Relatório aponta alto índice de abortos na região contaminada pela CSN em Volta Redonda
Um relatório feito em 2004 pela Secretaria Municipal de Saúde de Volta
Redonda (RJ) detectou que, em um período de cinco anos, 14 mulheres que
viviam no condomínio Volta Grande 4 haviam sofrido abortos espontâneos. O
estudo ouviu 144 pessoas.
Órgão estadual liberou casas em área contaminada pela CSN no Rio
O mesmo levantamento feito em outros bairros da cidade, com amostras
semelhantes, apontou uma média de três a quatro abortos espontâneos.
O relatório foi anexado a ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal na ocasião.
A maioria das mulheres entrevistadas disse que o aborto aconteceu no terceiro mês de gestação por má formação do feto.
Também foram registradas oito pessoas com leucopenia --redução da quantidade de glóbulos brancos, o que baixa a imunidade.
O estudo não relaciona essas ocorrências à possível contaminação do solo local por metais pesados.
A secretária de Saúde de Volta Redonda, Suely Pinto, disse que vai
analisar os dados de 2004 e fazer um novo levantamento de doenças
registradas na região nos últimos anos.
Os próprios moradores farão um censo da saúde na região, a partir do dia
15, para verificar se há casos de doenças que possam ter sido causadas
pela contaminação do solo. Eles dizem que, até agora, não receberam
orientação de nenhuma autoridade.
Órgão estadual liberou casas em área contaminada pela CSN em Volta Redonda
Um órgão ligado ao governo fluminense liberou a construção de casas no
terreno de Volta Redonda (RJ) cedido pela CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional) para funcionários e que está contaminado com metais pesados e
substâncias cancerígenas.
Relatório aponta alto índice de abortos na região contaminada pela CSN no Rio
A constatação levou a Justiça a pedir a inclusão do Estado, em janeiro
de 2013, entre os réus que devem responder pelos danos ambientais e pela
presença de 2.200 pessoas na área contaminada.
Anteontem, a CSN foi acusada pelo governo do Rio de expor as famílias à
contaminação. O Estado afirma que a empresa poderá ser multada em até R$
50 milhões.
O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, divulgou estudo do Inea
(Instituto Estadual do Ambiente, ligado ao governo do Rio) para dizer
que há "um monte de gente morando em cima de um coquetel de lixo
químico".
O próprio Inea, porém, tornou-se um dos réus de ação civil coletiva movida pelo Ministério Público contra a CSN.
Isso ocorreu por determinação do juiz Claudio Gonçalves Alves. Ele pediu
a inclusão do Estado na ação porque uma fundação estadual concedeu
licença ambiental para construir as casas em 1998.
"Essa licença não considerou as determinações vigentes à época, pois o
condomínio se encontra a aproximadamente 20 metros de aterro
industrial", escreveu o juiz, em decisão de 13 de janeiro.
Na ação, a CSN é acusada de dano ambiental por ter enterrado lixo
químico de maneira irregular na área onde houve a implantação do
condomínio Volta Grande 4.
O Ministério Público havia colocado inicialmente apenas a CSN como ré e
pedia que os moradores do condomínio fossem retirados devido ao risco de
contaminação.
O juiz negou, porém, a remoção das pessoas. Segundo ele, os laudos apresentados não citavam a necessidade.
LISTA DE RÉUS
O secretário Carlos Minc disse ontem à Folha acreditar que a Justiça
fará a retirada do nome do Inea da lista de réus da ação depois da
divulgação, feita anteontem, da contaminação do solo e da intenção do
Estado de remover os moradores do terreno.
Questionado se a decisão do governo do Rio de multar a siderúrgica foi
uma reação à inclusão do Inea no chamado "polo passivo" [réu] da ação,
Carlos Minc negou de maneira enfática.
"O que nós queremos é retirar as pessoas de lá."
Retirado da Folha de S. Paulo
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