quinta-feira, 27 de setembro de 2012

EU SOU EGOÍSTA *


“Se o que você quer em sua vida é só paz
Muitas doçuras, seu nome em cartaz
E
fica arretado se o açúcar demora
E você chora, cê reza, cê pede... implora...
Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz
Eu sei... sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel
E que a guerra é produto da paz
O que eu como a prato pleno
Bem pode ser o seu veneno
Mas como vai você saber... sem tentar?”

Terra a vista! Depois de navegar nas águas tormentosas (e barulhentas) da campanha eleitoral, a Nau Valenciana já avista o coqueiral da idílica praia que vamos desembarcar a partir de 7 de Outubro. Só que nesse caminho molhado existe uma pedra, ou melhor, um iceberg: a justiça brasileira.

A mais recente e trepidante ação desta intempérie institucional que se tornou o país foi a cassação unânime pelo pleno do TRE do registro de candidatura de um ex-prefeito que teve as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas (TCE/RJ), no ano de 1996. Naquela época, a Lei de Responsabilidade Fiscal de FHC não existia, o que dava liberdade aos prefeitos, governadores e presidente da república de, por exemplo, gastar toda arrecadação em salários. Tenho severas criticas ao modelo imposto pela L.R.F. (que não vêm ao caso agora), mas é ponto pacífico que a não regulamentação provocara, em outras eras, abusos notórios nas administrações brasileiras. Se houve ou não ingerência política na atuação dos “doutores” desembargadores do TRE também não vem ao caso, pois as leis foram feitas para serem cumpridas, sob penalização formalizada nos códigos jurídicos do país. Acho que erra a campanha sentenciada em 2ª instância, pois se preocupa mais em negar o ilícito do que em justificar o porquê de não cumprir as determinações do TCE/RJ, órgão político formado por políticos. Esta ação traria mais legitimidade à campanha e traria segurança a nossa enganada população, pois se o pleno do TSE não derrubar a decisão até a data da posse (janeiro/2013), quem assume é o segundo mais votado. Existem outros 426 casos semelhantes a serem definidos pela Justiça Eleitoral só este ano.

Outro fato marcante destas eleições e a sólida rejeição que a candidatura mais rica assumiu perante os valencianos, assustados com tanta ostentação e pompa. Até o governador do estado, que andava sumido dos palanques pelo destaque provocado pelas suas relações festivas com donos de empreiteiras e enfretamento desastroso com policiais e bombeiros, gastou gasolina premium de seus helicópteros para se deslocar à Valença.

Surpreende ainda a ausência do nome de maior potencialidade para enfrentar a turma do PMDB/RJ, o senador petista Lindemberg Farias. A não ser que seja uma orientação do diretório estadual, fica muito frustrante para militância do PT acreditar que haverá a urgida ruptura com o grupo de Sergio Cabral para as eleições estaduais daqui a dois anos.

Boas novidades e propostas também surgiram, campanhas ideológicas e comprometidas com o viés classista e liberal se apresentaram, negando apoios escusos e clientelistas de lideranças estaduais. Torço pela novidade de fato, nascimento e direito, e acredito na democracia, que embora tenha inúmeros defeitos, ainda é menos pior que a Ditadura de uma minoria ou do abuso da força. Que Poseidon nos guie nessa travessia!

***

Não existe trabalho mais degradante do que balançar bandeira debaixo do sol. Deve custar uns 300 por semana ou alguém vai ousar dizer que este povo humilde está segurando bandeira, sob o sol de meio dia, de graça? Daí eu pergunto: quem paga a conta?

Não tenho nada pessoal contra as campanhas que usam deste expediente. Acho todas muito parecidas e surgiram historicamente do mesmo ventre político: a modernização conservadora que rege os caminhos do poder no Brasil burguês. Não tenho candidato definido, mas se tem uma coisa que tira meu voto é campanha política que explora a miséria do povo em ano de eleição e fora destas. Financiamento público de campanha já!

* Coluna publicada no Jornal Local de 27/9/12

Debate com prefeitos será transmitido on line

O debate com os seis candidatos à prefeitura de Valença será transmitido ao vivo pela Rádio Valença RJ, pela internet. O inicio do debate está programado para as 18 horas. O link para ouvir a rádio é:

http://www.radiovalencarj.net

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Programação Cine Glória 28/09 a 04/10


RESIDENT EVIL 5: RETRIBUIÇÃO (3D)
Classificação: 16 anos
Gênero: Ação, Terror
Horários: 19:30 e 21:30 - Dub / Sala 2*
*Obs: Não haverá sessão na sala 2 segunda-feira.

OS MERCENÁRIOS 2
Classificação: 10 anos
Gênero: Ação
Horários: 19:00 e 21:00 - Dub. / Sala 1*
*Obs: Não haverá sessão na sala 1 terça-feira.

PARANORMAN (3D)
Classificação: Livre
Gênero: Animação
Horários: 17:30 – Dub. / Sala 2*
*Obs: Não haverá sessão na sala 2 segunda-feira.

Mais informações:
cinegloria.com.br
Tel: (24) 2453 3040 / (24) 81341249

É amanhã!


terça-feira, 25 de setembro de 2012

O morador dessa casa vota em quem?


Levando em conta que não se pode receber nenhum benefício (inclusive dinheiro) para colocar propaganda eleitoral em residências, temos duas opções: ou essa casa tem mais de 15 moradores, e cada um vota em um candidato diferente; ou o morador (ou moradores) para não ficar(em) mal com ninguém, aceita(m) colocar gratuitamente a propaganda de qualquer candidato.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

12,9 milhões de brasileiros não sabem ler nem escrever, diz Pnad

Autores: Diogo Martins e Alessandra Saraiva
Reproduzido do Jornal Valor Econômico

A taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais de idade recuou de 9,7% para 8,6% no país entre 2009 e 2011. Porém, mesmo com o recuo, o Brasil ainda tem 12,9 milhões de analfabetos. É o que mostrou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua edição mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que tem 2011 como ano de referência.

A maior queda na parcela de analfabetos, no período, ocorreu na região Nordeste, cuja taxa de analfabetismo passou de 18,8% em 2009, ano de referência da Pnad anterior; para 16,9% no levantamento anunciado hoje. O IBGE ressaltou que, mesmo apresentando quedas sucessivas nos últimos anos, a taxa de analfabetismo na região Nordeste atinge quase o dobro da média nacional.

Os analfabetos do país se encontram concentrados em pessoas com idade mais avançada. Segundo o instituto, do total de analfabetos 96,1% eram pessoas com 25 anos ou mais de idade – e, neste grupo, com idade superior a 25 anos, mais da metade (ou 8,2 milhões) tinham 50 anos ou mais.

O IBGE também apurou que a taxa de analfabetos funcionais – pessoas que sabem ler e escrever enunciados simples, mas sem habilidades mais aprofundadas de leitura e de escrita – manteve-se em patamar mais que duas vezes superior ao da taxa de analfabetismo, permanecendo em 20,4% entre 2009 e 2011.

Entre os alfabetizados plenos, houve aumento no número médio de anos de estudo, que passou de 7,2 anos a 7,3 anos entre 2009 e 2011. As mulheres permanecem com maior tempo de estudo do que os homens: a média na população feminina completamente alfabetizada foi de 7,5 anos para número médio de anos de estudo em 2011 – sendo que, entre os homens, foi apurado média de 7,1 anos, no mesmo ano. Em 2009, o tempo médio de estudo entre os plenamente alfabetizados era de 7 anos para os homens; e de 7,3 anos para as mulheres.

O ensino público ainda é preponderante no país. Entre 2009 e 2011 a rede pública de ensino manteve atendimento a 87% dos estudantes do nível fundamental. No mesmo período, o atendimento da rede pública subiu de 86,4% para 87,2% do total de estudantes de nível médio; e avançou de 23,3% para 26,8% do total de estudantes de nível superior.

Para começar bem a segunda feira

Autora: Neila Corrêa Bastos.

Reproduzido do seu Blog pessoal: "O melhor e o pior de mim"

Reticências

Se eu for, eu fico
para explicar o que eu não entendo
do meu estranho conhecido
que está intimamente distante
e se expressa no sorriso mais sério
que eu dei e não soube dar
a você que conheço sem nada saber.
Se eu ficar mais um pouco, eu vou imediatamente
perseguir o que eu não me permito alcançar
na tentativa de preencher um vazio cheio de incompletude
que insiste em se fazer presente em seu pontual esquecimento
até que eu me acalme com a insuportável ideia de que
um 'adeus' seja só e apenas um 'volto logo'.
Está visível o que eu insisto em esconder
nesse som que o silêncio
faz e teima em trazer para esse lugar
de liberdade que me prende
em palavras que não servem para descrever.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Debate com candidatos a prefeito dia 27/09

Com todos os seis candidatos com presença confirmada, acontece na próxima quinta, dia 27 de setembro, a partir das 18 horas, o debate entre os candidatos à prefeitura de Valença. O evento será no Clube dos Democráticos. O debate é organizado pelo Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação), Jornal Local e SJPERJ (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro)

O tema principal será Educação e Previdência, mas os candidatos ainda terão espaço para falar de outras questões importantes, como saneamento básico, saúde e meio ambiente, informam os organizadores.

O debate será fechado a entidades e instituições convidadas pela organização do evento.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

TRE-RJ julga candidatos a prefeito e nega registros de Narriman Zito e Cabral


Por unanimidade, o TRE-RJ manteve, na sessão desta quinta-feira, dia 20, o indeferimento do registro de Narriman Felicidade Correa de Faria Zito dos Santos (PDT), candidata à prefeita de Magé. O registro dela havia sido negado por improbidade administrativa. Narriman recorreu, mas a Corte manteve a sen

tença com base nas 12 contas públicas rejeitadas pelo TCE, em que a candidata figura como ordenadora de despesa. Cabe recurso ao TSE.

