quarta-feira, 31 de março de 2010

Propaganda do PSOL que denuncia mulher do Sérgio Cabral é CENSURADA pela justiça do RJ (veja aqui, por enquanto...)

Escritório da mulher de Cabral tem crescimento fantástico de causas (1.836%) desde que ele assumiu

// Postado por Eucimar de Oliveira


Assunto levantado pelo jornal Estado de S. Paulo desde domingo, a atuação do escritório de advocacia da primeira-dama do estado, Adriana Ancelmo, começou, finalmente a repercutir na imprensa do Rio. Na edição de hoje, em reportagem assinada por Fábio Vasconcelos, de O Globo,é mostrado o fantástico e incomum crescimento da banca nos últimos anos, notadamente a partir do momento em que o marido de Adriana, o governador Sérgio Cabral, assumiu o cargo. De 506 causas para 9.800, crescimento de 1.836%. Veja a reportagem abaixo, em negrito.

O escritório e as causas do Metrô do Rio

O escritório e os fornecedores do estado

O escritório e a assessoria em licitaçõe públicas

O escritório de advocacia Coelho, Ancelmo e Dourado, que tem como um dos sócios a primeira-dama do estado, Adriana Ancelmo, teve um desempenho pouco comum no mundo jurídico desde que o governador Sérgio Cabral assumiu, em 2007.

De acordo com o “Anuário Análise Advocacia”, entre 2007 e 2008, o número de causas defendidas pelo escritório subiu de 506 para 9.800 (um aumento de 1.836%).

Nesse período, o escritório também ampliou as áreas de atuação e o quadro de funcionários. O anuário informa que, em 2006, não havia advogados contratados, além dos três sócios. No ano seguinte, já eram 23 profissionais; em 2008, chegaram a 30.

O escritório da primeira-dama defende a concessionária Metrô Rio numa ação movida pelo Ministério Público estadual em 2008. Sérgio Coelho, sócio de Adriana, disse que o crescimento atribuído ao escritório não é compatível com o tamanho da empresa e atribuiu os dados a algum erro de digitação do anuário.

Segundo ele, em 2007, o escritório já tinha mais de 506 causas. A Análise Editorial, que tem sede em São Paulo e publicou o anuário, informou que os dados são enviados pelos próprios escritórios.

- Desde que fundamos o escritório, em 1996, tivemos crescimento regular todos os anos. Em 2007, acho que tínhamos cinco mil causas e não 506. Possivelmente houve erro na digitação do anuário. Atribuo o nosso crescimento ao nosso trabalho – disse Sérgio.

Mas, para advogados ouvidos pelo GLOBO, mesmo um crescimento de cinco mil para 9.800 (960%) causas, num ano, é pouco comum no mundo jurídico.

Além de defender a Metrô Rio, Adriana Ancelmo foi também advogada da Quinze de Maio Incorporações, uma das responsáveis pela implantação de um resort em Búzios.

Tanto a incorporadora como outras empresas e a antiga Feema enfrentam uma ação que questionada a legalidade da licença ambiental do empreendimento. Embora Adriana conste no site do Tribunal de Justiça como advogada da empresa, Sérgio Coelho informou que ela não atua na causa desde 2008.

Apesar do crescimento, o escritório não foi lembrado pelos principais empresários do país em 2009. O anuário do ano passado não o cita como um dos 500 maiores do Brasil. Em 2007 e 2008, ele ficou na 161ª e na 155ª posições.

Retirado do Youpode.

terça-feira, 30 de março de 2010

Escolas estaduais paralisam atividades dia 31


Os profissionais de educação das escolas estaduais do Rio paralisam suas atividades por 24 horas, na quarta-feira, dia 31. Também na quarta-feira as professoras e funcionários realizarão uma passeata da Candelária até a Alerj, com concentração marcada para as 10h. Estas atividades marcarão o lançamento da campanha salarial 2010. A categoria reivindica a recomposição das perdas salariais de mais de 60% nos últimos 10 anos, além dos seguintes itens da pauta de reivindicações: descongelamento do plano de carreira dos funcionários administrativos e incorporação integral e imediata da gratificação do programa Nova Escola – a gratificação, cujo valor máximo é de R$ 500,00, começou a ser incorporada ano passado e só será finalizada em 2015! Ou seja, os profissionais só terão a gratificação incorporada de forma completa daqui a dois governos.

Ainda no dia 31, às 14h, os profissionais de educação realizam uma assembléia geral, no auditório da ABI.

Governo tem dinheiro, mas não investe o que devia na Educação:

A Lei de Responsabilidade Fiscal permite que o Executivo gaste até 46,55% da sua receita corrente líquida com pessoal. Mas o estado do Rio gasta apenas 27% de sua receita com os salários de seus servidores. O governo estadual é o que menos gasta de sua receita com pessoal, comparado a 17 outros estados da federação. Mesmo se considerarmos apenas o gasto com pessoal ativo, o estado do Rio possui a segunda pior relação Receita/Habitante X Despesa/Habitante (ganha apenas do Rio Grande do Sul). Significa dizer que o governo estadual não devolve à população em serviços públicos aquilo que arrecada.

