sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O concidade e a máscara governista (3)

Por Ana Maria Reis de Faria*


A mídia livre e de opinião, pelo jeito, ainda não pode ser compreendida em sua
natureza e objetivos, que são de enfrentamento ao que a maior parte da sociedade considera como ideal de jornalismo, como se existisse uma única forma de se tratar a informação. Somado ao provincianismo de alguns, dificulta o debate no blogue do Valença em Questão a aderência indiscriminada ao “mito da imparcialidade”, que, nada mais é que um embuste discursivo, lacunar e dispersivo. O chamado jornalismo imparcial - esquecem ou se fazem de esquecidos muitos dos opositores - é tão direcionado quanto o assumidamente opinativo. Porém, naquele, o tratamento direcionado da matéria-prima, a informação, se faz de maneira dissimulada e acordada aos interesses dos investidores que mantém rádios, TV´s e jornais impressos em circulação periódica.

A não compreensão da prática jornalística opinativa tem nos espaços abertos aos comentários do blogue do VQ um termômetro considerável. Toda vez que algo realmente grave e de interesse do município é postado no VQ, ou uma leva de gente da cidade se arrepia considerando os colaboradores do blogue incendiários irresponsáveis, articulistas “raivosos” que não respeitam o trabalho daqueles supostamente afrontados (observem os comentários a partir da postagem do texto-descompostura “O Concidade e a máscara governista”), ou, então, se calam, certamente temendo represálias ou, pior, por terem ligação com os setores sob suspeita (recorte e cola do conteúdo veiculado em outros suportes, como por exemplo, a investigação recente sobre um até então ilibado e quase santo “Zé” Graciosa). É uma reação “imperial”, que remonta às nossas origens, temerosa e obediente à tradição contra a qual não se pode insurgir nem ao menos criticar. Mas também moldura da apatia ideológica, naturalização das práticas do roubo, corrupção e postura legalista como herança mais recente, dos tempos da censura prévia e oficializada.

Aqueles que acham bobagem, infantilidade ou transtorno psicótico tratar como censura o processo movido contra o jornal Valença em Questão pela candidatura Vicente Guedes, são desse tipo, conformistas e legalistas. São do tipo que acredita que não existe censura ou cerceamento de conduta, só porque é coisa considerada inconstitucional, desde o final da década de 80. Esquecem ou fazem de bobo ao recusarem que exista hoje formas muito mais covardes de fazer calar a população, de acometer, de dissimular uma falsa “democracia participativa” e fazer com que a maior parte dos indivíduos acredite que há, pelas leis e seus aprimoramentos, uma evolução jurídica nesse país. A falência da “democracia representativa” – a falência da democracia como um todo – não deve servir de justificativa para que aceitemos passivamente e sem contestar, sem cutucar, a postura reformista e recuada dos nossos representantes nos fóruns de perfil “popular” e “democrático” como o Concidade.

Os integrantes do VQ formam uma rede de apoio às militâncias com as quais mantém identidade. Mas como somos não mais que uma dezena de colaboradores, com trabalho e estudo boa parte fora da cidade, no final do ano passado, o grupo decidiu por priorizar ações de mídia, e, de maneira mais incisiva, ser e atuar como imprensa de contra-informação e divulgação das demandas dos setores populares da sociedade.

Por isso, travamos diálogo com a sociedade como editores e redatores; como colaboradores assíduos ou esporádicos; articulista e críticos da realidade; gente enfim que tem opinião e deseja expressá-la assinando sempre os seus textos e comentários, não por detrás de heterônimos engraçadinhos e bem menos soltando informações jocosas ou juízos de valor na calada da noite.

Mas não somente como articulista, mas fundamentalmente como indivíduo político aposto na legitimidade do texto que escrevemos sobre a máscara governista do Concidade. Não tomamos pra nós, nem eu nem Danilo Vieira Serafim, nem os outros do VQ, a pecha de “vanguarda” ou de representantes da sociedade. Por isso não nos devem ser cobradas atribuições de militância ou de representação. Bem menos soluções fantásticas à composição a desejar dos conselhos e fóruns dessa cidade. Mas no tocante aos movimentos sociais ou de grupos que se organizam sob este mesmo rótulo, em especial quando integrados aos conselhos ou fóruns “populares” e “democráticos”, o VQ permanecerá tecendo considerações, emitindo sua opinião sempre.

Não existe nem nunca existiu intenção em demolir ou fazer implodir o Concidade. O prazo de validade desse tipo de instrumento está carimbado em sua embalagem; seus debates não me parecem renovar as idéias já calcificadas pelos setores tradicionais da população e a vozes de fato dissonantes, machucam os tímpanos sensíveis dos que ali ainda resistem. Como não há renovação, como são poucos os que não enxergam nesses espaços uma forma de ascensão social e política, aos poucos o conselho municipal se dissipará na vitalidade forjada pela Governo Federal.