Na mesma sessão, também foram indeferidos os registros dos candidatos a prefeito Álvaro Cabral da Silva (PRB), de Valença, Herotides Cardoso Ribeiro (PR), de Tanguá, e André Pinto de Afonseca, o André Português (PR), de Miguel Pereira. O recurso contra a candidatura de Álvaro Cabral (PRB), de Valença, foi ajuizado pela coligação "Valença se Renova Sem Perder a Tradição". Cabral também possui contas como ordenador de despesas rejeitadas pelo TCE, relativas a 1996, o que levou o TRE-RJ a negar o registro.

Já o candidato a prefeito de Tanguá, Herotides Ribeiro (PR), havia renunciado a um mandato anterior, de vereador, para interromper um processo de cassação. O registro de André Português (PR), de Miguel Pereira, foi negado por haver rejeição de contas pelo TCE e pela ausência de certidão de quitação eleitoral, por inadimplência no pagamento de multa eleitoral.

Por outro lado, o Colegiado do TRE-RJ deferiu as candidaturas a prefeito de Alberto Dauaire Filho (PR), de São João da Barra, Celso de Freitas Jardim (PHS), de Bom Jardim, Pedro Ricardo de Carvalho Oliveira (PRB), de Saquarema e José Camilo Zito dos Santos Filho (PP), de Duque de Caxias. Em todos os casos, também pode haver recurso ao TSE.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Brasil diz não à ideia da ONU de pôr fim à PM

Sob o argumento de que fere a Constituição, o Brasil rejeitou na terça-feira (18) proposta apresentada na Organização das Nações Unidas (ONU) para acabar com a Polícia Militar. De uma lista de 170 sobre políticas de direitos humanos, a recomendação foi a única negada. Para o Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares, houve um equívoco na interpretação do texto - uma compilação de sugestões de diferentes países, incorporadas pelas Nações Unidas. Segundo o documento entregue pelo Brasil, publicado na terça-feira (18) no site da ONU, Brasília rejeitou a ideia, da Dinamarca, para “trabalhar na direção de abolir o sistema separado de Polícia Militar”.

Durante a reunião de maio em Genebra, diversos países europeus criticaram abertamente a violência usada pela Polícia Militar e apontaram a preocupação em relação aos números de mortes em operações. A resposta foi clara. “A recomendação não tem o apoio do Brasil, diante da Constituição, que prevê a existência de forças policiais militares e civis”, indica o documento.

“Forças policiais civis são responsáveis pelo trabalho de polícia judiciária e pela investigação de ofensas criminais, salvo ofensas militares”, explicou. “Forças policiais militares são responsáveis pelo policiamento ostensivo e pela preservação da ordem pública”, completa.

O governo ainda indicou que estava adotando medidas para melhorar o controle sobre os policiais, como a criação de um ombudsman. Além disso, estariam treinando de forma permanente os policiais em termos de direitos humanos. Nos últimos anos, diversos organismos da ONU criticaram as mortes ocorridas no Brasil por parte das forças de ordem e apontaram o fenômeno como uma das principais violações de Direitos Humanos no País.

Realizado a cada quatro anos, o evento em que o documento foi apresentado serve para sabatinar Estados sobre políticas de direitos humanos e governos de todo o mundo apresentam recomendações em relação a questões como saúde, educação e a situação de minorias.

Na quinta-feira (20), após avaliação das sugestões, o governo brasileiro volta à tribuna do Conselho de Direitos Humanos para informar os membros sobre quais medidas foram aceitas. Em quatro anos, a ideia é que as propostas aceitas pelo Brasil acabem sendo reavaliadas pelos demais governos, que cobraram a aplicação das recomendações.

Equívoco
Para o Conselho Nacional do Comando de Comandantes-Gerais das Polícias Militares, o documento da ONU não sugeriu o fim das Polícias Militares. Na visão dos conselheiros, houve equívocos na tradução que levaram os brasileiros a acreditar que era pedido o fim da PM. “O que a Dinamarca sugeriu foram medidas para acabar com a violência extralegal praticada por grupos de extermínio”, argumenta o coronel Atair Derner Filho, da PM de Santa Catarina e secretário-geral do Conselho.

O coronel afirma que a ONU, inclusive, usa o serviço de policiais militares brasileiros para treinar forças de segurança em países com instabilidade política, como Haiti e Timor Leste. “Como não houve recomendação para extinção da PM, no documento atual, ao qual tivemos acesso, de novo não localizamos esse debate”, disse o coronel.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Programação Cine Glória 21 a 27/09

RESIDENT EVIL 5: RETRIBUIÇÃO (3D)
Classificação: 16 anos
Gênero: Ação, Terror
Horários: 19:30 e 21:30 - Dub / Sala 2*
*Obs: Não haverá sessão na sala 2 segunda-feira.

OS MERCENÁRIOS 2
Classificação: 10 anos
Gênero: Ação
Horários: 19:00 e 21:00 - Dub.
Sábado e domingo sessão extra às 17:00 / Sala 1*
*Obs: Não haverá sessão na sala 1 terça-feira.

PARANORMAN (3D)
Classificação: Livre
Gênero: Animação
Horários: 17:30 - Dub.
Sábado e domingo sessão extra às 15:30 / Sala 2*
*Obs: Não haverá sessão na sala 2 segunda-feira.


Mais informações:
www.cinegloria.com.br
Tel: (24) 2453 3040 / (24) 81341249

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Empreiteiras lideram ranking de doação privada

Autores: Amanda Rossi e Daniel Bramatti  Reproduzido do site do Estado de São Paulo

Construtora Andrade Gutierrez é a que mais doou: R$ 23 milhões para direções de 14 partidos; OAS foi a segunda maior financiadora

Seis dos dez maiores doadores privados para campanhas de prefeitos e vereadores em todo o País são empreiteiras. A líder do ranking é a Construtora Andrade Gutierrez, de acordo com levantamento do Estadão Dados a partir da segunda prestação de contas parcial, referente ao período até o início de setembro. Além dos repasses diretos para os candidatos, foram consideradas as doações para comitês eleitorais e partidos, as chamadas doações ocultas.

A Andrade Gutierrez doou pouco mais de R$ 23 milhões. Todo o recurso foi para as direções de 14 partidos. Nenhum repasse foi feito diretamente para os candidatos. Dessa forma, não é possível saber exatamente quem foi beneficiado pelas doações da construtora. O governista PMDB e o oposicionista PSDB, juntos, receberam mais da metade dos recursos da Andrade Gutierrez. O PT ficou com apenas 6% do total.

A segunda colocada no ranking de financiadores foi a OAS, também do setor de construção civil, que doou R$ 21 milhões. Nesse caso, 76% dos recursos foram para doações ocultas, e 24% destinados para campanhas de candidatos específicos. Nos repasses da OAS feitos diretamente para candidatos, os petistas se destacam. Da lista de 18 beneficiados, 13 são do partido da presidente Dilma Rousseff. O que recebeu o maior quinhão foi Fernando Haddad, candidato à Prefeitura de São Paulo, com R$ 1 milhão. O tucano José Serra (PSDB), adversário de Haddad, ficou com R$ 750 mil. 

Obras públicas. Levando-se em conta o total de doações da empresa - para candidatos, comitês e partidos -, o PT também ficou em primeiro lugar, com 36%. A seguir vieram o PMDB, com 23%, e o PSDB, com 11%. Nos repasses da OAS para comitês, o Comitê Financeiro Único do PRB de São Paulo, partido de Celso Russomanno, recebeu R$ 500 mil.

Andrade Gutierrez e OAS têm nos contratos com o setor público a principal fonte de suas receitas. A primeira, por exemplo, atua na construção de hidrelétricas, implantação de linhas do programa Luz Para Todos e reformas de aeroportos, entre outros. A segunda lista entre suas principais obras a intervenção urbanística nas favelas do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, um projeto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), impulsionado principalmente pelo governo federal.

Top 10. No grupo dos dez maiores doadores privados, as empreiteiras são responsáveis por 75% do valor doado. Além da Andrade Gutierrez e da OAS, aparecem na lista Queiroz Galvão, Carioca Christiani Nielsen, UTC, WTorre. Completam o ranking dois bancos (Alvorada, controlado pelo Bradesco, e BMG), um frigorífico (JBS) e uma empresa de importação e exportação (Coimbra).

No total, as dez empresas alimentaram campanhas com R$ 92 milhões até o começo deste mês. Desse valor, apenas 14% foi encaminhado diretamente para as contas de candidatos, e o restante para comitês e partidos, que atuam como intermediários e impedem que se conheça as ligações entre financiadores e financiados.

A prevalência de doações ocultas entre os dez maiores financiadores de campanha não se repete entre o total de doadores. Até agora, 436 mil empresas e pessoas físicas fizeram doações, no valor total de R$ 1,3 bilhão. Cerca de três quartos deste valor foi repassado diretamente para os candidatos. Os comitês eleitorais receberam 12% e os partidos 14%, respectivamente.

Até as eleições, o TSE não vai divulgar dados adicionais da prestação de contas, já que a legislação prevê apenas a publicação de duas parciais. "E as doações que vão acontecer na reta final da campanha, que podem ser as maiores? Os eleitores não vão saber", comenta o juiz eleitoral Márlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. "A doação feita por vias eletrônicas para o candidato e publicadas em tempo real na internet poderiam permitir que as pessoas soubessem para onde vai o dinheiro".
Procurada pelo Estado, a Construtora Andrade Gutierrez afirmou que "sua participação no processo eleitoral é realizada de forma oficial, de acordo com as regras da legislação brasileira e do TSE". O Estado não obteve resposta da OAS e do Banco BMG. O Bradesco disse que não comentaria o assunto.



 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

VQ // 44 // Poesia

Triste anúncio da primavera

Por Geovane Alves dos Reis

Chegou a primavera...
mas, ao invés de nascerem flores,
nascem folhetos no solo da gente
que, além de deixarem sujo o meio ambiente,
fazem propaganda de quem não merece,
de quem promete mas depois esquece
ou finge que se esqueceu...

Chegou a primavera,
mas, ao invés de se ouvir os cantos dos pássaros,
a voz da política fala mais alto:
os inocentes ficam assistindo as raposas no palco,
que recebem sem merecer muitos aplausos;
fazem promessas de serem perfeitos
mas depois se esquecem do que se prometeu...

