sábado, 6 de março de 2010

RECORDAR É VIVER

* Texto publicado no jornal do PSOL de Valença ainda em 2008, às vesperas das eleições municipais.

As eleições municipais de 2008 em Valença estarão polarizadas por candidaturas conservadoras. Mais uma vez, a população ficará a mercê das ilusões e falsas promessas. A crise que passa o município tem razões históricas. O desemprego da população, em particular na juventude, é um fator de graves proporções. A falta total de perspectiva por parte da maioria da população é fruto do somatório de dois fatores. O primeiro é a CRISE ECONÔMICA DO TERCEIRO MUNDO, a partir do “pensamento único” (neoliberalismo), que atingiu em cheio o mundo do trabalho a partir da década de 80, e que em Valença, se materializou com o fechamento das fábricas têxteis, num “efeito dominó” que nos levou à falência. O outro fator: as sucessivas administrações municipais, que se mostraram ao mesmo tempo incompetentes e irresponsáveis e o ENRIQUECIMENTO PESSOAL E ILÍCITO DE LÍDERES POLÍTICOS LOCAIS, em detrimento da população pobre.

O Estado do Rio de Janeiro está mergulhado em uma crise sem fim. O governo do PMDB de Sérgio Cabral utiliza os mesmos esquemas do passado, praticados por Garotinho e Rosinha e sustentando por uma maioria de políticos coniventes na Assembléia Legislativa, liderados por Jorge Picciani.

A educação pública estadual está mergulhada numa crise, onde os baixíssimos salários dos profissionais de educação, a ausência de projeto educacional, a carência de pessoal, as inadequadas condições materiais das escolas, os esquemas das cooperativas e corrupção, controladas por deputados (as "firmas") têm sido a marca registrada do PMDB. Só em 2007, 50.000 alunos ficaram sem aulas, seja pela falta de professores, seja pela violência no entorno das escolas.

O estado de calamidade em que se encontram os hospitais públicos, onde faltam médicos, material, medicamentos e condições adequadas de atendimentos, além da ameaça de “privatização branca” através das cooperativas (FIRMAS!) levam, mais uma vez, as digitais do PMDB.

A máfia do transporte público rodoviário, com alto preço das passagens, veículos de péssima qualidade, como é o caso da empresa que faz a linha Valença-Rio, também faz parte deste esquema.

O estado de descalabro em todos os setores é fruto de mais de uma década de domínio de dois grupos partidários: O PMDB, ancorado nos caciques políticos do interior do Estado; e o PFL, que na capital tem César Maia como a expressão máxima do neoliberalismo. O PMDB de Garotinho, Rosinha, Sérgio Cabral e Picciani apóia-se em prefeituras do interior e faz a pequena política baseada no clientelismo. É o caso de Valença, onde esta prática se expressa nas FIRMAS - esquemão controlado por lacaios ligados ao deputado, que escravizam trabalhadores, obrigados a freqüentar comícios e atividades politiqueiras sob risco de perderem o emprego.

Cabe ao PSOL não perder a oportunidade de denunciar essa velha prática politiqueira, causadora de iniqüidade social que atormenta a população de nosso Estado e de nossa Cidade.

Este ano de eleição municipal todos os lobos sairão às ruas vestidos em pele de cordeiro. A decisão estará nas mãos novamente do povo de Valença, se este quer uma transformação para uma cidade melhor: sem esquemas, sem as FIRMAS, sem os mesmos de sempre que levarão a cidade à falência total. Ou então manteremos as coisas como estão, com aqueles que há tempos vem destruindo a nossa cidade e o nosso estado.

ESTELIONATO ELEITORAL

Em Valença o processo eleitoral de 2008 mal começou e já se caracteriza mais um estelionato eleitoral contra o povo valenciano. Aquela velha máxima que K.Marx cunhou ainda é muito atual: a história sempre se repete, ou como farsa ou como tragédia.

