quinta-feira, 30 de junho de 2011

Carta aberta à população valenciana.

Nós, profissionais da educação da rede estadual de ensino na cidade de Valença, produzimos esta carta com o objetivo de explicar os motivos de estarmos em greve desde o dia 7 de junho de 2011.

É público e notório que a educação no Brasil não é valorizada. No entanto, para muita gente, não existe profissão mais nobre do que a do professor. Contudo, chegamos ao ponto que nem mesmo a “nobreza” da profissão está sendo suficiente para melhorarmos a qualidade de nossa educação. O Brasil ocupa posição vergonhosa nas provas internacionais que identificam o aprendizado dos alunos. Tanto o governo federal com o estadual gastam milhões de reais, através de propaganda, para tentar nos convencer que a educação brasileira está melhorando. Estamos aqui para mostrar o outro lado da educação.

Se o Brasil não é conhecido pelo altos índices educacionais, o estado do Rio de Janeiro conseguiu piorar a situação. De acordo com o Ideb (Índice de desenvolvimento da educação básica) o Rio ocupa a penúltima posição entre os estados brasileiros. Ser o penúltimo lugar dentro de um país como o Brasil não é aceitável. Estamos no fundo do poço.

Como resposta, a secretaria de educação do rio de janeiro idealizou, sem consultar a categoria dos profissionais da educação, um plano de metas e bonificações com o objetivo de levantar o Ideb do Estado para o quinto lugar até o fim de 2013. Problemas estruturais da educação como por exemplo: a baixa remuneração do salário do professor, a carga horária insuficiente e fala de discussão sobre o currículo escolar não foram mencionadas no plano. Estamos aqui para denunciar que o atual plano de metas fracassará no seu objetivo anunciado e servirá como instrumento para culpar os professores pelo fracasso escolar.

A secretaria de educação do Estado do Rio de Janeiro não consulta a categoria para conhecer os problemas da educação. Temos hoje computadores parados em sala de aula, bem como aparelhos de ar condicionado que nunca foram ligados. Todavia, a carência de professores parece ser um problema “normalizado” pela secretaria. Não se busca resolver o problema, apenas empurrá-lo. O professor, muita vezes, aumenta sua jornada de trabalho como forma de compensar o baixo salário que recebe. Torna-se então uma máquina sem ter o tempo necessário para repensar sua prática pedagógica. Perdemos até o direito de ter um educador como secretário de educação. É muito difícil dialogar com uma secretaria que está mais preocupada com belos números do que a formação de cidadãos.

O que exigimos:

  • Reajuste emergencial de 26%
  • Incorporação imediata da gratificação do Nova Escola
  • Eleição para diretores e concurso público para professores e funcionários
  • Discussão sobre o Currículo mínimo.

Contamos com o apoio da população valenciana. Procure um professor para conhecer a real situação da educação do estado do rio de janeiro. O conhecimento ainda é o melhor remédio contra o marketing dos nossos políticos. Juntos somos fortes!

Atenciosamente,

Profissionais de educação do Estado do Rio de Janeiro.

Aula de Artes (para alunos e professores em GREVE)



1) Imprima em uma cartolina grossa a imagem do Belzebú acima;


2) Com um estilete afiado, recorte as partes pretas da cartolina, formando um molde vazado, e descarte-as (partes pretas);


3) Com uma lata de spray negro, comece a "colorir" os muros da cidade*, numa aula de cidadania contra as figuras nefastas que insistem em nos assombrar.


* Só pintem os muros devidamente autorizados por seus proprietários, é claro.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

As entranhas do governo Sérgio Cabral: o mais corrupto da história do Rio de Janeiro

Vamos começar pelos personagens que cercam Sérgio Cabral, os “generais” que comandam a pilhagem dos recursos públicos, que estão saqueando a população do Rio de Janeiro, através de farsas, negociatas, maracutaias e tramas nos bastidores. É a turma dos negócios promíscuos de Cabral. Vocês vão ver que por muito menos Collor e José Roberto Arruda (Distrito Federal) sofreram o impeachment. Preparem-se!

Os negócios em família

Adriana Ancelmo Cabral – a esposa de Cabral

O escritório de advogacia, do qual é sócia majoritária, tem como clientes, empresas concessionárias de serviços públicos estaduais e outras que têm contratos de prestação de serviços com o Estado. O Metrô e a Supervia, apesar dos caóticos serviços prestados, conseguiram por intermédio de Adriana, que o marido, Cabral, renovasse por mais 30 anos os contratos de concessão. A esposa de Cabral também advoga para o Grupo Facility, do “Rei Arthur”, que tem contratos de mais de R$ 1,5 bilhão com o governo Cabral. A mulher de Cabral representa os interesses jurídicos de várias empresas que têm contratos milionários com o Estado e dependem de decisões do governador.
 
Mauricinho Cabral, o irmão de Cabral que se move nas sombras
Mauricinho Cabral, o irmão de Cabral que se move nas sombras






Mauricinho Cabral – o irmão de Cabral

Esse é um personagem que se move nas sombras, mas toda a mídia conhece muito bem, e protege por interesse próprio. É publicitário e não tem nenhum cargo no governo. Mas é ele que controla a milionária verba de publicidade e se reúne com o pessoal dos grandes veículos de comunicação. Usa a agência FSB para distribuir as verbas e comprar a blindagem do irmão Cabral.