Chegou a primavera:
as flores deveriam chamar mais atenção!
O Brasil deveria mostrar que é grande por natureza
já que os nossos bosques tem mais flores
e nossas flores mais beleza!
Os políticos têm mais espectadores
e o povo aplaude quem nunca mereceu.

Chegou a primavera,
chegaram as flores,
chegaram as rosas,
mas também os cravos...

[palavraasdocoracao.blogspot.com.br]


VQ // 44 // Navegando


A dica deste mês é para quem gosta de futebol:


www.impedimento.org

Agora com o Campeonato Brasileiro entrando no segundo turno, começamos a ter um pouco de emoção nessa modalidade de pontos corridos. Um espaço diferente para acompanhar o desempenho de seu time é o site Impedimento. Mas a página está longe de falar apenas da Série A do Brasileirão. O site é um dos poucos espaços que falam também da Série B e Série C do Brasil, indo muito além dos resultados, com análises dos jogos.

E para quem gosta de análises táticas, o Impedimento é um prato cheio. Eles têm um blog só com análises de diversos jogos e times, o que pode ser interessante para os muitos técnicos e peladeiros valencianos.

Outro ponto forte do site é a cobertura dos campeonatos sul-americanos. Outro ponto interessante é que, como o Brasil já está classificado para a Copa do Mundo de 2014 (como país sede), a cobertura das Eliminatórias fica bastante limitada nos meios de comunicação tradicionais. O Impedimento supre essa carência, com análises dos jogos das seleções do nosso continente.


domingo, 16 de setembro de 2012

VQ // 44 // Educação

Um apelo pela educação pública de qualidade

Em nome das estatísticas, a educação pública do estado do Rio de Janeiro está sendo corroída. Quem está dentro das salas de aula sabe dos constantes incentivos – via bonificação – para a fabricação de números positivos

Por Rafael Monteiro

No final de agosto saiu o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011. O Ideb é o principal demonstrativo brasileiro para determinar o nível da educação do país. Os critérios levados em conta pelo Ideb são:

- índice de pontuação dos estudantes na Prova Brasil, que leva em conta o conhecimento destes em português e matemática;

- o número de estudantes que abandonam as escolas;

- o índice de aprovação dos estudantes em suas respectivas séries.

O resultado do Ideb para cada estado é a combinação entre estes três critérios de avaliação dos estudantes. Este resultado demonstrou que a educação do estado do Rio de Janeiro saiu do penúltimo lugar em 2009 e foi para décimo quinto em 2011. Numa entrevista concedida à rádio CBN no dia 15 de agosto, o secretário de educação, Wilson Risolia, afirmou que o resultado foi “extraordinário”, mas que há muito a ser feito até 2014 para alcançar a esperada quinta colocação.

Para nós, professores que estão dentro das salas de aula, está claro que a educação do estado do Rio de Janeiro piorou nos últimos dois anos, ainda que não tenhamos meios para determinar se a piora foi maior do que aquela que já observávamos nos anos anteriores. Mas por que este contraste entre o ponto de vista daqueles que vivenciam a realidade dentro da sala de aula e aqueles que vivenciam os números informados por esta realidade?

A resposta pode estar naquilo que o secretário de educação afirmou na entrevista à rádio, quando perguntado sobre como sair do pior índice da região sudeste do Brasil até 2014. O secretário responde utilizando os dados fornecidos pelo projeto que elaborou, no qual os professores que receberam formação continuada tiveram o aumento da aprendizagem dos seus alunos. Como o secretário não tem outro meio para detectar maior ou menor aprendizagem do aluno a não ser quando ele é aprovado por aquele que é preparado para isso, o aumento da aprendizagem informada pelo secretário se refere às altas taxas de aprovação dos alunos destes professores que receberam formação pela Secretaria de Educação. Pode-se, portanto, deduzir que a formação oferecida pela Secretaria visa instruir os professores de como devem alcançar melhores índices de aprovação dos alunos, ou seja, enquadrá-los dentro deste método de criação de números.

Quem conhece a Gide (Gestão Integrada da Educação) – um dos projetos do secretário Wilson Risolia – sabe que meios para a fabricação de números são constantemente incentivados como contrapartida para uma possível bonificação oferecida pela Secretaria de Educação anualmente – outro projeto do secretário de educação. Sendo assim, fica-se evidenciado como aqueles que olham a realidade através dos números acabam tendo um ponto de vista completamente oposto àqueles que veem a realidade sem nenhuma mediação.

Considero fundamental que o país tenha um mecanismo de avaliação da educação, mas para quem conhece os mecanismos infames utilizados pelos governos para fabricar números, observo que o Ideb não é capaz de exercer o papel desta avaliação.

O cálculo do Ideb, por ser a combinação entre os três critérios citados acima, permite que se aumente a aprovação dos alunos ou esconda os índices de abandono destes com o objetivo de conquistar médias mais altas do que a realidade demonstraria. E o engano desta ideia de que os números apresentados pelo Ideb representariam a realidade das escolas fica mais patente pelo fato de que o estado do Rio de Janeiro se manteve ainda numa posição tão ruim porque teve baixos níveis de aprovação.

Ora, quem está dentro das salas de aula do estado sabe o quanto somos pressionados pelo governo e seus projetos de fabricação de números para aprovar alunos em séries em que nem condições de exercerem têm. Ou seja, se tivéssemos agido sem critério na aprovação dos alunos – como sugere a Gide, por exemplo – ao invés de piorarmos nossa colocação no Ideb teríamos subido para as primeiras posições. Isso pode significar que a educação do estado do Rio de Janeiro nunca esteve em penúltimo e não é a décima quinta do Brasil, porque não está totalmente submetida às regras de fabricação de números, embora se encontre em péssimas condições. Mas se os professores se submeterem integralmente a estas regras que não são capazes de avaliar a realidade da escola, corremos o risco de piorar ainda mais a qualidade da educação, mesmo que os números adquiridos por estes critérios a apresente entre as primeiras colocadas.

Por isso é essencial os professores não se omitam diante da destruição da educação pública em nome de estatísticas nefandas que visam se tornar propagandas políticas de governos e pessoas em épocas de eleição. Nós, que temos consciência da realidade educacional das escolas públicas, não podemos participar da hipocrisia destas práticas e discursos que são propagados como se buscassem melhorar a educação, mas que servem para maquiar a destruição de um serviço público fundamental para a construção de um país mais igual e democrático.

Não podemos deixar que a hipocrisia dos governos nos contamine. A sociedade, que cada vez mais se distancia da escola, também não pode se omitir e deve participar junto com os professores do processo de resistência em relação a esta prática de disfarce da realidade da escola através dos números. Este é o meu apelo à sociedade!



Acesse o Portal Ideb e tenha acesso aos índices de todo o país, incluindo as escolas de Valença
http://www.portalideb.com.br



Rafael é professor do estado do Rio de Janeiro


sábado, 15 de setembro de 2012

VQ // 44 // Política

O mais do mesmo do palavrório político

“Mudança”, “novo”, “renovação” e “novidade” estão na boca dos candidatos às eleições. Mas em essência a maioria defende as mesmas propostas. A mudança só virá para os cidadãos valencianos se construirmos uma proposta diferente

Por Gilson Luiz Gabriel

Interessante: começa a corrida eleitoral e lá se vão os candidatos a compor seus discursos. Elaboram palavras de ordem, criam frases de efeito, produzem slogans na tentativa óbvia de pautar os desejos dos cidadãos.

Ao elaborarem seus discursos, a maioria dos candidatos lança mãos de muitos recursos. Alguns de fato conseguem convencer o eleitorado (ou enganar temporariamente o povo incauto). Outros, nas primeiras falas já se revelam e não atingem o objetivo de serem escolhidos, naufragando juntamente com seus marqueteiros, carregando a nau de verbetes com a qual tentaram transpor os mares da campanha.

Muitos termos usados pelos políticos concorrentes (pela maioria, pelo menos!), se analisados com um pouco mais de calma, dizem quem são e o que querem. E se assim o fizermos, corremos bem pouco risco de sermos enganados novamente pelos mesmos grupos. Ou seja, há um “palavrório” comum que aparece nos mais diversos palanques e que, de alguma maneira, coloca no mesmo saco de gatos alhos e bugalhos.

Senão vejamos. Um dos termos mais comuns nos tais discursos é a palavra “novo”. Recorrendo ao “pai-dos-burros” podemos achar os seguintes sinônimos para a palavra: que tem pouco tempo de existência; recente; que acaba de ser feito ou adquirido; que tem pouco uso; original. A partir de todos estes significados, olhemos os candidatos pelo que se apresentam: “o novo”. A maioria deles, de alguma forma, estão ou estiveram ligados aos grupos políticos que ocupam o lugar de mando na cidade (isto, por si só, já lhes torna velhos!). E ainda que não estejam próximos do “politiquismo” local, sustentam-se em partidos com alguma trajetória nas disputas e apropriações de mandatos em diversos níveis (mais uma vez revelam uma idade grande!). Dá pra perceber então que, se não são figuras conhecidas do grande público, já defendem as mesmas práticas por aqui implantadas. Defendem, portanto, continuísmos os mais diversos, sejam familiares ou grupais. No fim das contas pregam, cinicamente, a novidade carregada de teias de aranha.

Outro termo que vira e mexe ouvimos nessas campanhas eleitorais é “renovação”. Renovar é, a partir da utilização do prefixo “re” somado à palavra “novo”, “tornar novo novamente”, já que toda utilização do prefixo “re” traz a ideia de “fazer de novo” (reciclar, renascer, recolocar, reposicionar etc.). Se novo é aquele que é original (olha o Aurélio aí!), como tornar original algo que já é por demais conhecido? Da mesma forma, como “renovar” aquilo que já está nitidamente corroído pelo tempo e pelo uso? Que novo é esse? Respondam se puderem!

