terça-feira, 25 de outubro de 2011

Estatística para inglês ver?

Estudo recente do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a partir de 2007 houve um aumento considerável de “mortes de causa indeterminada”. Ainda segundo o estudo, em 2009, mais de 3 mil assassinatos ficaram de fora das estatísticas de criminalidade no estado do Rio de Janeiro. Daniel Cerqueira, autor da pesquisa, chama esses números de “homicídios ocultos”. Na pesquisa ele demonstra que as reduções de homicídios divulgadas pelo governo do estado coincidem com o aumento das mortes por causas indeterminadas.

Os últimos dados divulgados pela secretaria de Segurança Pública registram uma significativa queda nos homicídios em 28% de 2006 a 2009. Para Cerqueira essa queda é de apenas 3,6%, se forem consideradas as mortes indeterminadas. Essas mortes indeterminadas tiveram um aumento assombroso, de 116%, de 2007 para cá. O mais intrigante é o perfil dessas vítimas, que Cerqueira comparou com o histórico de mortes por acidentes, homicídios e suicídios. Assassinatos geralmente acontecem nas ruas, contra homens jovens, pretos ou pardos. Suicídios em sua maioria acometem homens brancos na faixa de 45 anos. E acidentes geralmente acontecem com idosos. Esses dois últimos dentro de casa.

Cerqueira comparou os dados oficiais de homicídios divulgados pelo Rio com informações do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Em relação às mortes indeterminadas, Cerqueira concluiu que a maioria se enquadra no perfil de assassinados, jovens pretos ou pardos, tendo como local de morte a rua. Em entrevista à Carta Capital, Cerqueira diz que “o sistema de produção sobre as causas de morte violenta é feito para não gerar informações de qualidade. Parte tem a ver com o Instituto Médico de Legal, mas grande parte deste problema está com a polícia do Rio".

Se incluirmos as mortes por causas indeterminadas, o número de homicídios no Rio chegaria a 8.229 mortos, número bem superior aos 5.064 divulgados pelo Instituto de Segurança Pública do Estado. De acordo com o estudo, houve um “aumento substancial de óbitos violentos cuja causa não foi esclarecida, o que destoou completamente não apenas do padrão dos dados cariocas registrados até 2006, mas também da trajetória declinante de registros de óbitos indeterminados no âmbito nacional. (…) A taxa de mortes violentas indeterminadas no Brasil girava em torno de seis (por cem mil habitantes) e diminuiu levemente para cinco, entre 2000 e 2009. Esse indicador para o RJ que no começo do século já era alto e girava em torno de 13, também diminuiu suavemente, alcançando o patamar de 10 em 2006. Contudo, em 2007 esse número dobrou, passando a girar em torno de 20, a partir de 2007".

Está mais do que na hora de acabar com essas maquiagens de dados e estatísticas na tentativa de ludibriar as pessoas. E também já passou da hora dos eleitores deixarem de acreditar em super-heróis.

2 comentários:

Anônimo disse...

Alguém já disse que se uma pessoa come dois frangos e outra nenhum, não há qualquer problema, pois, estatisticamente, elas comem um frango cada.
Agora uma frase famosa: " Há três espécies de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas.
Benjamin Disraeli

Anônimo disse...

Amigos do VQ e a quem interessar possa.....segue matéria (post) da coluna Radar on line da VEJA.

14 ações


Só este ano o Ministério Público do Rio de Janeiro já entrou com quatorze ações contra conselheiros do Tribunal de Contas do estado. José Gomes Graciosa e Aluísio Gomes de Souza são alvos de seis acusações cada um – o primeiro já é réu em duas dessas ações e em uma terceira perante o STJ (Leia mais em Conselheiros réus). Julio Lambertson Rabello é alvo de outras duas acusações.

E o que eles fizeram? Inovaram na arte de fraudar contratações, segundo as investigações do MP. Um dos exemplos: requisitaram servidores de prefeituras que nem sequer trabalhavam no município. Outro: traziam funcionários comissionados desses lugares como se fossem servidores efetivos – prática proibida.
Por Lauro Jardim

Link: http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/brasil/14-acoes/