O vice que virou alma gêmea nos negócios
 
O vice-governador e secretário de Obras, Pezão, hoje chamado de Mão Grande
O vice-governador e secretário de Obras, Pezão, hoje chamado de Mão Grande

Luiz Fernando Pezão – o vice-governador

É o homem que cuida das Obras do Estado e negocia os contratos milionários e está sujo dos pés grandes até a cabeça, passando pelas mãos ainda maiores, que lhe rendem o apelido de “Mão Grande”. Usa seu subsecretário, Hudson Braga para fazer a ponte com as empreiteiras, menos a Delta, que é linha direta Cabral – Fernando Cavendish. Está enrolado no TCU por conta do contrato da DELTA, das obras do Arco Rodoviário. Um escândalo de superfaturamento. É o responsável pela reforma do Maracanã e vai ter que responder por que mandou pagar R$ 8 milhões à DELTA antecipadamente, antes mesmo de realizar algumas intervenções previstas no contrato. Está metido numa negociata da desapropriação de um imóvel em Barra do Piraí, que pertencia à família de sua mulher, foi super avaliado e em seguida desapropriado por um valor muito acima do mercado
.
Os amigos e braços-direitos nos negócios

Com Cabral desde a ALERJ, Régis Fichtner é quem faz a ponte com a Justiça e o MP, além de muitos negócios
Com Cabral desde a ALERJ, Régis Fichtner é quem faz a ponte com a Justiça e o MP, além de muitos negócios

Régis Fichtner – o secretário da Casa Civil

É um dos braços-direitos de Cabral desde que ele era deputado na ALERJ. Responsável pelas negociatas de imóveis desapropriados do banqueiro Daniel Dantas, denunciadas pela revista Carta Capital. O banqueiro ganhou milhões graças à generosidade da caneta de Cabral negociada com Régis Fichtner. Acertou e foi o autor da chamada Lei Luciano Huck, que legalizou centenas de imóveis de luxo construídos em área de preservação de Angra dos Reis, beneficiando o apresentador e muita gente graúda. É o interlocutor com a Justiça e o Ministério Público.
 
Wilson Carlos com dinheiro escondido em paraíso fiscal na China
Wilson Carlos com dinheiro escondido em paraíso fiscal na China

Wilson Carlos – o secretário de Governo

Amigo de Cabral desde os tempos de estudante é o homem que cuida dos negócios com os políticos. É o outro braço-direito. Cuida do toma lá dá cá de Cabral. Foi flagrado em uma investigação da Polícia Federal como possuidor de contas em paraísos fiscais na China, não declaradas. Segundo investigação do MPF teria recebido R$ 834 mil de uma empreiteira que fez obras do Metrô.

Os secretários bons de negócios

O milionário Sérgio Côrtes e a mulher Verônica, no nome de quem colocou sua mansão
O milionário Sérgio Côrtes e a mulher Verônica, no nome de quem colocou sua mansão

Sérgio Côrtes – o secretário de Saúde

Esse é o campeão de negócios sujos. Grupo Facility, TOESA e as ambulâncias, TCI, Barrier e os remédios. Mansão, cobertura, joalheria. Luxos milionários que não têm como ser explicados.
 
Beltrame, escutas clandestinas fazem com que tenha muita gente graúda na mão
Beltrame, escutas clandestinas fazem com que tenha muita gente graúda na mão

José Mariano Beltrame – o secretário de Segurança

Responsável pelo contrato de aluguel dos carros da PM, a negociata com a Julio Simões cujo valor pago por viatura dá para comprar duas novas por ano. Acusado por seu ex-subsecretário de fazer escutas ilegais. Numa afronta à Constituição ganha mais que ministro do STF acumulando indevidamente salário da Polícia Federal. É o responsável pela política de acordos com as milícias. Tinha como assessores de confiança um falso tenente-coronel do Exército e o miliciano Chico Bala. Abafou as investigações da corrupção na Polícia Civil descobertas pela Operação Guilhotina e com medo da ameaça de revelações do delegado Allan Turnowski, de acusador virou sua testemunha de defesa. Turnowski sabe as relações de Beltrame com as milícias, que estão por trás da farsa das UPPs.
 
Wilson Risolia, o homem que está à frente dos negócios que vão destruindo a educação no Estado do Rio de Janeiro
Wilson Risolia, o homem que está à frente dos negócios que vão destruindo a educação no Estado do Rio de Janeiro

Wilson Risolia – o secretário de Educação

O economista do mercado imobiliário que desde o início do ano toca os negócios milionários de aluguel de aparelhos de ar condicionado e outros equipamentos; além das compras superfaturadas de computadores e outros.
 
Julio Lopes com Cabral numa viagem à Europa
Julio Lopes com Cabral numa viagem à Europa

Julio Lopes – o secretário de Transportes

O homem que negocia com as empresas de ônibus, além do Metrô, das Barcas e da Supervia. Está por trás de toda a proteção às empresas e manda os passageiros terem paciência.

Os empresários parceiros de negócios
 
O "Rei Arthur", o empresário Arthur Cesar é um homem discreto que foge dos holofotes, reside em Miami e não tira fotos
O "Rei Arthur", o empresário Arthur Cesar é um homem discreto que foge dos holofotes, reside em Miami e não tira fotos

Arthur Cezar de Menezes Soares Filho, o “Rei Arthur” – Grupo Facility

O poderoso “Rei Arthur” vive escondido em Miami, numa mansão milionária – dizem que tem medo de ser preso no Brasil - e chegou a abrir uma filial do Porcão na cidade americana, para satisfazer seu gosto por churrasco. Tem no governo Cabral contratos de prestação de serviços que ultrapassam R$ 1,5 bilhão, muitos sem licitação. Tem funcionários terceirizados em praticamente todas as áreas do governo Cabral, além do Ministério Público e da Polícia Federal. Cabral viaja no seu jatinho e já se hospedou mais de uma vez na sua mansão de Miami.
 
