sexta-feira, 1 de maio de 2009

Na edição de 23 de abril do Jornal Local – veículo de comunicação semanal do município de Valença e região - foi publicada uma tentativa de resposta do vereador Felipe Farias (PT) às críticas feitas pelo Valença em Questão em nosso blog e em nossa última edição impressa (Ano V, n° 36). Ontem, 30 de abril, publicamos uma contra-resposta no mesmo jornal que também veiculou um texto em solidariedade ao coletivo assinado pelo companheiro Paulo Roberto Figueira, professor da Faculdade de Comunicação da UFJF.

Nossa iniciativa em publicar mais uma vez um texto coletivo sustenta-se no pleno exercício de garantir ao público em geral o direito à informação, essa manipulada pelo vereador em seu Informe Publicitário, que não passa de um amontoado de informações truncadas e mal escritas sem a menor preocupação com a contextualização e esclarecimentos dos fatos sobre os processos judiciais que o VQ enfrenta na figura dos seus integrantes Ana e Danilo.

O Valença em Questão impresso e o seu blog são instrumentos de mídia livre, independentes, construídos ideologicamente para que o povo neles se veja - “espelhos intelectuais”, segundo Marx, “primeira condição da sabedoria”. Ou instrumentos de alcance dessa sabedoria através da liberdade expressão, do dever de informar e do direito à informação, assentados na defesa da opinião em resposta ao modelo acrítico da imprensa burguesa e ao mito da imparcialidade no jornalismo.

Seguindo essa linha, ao publicarmos o artigo “O Concidade e a máscara governista” na internet (11/02), redigimos uma crítica política ao modelo institucional dos conselhos municipais, à conjuntura municipal (referente à imoralidade da privatização dos serviços públicos essenciais), e, ainda, uma crítica à postura governista e incoerente de alguns dos conselheiros e representantes do povo, incluindo o tal vereador.

Com essa publicação, Felipe Farias em vez de participar do debate, contribuir, discordar do texto no espaço que à época oferecemos a ele, preferiu procurar a justiça para criminalizar os autores da matéria. Por considerarmos que essas ações (civil e criminal) emperram o debate político em Valença já tão marcado pelo cerceamento à informação, publicamos na última edição impressa além do texto que motivou os processos, textos de autoria do coletivo e outros de apoio e solidariedade de companheiros que se enxergam em nossas publicações.

No Informe Publicitário em questão, o vereador permanece reivindicando não compor a burguesia valenciana porque, como alguns de nós, não teve condições financeiras para estudar fora. Mal sabe ele que o sentido de burguesia não se limita à condição financeira, mas, sim, se sustenta na opção de classe que fazemos. E a opção do VQ é bem clara: somos trabalhadores, lutamos ao lado dos movimentos e setores populares, não fazemos parte de clubes de assistencialismo e clientelismo. Reafirmamos então que a natureza burguesa de seu comportamento não se limita à condição material, mas às suas idéias e interesses que estão em contraste com a dos trabalhadores. E, consubstancia seu aburguesamento por ser influenciado pela idéia de servir à classe dominante, ser um instrumento de perpetuação da dominação atentando contra a liberdade, usando recursos legais ou ilegais, ardilosos e vis para castrar o avanço da democracia e as lutas emancipadoras, como práxis da pior das prostituições: a prostituição política.

Tomado até o pescoço pelo legalismo que é peculiar à elite que representa, Felipe Farias não busca contestar o abuso da liberdade de imprensa como se refere nos processos, mas, fundamentalmente, busca punir a liberdade como se esta fosse um abuso. Equivoca-se ao afirmar, talvez por limitação de ordem cognitiva, que as críticas são de cunho pessoal. Não são. As críticas são exclusivamente políticas e fundamentadas em nosso texto que ele fez questão de editar e reproduzir no Local de maneira a manipular a opinião pública, bem diferente do que fizemos em nosso jornal, que, ao publicarmos o texto “O Concidade e a máscara governista” na íntegra, deixamos a interpretação e a análise a cargo do leitor.

Em todo texto, o vereador do PT insiste em desqualificar nossa disputa que é política, ideológica e intelectual. Dessa forma escreve que o VQ tem vínculo partidário com o PSOL. Erra novamente. Nossa disputa com o vereador nunca poderia ser partidária, pois o VQ não tem qualquer vínculo institucional com organismos políticos. Mas assumimos nossa proximidade ideológica com o PSOL e somente por isso nos sentimos à vontade para receber e divulgar em nossas mídias a solidariedade não apenas desse partido, bem como do PCB e PSTU; de militantes e dirigentes do MST, MTST, Conlutas, Via Campesina, Fóruns de Mídia Livre e do SEPE; de professores, intelectuais e trabalhadores à esquerda.