Mudança! Eta palavrinha recorrente nas bocas dos políticos! Alguns a transformam em “virada” ou coisa que o valha. Assim como o “novo”, a “novidade”, a “nova maneira de fazer política” sai das bocas dos que implantaram o atual estado de coisas como fórmulas mágicas. “Tá na hora da virada...” diriam alguns. Virada pra onde? Com quem? Com que projetos?  Como diria uma professora amiga do curso de Ciências Sociais, “mudar para manter o que aí está!”. Sim, pois os parâmetros que usam são os mesmos dos quais já nos calejamos. Os caminhos que trilharão para a construção de tal “mudança” são os mesmos já enferrujados trilhos de outrora. E que só serviram para nos levar ao descrédito com os políticos tradicionais. No fundo querem manter exatamente o que superficialmente criticam.

Também aparecem nas campanhas que testemunhamos termos como refazer, reconstruir, juntos com o tal do renovar. Ora, os políticos que hoje se apresentam como capazes de reconstruir, refazer etc., estiveram ou estão juntos ao poder político local há tempos. Isto quer dizer que, se a cidade está destruída, envelhecida, desfeita, é possível afirmar que, de uma maneira ou de outra, esses caras contribuíram para tanto. Por ação ou por omissão! Sempre defendendo algum interesse que, para ser alcançado, precisava do caos implantado e, aí, surgirem como salvadores da pátria (das próprias pátrias, diga-se de passagem!). O que pode ser observado, por exemplo, quando candidatos ou figuras próximas a eles com algum poder político na esfera estadual ou nacional aparecem falando em reabrir hospital, retomar obras paradas na cidade etc.

Tal palavrório, como visto, aparece de tempos em tempos. Em certos períodos fica retido nas entranhas dos candidatos para reaparecerem quando houver conveniência. Talvez hiberne ou fermente num processo de ruminação para ser vomitado de quando em quando sobre nós. O problema é que a fermentação e a hibernação transferem ao palavrório um azedume característico que só não ganha a repulsa daqueles que querem proximidade com ele. É perceptível a embromação. Mas, infelizmente, para muitos é mais fácil a opção pelo arrotado do que pelo alimento realmente novo, que não foi mastigado, tampouco regurgitado, tendo ainda as reais características do que é novo.
A novidade cantada pela maioria dos candidatos que disputam tão avidamente nossos votos interessa a quem? Tal “novidade” trará que novidades?  Que rupturas farão, ganhando as eleições, os que assim discursam? A resposta está na boca e aos olhos de todos nós: mudarão apenas as moscas! Em essência eles são iguais. Derivam de uma mesma escola. Defendem as mesmas propostas.
Entendo que mudança de fato só virá para os cidadãos valencianos se aceitarmos o diferente. E, se aceitando o diferente, nos dispusermos a construir sua proposta. E construindo sua proposta, tivermos a coragem para colocá-la em prática – seja através de um mandato para o Executivo ou para o Legislativo. Não aceitando esta tarefa, acredito, a história nos cobrará pelas bocas dos nossos filhos e netos, a oportunidade perdida.

Gilson é professor de Sociologia


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

VQ // 44 // Política


O que você espera do próximo prefeito de Valença?

O VQ foi às ruas e perguntou qual deve ser a prioridade para o próximo governo. A percepção geral é de que muita coisa precisa melhorar. Para as eleições temos seis candidadatos à prefeitura – Chico Lima (Psol), Dr. Alvaro Cabral (PRB), Fábio (PR), Fernandinho Graça (PP), Rômulo Milagres (PSDB) e Saulo Correa (PSD) –, além de 182 candidatos para as 12 vagas para a Câmara de Vereadores

É preciso pensar na limpeza da cidade e na saúde, além de colocar dentistas nos postos de atendimento.
Maurício, 16 anos, morador da Varginha

A prioridade está na boca do povo: a saúde pública tem que vir em primeiro lugar. Mas também é importante pensar em cursos profissionalizantes para os jovens.
Mirandinha, 33 anos, morador do Parque Pentagna


Considero a saúde e a educação como principais prioridades. Mas hoje a questão da saúde é ainda mais urgente, porque está crítica demais!
Rodrigo, 33 anos, morador da Santa Cruz


São muitas as prioridades. Em primeiro lugar eu diria que é organizar, estimular, criar meios de organização da sociedade, ativar os Conselhos. Criar organizações por bairros, fora desse modelo de associações, que hoje é manipulado por políticos tradicionais. E temos prioridades setoriais. Na educação, por exemplo, é preciso valorizar o profissional, investir na reestruturação das escolas e criar um novo planejamento pedagógico, que hoje praticamente não existe.
Alexandre, 41 anos, morador do Centro


A gente espera que eles façam alguma coisa pra gente, né? Por exemplo, asfaltar a estrada da Fazenda da Conquista. No época das chuvas fica complicado pra gente que mora lá. Outra coisa que piorou, foi que com as fábricas no Parque de Exposição, eles tiraram o ponto de ônibus e a gente tem que andar muito pra pegar a condução.
Valéria, 41 anos, moradora da Fazenda da Conquista

Cuidar dos bairros é fundamental. Moro há 40 anos no Dudu Lopes e nunca fizeram nada. Precisamos de uma quadra para os jovens, melhorar a iluminação... Mas os políticos só falam, falam e ninguém nunca fez nada pelo nosso bairro.
Tércio, 59 anos, morador do Dudu Lopes


Está faltando tudo. Não é à toa que a gente vê muitos professores em greve, hospital fechando. Agora começa de novo a aparecer os casos de dengue e não tem onde tratar. Além disso falta diversão para os jovens. No final de semana, o que a gente pode fazer? Ou vai pro bar, ou não tem mais nada pra se fazer. Do jeito que está eu pretendo fazer faculdade de fisioterapia e sair de Valença.

Larissa, 18 anos, moradora do Benfica


E você, o que acha que deve ser prioridade para o próximo prefeito? Deixe seu comentário.

Número de candidados barrados pela Lei da Ficha Limpa (por partido)


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

VQ // 44 // Editorial

O lançamento da edição impressa será neste sábado, dia 15 de setembro, no Costelão da Getúlio Vargas, a partir das 18 horas. Com direito ao Sarau Solidões Coletivas. Estão todos convidados. _____________
Momento para se pensar uma nova Valença

O período eleitoral estimula a população a discutir os problemas da cidade. É um momento oportuno para se pensar em novas formar de se fazer política em Valença


O período eleitoral, talvez menos do que deveria, nos faz pensar e refletir sobre a nossa cidade, sobre que futuro esperamos, e principalmente sobre os problemas que afligem nosso município. Instiga essas discussões menos do que deveria porque os debates eleitorais geralmente se colocam de forma limitada e não discutem as razões dos problemas. O que vimos na maioria das vezes são discursos vazios, e a busca por interesses particulares, em detrimento do desejo coletivo.

Em Valença temos seis opções para a prefeitura e mais de 180 candidatos para as 12 vagas na Câmara de Vereadores. A regra de quantidade não significa qualidade se encaixa perfeitamente no cenário valenciano.

Nas entrevistas que fizemos com as pessoas sobre o que esperam do próximo prefeito, ficou claro a insatisfação com a atual gestão. Apesar das possíveis desculpas de que o atual prefeito possa ter por conta do afastamento da prefeitura durante determinado período, isso não justifica diversos problemas que encontramos na cidade hoje. A sensação que temos é de que a cidade está parada no tempo, esperando uma nova gestão para voltar a caminhar.

Além dos depoimentos sobre as prioridades para Valença, esta edição traz um texto do professor Gilson Luiz Gabriel, que discorre sobre a ideia de inovação que os candidatos se autointitulam, mas que na realidade traz novamente um ranço de políticos que já estão no comando de Valença há décadas. Todos se colocam como os responsáveis pela mudança, pela novidade. Como diz Gilson no texto, esses candidatos defendem a “novidade carregada de teias de aranha”.

Outra contribuição para esta edição é o texto do professor Rafael Monteiro, que faz uma apelo à sociedade que lute, junto com os professores, para uma educação pública de qualidade. Rafael explica que o índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) não representa uma avaliação significativa da educação, porque os professores – e aí não só no estado do Rio de Janeiro – estão sendo “modelados” para que o desempenho seja melhor. Ou seja, há uma política de fabricação de números positivos que atrapalha a qualidade da educação.

Fechando nossa última página, temos a poesia de Geovane Alves dos Reis, um jovem de 14 anos de Teresópolis que nos enviou uma poesia que reflete bem o momento eleitoral de nossa cidade (e de tantas outras pelo Brasil), os Quadrinhos dos anos 10 de André Dahmer e a indicação do site Impedimento na seção Navegando.


Debate com os candidatos a prefeito dia 27/09

Ao que parece, está confirmado o debate com os candidatos à prefeitura de Valença. O debate, organizado pelo Jornal Local, Sepe e Sindicato dos Jornalistas será no dia 27 de setembro, e está previsto de acontecer no Clube dos Democráticos.

De acordo com os organizadores, já confirmaram presença cinco dos seis candidatos: Chico LIma (Psol), Dr. Alvaro Cabral (PRB), Fábio Ramos (PR), Romulo Milagres (PSDB) e Saulo Correa (PSD). Falta a confirmação apenas do candidato Fernandinho Graça (PP).

Doutor Advogado e Doutor Médico: até quando?

Autora: Eliane Brum  Reproduzido do site da revista Época

Por que o uso da palavra “doutor” antes do nome de advogados e médicos ainda persiste entre nós? E o que ela revela do Brasil?

 

Sei muito bem que a língua, como coisa viva que é, só muda quando mudam as pessoas, as relações entre elas e a forma como lidam com o mundo. Poucas expressões humanas são tão avessas a imposições por decreto como a língua. Tão indomável que até mesmo nós, mais vezes do que gostaríamos, acabamos deixando escapar palavras que faríamos de tudo para recolher no segundo seguinte. E talvez mais vezes ainda pretendêssemos usar determinado sujeito, verbo, substantivo ou adjetivo e usamos outro bem diferente, que revela muito mais de nossas intenções e sentimentos do que desejaríamos. Afinal, a psicanálise foi construída com os tijolos de nossos atos falhos. Exerço, porém, um pequeno ato quixotesco no meu uso pessoal da língua: esforço-me para jamais usar a palavra “doutor” antes do nome de um médico ou de um advogado.  