O amigo dono da Delta: R$ 1 bilhão em contratos com Cabral, mais quase R$ 400 milhões com Eduardo Paes
O amigo dono da Delta: R$ 1 bilhão em contratos com Cabral, mais quase R$ 400 milhões com Eduardo Paes

Fernando Cavendish – Empreiteira Delta

Esse é o segundo mais poderoso empresário do grupo de Cabral pelo valor dos contratos, R$ 1 bilhão, grande parte sem licitação. Mas é o primeiro no coração de Cabral que intermediou a entrada da Delta em mais contratos milionários da prefeitura do Rio, além de outras. Está em maus lençóis depois de tudo o que está vindo à tona, por conta do acidente de helicóptero da Bahia. Segundo a revista Veja, bate no peito pra dizer que pode comprar políticos. De pequeno empreiteiro virou o campeão de obras no Rio, sob a benção do amigo Cabral, também seu vizinho do condomínio PortoBello, como o secretário de Sérgio Côrtes.

Os aliados políticos e sócios nos negócios
Cabral confraterniza com os irmãos Natalino e Jerominho, em festa da milícia Liga da Justiça, que eles comandam na Zona Oeste
Cabral confraterniza com os irmãos Natalino e Jerominho, em festa da milícia Liga da Justiça, que eles comandam na Zona Oeste

Natalino e Jerominho – Os irmãos milicianos ex-políticos cassados

Um ex-deputado, o outro ex-vereador. Chefes da milícia Liga da Justiça fizeram acordo político com Cabral, que andava com eles pra cima e pra baixo e até cantou com eles num palanque na Zona Oeste. Depois foram traídos por Cabral que não confiava neles, e que usou a milícia rival de Chico Bala, por sugestão de Beltrame para destroná-los.
 
Cabral e Paes unidos em tudo, até nos negócios com o Grupo Facility e a empreiteira Delta
Cabral e Paes unidos em tudo, até nos negócios com o Grupo Facility e a empreiteira Delta

Eduardo Paes – O prefeito do Rio

Afilhado político de Sérgio Cabral. Retribuiu o apoio do padrinho fraqueando os contratos da prefeitura aos amigos de Cabral, “Rei Arthur” (Facility) e Fernando Cavendish (Delta). Os dois multiplicaram por muitas vezes seus negócios com a prefeitura de Paes.
 
Jorge Picciani, o fiel defensor de Cabral na ALERJ e parceiro de muitos negócios
Jorge Picciani, o fiel defensor de Cabral na ALERJ e parceiro de muitos negócios

Jorge Picciani – O presidente do PMDB e ex-presidente da ALERJ

O homem que deu sustentação política a Cabral na ALERJ, durante os quatro anos que a presidiu. Barrou qualquer tentativa de investigação. Nos bastidores tentou de todas as formas, destruir adversários de Cabral, que podiam atrapalhar os negócios. Participa ativamente do governo Cabral. A secretaria de Educação é dele, e está por trás dos contratos da compra de computadores superfaturados e de aluguel de ar de condicionado. A empresa INVESTIPLAN, que pertence a Paulo Trindade, sócio de Picciani em negócios de gado, detém mais de 90% dos contratos de informática do governo Cabral. A INVESTIPLAN também está envolvida no Mensalão do Arruda, no Distrito Federal
 
Paulo Melo, recordista de aumento de patrimônio e milionário da Região dos Lagos
Paulo Melo, recordista de aumento de patrimônio e milionário da Região dos Lagos

Paulo Melo – O presidente da ALERJ

O presidente da ALERJ era até o ano passado o Líder de Cabral e quem comandava a tropa de choque que protegia o governador. De vendedor de cocadas virou um dos maiores milionários da Região dos Lagos, onde os contratos do governo Cabral passam pela sua negociação. É o campeão da multiplicação do patrimônio pessoal entre os presidentes de assembléias legislativas do país, segundo revelou recente reportagem. Dono de inúmeros imóveis adquiriu recentemente uma fazenda milionária em Rio Bonito e é dono de hotel, em Araruama. Segundo ele ficou rico ganhando comissões como corretor de imóveis na Região dos Lagos.

Olha, e isso é apenas um breve resumo das participações de cada personagem. Esse é o time de Cabral que comanda o mar de lama no nosso Estado. Convenhamos que só pelo que mostrei aqui, e pelas pessoas envolvidas, da família e os principais cargos-chave do governo, o escândalo do impeachment de Collor e do Mensalão do Arruda, no Distrito Federal não chegam nem perto. Ou como definiu há algum tempo o jornalista Cláudio Humberto, os dois primeiros casos parecem “Sessão da Tarde” perto do que acontece nas entranhas do governo Cabral.
 
Com toda a sinceridade, depois de tudo o que mostrei, e após tudo o que já veio à tona desde o acidente de helicóptero da Bahia, quem não se indignar, não se levantar contra o governo mais corrupto da história do Rio de Janeiro e o governador que está assaltando os cofres públicos, ou está levando alguma vantagem ou é completamente alienado.

Em tempo: Depois mostrarei o segundo capítulo, detalhando os escândalos citados aqui e os valores envolvidos. 

Em tempo 2: Pedimos desculpas pela demora na postagem, mas deu muito trabalho para resumir e montar. São incontáveis casos de corrupção e negociatas. 