Os conselhos “populares” e “democráticos” antes mais localizados nos bairros, com bem menos visibilidade na imprensa e menos ainda prestígio junto à administração local, sempre funcionaram. De maneira precária, que o seja, devido às vaidades internas e politiqueiros de plantão. O Concidade, ao refinar o discurso enraizado dos conselhos de antigamente, se apodera de outros valores, como a credibilidade governamental (e governista), não restando opção àqueles que não se identificam com as propostas, prioridades, discurso, postura e objetivos da casa.

É mais prudente quando o comprometimento ideológico aponta noutra direção, ficar de fora. Ou então, de fora como o VQ, “com um olho no peixe e outro no gato”, porque são recursos públicos empregados na conformação social engendrada de cima pra baixo, a fim de sustentar o modelo de governabilidade que faz dos conselheiros representantes tecnicamente preparados para conduzir ações e debate – de maneira participativa – que atendam os auspícios da “democracia representativa” constituída. Ou falida, como já escrito.

De fato não acredito no seu aprimoramento: o Concidade não tem abertura para renovação e não consegue caminhar sozinho fora do modelo já traçado pelo Ministério das Cidades. Entretanto, espera-se – não eu, mas a comunidade em geral - que o contrário seja provado por entre a ação dos conselhinhos e também, que os “novos” legisladores no Concidade 2009 possam virar a mesa e não se limitarem às posturas recuadas (PT) e direitosas (PSC) dos partidos que representam. Particularmente considero improvável que isso aconteça, mas não me custa cruzar os dedos, em especial, àqueles que ainda por incapacidade ou mutilação política, parecem perdidos num labirinto sem saída.

14 comentários:

Anônimo disse...

Caiu a Ficha?

Tanto vocês como o Concidade são apenas INÓCUOS!

Me amarrei no Molejão!!!!


Bruno Olivieira.

D. disse...

Longe de ser inócuo, é uma opção de atuação do Valença em Questão se voltar para fazer a contra informação da mídia burguesa. Ainda sim os colaboradores do VQ tem suas militancias junto a outros movimentos. O papel que cumprimos, e bem, enquanto Vq, é sermos aliados estratégicos dos movimentos sociais contribuindo como mídia de opinião e contra informação que tem posicionamento claro de qual lado estamos na luta de classes.
Já o concidade sim, é inócuo por adotar uma posição tecnocrata,legalista e burguesa das demandas estruturais da sociedade valenciana. É composto por uma elite que propõe ser guarda do controle social que é feito por conselhos desse tipo. Pra além disso, o concidade é totalmente deslocado dos setores populares, movimentos e demandas sociais.

Anônimo disse...

Não acompanho frequentemente o blog porque não tenho internet em casa. Entro sempre aos finais de semana. Hoje comento pela primeira vez.

Nas vezes que entrei, sempre li mensagens de anônimos que assinam com nomes falsos os comentários falando um monte de baboseiras, provocando os membros do grupo que faz o blog e o jornal.

Uma coisa que me intriga é que essas pessoas (se é que é mais de um desocupado) cobram de vocês o que nem eles e nem o poder público e nem quem vive pra fazer esse tipo de coisa consegue ou é capaz de fazer.

Se fosse eu uma integrante do blog, já tinha mandando esse povo não sei pra onde e tinha bloqueado esses comentários que não levam a lugar nenhum. O engraçado é que eles (ou ele/a) se acham engraçados e donos da verdade. Duvido até que eles leiam as postagens, devem entrar aqui apenas para falar as bobagens de sempre.

Digo isso meio irritada porque os comentários são uma das coisas que mais me estimulam a entrar por aqui (mesmo não comentando), e perco grande parte do tempo na Lan House abrindo os comentários e vejo que muito são idiotas e não discutes os problemas da nossa cidade.

Mas continuo entrando, porque é aqui nos comentários que as pessoas falam o que pensam, é a parte mais democrática dentro dos blogs.

Falei isso tudo pra dizer que o blog é bem bacana e que se um ou outro recebe do chefe A, G, P ou V pra ficar criando polêmica escrota, temos outros tantos que visitamos o blog e evitamos nos misturar com esse tipo de gente. Mas parece que está chegando a hora de aparecermos (e convoco os minhas amigas e amigos que comentam pouco) pra comentar - não elogiando isso daqui, mas discutindo os temas da nossa cidade, propondo assuntos, etc..

Eu cheguei ejá sugiro que vocês falem do choque de ordem do prefeito - vi que rolou uma breve discussão sobre a venda de cervejas em garrafa, mas não acho isso o mais importante.

Um outro tema que poderia ser abordado é a escuridão de Valença. De noite (eu moro no São José das Palmeiras) é um brêu só pela cidade. O Jardim de Cima parece um trem fantasma.