O governador Sérgio Cabral fez a opção de continuar achatando os salários dos servidores e favorecer as grandes empreiteiras e empresas de tecnologia. Para termos idéia do que isso significa, o governo estadual poderia conceder um reajuste de 70% para todos os servidores e mesmo assim não ultrapassaria o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Cabral não investe o suficiente para superar o atraso educacional:

Do ponto de vista dos recursos investidos, o governo Cabral não demonstra qualquer prioridade para a educação. O governo estadual investe apenas aquilo que é obrigado constitucionalmente. E mesmo o que se aplica é polêmico, como comprova esse dado: em 2009, os recursos da Secretaria Estadual de Educação aumentaram R$ 161 milhões em relação a 2008. Mas somente o projeto Climatizar (ar condicionado nas escolas) consumiu R$ 119 milhões ou 74% do acréscimo de recursos da secretaria. Ou seja, a prioridade educacional do governo é investir em aparelhos de ar-condicionado que não funcionam e em obras sem planejamento e respeito pelas escolas. No fim, o dinheiro não serve para melhorar a educação, mas para beneficiar as empresas que alugam os aparelhos e realizam as obras.

Os poucos investimentos, associados aos péssimos indicadores educacionais do estado, condenam a próxima geração de estudantes a continuarem sem acesso a uma educação pública de qualidade. Assim, em termos de educação, o governo Cabral não representa qualquer avanço para o Rio de Janeiro.

domingo, 28 de março de 2010

A praça do amor (uma história romântica financiada com dinheiro público)



Alguém aí já percebeu a relação orgânica entre os políticos do interior e as praças públicas? Assim como o queijo e a goiabada promovem um sabor especial quando estão juntos, os políticos brasileiros adoram inaugurar praças. No dia da inauguração tem de tudo: fogos de artifício, banda municipal, piscina de bolas, pipoca de graça. Um dia muito especial para toda a comunidade que recebe “presente”.

A história de hoje é baseada numa observação feita pelo genial Stanislaw Ponte Preta sobre a relação entre os políticos e as praças públicas. Leiam o que o autor já tinha percebido há mais de 40 anos atrás:

Não há um prefeito cretino de cidade do interior que não sonhe com uma praça para inaugurar com o nome do Presidente da república. A Petapress, inclusive, já contou até a história daquele prefeito bronqueado com essas besteiras de estar mudando a toda hora o nome da praça principal da cidade, com as constantes oscilações democráticas, ora inaugurando placa nova com o nome de Praça Presidente Café Filho, para logo mudar para praça presidente Kubitschek, depois praça presidente Jânio Quadros, e em seguida praça presidente João Goulart, outra vez para praça presidente Castelo Branco. O homem, provando ser um bom administrador municipal, acabou com essa fofoca, inaugurando a placa definitiva com o nome da praça: “Praça presidente atual”

Partindo da observação de Ponte Preta, verificamos que ouve uma mutação na ação dos políticos em relação às praças públicas. A ata da Câmara dos Vereadores na sessão do dia 25 de novembro de 2009 nos traz as informações necessárias para observá-la:

O Vereador Pedro Paulo Magalhães Graça cumprimentou a todos. Leu um fax que recebeu hoje do Prefeito Vicente Guedes, sobre a Emenda 257 no valor de R$ 1 milhão e seiscentos mil reais, para a Praça da Juventude que será instalada em Parapeúna e que levará o nome da esposa do Senador Paulo Duque.

Parece que os nossos políticos resolveram mudar os homenageados com as praças públicas: ao invés de presidentes, eles resolveram homenagear suas esposas. Todos nós sabemos que não basta presentear uma mulher sem fazer um discurso. Nós, simples mortais, damos uma flor e falamos sobre como a pessoa, alvo de nosso amor, é especial. Com os nossos políticos, as coisas não são assim: nada de flores, mensagens, bombons. O negócio é usar dinheiro público para homenagear o amor de sua vida. Já pensaram como seria um diálogo entre um político e sua esposa ...