A farsa aconteceu em 2000, na eleição do então prefeito Luiz Antônio. À época, o ex-governador Antony Garotinho veio a Valença, subiu no palanque, discursou e prometeu. Disse que Valença, com a eleição de Luiz Antonio, teria não um, mas dois prefeitos. Prometeu a construção de mil casas populares. Prometeu emprego e indústria para a cidade e etc. Toda esta farsa foi acompanhada por outras, não menos piores. O candidato Luiz Antonio prometeu dobrar os salários dos professores, prometeu orçamento participativo, prometeu melhorar o atendimento público e etc. Mas, depois de eleito, o que vimos foi um desgoverno. Repleto de cabos eleitorais recebendo salários exorbitantes e uma administração débil. O resultado foi que ele não conseguiu se reeleger, pois o povo viu a mascara cair.

Agora a história se repete. Desta vez como tragédia. E o personagem é outro. Trata-se do lobista Vicente Guedes, prefeito de Rio das Flores. Este, apoiado pelo governador Sérgio Cabral e pelo conselheiro do Tribunal de Contas José Graciosa, vem sendo apresentado como o candidato salvador da pátria. Se for seguir a mesma linha de seus apoiadores, Valença estará sendo mais uma vez vítima de um estelionato eleitoral.

O candidato a governador Sérgio Cabral, em 2006, no auge da campanha no segundo turno contra Denise Frossard, enviou carta para casa de mais de 100.000 (CEM MIL) professores e funcionários da educação estadual, comprometendo-se com as reivindicações da categoria (incorporar as gratificações do Programa Nova Escola, eleição para diretores de escolas, inclusão dos docentes I e II de 40 horas no Plano de Cargos e Salários, fim das terceirizações e etc.). Prometeu e não cumpriu! O mesmo Sérgio Cabral, em discurso de palanque recente, só que em Rio das Flores, disse em alto e bom som, que Valença precisa de uma figura como Vicente Guedes. Segundo seus apoiadores, Vicente é o prefeito que revolucionou aquele município. Será que o eleitor valenciano sabe que somente 25% da água daquela cidade é tratada? Será que a população de Valença sabe que, quem fica doente naquela cidade tem que ser tratado em Valença? Será que você cidadão valenciano sabe que lá existe UM FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA UMA MÉDIA DE QUATORZE HABITANTES? Ou seja, todo mundo tem emprego na prefeitura? E é essa revolução que acontecerá em Valença?!

Nesta eleição estão na disputa pelo menos quatro ex-prefeitos/prefeito. Álvaro Cabral, que foi apoiado à época por Luiz Antonio, teve dois momentos marcantes na sua administração: primeiro colocou o funcionalismo para receber em praça pública (mesmo discurso de Collor de Melo) e terminou seu mandato deixando a cidade com lixo acumulado por três meses e o funcionalismo e os fornecedores também por três meses sem receber... é essa a marca de Álvaro Cabral! O outro candidato é o atual prefeito Fábio Vieira, que poderia reunir melhores condições. Mas, também não consegue deslanchar, em função de equívocos irreparáveis, como por exemplo, a privatização da água. Na verdade, quem privatizou a água foi o Luiz Antonio. Porém, Fábio Vieira, ao invés de corrigir esta situação, manteve o processo dando a concessão para outro empresário. Ou seja, nada mudou. Apesar de ter valorizado a educação e o funcionalismo, Fábio Vieira, não teve vontade política para resolver este grave problema que afeta a população.

É por isso que o eleitor deve ficar atento as promessas mirabolantes e aos esquemas destes POLÍTICOS PROFISSIONAIS, que só se enriquecem às custas do povo. O PSOL não apresentará nenhuma proposta mirabolante ou salvadora. Acreditamos que um programa deve ser elaborado com os setores da sociedade civil organizada. Valença não precisa de salvadores e sim de um projeto que tenha como prioridade o povo pobre de nossa cidade!

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