Outra coisa é o tamanho do mato pelas ruas. Estou boba de ver como a prefeitura (essa gestão e a anterior) deixaram a cidade às traças. Pensei que pelo menos no início do governo a aparência da cidade seria levada em conta.

Gente, já falei demais (pra compensar o que nunca falei.. rsrs)

beijos

Carol

Anônimo disse...

Um anônimo estimulando o blogue, na verdade fingindo que é um anônimo, né, Carol?
Visito vários blogues e este é de longe o mais engraçado. O rapaz de cabelo ruim aí de cima, me causa sempre frouxos de risos com seus discursinhos retrógados.
Mas vale pela inocência de vocês.
Continuem, o mundo sempre precisou de bundões como vocês.

Rodrigo Santoro

Vitor Castro disse...

rapaz, o blog daqui a pouco vai pras páginas da caras. até o rodrigo santoro está passando por aqui...

Leandro Ferreira de Carvalho disse...

Mais uma vez vejo em um mesmo espaço a democracia e a intolerância...

A democracia aparece quando uma pessoa como a moça que só pode acessar o blog VQ de uma lan-house reclama da dificuldade de ler as postagens e comentários...

A intolerância aparece quando uns na verdade não desocupados, mas sim muito bem esclarecidos e com objetivos claros de tumultuar e não permitir que as demais pessoas possam discutir aberta e sinceramente sobre os problemas de sua cidade...

Abraços,

Leandro Carvalho
http://fiscalizabrasil.blogspot.com

Anônimo disse...

Concordo com vc Ana, quando diz que o concidade está fadado ao fracasso. Pois, como vc diz, um conselho que é utilizado como trampolim para os governos e não se volta para os interesses sociais reais, se torna completamente desconexo com a sociedade e, portanto, com seus objetivos.

Agora, na política não existe espaço vazio, então, se não ocuparmos estes espaços dificilmente conseguiremos mudar essa sina.

beijos

Anônimo disse...

Do contrário do que andam comentando por aí, esse blogue não tem a intenção de ser panfletário ou de impor ao cidadão comum "uma" verdade.

Cada texto e cada autor tem o seu ponto de vista. Escolha o seu.

Em tempo: as reuniões ordinárias do Concidade acontecem toda segunda terça-feira do mês, ou no auditório da Santa Casa ou no Raimundão, no Hospital Escola. E, no Plano Diretor (2° andar do prédio da Prefeitura Municipal de Valença), você encontra a atual presidenta do conselho, Ana Vaz, com quem poderá conversar.

Boa sorte a quem se interessar em mudar a "sina" do Concidade ou de qualquer outro instrumento ou aparelho de mesma linha.

Saudações!!

Anônimo disse...

cidadãos valencianos e blogueiros solidários de toda WWW:

juntemo-nos à campanha

"SAI DESSA, SRA. OLIVIEIRA"

a pobre não tem com o marido há mais de um mês quando o famigerado
conheceu na internet o seu mais novo brinquedinho

"SAI DESSA, SRA. OLIVIEIRA"

tem sempre um chinelo velho prum pé cansado de bobó na esquina mais próxima.

"SAI DESSA, SRA. OLIVIEIRA"

deus tá vendo, o ricardão e nós também que a senhora merece ficar de bem com a vida novamente

Anônimo disse...

geeeeeeeeeeente

esclarece aí

quem é a sra. oliveira?????

Anônimo disse...

"oliveira" não,

SR. OLIVIEIRA.

mais uma vez

"SAI DESSA, SRA. OLIVIEIRA"

tem sempre um chinelo velho prum pé cansado dando bobeira por aí

Tyler Durden disse...

Acho que estes tipos de comentários deveriam ser excluídos.
.
Não levam a nada. Fica parecendo a Revista Caras ou o Programa daquele cara que fala "ok, ok!".
.
Esta é a minha opinião.

Tyler Durden disse...

PS: ninguém é obrigado a ler as idiotices que aflingem alguns de nós, seres humanos. Ainda mais anonimamente.

Anônimo disse...

Prezados,
fico triste em ver que o VQ tenha um pensamento de forma aventureira, onde a opinião pessoal de alguns colaboradores acaba em transparecer o pensamento de todo o grupo VQ.
A discussão do Concidade não levou a progresso menhum, mas simplesmente deixou a desejar com relação aos membros do VQ, que se apresentavam como um grupo interessado em dar a comunidade de Valença uma nova forma de ver as questões da cidade e região. Vejo que novos integrantes querem levantar uma bandeira mas ainda falta força para segurá-la no alto, o que compromete todo um trabalho.
Penso que, ficar criticando sem dar sua participação efetiva nada mais é do que demonstrar sua própria incapacidade.
Torço para que o VQ volte a ser um grupo de ações e não um grupo de conversa sem projeção.
"Paraquedistas" estão chegando ao VQ e atirando no próprio pé!
Grande abraço a todos.
Jamjão357.