Tal incompreensão das lutas e trincheiras socialistas e socializadoras dos organismos políticos em Felipe Farias se torna ainda mais evidente quando, fora de contexto, expõe o não lançamento de candidatura pelo PSOL nas últimas eleições do Município. Não percebendo que o papel de um partido político não é só o lançamento de candidaturas, mas construção de uma intervenção qualificada no processo democrático. Sobre essa pendenga desnecessária e descabida, com o seu Informe Publicitário o vereador comprova o que já sabíamos, que a sua percepção partidária é limitada, eleitoreira e ideologicamente descomprometida programática e estatutariamente com o partido que o elegeu.

Felipe Farias elenca uma série de qualificativos para o VQ em seu texto – criativo, tendencioso, justiceiro, revolucionário e jornalismo entre aspas. De certo há no seu Informe – e também nos autos dos processos - uma tentativa de deboche, comparação infundada e hierarquização quando se refere ao VQ frente a outros veículos de comunicação da cidade que no seu julgamento fazem melhor jornalismo que nós. Mas nisso também não nos atinge. Por desconhecer da prática jornalística, do exercício da escrita geral, por sua empáfia e limitado poder de autocrítica, o petista esmera-se em fazer juízo de valor no lugar de uma análise apurada acerca do jornalismo e seus variados gêneros.

O vereador também nos considera confusos. Mas confusão é ele quem faz, quando, ao mesmo tempo, na mesma passagem, assume que entramos em contato pra ceder espaço às suas crítica no blog – o que descaracteriza o cunho personalístico de nossos críticas e fundamenta nossa intenção ao debate – mas que se ateve Felipe Farias em reclamar com o “Sr. Vicente”, pai de dois dos nossos companheiros, acreditando que seus resmungos surtiriam algum efeito sobre a nossa postura não recuada e não cooptada de manter e defender as críticas políticas do texto sobre o Concidade.

É bom esclarecer que em nada nossos pais, parentes e pessoas próximas se responsabilizam em fazer interlocução entre o VQ e quem quer que seja e nem respondem direta ou indiretamente pelos veículos sob nossa coordenação. Um contato honesto e oficial deve ser feito diretamente, entre nós e aqueles que, por qualquer motivo, se interessam pelo trabalho do VQ. Por isso é infundada a argumentação do vereador que diz ter procurado o grupo sem lograr êxito.

A sua incapacidade intelectual em formular uma resposta minimamente inteligível às nossas críticas, além de causar risos, também preocupa, infelizmente, já que na “geléia geral” do seu Informe Publicitário, Felipe Farias confunde o leitor que não está a par dos processos, levando a crer, inclusive, que já existe uma “decisão definitiva” da Justiça. O que não há, já que os processos estão em conclusão e o parecer do Ministério Público, no criminal, requer sobrestamento devido à inconstitucionalidade de uma série de artigos da Lei de Imprensa que subsidia os autos e, não ao acaso, ferem os direitos fundamentais da nossa democracia.

Os desdobramentos dessa disputa, na verdade, desse uníssono, já que o vereador não quer e não está apto ao bom debate, podem ser acompanhados no Blog do VQ, onde não existe a prática do anonimato pelo grupo, apenas a disponibilidade da ferramenta a que faz uso o internauta que não quer ou não pode se identificar. Inclusive, o próprio Felipe Farias já confessou ao coletivo utilizar-se desse tipo de identificação ao visitar o blog. Entretanto, quando através da opção-anônimo os comentários se tornaram fortemente agressivos, dimensionamos a moderação para que o debate político-ideológico fosse priorizado.

Ainda, afirmamos que é prática militante assinar textos coletivos e que isso nada tem a ver com interesses em “dificultar a apuração” das nossas responsabilidades. Bem como o envio de emails para militantes de movimentos e organismos populares. Jamais suplicamos solidariedade, ao contrário, elas nos chegam dia a dia, espontaneamente, porque os processos impetrados pelo vereador do PT, na sua essência, não são contra o VQ, mas contra a liberdade de expressão e os setores populares.

Por fim, nos orgulhamos muito dos nossos 4 anos de luta, que não se resumem em sorrisos e apertos de mão na rua dos Mineiros, préstimos assistencialistas nem de capachidão à burguesia, mas de enfrentamento político-ideológico dentro de uma arena tão conservadora e opressora que é capaz de criminalizar quem faz crítica política.

