segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Médicos residentes de Valença mantêm greve

Os médicos residentes do Hospital Escola Luiz Gioseffi Jannuzzi estão em greve. Eles aderiram à paralisação, de âmbito nacional, liderada pela Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), reunindo mais de 22 mil médicos espalhados por todo o país. A greve, iniciada no dia 17 (terça-feira), é de tempo indeterminado. A principal reivindicação dos profissionais é o reajuste da bolsa-auxílio, que não recebe aumento há cerca de três anos.

Os residentes rejeitaram proposta do governo federal de reajuste de 20% da bolsa-auxílio e decidiram manter a greve deflagrada na última terça-feira, dia 17. A Comissão Nacional de Greve, coordenada pela Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), que reúne representantes de todos os estados e do Distrito Federal, tomou decisão a partir de assembleias realizadas pela categoria e por considerar o índice distante da reivindicação de 38,7% de aumento. A bolsa, hoje em R$ 1.916,45, está congelada desde 2007. A paralisação atinge mais de 80% dos 22 mil residentes que fazem a formação no País. Em Valença, 14 profissionais, residentes do Hospital Escola Luiz Gioseffi Jannuzzi, estão paralisados.

“A categoria mantém canal de negociação com os Ministérios da Educação e da Saúde e aguarda nova proposta. Se a oferta for adequada ao nosso pleito, voltamos imediatamente às nossas atividades”, esclareceu o presidente da ANMR, Nívio Moreira Junior, destacando que o movimento ganhará mais força com adesões de grandes hospitais em São Paulo a partir desta quinta-feira, entre eles, o Santa Marcelina, Hospital das Clínicas e Hospital do Servidor. Também ocorrerão novas assembleias no estado nesta quinta. “Esta greve já é uma das maiores da história do movimento. Lutamos pela valorização da nossa formação, que beneficiará toda a população brasileira”, projeta Moreira.

Moreira informou que comunicou a decisão à representante do MEC na Comissão Nacional de Residência Médica, Jeanne Michel, durante a tarde. A entidade formaliza, em documento a ser enviado ainda nesta quarta, a decisão ao governo federal. Sobre o impacto da paralisação para a assistência à população, o presidente da ANMR ressaltou que os residentes não atuam sozinhos, mas sempre com supervisão de outros médicos.
“As instituições de saúde devem assegurar atendimento (consultas, cirurgias e demais procedimentos) com profissionais contratados. A greve está expondo o que se tornou uma prática: usar os estudantes que fazem sua formação como mão de obra barata em vez de garantir mais médicos na assistência”. Nos serviços de urgência e emergência está sendo mantido número de 30% de residentes, acrescenta Moreira.

Nesta quarta, a categoria manteve protestos e ações junto a autoridades, com audiências com secretários estaduais de Saúde e parlamentares. No Rio Grande do Sul, residentes de Porto Alegre fizeram passeata até a Assembleia Legislativa, onde pediram apoio às reivindicações. A Comissão Nacional de Greve definirá novo calendário de ações para intensificar a mobilização.

A ANMR denuncia diversas irregularidades na condução dos programas de residência nos hospitais, como sobrecarga de trabalho e carga horária além das 60 horas semanais e falta de médicos preceptores (que fazem a supervisão dos residentes). A entidade criou o e-mail denuncia@anmr.org para receber queixas da categoria em todo o País, incluindo represálias de gestores e preceptores a quem aderiu à greve. Os relatos serão encaminhados aos órgãos competentes.

De acordo com a médica Carolina de Freitas Narciso Martins, representante dos médicos residentes do Hospital Escola e residente da Clínica de Ginecologia e Obstetrícia, o problema é antigo: em 2006, houve uma paralisação de âmbito nacional, de mais de vinte dias, onde foi solicitado esse reajuste. Mas apesar da promessa do Ministério da Educação de acréscimo, o que motivou os residentes a voltarem às suas funções, o reajuste acabou sendo concedido parcialmente, com o repasse de apenas uma parcela, ficando os profissionais sem a segunda.

Segundo a médica, a residência é uma especialização, uma pós-graduação médica, onde o residente presta um concurso e recebe um auxílio, uma bolsa, para trabalhar sessenta horas semanais. “A gente pede um reajuste de 38,7% dessa bolsa e, além disso, uma data-base para, daqui para frente, a gente ter uma data e um índice para ser reajustado, para não haver necessidade de outras greves como essa”.

Fonte: sítio do Jornal Local - Parte 1 e Parte 2

Um comentário:

Anônimo disse...

Olha, a gente desce o bambu em tudo o que pode. Mas vou te contar. Valença tem excelentes profissionais na área médica. Comprometidos e capazes. É criminoso deixar a coisa chegar no nivel que chegou. E do mesmo modo que acredito em saci pererê, creio que os caixas altas vão resolver essa situação. É brincadeira o que fazem com o pessoal da saúde.