Travo minha pequena batalha com a consciência de que a língua nada tem de inocente. Se usamos as palavras para embates profundos no campo das ideias, é também na própria escolha delas, no corpo das palavras em si, que se expressam relações de poder, de abuso e de submissão. Cada vocábulo de um idioma carrega uma teia de sentidos que vai se alterando ao longo da História, alterando-se no próprio fazer-se do homem na História. E, no meu modo de ver o mundo, “doutor” é uma praga persistente que fala muito sobre o Brasil. Como toda palavra, algumas mais do que outras, “doutor” desvela muito do que somos – e é preciso estranhá-lo para conseguirmos escutar o que diz. 

Assim, minha recusa ao “doutor” é um ato político. Um ato de resistência cotidiana, exercido de forma solitária na esperança de que um dia os bons dicionários digam algo assim, ao final das várias acepções do verbete “doutor”: “arcaísmo: no passado, era usado pelos mais pobres para tratar os mais ricos e também para marcar a superioridade de médicos e advogados, mas, com a queda da desigualdade socioeconômica e a ampliação dos direitos do cidadão, essa acepção caiu em desuso”.  

Em minhas aspirações, o sentido da palavra perderia sua força não por proibição, o que seria nada além de um ato tão inútil como arbitrário, na qual às vezes resvalam alguns legisladores, mas porque o Brasil mudou. A língua, obviamente, só muda quando muda a complexa realidade que ela expressa. Só muda quando mudamos nós. 

Historicamente, o “doutor” se entranhou na sociedade brasileira como uma forma de tratar os superiores na hierarquia socioeconômica – e também como expressão de racismo. Ou como a forma de os mais pobres tratarem os mais ricos, de os que não puderam estudar tratarem os que puderam, dos que nunca tiveram privilégios tratarem aqueles que sempre os tiveram. O “doutor” não se estabeleceu na língua portuguesa como uma palavra inocente, mas como um fosso, ao expressar no idioma uma diferença vivida na concretude do cotidiano que deveria ter nos envergonhado desde sempre.  

Lembro-me de, em 1999, entrevistar Adail José da Silva, um carregador de malas do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para a coluna semanal de reportagem que eu mantinha aos sábados no jornal Zero Hora, intitulada “A Vida Que Ninguém Vê”. Um trecho de nosso diálogo foi este:

- E como os fregueses o chamam?
- Os doutor me chamam assim, ó: “Ô, negão!” Eu acho até que é carinhoso.
- O senhor chama eles de doutor?
- Pra mim todo mundo é doutor. Pisou no aeroporto é doutor. É ó, doutor, como vai, doutor, é pra já, doutor....
- É esse o segredo do serviço?
- Tem que ter humildade. Não adianta ser arrogante. Porque, se eu fosse um cara importante, não ia tá carregando a mala dos outros, né? Sou pé de chinelo. Então, tenho que me botar no meu lugar.

A forma como Adail via o mundo e o seu lugar no mundo – a partir da forma como os outros viam tanto ele quanto seu lugar no mundo – contam-nos séculos de História do Brasil. Penso, porém, que temos avançado nas últimas décadas – e especialmente nessa última. O “doutor” usado pelo porteiro para tratar o condômino, pela empregada doméstica para tratar o patrão, pelo engraxate para tratar o cliente, pelo negro para tratar o branco não desapareceu – mas pelo menos está arrefecendo. 

Se alguém, especialmente nas grandes cidades, chamar hoje o outro de “doutor”, é legítimo desconfiar de que o interlocutor está brincando ou ironizando, porque parte das pessoas já tem noção da camada de ridículo que a forma de tratamento adquiriu ao longo dos anos. Essa mudança, é importante assinalar, reflete também a mudança de um país no qual o presidente mais popular da história recente é chamado pelo nome/apelido. Essa contribuição – mais sutil, mais subjetiva, mais simbólica – que se dá explicitamente pelo nome, contida na eleição de Lula, ainda merece um olhar mais atento, independentemente das críticas que se possa fazer ao ex-presidente e seu legado. 

Se o “doutor” genérico, usado para tratar os mais ricos, está perdendo seu prazo de validade, o “doutor” que anuncia médicos e advogados parece se manter tão vigoroso e atual quanto sempre. Por quê? Com tantas mudanças na sociedade brasileira, refletidas também no cinema e na literatura, não era de se esperar um declínio também deste doutor? 

Ao pesquisar o uso do “doutor” para escrever esta coluna, deparei-me com artigos de advogados defendendo que, pelo menos com relação à sua própria categoria, o uso do “doutor” seguia legítimo e referendado na lei e na tradição. O principal argumento apresentado para defender essa tese estaria num alvará régio no qual D. Maria, de Portugal, mais conhecida como “a louca”, teria outorgado o título de “doutor” aos advogados. Mais tarde, em 1827, o título de “doutor” teria sido assegurado aos bacharéis de Direito por um decreto de Dom Pedro I, ao criar os primeiros cursos de Ciências Jurídicas e Sociais no Brasil. Como o decreto imperial jamais teria sido revogado, ser “doutor” seria parte do “direito” dos advogados. E o título teria sido “naturalmente” estendido para os médicos em décadas posteriores. 
Há, porém, controvérsias. Em consulta à própria fonte, o artigo 9 do decreto de D. Pedro I diz o seguinte: “Os que frequentarem os cinco anos de qualquer dos Cursos, com aprovação, conseguirão o grau de Bacharéis formados. Haverá também o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos, que devem formar-se, e só os que o obtiverem, poderão ser escolhidos para Lentes”. Tomei a liberdade de atualizar a ortografia, mas o texto original pode ser conferido aqui. “Lente” seria o equivalente hoje à livre-docente. 

Mesmo que Dom Pedro I tivesse concedido a bacharéis de Direito o título de “doutor”, o que me causa espanto é o mesmo que, para alguns membros do Direito, garantiria a legitimidade do título: como é que um decreto do Império sobreviveria não só à própria queda do próprio, mas também a tudo o que veio depois? 

O fato é que o título de “doutor”, com ou sem decreto imperial, permanece em vigor na vida do país. Existe não por decreto, mas enraizado na vida vivida, o que torna tudo mais sério. A resposta para a atualidade do “doutor” pode estar na evidência de que, se a sociedade brasileira mudou bastante, também mudou pouco. A resposta pode ser encontrada na enorme desigualdade que persiste até hoje. E na forma como essas relações desiguais moldam a vida cotidiana. 

É no dia a dia das delegacias de polícia, dos corredores do Fórum, dos pequenos julgamentos que o “doutor” se impõe com todo o seu poder sobre o cidadão “comum”. Como repórter, assisti à humilhação e ao desamparo tanto das vítimas quanto dos suspeitos mais pobres à mercê desses doutores, no qual o título era uma expressão importante da desigualdade no acesso à lei. No início, ficava estarrecida com o tratamento usado por delegados, advogados, promotores e juízes, falando de si e entre si como “doutor fulano” e “doutor beltrano”. Será que não percebem o quanto se tornam patéticos ao fazer isso?, pensava. 

Aos poucos, percebi a minha ingenuidade. O “doutor”, nesses espaços, tinha uma função fundamental: a de garantir o reconhecimento entre os pares e assegurar a submissão daqueles que precisavam da Justiça e rapidamente compreendiam que a Justiça ali era encarnada e, mais do que isso, era pessoal, no amplo sentido do termo. 

No caso dos médicos, a atualidade e a persistência do título de “doutor” precisam ser compreendidas no contexto de uma sociedade patologizada, na qual as pessoas se definem em grande parte por seu diagnóstico ou por suas patologias. Hoje, são os médicos que dizem o que cada um de nós é: depressivo, hiperativo, bipolar, obeso, anoréxico, bulímico, cardíaco, impotente, etc. Do mesmo modo, numa época histórica em que juventude e potência se tornaram valores – e é o corpo que expressa ambas – faz todo sentido que o poder médico seja enorme. É o médico, como manipulador das drogas legais e das intervenções cirúrgicas, que supostamente pode ampliar tanto potência quanto juventude. E, de novo supostamente, deter o controle sobre a longevidade e a morte. A ponto de alguns profissionais terem começado a defender que a velhice é uma “doença” que poderá ser eliminada com o avanço tecnológico.  

O “doutor” médico e o “doutor” advogado, juiz, promotor, delegado têm cada um suas causas e particularidades na história das mentalidades e dos costumes. Em comum, o doutor médico e o doutor advogado, juiz, promotor, delegado têm algo significativo: a autoridade sobre os corpos. Um pela lei, o outro pela medicina, eles normatizam a vida de todos os outros. Não apenas como representantes de um poder que pertence à instituição e não a eles, mas que a transcende para encarnar na própria pessoa que usa o título.  

Se olharmos a partir das relações de mercado e de consumo, a medicina e o direito são os únicos espaços em que o cliente, ao entrar pela porta do escritório ou do consultório, em geral já está automaticamente numa posição de submissão. Em ambos os casos, o cliente não tem razão, nem sabe o que é melhor para ele. Seja como vítima de uma violação da lei ou como autor de uma violação da lei, o cliente é sujeito passivo diante do advogado, promotor, juiz, delegado. E, como “paciente” diante do médico, como abordei na coluna anterior, deixa de ser pessoa para tornar-se objeto de intervenção. 

Num país no qual o acesso à Justiça e o acesso à Saúde são deficientes, como o Brasil, é previsível que tanto o título de “doutor” permaneça atual e vigoroso quanto o que ele representa também como viés de classe. Apesar dos avanços e da própria Constituição, tanto o acesso à Justiça quanto o acesso à Saúde permanecem, na prática, como privilégios dos mais ricos. As fragilidades do SUS, de um lado, e o número insuficiente de defensores públicos de outro são expressões dessa desigualdade. Quando o direito de acesso tanto a um quanto a outro não é assegurado, a situação de desamparo se estabelece, assim como a subordinação do cidadão àquele que pode garantir – ou retirar – tanto um quanto outro no cotidiano. Sem contar que a cidadania ainda é um conceito mais teórico do que concreto na vida brasileira. 