Movimento Valença em Questão

14 comentários:

Leandro Ferreira de Carvalho disse...

Amigos do VQ,

Como sempre faço me identificando, pois repudio todo "Anônimo", venho aqui apoiar esta iniciativa e me colocar à disposição do VQ em tudo que for possível ajudá-los.

Abraços,

Leandro Carvalho
21-8141-3247
AMAFRONTIN
http://fiscalizabrasil.blogspot.com

Anônimo disse...

É, pelo andar dos fatos, não dúvido nada de que, em breve, essa "disputa/debate" vai acabar em violência física.
Acho que vocês do VQ deveriam dar um tempo nesas "brigas/disputas" e esperarem o final do processo, para, aí, divulgar amplamente o que está acontecendo. Realmente, tenho que concordar com vcs, o nobre vereador" não sabe discutir, tampouco aceita opiniões, bem como seu texto é intelegível. Torço por vcs, mesmo não conhecendo os fatos a fundo, porém, na minha opinião, o texto alvo da discussão (Concidade), tem sim seus exageros pessoais. No mais, um forte abraço.

Vitor Castro disse...

anônimo, você acha mesmo que o Felipe chegaria a nos agredir fisicamente? Eu não estou contando com isso.

abs.

Anônimo disse...

Caro Capilo, não os conheço (VQ), tampouco o Filipe, mas, pelo que tenho visto, quando ficarem "cara a cara", e não suportarem, ACHO SIM, QUE ISSO PODE ACONTECER. Espero que não aconteça nada demais, sei que vcs não querem isso, mas,vamos esperar e torcer para que a "discussão" não discambe para a violência. No mais, espero que vcs continuem tocando o barco de vcs e, sempre, emitindo opiniões e colocando "pauta" em fatos de interesse coletivo. Quanto ao tal vereador, ignore-o, mais cedo ou mais tarde, principalmente, pelas suas condutas, ele vai se dar mal, pelo menos se não mudar, torço para que mude. Abraço forte

Vitor Castro disse...

Caro, para tranquiliza-lo, informo que felizmente (ou infelizmente?) já nos encontramos pessoalmente em mais de uma oportunidade, e não chegamos nem perto das "vias de fato".

E a discussão, infelizmente (ou felizmente?) nem acontece, já que o vereador não parece ter condições para isso.

abs.

Cicida disse...

Parabéns!!!!!! Que texto!
Acredito que faço parte de um grupo de valencianos que se sente plenamente representado por vocês.
Da minha parte, obrigada!!!!!!!!

Cicida

Anônimo disse...

Hoje vai ter distribuição de um, ou melhor, mais um panfleto (Informativo) do Filipe Farias, no mesmo, além de assuntos "gerais", o VQ também terá espaço, cerca de 1página.

Ana Maria disse...

Ora, anônimo. O fato do vereador nesse momento estar arrependido – e com toda razão – por não ter contratado os serviços de um ghost writer não significa que o mesmo irá, daqui pra frente, terceirizar toda e qualquer investida contra o VQ!... como, por exemplo, a contratação de capangas.

Da distribuição de panfletos ou informes publicitários pagos ou assinados pelo vereador, só espero, por ele, que não distribua aos valencianos mais batatadas, pois vexames intelectuais desse nível são de doer... de tanto rir.

Cicida, obrigada pela participação e pelos elogios. Pela falta de tempo, muito a que ser feito e trabalhado, investir um final de semana a responder um arremedo de texto não foi tarefa das mais prazerosas. Até agora não sei se gastamos mais tempo redigindo ou no exercício de interpretação das (des) considerações do vereador, buscando compreender o que é que o sujeito quis escrever naquele ou noutro ponto.

No final, valeu a pena! É de fato um excelente texto. Parabéns ao VQ.

Anônimo disse...

Ana Maria, eu li o texto que tal de Felipe (Vereador), escreveu no Jornal Local, e consegui entender perfeitamente, vc deveria perguntar a opinião de outras pessoas para saber se o problema não é com vc. Vcs estão dando mais popularidade para ele, além de parecerem estar sendo controlados por um partido politico. Pelo bem do VQ, parem com isso vcs estão acabando com nosso blog.

Unknown disse...

Acho que o anonimo aí de cima leu o texto do Felipe Farias e não leu o nosso. Ouvimos diversas pessoas que corroboraram na ininteligibilidade do texto do rapaz. Achamos sim, um vexame intelectual. E achamos que por essa incapacidade de se construir um texto, argumentar, contestar, debater, é que o tal procurou a justiça pra se aventurar numa tentaiva despolitizada de criminalização.