DANIEL CHUTORIANSCY

Secretários do (des)governo Cabral FALTAM audiência judicial sobre a greve da rede estadual

Nesta terça-feira, dia 28 de junho, a 3ª Vara da Justiça da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro realizou uma primeira audiência para analisar o pedido de liminar do SEPE contra o corte do ponto dos profissionais de educação do estado, em greve desde o dia 7 de junho. Todas as partes foram convocadas para a audiência, MAS OS SECRETÁRIOS DE GOVERNO NÃO COMPARECERAM. Apenas a Procuradoria do Estado compareceu. Com isso, uma nova audiência foi marcada para a próxima segunda-feira, no dia 4 de julho. Para esta nova audiência, o juiz titular da 3ª Vara, Plínio Pinto Coelho, convocou em caráter de urgência os secretários da SEPLAG e da SEEDUC.

Na audiência, o SEPE defendeu o pedido de liminar em cima do direito de greve do funcionalismo público. O sindicato falou também das más condições de trabalho e dos baixos salários da rede estadual, que levaram os profissionais de educação à greve; a falta de professores na rede também foi destacada nesta audiência.
A GREVE CONTINUA! NÃO OS DEIXE LUTAR SOZINHOS!
PRÓXIMA ASSEMBLEIA EM VALENÇA:
SEXTA - 15 HS - RUA DOS MINEIROS

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Educadores do Estado do RJ são tratados como bandidos pelo "coronel" Aristídes Praxedes, o coordenador de educação (???) da regional Centro Sul Fluminense II

Atualizado: Vídeos do Episódio no final das fotos.


Cerca de 100 profissionais de educação assistiram hoje (terça 21/6), na Cidade dos Barões (Vassouras/RJ), cenas que remetem a "uma página infeliz da nossa história": a ditadura.

Em greve há mais de 10 dias, os professores e funcionários de escolas que tentam entrar em seus locais de trabalho na hora do intervalo para falar sobre o movimento, são constante e ilegalmente barrados por ordem do Sr. Aristides Praxedes, "capitão do mato" do governador Sérgio Cabral, mas também conhecido como Coordenador Regional de Ensino (???) da Região Centro Sul II.

O motivo dos trabalhadores terem se deslocados até Vassouras foi justamente cobrar uma posição oficial (por escrito) da ordem ilegal de proibir o SEPE entrar nas escolas. Como esta ordem formal não existe, e como é de praxe de todo covarde não assumir seus atos, fomos obrigados a protocolar um pedido de explicações na coordenadoria. O Sr. Praxedes irá responder judicialmente por sua conduta, inclusive por assédio moral.

Pouco afeito à democracia, o "coronel" Aristídes achou que chamando a polícia iria amedrontar os lutadores grevistas. Ledo engano. O movimento sindical é um direito internacional dos trabalhadores e, no estado (de putrefação) do Rio de Janeiro, conta, inclusive, com apoio dos bravos policiais militares, trabalhadores que também se encontram em situação tão calamitosa como a nossa, junto com bombeiros, policiais civis, médicos e servidores da saúde).

No final, além do protocolo desmentindo a proibição do SEPE de entrar nas escolas, ficou o gosto e a gana de lutar sempre por liberdade e justiça. Pena que outros colegas ainda não tenham aderido a este lindo movimento que a categoria vem construindo no ano de 2011. Para o "coronel" Praxedes, lembramos a musiquinha que foi entoada por professores e estudantes nesta linda e ensolarada manhã na Cidade dos Barões: - "ai, aiaiai, ai,ai,ai,ai, empurra, empurra que ele caí!

Fotos da ocupação na Coordenadoria Centro Sul II:




















terça-feira, 21 de junho de 2011

Incomoda-nos somente aquilo que precisa mudar

Fiquei particularmente emocionado ao ler esta carta de meu colega e por saber - devido as nossas conversas nas salas dos professores - que ele é um dos nossos que está cansado de "sussurrar pelos cantos", minha admiração pela pessoa humana que ele é se torna também, agora, uma admiração pelo cidadão que ele se mostrou ser para mim.


Carta Aberta aos Profissionais da Rede Estadual de Educação

Incomoda-nos somente aquilo que precisa mudar

Caros colegas:

As condições atuais de trabalho não são satisfatórias nem saudáveis. Se já havia um desgaste em nosso ofício, pela energia dispensada, pela crescente falta de reconhecimento político-social, há agora muito mais, em que a educação é ranqueada e a competitividade é progressiva, sem os sorrisos de outrora, sem as amizades fortalecidas, sem o lúdico tão imprescindível no processo educacional. O que será de nós quando a Escola tornar-se, de fato, Empresa? Quando só valer o projeto e a atenção que grandes grupos derem a ele? Quando todo o ensino for técnico e os sentimentos ignorados? O que será de nós?

Não protestar porque já se protestou com insucesso não justifica a impassibilidade. O posicionamento não é o mesmo, porque a imposição é outra, renovada, silenciosa, corruptível. Imposição não norteia Educação, tampouco sufocamento por excesso de afazeres, muitos dos quais nem de alçada nossa são, como conexão "virtual" professor e suas notas.