Político: Querida! Meu amor por ti não tem limites! Aceite esta “singela” homenagem para dar seu gracioso nome à praça.
Mulher mais feliz do mundo: Oh, meu querido! Nunca ninguém tinha colocado o meu nome numa praça pública. Estou tão emocionada. Em que lugar será construída?
Político “garanhão”: Será numa cidade chamada Valença.
Mulher abismada: Valença? Fica tão longe meu amor! Nunca estive lá.
Político realista: Nem eu, mas a oportunidade de inaugurar uma praça não se pode perder E nunca se pode perder a chance de homenagear a dona do meu coração!
Narrador bestializado: E viveram felizes para sempre!

sábado, 27 de março de 2010

'Vicente, Medoro, Graciosa, Valva... 'Espero todos reunidos não no TCE, mas em Bangu'

O desejo acima é da deputada Cidinha Campos, que no dia 4 de março, em seu discurso na Assembleia Legislativa do Rio, deu um "esculacho", como disse Gustavo Abruzzinni na última edição do Jornal Local na seção Parangolés.

Abaixo a reprodução do discurso da deputada, disponibilizado no Diário Oficial do dia 5 de março de 2010, mais exatamente na página 3, pra quem quiser visualizar o arquivo digital.

"(...) eu venho à Tribuna para comentar que, hoje, quando fui escrever em minha página no meu site, me lembrei do Chacrinha quando ele dizia: “eles merecem! Eles merecem!”. Então, escrevi um artigo com esse nome: “Eles merecem”.


"Ontem, a Justiça “fez um rapa” em corruptos que são políticos. O ex-Prefeito de Bom Jesus do Itabapoana, Paulo Portugal, foi condenado a quatro anos de reclusão por participar de um esquema de desvio de dinheiro público entre os anos 90 e 93. Eu ainda não li a denúncia do Ministério Público, nem a sentença. Mas sei que ele merece. Portugal era Deputado Federal, do meu partido, quando me elegi pela primeira vez. E eu o denunciei por fraudes, mesmo sendo do meu partido. Eu o denunciei por fraudar AIHs - Autorização de Internação Hospitalar. Ele era dono do Hospital Itaperuna e nós fizemos - a Chiquita me ajudou muito nesse trabalho - o levantamento de todas as AIHs de vários hospitais: Nova Iguaçu; Itaperuna; Bom Jesus do Itabapoana; Campos; vários, e ele fraudava as AIHs. Depois ele esteve envolvido na CPI do orçamento. Mas ele era o tipo “171”, e como tal, muito simpático. Então, ele fazia amigos. Na CPI do orçamento ele conseguiu se livrar. Junto a CPI do Orçamento eu conduzia a CPI da Previdência, e na apreensão de documentos no escritório de César de La Cruz Mendoza Arrieta, ele aparecia como inegavelmente envolvido  com o maior fraudador da Previdência. O Arrieta pagava passagem para ele; tinha pedidos para o Arrieta. Um inferno de documentos que conseguimos levantar.


"Mas eu não sei se a denúncia de agora, que o leva à cadeia é minha. Pode não ser. Ele fez tantas que pode ter ido para a cadeia por outra razão. Mas que eu fiz o possível para que ele conseguisse esse “prêmio”, eu garanto a vocês que fiz. Por quê? Como dizia o Chacrinha, ele merece. 


"Outro que foi alcançado, ontem pela Justiça, foi o Prefeito de Valença, Vicente de Paula de Souza Guedes. Ele foi cassado pelo TSE. A CPI do TCE que eu presido, que V.Exa. relata e que o Deputado Caetano Amado integra, recebeu muitas denúncias contra ele. Afinal, ninguém chega a ser Prefeito de Valença sem ser peixinho, amigo ou cúmplice do Sr. Graciosa. Porque, embora proibido por lei, depois de escolhido para integrar o Tribunal de Contas; ele é proibido por lei de fazer política, e ele não faz outra coisa. José Gomes Graciosa faz política o tempo inteiro e carregou pela mão esse seu amigo, o levou para Rio das Flores, para Valença e fez dele o elo com toda a bandidagem


"Então, esse homem era o elo com a família Valva, que nós tão bem conhecemos; a família Valva, que sozinha fatura mais de 50mil reais por mês no Tribunal de Contas - a mulher ganhando 22mil, o filho ganhando 22mil, o marido ganhando 22mil. Ele, junto com os Valva, era muito importante na relação. Por exemplo, ele era irmão do padre que sempre menciono na CPI, o Padre Medoro, de Valença. É o seguinte: José Gomes Graciosa reformou todas as igrejas, todos os templos da região com dinheiro público. E o Padre Medoro, irmão de Vicente -agora cassado - tentava passar para o Graciosa a confiança dos fiéis. Não sei se ele conseguiu a confiança dos fiéis, mas pelo menos uma pessoa era fiel ao José Gomes Graciosa: esse, agora cassado, Vicente Guedes - esse era fiel. 