Infelizmente, a maioria dos “doutores” médicos e dos “doutores” advogados, juízes, promotores, delegados etc estimulam e até exigem o título no dia a dia. E talvez o exemplo público mais contundente seja o do juiz de Niterói (RJ) que, em 2004, entrou na Justiça para exigir que os empregados do condomínio onde vivia o chamassem de “doutor”. Como consta nos autos, diante da sua exigência, o zelador retrucava: “Fala sério....” Não conheço em profundidade os fatos que motivaram as desavenças no condomínio – mas é muito significativo que, como solução, o juiz tenha buscado a Justiça para exigir um tratamento que começava a lhe faltar no território da vida cotidiana. 

É importante reconhecer que há uma pequena parcela de médicos e advogados, juízes, promotores, delegados etc que tem se esforçado para eliminar essa distorção. Estes tratam de avisar logo que devem ser chamados pelo nome. Ou por senhor ou senhora, caso o interlocutor prefira a formalidade – ou o contexto a exija. Sabem que essa mudança tem grande força simbólica na luta por um país mais igualitário e pela ampliação da cidadania e dos direitos. A estes, meu respeito.  

Resta ainda o “doutor” como título acadêmico, conquistado por aqueles que fizeram doutorado nas mais diversas áreas. No Brasil, em geral isso significa, entre o mestrado e o doutorado, cerca de seis anos de estudo além da graduação. Para se doutorar, é preciso escrever uma tese e defendê-la diante de uma banca. Neste caso, o título é – ou deveria ser – resultado de muito estudo e da produção de conhecimento em sua área de atuação. É também requisito para uma carreira acadêmica bem sucedida – e, em muitas universidades, uma exigência para se candidatar ao cargo de professor.

Em geral, o título só é citado nas comunicações por escrito no âmbito acadêmico e nos órgãos de financiamento de pesquisas, no currículo e na publicação de artigos em revistas científicas e/ou especializadas. Em geral, nenhum destes doutores é assim chamado na vida cotidiana, seja na sala de aula ou na padaria. E, pelo menos os que eu conheço, caso o fossem, oscilariam entre o completo constrangimento e um riso descontrolado. Não são estes, com certeza, os doutores que alimentam também na expressão simbólica a abissal desigualdade da sociedade brasileira.

Estou bem longe de esgotar o assunto aqui nesta coluna. Faço apenas uma provocação para que, pelo menos, comecemos a estranhar o que parece soar tão natural, eterno e imutável – mas é resultado do processo histórico e de nossa atuação nele. Estranhar é o verbo que precede o gesto de mudança. Infelizmente, suspeito de que “doutor fulano” e “doutor beltrano” terão ainda uma longa vida entre nós. Quando partirem desta para o nunca mais, será demasiado tarde. Porque já é demasiado tarde – sempre foi.

 

Projeto Circo Volante em Valença


 Grupo Off Sina


Realizado pelo Circo Crescer e Viver, o projeto Circo Volante chega amanhã (dia 14) a Valença e fica até o dia 30 de setembro. A atividade coincide com as comemorações de aniversário de Valença, que completa 155 anos em setembro. O Circo será montado na Rua Francisco Medeiros, 316 (Aparecida).

A estreia em Valeça será no dia 14 de setembro (sexta-feira), às 20 horas e quatro companhias se apresentarão durante a temporada que vai até o dia 30: Cia Crescer e Viver de Circo, Circo do Topetão, Circo Strada e Grupo Off Sina.

Os ingressos serão vendidos a preços populares: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia entrada). Além disso, metade dos 500 ingressos disponíveis por noite (capacidade da lona do Circo Volante) será distribuída gratuitamente, pelo Circo Crescer e Viver, para organizações não-governamentais, pontos de cultura, alunos de escolas públicas, projetos sociais e grupos culturais da região.

"Estamos muito satisfeitos com o resultado do projeto, que tem como objetivo principal resgatar a tradição de itinerância do circo", avalia Vinícius Daumas, coordenador do Circo Crescer e Viver.

A agenda dos dias livres fica à disposição da Secretaria de Cultura da cidade para a apresentação de grupos locais, otimizando custos e aproveitando a estrutura já bancada pelo projeto (equipamentos de som e luz, estrutura da lona, cadeiras etc).

O Circo Volante é um projeto da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro com patrocínio da Petrobras. O projeto já passou por Silva Jardim, Macaé, Miracema, Cantagalo, Duque de Caxias e Paty do Alferes.

PROGRAMAÇÃO

Dia 14 de Setembro (6ª feira) às 20 horas – “Passos” da Cia. Crescer e Viver
Dia 15 de Setembro (Sábado) às 15 horas e às 20 horas – “Passos” da Cia. Crescer e Viver
Dia 16 de Setembro (Domingo) às 19 horas – “Passos” da Cia. Crescer e Viver

Dia 20 de Setembro (5ª feira) às 20 horas – Circo do Topetão
Dia 21 de Setembro (6ª feira) às 20 horas – Circo do Topetão
Dia 22 de Setembro (Sábado) às 20 horas – “E o Palhaço o que é?” do Grupo Off Sina
Dia 23 de Setembro (Domingo) às 19 horas – “E o Palhaço o que é?” do Grupo Off Sina

Dia 27 de Setembro (5ª feira) às 20 horas – “Circo Strada em Espetáculo de Variedades” da Cia. Circo Strada
Dia 28 de Setembro (6ª feira) às 20 horas – Circo Strada em Espetáculo de Variedades” da Cia. Circo Strada
Dia 29 de Setembro (Sábado) às 15 horas – “Passos” da Cia. Crescer e Viver
Dia 30 de Setembro (Domingo) às 19 horas – “Passos” da Cia. Crescer e Viver

SINOPSE DOS ESPETÁCULOS
Cia. Crescer e Viver de Circo – Espetáculo “Passos”
Uma cigana, um andarilho, um sonhador, um fugitivo, uma exilada, um marinheiro, um mensageiro, um retirante, um estudioso, uma apaixonada e uma insatisfeita - personagens que, passo a passo, viajam no universo imaginário do circo. Sem preocupações ou objetivos de chegar a algum lugar, eles valorizam os caminhos e a busca, que significam os seus percursos.

E assim, os personagens de Passos, caminham simultaneamente em diferentes planos, se deslocando em metamorfose e estabelecem relações com aparelhos singulares e movimentações coreográficas inspiradas nas obras do artista holandês Escher.

Passos utiliza a força poética do Circo – onde o caminho árido e difícil para o artista não é um obstáculo para ele seguir adiante… transformando sua dor em êxtase, em prol do sonho que se realiza quando acendem as luzes da ribalta e ele apresenta ao respeitável público o seu corpo, destreza e coragem transformados em arte.

Circo do Topetão – Espetáculo “Circo do Topetão”
Uma brincadeira com o imaginário infantil. Um circo de verdade feito por um palhaço de verdade. Um espetáculo para pais e filhos. Essas são apenas algumas das inúmeras definições que cabem perfeitamente ao Circo Topetão.

Pernas de pau, bonecos gigantes, trapezistas, malabaristas... Opa, o circo chegou! Hoje tem marmelada? Tem sim, senhor! E o palhaço, quem é? É o Topetão, um dos personagens mais queridos e carismáticos do Brasil. É amor à primeira gargalhada!

Assim são os espetáculos do Palhaço Topetão, reconhecido pela qualidade dos conteúdos educativos, interativos e inovadores. Todos  vão se divertir com figurinos luxuosos, cenários multicoloridos, bonecos gigantescos e apresentações surpreendentes. Entre uma e outra brincadeira, a trupe do Topetão faz números de malabarismo, acrobacia, saltos aéreos e, é claro, muita palhaçada!

Circo Strada – Espetáculo “Circo Strada em Espetáculo de Variedades”
O Circo Strada em Espetáculo de Variedades é um espetáculo que homenageia o circo por seu encantamento, seu glamour, sua beleza e seus mistérios. Em um pequeno picadeiro, bailarinas extravagantes dançam sob o olhar de um elegante mestre de cerimônia. Trapezistas lamentam por suas dores e frustrações. Malabaristas daqui e de lá do Oriente Médio, que para quem não sabe: é um local que fica lá no Oriente, só que no meio.  Tecidos esvoaçantes, uma viúva encantada e o Homem mais forte do mundo viajam pela Strada da vida sempre em busca de mais um espetáculo!

Grupo Off Sina - Espetáculo “E o palhaço o que é?”
Circo-teatro de rua que aborda de forma lúdica e poética o universo circense, representado pelos palhaços Café Pequeno e Currupita, que realizam um roteiro de reprises (cenas cômicas de picadeiros), utilizando a arte do palhaço para transformar o cotidiano do público, proporcionando uma reflexão prazerosa sobre o dia-a-dia do ser humano.

O espetáculo fala sobre o maior representante do circo - o palhaço - e vem mostrar o seu significado nas artes cênicas. “E o palhaço o que é?” é um espetáculo que não possui texto escrito por trabalhar com a dramaturgia dos palhaços de picadeiro, oriunda da tradição oral que passa de geração em geração no universo circense.

Concurso “De Olho na Natureza”

Até o dia 30 de setembro, o Bramil Supermercado recebe inscrições para um concurso de fotografias sobre paisagens da região Sul Fluminense, Serrana e Vale do Paraíba. As inscrições devem ser feitas no site do Bramil (Clique aqui), preenchendo um formulário e enviado a imagem.

A loja do Bramil de Valença terá um vencedor, que receberá R$ 200 em produtos Mil. O resultado será divulgado em outubro, através de material promocional, site e facebook do Bramil Supermercados.

Programação Cine Glória de 14 a 20/09

RESIDENT EVIL 5: RETRIBUIÇÃO (3D)
Classificação: 16 anos
Gênero: Ação, Terror
Horários: 17:30 e 19:30 Dub. / 21:30 Leg. / Sala 2*
*Obs: Não haverá sessão na sala 2 segunda-feira.