A triste realidade é que não estamos conectados neste momento. E nunca mais estaremos com a vigência do Plano de Metas. Conclamemos os guerreiros do passado, os nossos modelos que nos inspiraram por sua firmeza e comprometimento. Será melhor parafrasear os velhos versos de Belchior "como Poe, poeta louco americano, que pergunta ao passarinho: Black Bird, o que se faz? No presente a mente, o corpo é diferente. E o passado é uma roupa que não nos serve mais"? Precisamos nos mesclar, nos misturar. Opinemos. Refinemos o discurso do movimento para que erros não sejam cometidos e não seja perdido o foco, a causa da manifestação, que é legítima e justa. Juntemo-nos aos jovens professores, para que estes não se envergonhem de nós. Render-se sem luta, aceitar sem questionamento, reduzir-se a números são desvalores sem precedentes. São problemas que precisam ser resolvidos através de manifestações com altas vozes, e não "sussurros pelos cantos". Diz a máxima que "todo problema tem jeito. O único irremediável é a morte". E nós não estamos mortos. Ou estamos?

Professor Márcio Fazenda

Valença, 16 de junho de 2011

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Assembleia de hoje (dia 20/6) votou pela continuidade da greve dos professores e funcionários do estado

(Assembleia de 20/6 - Foto: Blog Pó de Giz)

Milhares de profissionais das escolas estaduais decidiram há pouco em assembleia no Clube Municipal, na Tijuca (foto), continuar a greve da categoria. A greve começou dia 7 de junho e até hoje o governo não fez uma contraproposta às principais reivindicações da categoria, que são: reajuste emergencial de 26%; incorporação imediata da gratificação do Nova Escola (prevista para terminar somente em 2015); descongelamento do Plano de Carreira dos Funcionários Administrativos.

GOVERNO DO ESTADO MENTE:
ADESÃO JÁ PASSA DOS 70 % DA CATEGORIA
(BAIXADA 90%, CAPITAL 70%, INTERIOR 40%)


VEJA AS FOTOS DA ASSEMBLEIA DE HOJE:
(Fonte: Orkut)




CALENDÁRIO DE ATOS DA SEMANA (21/06 - 29/06):


DIA 21( TERÇA-FEIRA) atos descentralizados e idas as escolas para panfletar (ônibus saindo de Valença às 8:00 do Jardim de Cima para "ato surpresa")

DIA 22( QUARTA-FEIRA): Vigília em frente à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), a partir das 14h

DIA 22( QUARTA-FEIRA): partir das 18h, ato-show na Praça XV(“SOS Educação”)

DIA 26(DOMINGO): Caminhada no Aterro do Flamengo (concentração em frente ao Castelinho do Flamengo, às 10h (professores e funcionários vestirão preto)

DIA 28( TERÇA-FEIRA): Passeata da Candelária até o Fórum, a partir das 12h – a categoria pretende abraçar o TJ, representando a esperança que a Justiça reconheça a justeza da greve.

DIA 29( QUARTA-FEIRA): próxima assembleia será às 14h, também no Clube Municipal.

Anistia aos bombeiros

Embora pareça ter esfriado - especialmente na mídia - as manifestações pró-bombeiros, os 439 oficiais que foram presos continuam condenados, e serão julgados como criminosos. Os bombeiros nesse momento estão buscando assinaturas de pessoas que apoiam a causa deles para conseguirem a anistia, através de uma petição pública.

O valenciano e bombeiro Marcio Magalhães Meireles, que também foi preso, nos enviou a mensagem abaixo, que reproduzimos:
______
Meus Amigos / Minhas Amigas,

Sou um dos bombeiros militares que arbitrariamente foi preso por ordem do
governador Sérgio Cabral no fatídico episódio em que o BOPE invadiu nosso
Quartel Central com uso de violência contra bombeiros desarmados junto de
seus muitos familiares (senhoras e crianças). Para que eu e mais 438 amigos
possam ser anistiados criminalmente e administrativamente estamos fazendo
esta solicitação a todos. Portanto, solicito que assinem e repassem esta
mensagem para que um número maior de pessoas tomem conhecimento de nossa
situação.

Faz-se importante a confirmação da assinatura através de e-mail que
posteriormente será enviado automaticamente.

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N11153

Assine o abaixo-assinado e divulgue para seus contatos. Vamos juntos fazer
democracia!

Obrigado,
Marcio Magalhães Meireles

Fábula para os professores: o dia em que tentaram proibir o Sepe de entrar nas escolas.




Era uma manhã agitada na escola. Os profissionais da educação tinham declarado greve reivindicando melhores condições de salário. O Estado do Rio de Janeiro encontrava-se na penúltima posição do IDEB e o governador tinha assumido o compromisso de colocar o Estado no quinto lugar até o fim de 2013. Ele só tinha esquecido de um ator fundamental nessa virada: os professores.

A escola estava situada na cidade de Pindorama. A mobilização para a greve, de início tímida, estava ganhando corpo. O aumento da greve na cidade chegou aos ouvidos da Coordenadoria de educação. A resposta não demorou para chegar. O telefone tocou na nossa escola. A reação da direção dependia do número que aparecesse no identificador de chamadas. O dia começava com o pé esquerdo: o número era da Coordenadoria.

Ao saber do número houve um pânico generalizado. Havia uma verdade compartilhada entre os diretores: ligação da coordenadoria poderia significar duas coisas: esporro ou trabalho. Geralmente, a coordenadoria misturava os dois numa combinação bem peculiar. Com o barulho do telefone uma questão se colocou: quem será o Santo Cristo que atenderá o chamado?

Subitamente a hierarquia da escola se manifestou: o diretor geral, mesmo sem ter argumentos, tinha usado a sua autoridade e passado a ordem de atendimento para o diretor adjunto. Por sua vez, o adjunto, usando sua autoridade, corria desesperadamente para transferir o serviço para o coordenador de turno. Infelizmente, o coordenador não tinha argumento e nem autoridade para transferir o serviço e correu para a sala do diretor para executar a tarefa.