Não estamos dando mais popularidade a ninguem, estamos debatendo um assunto que não só nos atinge mas que atinge Tod@s que se posicionam politicamente e são reprimidos e criminalizados, de diversas formas, pela "política" anacronica e clientelista da cidade.

Reiterando a Ana, agradeço os elogios ao texto.

Ana Maria disse...

Será que o problema da censura credenciada pelo nosso judiciário e das posturas despolitizadas / despolitizantes é um caso tipicamente valenciano? Será que o VQ está errado em querer divulgar uma disputa que - já escrevemos isso - na sua essência não diz respeito ao coletivo somente?

No intento de "dimensionar" o debate, utilizo-me de mais uma batatada, agora em nível nacional, divulgada pela maior e mais "credibilitada" organização de comunicação do país:

28/04/2009 20:06h
Empresário pede ao CNJ punição a Joaquim Barbosa por críticas a Gilmar Mendes
Luiz Eduardo Bottura pede afastamento de 30 dias para o ministro.
do GP1

Um empresário paulista protocolou nesta terça-feira (28), no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), uma representação contra o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF). O motivo foi a discussão travada na última quarta (22) entre Barbosa e o presidente da Corte, Gilmar Mendes.
Na ocasião, Barbosa acusou Mendes de estar “destruindo a Justiça deste país” e disse também que quando o presidente do STF se dirige a ele “não está falando com seus capangas de Mato Grosso”. Foi exatamente a expressão ‘capangas’, considerada desrespeitosa pelo empresário Luiz Eduardo Auricchio Bottura, que motivou a representação no CNJ.
Na ação, ele pede o afastamento do ministro de suas atividade no STF por 30 dias, sob o argumento de que Joaquim Barbosa teria cometido crime contra a segurança nacional. “Isso não envolve apenas dois ministros, mas a imagem do país parante ao mundo. Tem que se invetigar se tem capanga. Se tem, o ministro Gilmar Mendes deve ser punido, se não, o punido deve ser Joaquim. Na minha opinião, um dos dois tem que sair do Supremo”, disse o empresário do ramo de tecnologia, em entrevista.
Para Bottura, um ministro “tão experiente e que sabe que as sessões do STF são transmitidas ao vivo e cobertas pela imprensa de todo o Brasil com repercussão no mundo” não poderia perder o controle e fazer “insinuações de que o presidente do STF seria um ‘mafioso’, rodeado de capangas”.
Nos últimos meses, Eduardo Bottura ganhou destaque por entrar com dezenas de representações contra desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Ele acusa alguns magistrados do estado de tomaram decisões conforme o grau de relação com os advogados envolvidos nas causas. “Eu sou um patriota. Se vejo algo errado, em especial, que me ofende, pratico democracia”, explicou.
Procurada pela reportagem, a assessoria do ministro Joaquim Barbosa disse que foi informada sobre a representação pela reportagem. Destacou ainda que Barbosa não vai se pronunciar sobre o assunto.
Fonte: http://www.gp1.com.br/noticias/empresario-pede-ao-cnj-punicao-a-joaquim-barbosa-por-criticas-a-gilmar-mendes-76065.asp

Anônimo disse...

quem é esse pííí do Bottura?

Vitor Castro disse...

pííí?

Ana Maria disse...

Pra saber quem é o "empresário" Luiz Eduardo Bottura:

http://74.125.47.132/search?q=cache:NOOY8r-jGkIJ:rmtonline.globo.com/noticias.asp%3Fem%3D3%26n%3D426430%26p%3D2+Luiz+Eduardo+Auricchio+Bottura&cd=7&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-a

Na TV Morena, da Rede Matogrossense de Televisão (RMT), uma das afiliadas da Rede Globo, o Cloca News encontrou as evidências da batatada da G1: [http://cloacanews.blogspot.com/2009/04/globo-omite-ficha-de-vigarista-em.html];

E o Mídia Independente também analisou: “Luiz Eduardo Auricchio Bottura, que responde a mais de 900 processos na justiça, abriu um processo contra Joaquim Barbosa. Mas por que será que a grande mídia decidiu veicular notícia tão inútil? (...)”, na terça-feira (28/04) [http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/04/445733.shtml];

Na quinta-feira (30/4) - A TV Morena, em gesto de solidariedade a Gilmar Mendes, retirou do ar a página do link acima.