O DITADOR (Agora dublado)
Classificação: 12 anos
Gênero: Comédia
Horários: 18:00 e 21:15 / Sala 1*
*Obs: Não haverá sessão na sala 1 terça-feira.

UM DIVÃ PARA DOIS
Classificação: 12 anos
Gênero: Comédia Romântica
Horários: 19:20 Leg. / Sala 1*
*Obs: Não haverá sessão na sala 1 terça-feira.

Mais informaçõescinegloria.com.br
Tel: (24) 2453 3040 / (24) 81341249

terça-feira, 11 de setembro de 2012

PROER: A "CESTA BÁSICA" DOS BANQUEIROS

O governo FHC/PSDB/DEM justificou a criação do PROER com a alegação de que o sistema bancário precisava ‘se modernizar para receber investimentos externos’. Mas o que ocorreu foi que o grosso dos recursos do PROER foi distribuído para salvar bancos falidos, [o governo] recebendo em troca títulos "podres" como forma de pagamento.


Por Laurez Cerqueira

O PROER desapareceu do noticiário que todos os dias se mistura no túnel do tempo, descansa no cemitério de escândalos do governo Fernando Henrique Cardoso, enquanto ministros do Supremo Tribunal Federal dormem nas sessões tediosas da corte enrolados nas suas capas pretas, como “Vacas sagradas”, assim chamados pelo jurista e ex-senador José Paulo Bisol, ou fazem pantomimas para se verem depois nos espelhos, agora telinhas de TV e de celulares. Os bancos sugam a seiva do trabalho dos brasileiros e muitos ainda dizem por aí que o PROER foi "importante para a segurança bancária do Brasil".

Criado em novembro de 1995, no início do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, o PROER – “Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional”, gastou R$ 37,76 bilhões com os bancos em funcionamento no país. Esse valor foi apurado pela CPI dos Bancos, do Senado Federal, e consta do relatório final da comissão.

Desde 1994, mais de 70 bancos (múltiplos, comerciais, de desenvolvimento e de investimento) passaram por processos de "ajuste", resultando em transferência de controle acionário, com assistência do Banco Central e com incorporação de outras instituições financeiras nacionais e estrangeiras.

A concentração bancária no Brasil se intensificou no governo Fernando Henrique. Essa concentração é fortemente marcada pela internacionalização do sistema financeiro brasileiro. Várias instituições internacionais passaram a operar no Brasil, adquirindo bancos brasileiros.

Dentre outras aquisições, destacam-se a compra do Bamerindus pelo banco inglês “Hong Kong & Shangai Banking Corporation” (HSBC), do Banco Real pelo “ABN-Amro”, do Noroeste e do Banco Geral do Comércio pelo espanhol “Santander”, do Excel pelo “Bilbao y Viscaya”, do Garantia pelo “CS First Boston” e do Bandeirantes pelo português “Caixa Geral de Depósitos”. Ao todo, foram 8 instituições estrangeiras que compraram 11 bancos nacionais, e passaram a disputar um mercado estimado, na época, em 50 milhões de correntistas. O potencial do setor financeiro nacional era o principal atrativo para as instituições estrangeiras. Apenas 17% dos brasileiros tinham conta em banco, enquanto na Espanha, por exemplo, esse índice chegava a 70% e no Chile, 50%.

O Professor Luiz Fernando de Paula, economista e pesquisador do “Núcleo de Finanças e Macroeconomia” da “Universidade Cândido Mendes”, estudou durante seis anos as mudanças no sistema financeiro internacional e seus impactos no Brasil. Segundo ele, a participação do capital estrangeiro no setor financeiro brasileiro, a partir de 1996, dobrou, passando de 9,79% para 18,38% até 1999, aumentando de 4,36% para 11,81% o volume de dinheiro brasileiro depositado em instituições estrangeiras.

O governo [demotucano] Fernando Henrique Cardoso justificou a abertura do sistema financeiro brasileiro para a participação de instituições financeiras estrangeiras utilizando a surrada “lei do livre mercado”. Segundo o governo, a concorrência dos bancos estrangeiros "traria benefícios para os correntistas nacionais". Mas o estudo do professor Luiz Fernando constatou o contrário. Os bancos institucionalizaram a "cobrança de tarifas", argumentando que seria necessário para "recompor os ganhos perdidos com o fim da inflação". Essas cobranças acabaram se transformando em mais um instrumento de captação de recursos: em 1994, as tarifas representavam apenas 2,41% de suas receitas. Quatro anos depois, o índice subiu para 6,26%. Os bancos estrangeiros não oferecem tarifas mais baixas do que os bancos nacionais e não demonstram disposição de ofertar crédito mais barato.

Os "títulos públicos" se transformaram na principal ração que alimenta os lucros dos bancos. São como um prato feito de taxas de juros suculentas. Com as altas taxas de juros oferecidas pelo governo para remunerar a compra de títulos públicos, os bancos não se animaram a aumentar as linhas de crédito, preferiram investir os títulos públicos porque o risco até hoje é zero. Ou seja, a internacionalização do sistema financeiro promovida pelo governo não atendeu à demanda por investimentos na economia e serviu para aumentar a especulação financeira, sugando os recursos da riqueza produzida por quem trabalha. Dados do Banco Central comprovam isso: depois da intensificação das fusões, o volume de títulos públicos vendidos a bancos estrangeiros aumentou de 15,2% em 1994 para 32% em 1999, enquanto a disponibilidade de crédito foi reduzida de 41,5% para 33,3%, no mesmo período.

A receita do conjunto das instituições financeiras com a compra de títulos da dívida pública interna triplicou entre 1994 e 2001, passou de R$ 13,6 bilhões para R$ 41,7 bilhões. O estoque dos títulos públicos em poder dos bancos, que em 1994 era de R$ 53 bilhões saltou para R$ 282 bilhões, aumento real de 171,5% (descontada a inflação da carteira de títulos públicos em poder dos bancos).

O lucro dos 20 maiores bancos que atuavam com títulos públicos, que em 1994 foi de R$ 13,6 bilhões, em 2001 chegou a R$ 37,6 bilhões, aumento de 56,5%. A parcela dos lucros com investimentos em títulos sobre a receita total dos bancos, que em 1994 era de 22,5%, atingiu a marca de 41,1% em 2001.

Arminio Fraga, ex-consultor de um dos maiores especuladores financeiros do mundo, George Soros, assumiu a presidência do Banco Central em 1999 e uma das medidas dele foi liberar o depósito compulsório dos bancos em vários momentos sob a alegação de possibilitar a oferta de crédito, mas o que se verificou foi que a oferta não ocorreu. Os bancos optaram pela compra de títulos públicos, porque o lucro desde então é fácil, as taxas de juros são muito altas.

Os bancos nunca ganharam tanto dinheiro no Brasil quanto durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Os lucros aumentaram cerca de 364%, segundo dados da “Federação Brasileira dos Bancos” publicados no segundo semestre de 2001.

O governo justificou a criação do PROER com a alegação de que o sistema bancário “precisava se modernizar” para receber investimentos externos.

Mas o que ocorreu foi que o grosso dos recursos do PROER foi distribuído para salvar bancos falidos, [o governo] recebendo em troca títulos "podres" como forma de pagamento e para dar garantia a grupos estrangeiros para comprar bancos brasileiros. O Banco Econômico, o Nacional e o Bamerindus deram um calote de mais de R$ 10 bilhões de reais ao Banco Central.

O Banco Nacional, da família Magalhães Pinto, que tinha uma das filhas, Ana Lúcia Catão de Magalhães Pinto, casada com Pedro Henrique Cardoso, filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, recebeu uma [generosa] linha de crédito de R$ 6 bilhões de reais para pagar suas dívidas, antes que o fosse vendido para o Unibanco. O Nacional, só em fraudes contábeis que vinham sendo praticadas desde 1986, sem a fiscalização do Banco Central, levou R$ 5,3 bilhões de reais.

O Banco Bamerindus, do ex-senador Andrade Vieira, PTB/PR, um dos maiores colaboradores da campanha de Fernando Henrique, que deu dinheiro e emprestou jatinhos para viagens do candidato à presidência, foi vendido para o grupo inglês HSBC por preço subestimado de R$ 381,6 milhões de reais. O HSBC comprou só a parte boa e a parte podre ficou com o Banco Central. Além de outros bens, o patrimônio do Bamerindus tinha 1.241 agências, ativos no valor de R$ 10 bilhões e uma seguradora das mais rentáveis do país. Como se não bastassem essas vantagens, o Banco Central deu R$ 431 milhões ao HSBC para informatização e outras despesas, e garantia de R$ 1,27 bilhão em títulos da dívida externa.

Andrade Vieira, que foi ministro de Fernando Henrique Cardoso, saiu do governo acusando Pedro Malan de ludibriá-lo na venda do Bamerindus. Vieira queria mais dinheiro para salvar o banco, mas o Ministro da Fazenda preferiu os ingleses.

Quatro anos depois que o Bamerindus quebrou, os técnicos do Banco Central concluíram o inquérito administrativo. No relatório do BC, segundo a revista “Istoé Dinheiro” de 30 de novembro de 2001, consta o pedido de indiciamento, por formação de quadrilha, de dezenas de pessoas. Essas pessoas estão sendo acusadas de manipulação de uma carteira no valor de R$ 2 bilhões em créditos podres. Os indícios de crimes são: um total de 56 imóveis com valores superfaturados para quitar dívidas de devedores do banco, pagamentos indevidos de comissões a intermediários e contratação de empresas de administração de contratos imobiliários com preços muito acima dos praticados no mercado.

O texto da “Lei de Diretrizes Orçamentárias”, de 1999, estabelecia que o Executivo teria que divulgar os resultados do Banco Central discriminando os reflexos das operações de saneamento do sistema financeiro, cujos valores somaram R$ 20 bilhões de reais relativos ao ano de 1997, e os projetados para os anos de 1998 e 1999. Porém, o governo federal [FHC/PSDB] simplesmente decidiu não prestar contas ao Congresso Nacional sobre o impacto das operações de injeção de recursos do PROER nos bancos. O presidente Fernando Henrique Cardoso vetou 14 dispositivos da LDO de 1999, sobre o assunto. O Senado Federal, sob a presidência de Antônio Carlos Magalhães [PFL/DEM], recebeu o texto da lei de volta, mandou publicar no Diário Oficial e ponto final.