Diz a lenda que o teor da conversa foi mais ou menos assim:

Coordenadoria de Educação: Bom dia. Queria falar com o diretor geral?

Coordenador da Escola: Ele não se encontra. Está no banheiro.

Coordenadoria de Educação: O diretor adjunto então?

C. da Escola: Ele foi ao banheiro para ver se o diretor precisa de algo. A direção aqui é muito unida.

Coordenador de Educação: Que seja. Olha só, ouvi notícias que o SEPE está percorrendo as escolas. A ordem é não permitir a entrada do sindicato na escola.

A coordenadora da escola ficou confusa com a ordem do cacique da coordenadoria. Ela tinha uma vaga lembrança que o Brasil era uma democracia. A ordem tinha descido como uma cerveja quadrada. Em sua inexperiência no setor administrativo, ela ousou cometer o pecado mortal: perguntou ao cacique se aquilo era legal.

Coordenador da Escola: Mas senhor, isso não é ilegal? Acho que o senhor deveria mandar um ofício explicando os motivos para a proibição.

Coordenadoria de Educação: A senhora está querendo me derrubar? Está querendo me ensinar o que é legal e o que não é? É claro que é ilegal. É claro que não vou mandar nada por escrito. Não sou tolo o bastante para produzir prova contra eu mesmo.

Coordenador da Escola: Como a direção vai conseguir barrar a entrada do Sepe? Os professores ficarão revoltados!

Coordenadoria de Educação: Eu não tenho que ficar ensinando tudo pra você, tenho? Afinal, esses diretores ganham uma bela gratificação. Arrumem um jeito para segurar o pepino. Vou desligar agora. Espero que a ordem seja cumprida para o bom funcionamento da escola.

Com o fim da ligação, a coordenadora da escola passava o teor da conversa para os diretores. Como já era esperado, o pepino era enorme. Os diretores ficaram confabulando como sair dessa enrrascada. Duas estratégias foram pensadas: a primeira seria adicionar chocolate quente aos já tradicionais cafezinhos e biscoito “pedagógico”; a segunda era propor para a senhora que vende lingerie uma semana de liquidação com preços imbatíveis. Altas teorias até que o inevitável aconteceu. Bem na hora do recreio chega o aviso que o Sepe está na porta da escola querendo entrar.

Prontamente, o instinto de sobrevivência do diretor geral mandou o diretor adjunto “ganhar tempo” com o Sepe até que ele elaborasse uma saída. O diretor geral era uma velha figura que ocupava à direção da escola durante anos. Se vangloriava de estar na direção desde a época em que os diretores eram eleitos pela comunidade escolar. Ele sabia que o diretor adjunto tinha uma personalidade de cão de guarda de primeira ordem. Nos corredores da escola ele tinha até mesmo um apelido: “Toninho Malvadeza” em homenagem ao “saudoso” Antonio Carlos Magalhães. Se o Sepe era a doença, o adjunto era a cura. Assim se passou a conversa entre os “amigos” professores.

Sepe: Bom dia. Podemos falar com os professores?

Adjunto: Negativo. Acabamos de receber um telefonema proibindo a entrada de vocês.

Sepe: O senhor sabe que isso é ilegal? Poderia nos dar uma cópia do ofício?

Adjunto: Não sei e nem quero saber. Cumpro ordens do meu chefe. Não tem nenhum ofício. Foi uma conversa pelo telefone.

Sepe: Pois bem amigo professor. Diga-me uma coisa: um dos principais objetivos da escola não é formar cidadãos? O que um cidadão faria se lhe fosse mandado executar uma ordem ilegal? Ele a cumpriria?

Adjunto: Eh................ Uh................ Ah........ Depende, Se o coordenador mandar....

Sepe: O Coordenador de Educação/Secretário/Governador/presidente, eles estão acima da lei?

Adjunto: Eh...........Uh............Ah......... Acho que não, ? Bem, isso não importa. O que importa é que recebi ordem. Ordem dada é ordem cumprida!

Sepe: Perfeitamente. Estamos gravando essa conversa e vamos colocá-la na rádio para a população saber como a escola não é o espaço da democracia. O senhor ficará conhecido como cão de guarda.

Escondido numa janela, o Diretor Geral xingava o SEPE. Sua estratégia tinha falhado. Toninho Malvadeza não era bom de pensar. Ele gostava de ganhar no grito. O diretor adjunto passava o seu atestado de burrice e o SEPE estava ganhando adesão. O diretor geral não poderia admitir tal derrota em sua escola. Foi quando ele apareceu em cena pedindo para que o SEPE entrasse na escola. A entrada dos sindicalistas na sala dos professores parecia ser uma vitória da mobilização contra o autoritarismo. Apenas parecia ser...

Diretor Geral: Amigos professores. Posso falar com vocês? Estamos recebendo hoje o SEPE para conversar sobre a greve. Mas antes eu queria falar que recebemos um telefonema da coordenadoria proibindo a entrada do Sepe nas escolas. Eu estou permitindo a entrada deles. Temos uma gestão democrática.

Sepe: Desculpe senhor diretor, mas o senhor não tem o poder de não permitir algo que a lei nos garante. A questão é saber se o senhor vai desrespeitar a lei impedindo a nossa presença. Sabemos que o seu cargo é de confiança e você tem que dançar conforme a música.

Diretor Geral: Foi bom o sindicato tocar no assunto. Tenho um desabafo a fazer: Tem uma história rolando que os diretores de escola foram comprados pela secretaria de educação. Eu não admito tamanho absurdo. Nós somos professores assim como vocês. O sindicato se esquece, mas eu fui eleito pela comunidade escolar. Além da autoridade eu tenho legitimidade. Eu fui eleito!