"Quando o Vicente não estava prefeito - porque foi prefeito de tudo quanto é lado -, ele estava no gabinete do Deputado Délio Leal, que era - era não, é - uma espécie de sucursal do Tribunal de Contas do Estado. Lá está a mulher do Conselheiro Graciosa; esteve um sobrinho, uma sobrinha, o sogro do Graciosa e a tia da mulher dele - tudo aqui na Alerj. O Délio Leal mandava gente para o Tribunal de Contas e trazia gente de lá para seu gabinete, como foi o caso do Vicente Guedes, que ele trouxe lá de Valença


"Sabe o que espero? Que uma hora dessas todos eles, amigos, estejam reunidos, unidos para sempre, não no Tribunal de Contas, mas em Bangu - o número não importa."

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sobre Isabela Nardoni, Adriano, Vagner Love...


“Só os profetas enxergam o óbvio”. Gosto muito desta frase do imortal Nelson Rodrigues, pois ela é um vaticínio da mediocridade que impera no mundo. Lendo os jornais e assistindo os noticiários da TV (viu um, viu todos) não tenho pretensão de bancar o iluminado, mas infelizmente sinto e percebo que as coisas não tão “de boa” como muitos acham.

O Caso Isabela – é muito legal sim saber como funciona a justiça criminal, a perícia e tudo mais sobre as regras que normatizam a convivência humana. E mais legal ainda quando criminosos são condenados e pagam pelos desvios de personalidade. Mas o que os jornais e a TV não dizem (ou dizem em poucos segundos) é que enquanto morre uma menina branca de classe média alta por violência doméstica, outras tantas morrem em comunidades menos badaladas também por violência, fome, falta de higiene e principalmente por corrupção política. Óbvio, isso que estou falando não é novidade nenhuma, mas o que assusta é perceber que os anos passam e a sociedade não muda, pelo contrário, a maioria das pessoas se diverte e torce como se fosse um jogo de futebol ou o paredão do BBB. Sociedade do Espetáculo, já escreveu um maluco aí (Guy Debord).

Outro circo midiático envolve o time do Flamengo (o Império da Orgia). Estamos colhendo os frutos que plantamos ao sermos hipócritas na questão da educação sexual e da relação entre drogas e segurança pública. Tráfico de drogas é o “emprego” que resta pros muleques que jogavam pelada com o Adriano e o Love, mas tiveram sorte diferente. E como vai ser muito difícil a humanidade parar de se drogar (ela faz isso desde que existe), nossos heróis continuam “morrendo de overdose”, aids ou então colocando filho no mundo como se fossem coelhos.

Ainda bem que eu torço pro Fluminense e to pensando seriamente em torcer para a Argentina na Copa, se o Conca for convocado. E cada dia que passa sinto mais orgulho em ser crucificado como um “agitador”, aliás, não sou o primeiro, na Galiléia o maior de todos teve o mesmo destino. Mas lá era pior: os pregos eram de verdade e não “pregos” da hipocrisia.

Comecei falando de profeta e acabo me comparando com Jesus, quanta soberba, rsrs! Mas a questão nem é essa. O que aflige e a iminência do fracasso enquanto sociedade, ou melhor, enquanto comunidade. O que me assusta não é a violência dos maus, mas sim o silêncio dos bons.

Que Deus perdoe estas pessoas ruins, na medida do possível.


domingo, 21 de março de 2010

Entrevista com Vicente Guedes (candidato 2008)

Publicada na edição 34 do VQ impresso, segue abaixo a entrevista com o então candidato à prefeitura de Valença Vicente Guedes.


Início na vida política
Fui prefeito em Rio das Flôres por três mandatos. Quando fui reeleito e deixei a prefeitura em abril de 2008 para concorrer às eleições em Valença. Principalmente nessa segunda gestão, procuramos adotar um modelo de administração de gestão participativa e transparente e tendo como um dos principais pilares o planejamento, a transparência e a participação da população. Foi baseado nesses três eixos que governamos Rio das Flôres nesses últimos sete anos. Tudo que foi realizado lá nesse período foi feito atendendo aos anseios e desejos da população.

Qual o caminho para descobrirmos uma nova vocação econômica em Valença?
Nosso problema é a falta de atualização do parque tecnológico. Esse parque não foi atualizado na área de manufaturados têxtil. Isso acarreta um custo de produção elevadíssimo. Acho que é um segmento que pode ser reativado. Temos que difundir a idéia da questão das confecções, como tem em Petrópolis um grande turismo de negocio em função da malharia; como em Friburgo tem um pólo de moda íntima. Nós podemos fazer da Nilo Peçanha um grande centro comercial. Falta talvez uma cadeia de ações, que integre poder público, incluir aí a melhoria na questão da logística, melhorar os acessos, melhorar a questão da tecnologia da informação, uma série de fatores.

Eu acho que Valença tem potencial para se tornar um centro de referencia em saúde. Temos aí uma faculdade de medicina. Valença já tem uma grande população na terceira idade, e é uma cidade atrativa. Se tivermos um serviço de excelência em geriatria, geriontologia, isso é muito importante.

