segunda-feira, 28 de junho de 2010

Polêmica: Os professores devem participar das festas juninas escolares?


Faltando poucas semanas para o recesso escolar, nossas escolas estão no clima de festa junina. Antes do forró tocar e a quadrilha dançar, o professor se depara com um dilema que, muitas vezes, passa desapercebido: o professor é obrigado a participar desses eventos?


Geralmente, os professores utilizam algumas argumentações para justificar a sua escolha. A polêmica da postagem está, justamente, em desconstruir alguns motivos alegados pelos mestres como forma de provocar o debate. Começaremos com os professores que são favoráveis.


“O professor deve participar das festas como forma de interagir com a sua comunidade. Além disso, a renda da festa é destinada às formaturas do terceiro e oitavo anos. O professor então coopera e ajuda os alunos.”


Já para os professores contrários, também conhecidos como professores frente-fria, o mês da festa junina é vista como uma manifestação da alienação dos professores. Vejamos:


“Ora, é uma aberração fazer com que os professores trabalhem em festas. Se o dinheiro gasto com o aluguel do ar condicionado, que não é usado, fosse gasto na escola, nossos alunos teriam quantia mais do que suficiente para se formar. Sou professor e não animador de festa.”


Temos então duas posições extremadas: os favoráveis alegando que a festa ajuda a articulação entre a escola e a comunidade e os desfavoráveis dizendo que o trabalho do professor não é vender cachorro quente e nem “cantar” a pedra no bingo. Acho que podemos encontrar um meio termo através das seguintes considerações:

Trabalhar ou não numa festa junina é direito individual do professor. Ele pode “querer vestir a camisa” e vender cerveja na festa. O oposto também é possível: pode não aceitar a situação e reclamar dos seus próprios pares que se organizam para juntar dinheiro e não conseguem exigir que o dinheiro público seja bem investido na escola. Não adiantaria vender salsichão como forma de ganhar dinheiro ao mesmo tempo em não falta dinheiro para pagar o aluguel do ar condicionado.


Então o caminho do meio se mostra o mais eficaz? No entanto, o que ocorre na escola hoje não tem nada de democrático. O professor é obrigado a participar das festas através da seguinte estratégia: no calendário anual das escolas constam alguns sábados que, teoricamente, teriam que haver aula ou alguma atividade que envolvessem alunos e professores. Como forma de evitar mais um dia de aulas expositivas, as festas juninas se transformam em sábados letivos. Quem falta a festa junina é como se estivesse faltando um dia letivo comum e, assim, sendo descontado o seu salário.


A conclusão é óbvia: vender salsichão é a mesma atividade docente que dar uma aula de História, Geografia, Português e Matemática... Será que é assim que vai ser?


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