Sepe: O senhor diretor está confundindo os termos. Uma das características de uma eleição democrática é a validade da eleição. Não existe mais no Brasil a eleição vitalícia. O senhor não disputou uma vaga para o senado do Brasil Imperial. O senhor está no seu cargo por causa de indicação política.

Em meio ao bate boca do diretor geral e do Sepe estavam os professores da escola. Para alguns o Sepe estava falando tudo aquilo que os professores queriam dizer mas tinham medo. Para outros, o Sepe era formado por um bando de desvairados que só sabiam fazer greve. Infelizmente, a maioria nem tinha opinião sobre o que estava ocorrendo. Eles assistiam bestializados a troca de palavras entre o sindicato e o diretor.

Depois da conversa do Sepe com os professores, o diretor reuniu sua equipe para “tranqüilizar” a comunidade escolar.

Diretor: Quero deixar bem claro aqui que eu já fiz muita greve na minha carreira. Estou na direção porque acredito que posso continuar contribuindo para o crescimento da escola. Não estou aqui por indicação política. Eu amo esta escola. Estou por amor. Respeito as pessoas que resolveram aderir. Lembro aos grevistas da necessidade de se responsabilizarem pelas conseqüências dos seus atos. No entanto, tenho algumas novidades para vocês: agora teremos chocolate quente na hora do recreio; faremos uma semana de liquidação de lingerie com preços imbatíveis e, por fim, acaba de chegar a informação que a GLP foi reajustada de 510 reais para 800 reais! A direção vai convidar alguns professores para pegar mais tempos de GLP.

A fala do diretor foi de uma perfeição maquiavélica. Ele dava aquilo que a comunidade pedia: pão e circo. Toda a necessidade de se discutir os rumos da educação parecia ter sumido com as possibilidades abertas de se comprar roupa íntima com o aumento da GLP. Que se dane o ar condicionado que não funciona, o baixo salário do professor, a falta de material didático, a falta de professor. A figura do diretor se projetava como sendo de um pai que bate com uma mão e presenteia com a outra. Era o que os professores queriam. A elite intelectual da escola adorava um paternalismo. E foram felizes para sempre...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

JORNAL O GLOBO - Professores da rede estadual fazem passeata no Centro do Rio (17/6)

Passeata dos professores no Centro do Rio de Janeiro.Foto Paulo Nicolella /Agência O Globo. 

RIO - Em greve há dez dias por melhores salários, professores e outros profissionais da rede estadual de educação fizeram uma manifestação esta manhã na Avenida Rio Branco. O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) informou que a juíza Isabela Pessanha Chagas vai receber uma comissão de professores ainda na tarde desta sexta-feira. O grupo quer conversar sobre a possibilidade de o governo cortar o ponto dos grevistas. 

Os manifestantes estão concentrados na Rua Erasmo Braga, próximo ao prédio do Tribunal de Justiça. Em frente à lateral do fórum fica a Secretaria Estadual de Planejamento, que teve a entrada principal isolada por policiais militares. Mais cedo, um grupo gritou palavras de ordem na porta da secretaria, mas os coordenadores do sindicato orientaram os manifestantes a evitar atritos, o que poderia prejudicar ainda mais a negociação. Dois carros do choque acompanham o protesto. 

 
Muitos estudantes acompanharam a passeata desta sexta. A maioria dos manifestantes vestia uma camiseta preta com a inscrição "SOS Educação - Negociação já". A Guarda Municipal acompanhou o protesto para tentar orientar o trânsito. 

De acordo com Vera Nepomuceno, coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), a categoria não teve reajuste em 2009 e 2010, e, até o momento, o governo não chamou os trabalhadores para negociar. Segundo ela, os professores estão sendo ameaçados com corte de salário. 

- Entramos com ação na Justiça para garantir que não haverá corte. Queremos sensibilizar os juízes. Ainda nesta sexta-feira, vamos abraçar o predio do Tribunal de Justiça - disse Vera, acrescentando que falta sensibilidade ao governo: 

- Sérgio Cabral gosta de falar que a mãe é professora. Dona Magali, conversa com seu filho para ele respeitar o professor - disse. 

Além de professores, alunos de escolas estaduais participaram da manifestação. 

- Apoiamos o movimento porque o salário do professor é uma falta de respeito com ele e com os alunos. O governador aluga aparelhos de ar condicionado e computadores. Se comprasse o material, o custo seria menor. Eles não investem bem o dinheiro - disse Sérgio Cardoso, presidente do grêmio estudantil do Ciep 175, de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. 

Os professores reivindicam 26% de aumento, incorporação de uma gratificação por produtividade, plano de carreira para funcionários e eleição para diretores de escolas. Eles também rejeitam o plano de metas proposto pela Secretaria de Educação.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Carta de um Professor da Rede Estadual