Na área de serviço, a gente pensa em discutir a questão de um pólo tecnológico. Na área rural, eu vou estar reunido na Embrapa com o setor produtivo para discutirmos a tecnologia de produção na área da pecuária, a questão de transferência de embrião. Temos terra para a produção dos biocombustíveis. Tem que ter uma política industrial, porque nós não temos. Não temos uma política de formação de mão de obra, de ensino profissionalizante. E nós temos que fortalecer as micros e pequenas empresas do município. Não adianta atrair uma confecção, por exemplo, que vá gerar 400 empregos, porque nós não temos mão de obra qualificada. Então acaba por desempregar as pequenas. Nós estamos aqui no eixo Rio x São Paulo x Belo Horizonte, que produz quase 60% de tudo que se produz no Brasil, nós temos que ter a competência necessária para atrair investimentos para o município. Hoje o que qualquer empresário quer é a mão de obra qualificada, preparada.

Como trabalhar a questão da política agrária se as terras continuam concentradas nas mãos de poucos?
Essa é uma questão extremamente complexa. Não dá pra dizer que há uma solução em curto prazo. Porque os grandes latifundiários, que não possuem o recurso para investir, ou eles buscam parceiros que possam ser investidores nessa área ou então eles vão ter que buscar os pequenos parceiros, arrendando a propriedade e recebendo como pagamento a produção. O que existe também, ainda que seja um grupo menor, são as pequenas propriedades da agricultura familiar, nós precisamos é criar um programa de regularização dessas propriedades. Muitas vezes eles ficam impossibilitados de obter financiamento por problemas com titularidade da área. Eu não tenho uma solução a curto prazo pra solucionar esse problema. Eu acho que futuramente, o próprio Ministério do Desenvolvimento Agrário vai acabar vendo a questão dessas terras ociosas e está lá na Constituição muito claro, a questão da função social da terra.

Qual a resolução para você da Ocupação Gisele Lima, na Varginha?
A primeira coisa que tem que se fazer é dar uma definição, a questão da regularização e urbanização. Eu construí 450 casas em Rio das Flores e nunca indiquei um morador. Lá nós tínhamos uma comissão para decidir de acordo com os critérios estabelecidos. E agora nós temos o Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social. Minha função é construir as casas e o conselho seleciona as famílias. Nisso é que é importante a participação da população.

Inclusive eu fui mal interpretado e me preocupou muito, porque no meu entendimento estão querendo favelizar aquela região. As construções naquela região mais acima, em áreas que não se conseguiria licenciamento ambiental, não sou contra, mas acho que tinha que dar uma solução para aquelas famílias.
Amanhã pode correr risco de desabamento e vitimar uma família, se não forem tomada as medidas necessárias. Até porque qualquer empreendimento que a prefeitura desejar fazer com financiamento federal hoje, de habitação popular, a primeira coisa que tem que ver é se aquela área vai atender as exigências da legislação ambiental. Se não, não conseguimos financiamento. Mas tem que ser urbanizada.

A Varginha não seria um ponto inicial para discutirmos habitação em Valença?
Temos que concluir aquilo que não está concluído. E dar solução para aquilo que foi pactuado e não está sendo cumprindo. Se foi pactuado que tem que se construir mais 40 casas, vamos construir as 40 casas. Eu estou tentando dialogar, mas não estou conseguindo, por conta da politicagem. Eu não consigo estabelecer um diálogo com eles, já tentei ir lá umas três vezes e não consegui. E é gozado, porque, sem querer desmerecer ninguém, eu sou o único candidato que tem uma política habitacional. Nesses sete anos, entreguei 270 casas, reformei 420. Dessas 270, boa parte com energia solar. Já que não conseguiram entregar essas, eu quero ir lá mostrar a experiência. Ajudar. Mas não consigo diálogo.

Como é o seu diálogo com os movimentos sociais?
A gente vem de uma linha progressista, de esquerda. Meu irmão (Padre Medoro) que é uma pessoa que me ajuda muito, tem esse cunho socialista. Então eu posso dizer que nos contatos que eu tive com grupos, que foram em reuniões isoladas, nosso entendimento foi muito bom. Com a questão do trabalho da terra, com esse pessoal consegui dialogar. Estive no mutirão, no Vale do Sol. Estou com uma reunião marcada no Vargas, atendendo aquelas demandas que já colocaram, a questão da mecanização, do apoio para insumo, numa política de gestão de comercialização. Isso tudo nós já discutimos e foi muito produtivo. Eles notaram que nós temos uma experiência. Em Rio das Flores tinha um programa que se chamava ‘nossa terra – quem produz mais, vive melhor’, que é um programa que nós queremos trazer pra cá, que nós ganhamos inclusive um premio em Cuba, que foi um programa de educação para a saúde, porque a gente ajudava esses trabalhadores a produzir e eles produziam em quantidade, e mandávamos um pouco para as escolas e as crianças bem alimentadas tinham um desenvolvimento melhor.