O problema é que arroubos tecnocráticos como esses consumiram uma fábula de recursos e nenhuma instituição acadêmica se dispôs, até o momento, a fazer as contas para saber quanto custou para o país a moeda Real e quanto perdemos com a vulnerabilidade externa do período Fernando Henrique, que permitiu tantos ataques especulativos, sendo que R$ 37,76 bilhões foram “investidos” na chamada “segurança bancária.”

FONTE: escrito por Laurez Cerqueira, jornalista e escritor, autor, entre outros trabalhos, de “Florestan Fernandes – vida e obra”, “Florestan Fernandes – um mestre radical” e “O Outro Lado do Real”, em parceria com o deputado Henrique Fontana. Artigo publicado no site “Carta Maior” e transcrito no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=192632&id_secao=1) [Imagem obtida no Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

MENSALÃO: O JULGAMENTO É JUSTO?

Nilo Batista: o PiG camufla as afinidades políticas


“UM JUIZ NÃO PODE CEDER À OPINIÃO PÚBLICA E NEM À OPINIÃO PUBLICADA”.

“O portal ‘Conversa Afiada’ reproduziu artigo de abertura da seção “Rosa dos Ventos”, de Mauricio Dias, na revista ‘Carta Capital’:

“Sob o controle rígido, concentrado, de apenas quatro grupos empresariais a mídia brasileira conservadora acredita que tem força para erguer e destruir o que quer que seja. Esse núcleo restrito, que sustenta um pensamento único, forma o que se chama de “barões da mídia”. Eles, no entanto, nem sempre conseguem impor os objetivos que perseguem. Essas situações, no entanto, cabem direitinho dentro do princípio de que as regras comportam exceções.

Exceção, por exemplo, é a eleição e a reeleição de Lula. E a regra? Ela está posta agora diante dos nossos olhos: a “Ação Penal 470”, chamada de “mensalão” para efeitos políticos, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

Regra e exceção. Essa contraposição emergiu em declaração do ministro Ricardo Lewandowski. Diante da reação negativa às revisões feitas no relatório do ministro Joaquim Barbosa, aplaudido pela mídia, ele desabafou:

Um juiz não pode ceder à opinião pública e nem à opinião publicada”.

O voto “dissidente” de Lewandowski surpreendeu para repetir o verbo usado na manchete do jornal “O Globo”. O revisor absolveu alguns réus. Por não ter condenado todos, entrou na linha de fogo. Foi intimidado por um comentarista político para o qual telefonou de boa fé, com a finalidade de explicar o que considerou como distorções na análise feita em torno do voto dele. Dias Toffoli, que acompanhou o revisor, também recebeu reprimenda de um colunista social.

A mídia, a exemplo do ministro Joaquim Barbosa, reage às divergências com a linha editorial que adota com a mesma ferocidade dos reis diante de crimes de “lesa majestade”. Essa reação não é nova e nem é invenção brasileira. Por aqui, no entanto, às vezes a coisa se torna grotesca.

Em parecer para processo em curso na Justiça mineira, tirado da costela da “Ação Penal 470”, o advogado Nilo Batista, do primeiro time de criminalistas brasileiros, tocou nessa ferida. Entre outros pontos, atacou o “linchamento moral” quando a acusação de suposto crime, amplificado pela mídia, provoca “devastadores efeitos sobre a imparcialidade do julgamento”.

Nilo Batista lembra a “atitude pública” que a imprensa se atribui, muitas vezes camuflando “afinidades políticas”, como é o caso de agora, ou “interesses econômicos”. Ele cita um julgamento, de 1951, nos Estados Unidos, que levou o juiz Jackson da Corte Suprema (na qual os integrantes se identificam orgulhosamente como “juízes”) a afirmar: certos julgamentos não passam “de uma cerimônia legal” para “averbar um veredito já ditado pela imprensa e pela opinião pública que ela gerou”.

O criminalista, professor titular de Direito Penal da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cita outro processo. Este, anulado pela Corte Suprema em função da campanha da mídia quando foi afirmado: “a publicidade do julgamento constitui uma garantia constitucional do acusado e não um direito do público”.

Ao censurar os magistrados, a imprensa busca o efeito desejado por ela.

A absolvição ou condenação dos réus, entretanto, devem nascer de julgamento justo sem pressão ou interferência na liberdade de decisão dos juízes.”

FONTE: artigo de abertura da seção “Rosa dos Ventos”, de Mauricio Dias, na revista ‘Carta Capital’, transcrito no portal “Conversa Afiada”  (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/09/06/dias-e-o-mensalao-o-julgamento-e-justo/).

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Programação Cine Glória 6 a 13 de setembro

O DITADOR
Classificação: 12 anos
Gênero: Comedia
Horários: 21:00 Leg. / Sala 1*
*Obs: Não haverá sessão na sala 1 terça-feira.

O VINGADOR DO FUTURO
Classificação: 12 anos
Gênero: Ação
Horários: 17:00, 19:15 e 21:30 Dub. / Sala 2*
*Obs: Não haverá sessão na sala 2 segunda-feira.

O QUE ESPERAR QUANDO VOCÊ ESTÁ ESPERANDO
Classificação: 12 anos
Gênero: Comedia / Leg.

Horários: 19:00 / Sala 1*
*Obs: Não haverá sessão na sala 1 terça-feira.

Mais informações:
cinegloria.com.br
Tel: (24) 2453 3040 / (24) 81341249

Freixo


Francisco Bosco
O colunista escreve às quartas-feiras

Freixo

O acontecimento político mais importante para a história recente do Brasil foi a eleição de Lula para presidente, em 2002. Não preciso lembrar aqui as consequências sociais positivas desse fato; elas foram sólidas o suficiente para garantir a continuação do projeto até hoje. Mas é preciso lembrar o que custou de resignação ao país esse projeto. Sob alguns aspectos, o lulo-petismo tem sido a continuação da modernização conservadora do Brasil. Já sabemos as virtudes e os limites desse projeto
.
Marcelo Freixo, candidato a prefeito do Rio, representa a possibilidade de avançar lá onde o projeto lulo-petista, por suas características estruturais, não pôde e não poderá fazê-lo. O preço que a profunda reforma do governo PT cobrou à sociedade brasileira é alto: nada menos que a resignação à política como atividade em larga medida suja, feita de alianças oportunistas, em nome de interesses de grupos particulares, feita também de práticas ilícitas, tudo em nome da famigerada governabilidade, que é apenas um eufemismo para chantagem. Eu votei nesse projeto; pareceu-me, e continuo pensando assim, que era o melhor que se poderia realizar nas condições históricas daquele momento. E muito se fez. Mas é hora de dar um passo à frente.

Freixo representa a chance de uma transformação radical da mentalidade política não apenas do Rio, como do país. Sua proposta, no fundo, é bem simples: fazer política de verdade, isto é, orientada por interesses republicanos, e não pela manutenção dos privilégios dos eternos donos do poder. Isso significa refundar a política em todos os seus níveis, da campanha à prestação de contas. Para Freixo, o financiamento de campanhas deve ser público e transparente (pois, como lembra o deputado federal Chico Alencar, “não é da natureza das empresas fazer doações, e sim investimentos”); as alianças partidárias, orientadas por princípios ideológicos (ele já recusou de antemão o eventual apoio dos patéticos Garotinhos); e, principalmente, as decisões de sua gestão deverão ser orientadas no sentido da justiça social e da garantia de cidadania aos desprotegidos.
Uma candidatura assim, se vence uma eleição, tem um efeito análogo ao da lei da ficha limpa, só que em sentido positivo. Enquanto a lei da ficha limpa impede os políticos infratores da lei de se candidatar, colocando um freio na política tradicional à brasileira, uma eventual vitória de Freixo provaria que é possível fazer política verdadeira no país. Se isso acontecer, o argumento resignado que sustenta as alianças espúrias sofrerá um forte abalo. Muitos cidadãos de espírito republicano, hoje desencorajados pela sujeira da política nacional, poderiam se engajar na política institucional. E o que hoje parece utópico — que a política no Brasil não seja um negócio de canalhas — provaria ser realizável.
Alguém a essa altura dos meus argumentos poderia evocar a repetida objeção: “Mas você está falando de ideias e princípios; política é feita de ações concretas. Que experiência administrativa tem o Freixo?” Essa objeção tornou-se inaceitável depois de Lula, sobre quem ela incidia com força. Mas a melhor resposta a ela tem sido dada pelo próprio Freixo: é preciso sempre desmascarar esse discurso do gerente, pois ele pressupõe uma oposição entre política e administração, ideologia e práxis, enquanto na verdade toda e qualquer ação administrativa é politicamente orientada. Não existe essa figura do gerente não ideológico. Concretamente falando, essa figura apenas perpetua a situação presente. Qualquer pessoa inteligente tem capacidade administrativa (basta delegar as funções para as pessoas tecnicamente competentes para desempenhá-las) — o que distingue os políticos é a política, ou seja, de que valores suas ações estarão a serviço.

Vim falando em termos nacionais porque penso ser essa eleição do Rio a mais importante do país, aquela que apresenta uma alternativa real num momento decisivo. No contexto da política carioca, a dobradinha Paes-Cabral também já mostrou seus limites; é hora de trocar o modelo de cidade-butique, de megaeventos, que pode se tornar megaexcludente, por um projeto que não faça da população de baixa renda moeda de troca barata, a ser “realocada”, “desapropriada” ou convidada a se retirar pela gentrificação.

Se um homem como Freixo vence as eleições, fica provado que não somos obrigados a andar um passo para trás a fim de dar outro à frente; não somos obrigados a engolir os velhos crápulas da velha política em nome da governabilidade. Seria uma mudança, sem precedentes, da mentalidade política. O Rio tem a chance de iluminar o país. Não a desperdicemos.

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