvalho Oliva, explica que políticos analfabetos causaram estrago enorme ao progresso e desenvolvimento do município. Ele explica que o problema é grande, tanto no Poder Executivo quanto no Legislativo. “Legislar e fiscalizar são as duas tarefas mais importantes dos vereadores. Temos visto vereadores votarem de qualquer jeito em matérias extremamente complexas e importantes, sem ter lido e sem compreender a importância e o conteúdo delas, simplesmente porque não sabem ler ou interpretar seus textos”, ele diz.

Cleuber Oliva explica que em toda a região, projetos de lei como o orçamento, plano plurianual, plano diretor e mesmo matérias menos complexas são aprovadas a toque de caixa, tendo às vezes grandes repercussões negativas para a população, porque os vereadores não sabem ler ou não compreendem o que lêem”. Mas o problema não é exclusivamente dos candidatos a vereador. Ele lembra que no final de 2004 um prefeito de Januária andava o tempo todo com uma filha a tiracolo, para que ela lesse os documentos que precisava assinar. “Esta é uma situação ridícula e inaceitável numa cidade do tamanho de Januária”, desabafou.Para as entidades, a aplicação do teste se justifica. “Que estímulo os jovens têm para estudar, se vêem políticos analfabetos ganhando R$ 3,5 mil por mês como vereador, mais R$ 2,8 mil de verba de gabinete, para freqüentarem apenas duas reuniões mensais da Câmara Municipal, e com 90 dias de férias por ano?” – indagou.

Por outro lado, Cleuber Oliva afirma que com tantos programas governamentais de estímulo à educação de jovens e adultos, é um dever de quem pretende ser candidato procurar estudar e deixar de ser analfabeto. A decisão de avaliar a capacidade de leitura e escrita dos candidatos ao cargo de vereador é inédita no Norte de Minas. O presidente da CDL de Januária, Alessandro “Tan” de Azevedo Gonzaga informou que a entidade já está desenvolvendo um trabalho para elevar o nível intelectual da Câmara de Vereadores, incentivando pessoas de bom nível cultural e educacional a se candidatar.

A iniciativa de “barrar” candidatos analfabetos tem apoio integral da entidade classista. Para o presidente da CDL, “um cidadão analfabeto, que não sabe ler ou escrever não tem condições de legislar. Ou seja, não tem capacidade de ser vereador ou prefeito”, avaliou. Para ele, candidato analfabeto não ajuda no debate sobre projetos para o município.

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