Educação
Se eu for eleito, vou ser eleito por quatro anos. Então é possível criar um programa de escola integral com a duração de três anos, por exemplo. Como é um programa, não se pode contratar um professor pra um programa. Você não sabe se esse programa vai continuar. Então, nós teríamos mecanismos de contratar as pessoas por prazo determinado. Se isso se consolida, nós temos outro caminho que é trabalhar parcerias para estabelecer esse projeto.

A primeira coisa, no entanto, é revisar essa concepção de escola integral. A questão da rede física vai ter que ser reavaliada, até porque é um sonho meu e da dona Dilma, construir nesses quatro anos pelo menos duas escolas rurais. Não é escola na zona rural não, é escola rural, com toda uma filosofia para a área rural, inclusive na área cultural. Aí entraria também essa questão de horário integral. Mas não é uma escola de 1ª a 4ª série, é uma escola que a principio a gente levaria até a 8ª série e na possibilidade de um convênio com o governo do estado, de estender um segundo grau profissionalizante. Talvez até uma parceria com a FAA. Porque a FAA também tem que se voltar para o povo, eu acho ela um pouco de costas para nossa realidade. Assim como o governo, a FAA está aí para atender a população.

Em relação à FAA, há interesse em se discutir o seu estatuto ou torná-la pública?
Meu sonho, não sei se consigo, é torná-la uma instituição pública. Não foi criada a UENF por articulação política? Nós temos um vice-governador que é da nossa região. Não estou falando que vou fazer, mas vou me articular para isso. Ela teria que passar por uma reestruturação. Independente desta discussão, conversei com o Pezão em Conservatória e discutimos sobre levar um pólo do SEDERJ para Conservatória e talvez para Valença também. Oferecer cursos que não tem na FAA. Há essa oportunidade de trazer a UAB (Universidade Aberta do Brasil) também. Há a idéia de trazer uns dois ou três CVT (Centro Vocacional Tecnológico) para Valença.

Quanto à questão da privatização da água, qual vai ser sua postura?
Vou rever tudo. Cumprir o que está no plano diretor. Acredito que pra resolver essa questão vai ser necessário um investimento na ordem de 40 milhões de reais. O ultimo planejamento em abastecimento de água foi na gestão do Benjamim Ielpo e Luis Jannuzzi. Não temos um plano diretor de abastecimento.

Como pensar geração de emprego e renda e qualificação profissional para a juventude ?
Temos que ter programa de qualificação profissional. Tornar nossas escolas atrativas para os alunos e professores. Dona Dilma está desenvolvendo um projeto na área de cultura que vai interessar à juventude. Há também a questão do esporte, do lazer. A idéia é trabalhar com o Ministério do Esporte, fazer aqui uma boa pista de atletismo. Eu acho que Valença tem um potencial de se tornar referência de cultura. E temos que criar critérios para a doação de bolsas para a FAA pela prefeitura.

Para encerrar, as grandes contraposições da sua candidatura são o fato de você não ser Valenciano, e a outra foi o escândalo do cargo na Alerj, e agora das terras do Julio Vito.
Os contracheques dos três jornais, são três contracheques diferentes. Só posso dizer que aquilo é falso, não tem um jornalismo responsável. Sou funcionário da Alerj, mas não sou fantasma e nem marajá. Entrei na Assembléia com prova interna, anterior à Constituição de 88 quando se podia ingressar em serviço público sem concurso. Entrei na época em que o Fernando Miguel foi deputado, não na época do Graciosa, como foi dito. Quanto à questão do Julio Vito o que aconteceu foi que ele tinha um teto de terra que ele poderia ser proprietário e ele quis ser proprietário demais. Nós trabalhávamos na Santa Rosa e ele pediu a um grupo de funcionários que requeressem, não comprassem, posse do INCRA. Passado um período, houve um incêndio no cartório e a justiça federal se manifestou para que se houvesse interesse em dar continuidade à posse daquelas terras que se manifestasse. Ninguém se manifestou, entendeu-se que ninguém seria proprietário. Quando for chamado a depor, vou dizer que nunca fui ao Pará, nunca declarei um palmo de terra lá. Quero dizer que houve uma fraude, como foi fraudado não serei leviano de antecipar. Mas é fraude.

quinta-feira, 18 de março de 2010

A escola é laica?


Professor: Como estudamos, com a passagem do Império para a República, o Brasil se torna um país laico.

Aluno: O que é um país laico professor?

Professor: Laico significa que o país não possui religião oficial. As manifestações religiosas existem, mas elas não são estimuladas, patrocinadas, difundidas pelo Estado.

Aluno: Sei não fessor, tem alguma coisa errada com o bagulho de país laico. Aqui na escola está cheia de crucifixos e imagens de santos. Rezamos a ave Maria todos os dias antes de entrarmos em sala. Um amigo meu estuda numa escola e vai participar de um projeto com o nome “De Mãos Dadas Servindo a Deus”. A nossa escola é cristã professor?