CARTA AOS PROFESSORES DA REDE ESTADUAL
                Era de se esperar. O ensino na rede estadual está decadente há muito tempo. O que está acontecendo é uma aceleração do processo de degradação. São políticas erradas e equivocadas que estão levando à rede a total inoperância.  Juro, gente pelo que observo não colocaria um meu filho (se tivesse) para estudar na rede. Da mesma forma, que os políticos fazem com os seus que estão escolas particulares. Onde estudam os filhos de Sergio Cabral?.  Não por falta de empenho de meus colegas, mas pela política oficial implementada.  Ela com certeza é a principal responsável pelo quadro ruinoso apresentado pelo dito Saerjinho.
                As mazelas começam  pelos baixos salários ( eu digo, senhor secretário: SALÁRIO)  e não gratificações e abonos cuja intenção é não contemplar os aposentados. Que depois tanta luta para formar gerações vêem seus ditos benefícios serem comidos pela inflação e o custo de vida. O salário desmotiva qualquer um! Como motivar estudantes totalmente sem estímulos, por suas origens sócio-econômicas, se o professor também se questiona a todo momento se vale a pena estar ali, enfrentando todo adversidade de uma sala de aula, que só entende quem já lecionou? Se realmente vale se empenhar se não é correspondido pelos alunos que demonstram não querem estudar. Como mudar esse quadro com os baixíssimos salários pagos por este estado rico?  Auxílio cultura, notebook, modem 3G não mudam esse panorama e sim maciços investimentos no profissional e na infra-estrutura. Mas o governo não entende desta forma, e coloca goela abaixo da categoria, sem qualquer discussão, um plano de metas e currículo mínimo acarretando perda da autonomia pedagógica e sério danos ao processo educativo de nossos alunos, pois o governador (que não entende nada de Educação) resolveu que em quatro anos o IDEB precisa melhorar. Ora não educamos só para se fazer prova do IDEB, senhor governador, e sim para vida. Para que o estudante exerça em sua plenitude seu papel na sociedade, que se coloque como sujeito crítico e participativo e sobretudo, que fiscalize como e onde o suado dinheiro de seus impostos estão sendo aplicados.
                Com certeza, isso não interessa à classe política. Os políticos, com sua mente neocolonialista, desejam usar livremente os recursos a seu bel prazer e muitas vezes destinando-os para fins escusos. Dessa forma, um povo culto com uma educação pública de qualidade não interessa a eles. Por isso, massacram a escola e o profissional que ela se dedica.
                O sistema induz o aluno a não dar o seu melhor. Basta ver a Dependência, ela faz com o aluno (que não é burro) a escolher uma matéria para não estudar. Claro, a Matemática é escolhida. Para que fazer provas, copiar exercícios, fazê-los, ter atenção as aulas se na DP é muito mais fácil! O Saerj está refletindo isso. Setenta e um por cento dos alunos  têm desempenho ridículo em Matemática. Culpa do professor, aparentemente sim. Mas quem conhece por dentro o sistema ver claramente que ele foi concebido para isso. Por que não se acaba com essa DP ou se tem um professor para matéria? No final do ano, é um verdadeiro dilema: ou se aprova ou se deixa em DP, quando o aluno somente fica em uma matéria. A aprovação é jogar o trabalho de um ano inteiro no lixo e incentivar a malandragem, a safadeza e a DP um prêmio para quem não quer se aplicar. A secretária de educação não percebe ou não quer ver isso! Quais os interesses em jogo na educação? A reprovação para o estado significa gastar duas vezes com o mesmo aluno. O governo não a quer, seu propósito é otimizar os recursos!!! Essa visão mercantilista está arruinando o futuro de nossos jovens.
                Outro grande problema da educação pública é como receber, estimular e ser significativa para o aluno de baixa renda. O próprio Saerj mostra que as escolas de tempo integral foram melhores que as de tempo parcial. Por que acabaram com o projeto dos CIEPs? Se o projeto  estivesse funcionando com certeza não seria necessário UPPs  para tentar controlar a violência. A educação de qualidade é o remédio mais eficaz contra esse grave problema social, pois ela abre as portas da oportunidade para o jovem e consequentemente  ela não escolherá o caminho fácil das drogas para ganhar a vida e realizar o seus sonhos de consumo.  Outra vez os políticos não querem e por isso deram fim ao projeto da escola de tempo integral representado pelo CIEPs.
                Se a sociedade mudou, a família passou nos últimos anos por uma metamorfose enorme, então a instituição escola deve se transformar e acompanhar os novos desafios colocados. A muito tempo deveria ser obrigatório por lei, as escolas terem: psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e uma gama de outros profissionais para servirem de suporte ao trabalho do docente. Dessa forma, as demandas sociais seriam melhor atendidas e o desempenho dos jovens seria muitíssimo melhor. Entretanto, essa política custa muito dinheiro e não interessa aos nossos politiqueiros, sempre pensando em como roubar mais e mais.
                Porém, o governo estadual optou pelo caminho mais fácil: colocar a culpa de todas as mazelas sociais nas costas dos professores e puni-los por isso. Ora, qual a culpa que um profissional de educação tem se uma aluna sua fica grávida? Mas pelo Plano de Metas o profissional não fará jus a gratificação, ou seja, deixará de ganhar dinheiro para sustentar seu lar honestamente porque uma aluna se descuidou. Isso é uma crueldade, senhor governador!
                O poder dos mestres é limitado! Como disse Amanda Lima da rede municipal de Natal: “Não seria eu, com um Giz e um apagador, a redentora do Brasil”.
                São Paulo, demonstrou ao Rio que Plano de Metas, meritocracia, Gratificação por desempenho não são a solução para educação. Resta aos burros tecnocratas fluminenses repensarem sua postura diante do caótico estado da  educação pública em nosso estado.
                Senhor governador, o senhor está destruindo o futuro de vários jovens, sobretudo os mais desprovidos de recursos e jogando-os no caminho do crime e da ilegalidade. Abra o cofre, governador!!!!
                                                                             
                                                                                              Sergio Murilo é professor da ex-gloriosa Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro, quando todas as letras eram grafadas em maiúsculo.