Professor: Não. A nossa escola é laica.

Aluno: Quem disse?

Professor: A Constituição.

Aluno: Ah! Aquele livro que fala nossos direitos. Mas, o senhor não disse que devemos ler e respeitar a constituição?

Professor: Sim. Uma sociedade democrática respeita a constituição.

Aluno: Então, fessor, a minha escola não respeita a constituição?

Professor (com cara de idiota): A questão é mais complexa do que respeitar ou não respeitar. O pensamento religioso cristão ainda é influente. Temos dificuldades de respeitar esta parte da constituição.

Aluno: Fecha a conta então tio. Fala aí pra gente qual a parte da Constituição que a gente deve respeitar e qual a parte café com leite dela.

(Bateu o sinal do recreio)

Professor: Que alívio.........

No dia que tiver 150.000 mil pessoas...


... na passeata do Rio contra a "covardia"...





.... eu mudo meu nome pra OFÉLIA BUNDUDA!

terça-feira, 16 de março de 2010

Passeata "Rio contra a covardia"


Hoje recebi a notícia que não preciso trabalhar amanhã devido a passeata! Uhuuul! que beleza! É que eu dou aula em Barra do Piraí e pago a passagem do meu bolso, já que no estado do Rio de Janeiro nem vale transporte o professor de educação básica recebe.

Daqui a pouco na Cinelândia/RJ o circo estará armado: Sergio Cabral, Picciani, Garotinhos... e, no papel de palhaço, a população que votou neles. Existe por aí um monte de cordeirinho de manobra pronto pra ser tosquiado pelo oportunismo eleitoral destes caras. Tomara que amanhã a multidão me supreenda e mande o FORA TODOS OS PILANTRAS e tome a mamadeira deste bebê chorão que é o Cabral
.
Mas lindo mesmo seria se O POVO TOMASSE O PODER NA MARRA como franceses e russos umas vezes fizeram nas suas Histórias.

Simbolo "brigão" que anda rolando na Internet

Marcelo Dourado pra Governador!
Wagner Love Vice!

.



"De acordo com o governo do Estado do Rio, estão confirmadas para amanhã [na passeata] as presenças de Tony Garrido, Leandro Sapucahy, Fernanda Abreu, MC Sapão, Gustavo Lins, Neguinho da Beija-Flor, Alcione, Rômulo Costa, Sandra de Sá, Nega Gizza, MV Bill e DJ Sany Pitbull. O ato também contará com os grupos Pedro Luís e a Parede, Molejo, Revelação, Bom Gosto, Pixote e Swing e Simpatia, além das baterias da Grande Rio, Salgueiro, Mangueira, Portela e Vila Isabel..."

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2010/03/16/artistas+e+politicos+sao+convocados+para+passeata+no+rio+contra+a+emenda+ibsen+9430164.html


Vicente Guedes recorre da decisão do TSE

O prefeito Vicente Guedes e a vice Dilma Dantas recorreram contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassação do mandato dos dois, na sexta-feira, dia 12 de março. O agravo foi protocolado ontem, dia 15 de março e se encontra na Coordenadoria de Registros Partidários, Autuação e Distribuição.

Como a decisão foi monocrática (apenas do Ministro Félix Fischer), o candidato pode recorrer e pedir que seja analisado pelo Plenário do TSE. O procedimento agora é o Ministro Félix Fischer ouvir a Procuradoria Geral e enviar o parecer para que os demais membros apresentem suas decisões.

O tempo para essa ação não é estabelecido e varia de caso para caso. De acordo com a assessoria de imprensa do TSE, "pode ser resolvido em uma semana ou um mês. Mas também não costuma se estender muito, especialmente nesses casos de cassação".

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De acordo com a legislação eleitoral, no caso de perda do mandato do prefeito, novas eleições serão realizadas, já que o candidato eleito teve mais de 50% dos votos válidos e não se completou mais da metade do período do mandato.

O acompanhamento do processo pode ser feito no site do TSE AQUI

segunda-feira, 15 de março de 2010

Entrevista com o vascaíno Douglas Lacerda

Na edição número 38 da edição impressa do Valença em Questão, entrevistamos o músico - e também vascaíno - Douglas Lacerda. A entrevista com Douglas abre uma série aqui no blog das melhores entrevistas do jornal impresso.

No buteco com Douglas Lacerda


Douglas Lacerda é valenciano, vascaíno, morador da Vila Progresso e tem 27 anos. Estudou na Escola Normal, Instituto de Educação, José Fonseca e terminou o Ensino Médio no Theodorico Fonseca - com uma ajudinha no conselho de classe - estudando à noite, já que estava trabalhando como Auxiliar de Serviços Gerais da NKM Imobiliária. Estudar, confessa ele, nunca foi seu forte. Pensou em fazer vestibular para Engenharia Química, o que provoca risadas até hoje. Mas, ao abrir o jornal, viu o vestibular da Escola Politécnica da Estácio de Sá para o curso de Produção Fonográfica e não teve dúvidas. Em uma conversa descontraída durante a Festa da Glória, na Casa da Manteiga, Douglas contou um pouco da sua trajetória como músico em Valença.
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Início e influências
Sempre gostei de ouvir Rock’n’roll e acordava ouvindo Roberto Carlos, por causa da minha mãe. Ela tinha um violão e nunca tocou, mas também não deixava eu pegar de jeito nenhum. Ela saía pra trabalhar com meu pai, eu pegava a poltrona, colocava em cima da cama, e pegava o violão, isso com uns 11 anos. Aprendi com meu tio três notas e a partir disso comecei a raciocinar sobre como funcionava e percebi que tinha que fazer aulas de violão. Queria aprender porque a construção das notas era daquela forma.

Fui estudar com o Pinheiro e depois fiquei um tempo estudando sozinho. Quando me liguei que eu queria música, abri mão de várias coisas e ficava em casa estudando, me dedicando, ao ponto de minha mãe pedir pra eu sair de vez em quando. Foi então que conheci o Thiago Xisto (guitarra), o Rodrigo Pixuim (baixo) e o Diego (não tocava bateria ainda) e nos juntamos. A gente não tinha nem instrumento direito, mas o Diego pegava garrafa de 2 Litros e colocava bola de gude, os pratos eram umas calhas pintadas de amarelo com uns cabos de vassoura. Tudo muito precário, pra variar. Mas aí as coisas foram acontecendo. Meu pai, com muito sacrifício, conseguiu me dar uma guitarra no Natal. Era muito ruim, mas nada era fácil e pra mim foi maravilhoso pegar uma guitarra, um sonho. Não parava de tocar. E o fato de ouvir muita coisa e tocar o dia inteiro, comecei a pegar as paradas no ouvido e a entender a lógica que eu sempre procurei.
Banana Jam, Apologia e SD14

O tempo foi passando e formarmos a banda Banana Jam, que durou uns cinco meses e um show no Clube da Alegria. E então veio a banda Apologia, com ensaio todo dia. Daí o pai do Thiago Xisto começou a arrumar uns showzinhos pra gente, como festa da Getúlio Vargas, da Aparecida. Nessa época o Eduardo Natal já tinha entrado na banda. E aí começaram a surgir os contatos e fomos tocar em Areal, Paracambi. Tocava toda sexta, sábado e domingo. Com 14 anos, viajando, tocando, várias mulherzinhas, R$ 20,00 por show, era muito divertido! Aí a Apologia teve um problema de grana e acabou. Entrou dinheiro no meio, fudeu! Depois o Jean Tavares chegou, e juntamos de novo eu, Diego e Pixu. Mas aí eu fui pro Rio estudar e logo no início o Eduardo Natal me chamou para o projeto da SD14. Ficava a semana inteira fora e vinha no final de semana pra tocar. A gente gravou um disco, tocava na rádio pra caramba, teve muita visibilidade.
De volta a Valença

Mas aí começaram a rolar vários estresses com meu tio, que pelo fato de eu ter “saído” da igreja, pediu o quarto que eu morava, dizendo que ia fazer um estúdio e fui parar num cubículo num casarão velho. E aí, no último período da faculdade, larguei tudo no Rio e voltei pra Valença. Não tinha como terminar.
Fiquei muito vagabundo em Valença. Foi uma época de dureza total. Mas também nunca gostei de gastar dinheiro com zueira. Isso mudou tem pouquíssimo tempo (risos). Na Igreja conheci o Rafael Brito, e fazíamos várias paradas juntos de música no Rio, mas acabamos nos afastando. E um belo dia o bagulho de Orkut começou e fui ver se achava o Rafael. E achei. O dia que ele me adicionou já deixou um recado “me liga urgente”. Liguei e ele disse que estava compondo, que o Exaltasamba tinha gravado uma música dele, que estava dando uma grana boa e que eu tinha que voltar pro Rio pra compor junto com ele. E fui, com muito sacrifício e também porque estava sem perspectiva nenhuma em Valença.

Composição
Fizemos três músicas e gravamos as três. Um belo dia eu estava em Valença fazendo uns servicinhos de gravação e o Rafael me liga: “Você sabe quem vai gravar nossa música?”. “Quem velho?”. “O Belo!”. Que foda!

Era um trabalho que eu já esperava alguma coisa há muito tempo. Como compositor eu já tinha feito bastante coisa: músicas pro SD14, pra grupos de pagode que, além de escrever, também produzia - dentre eles Nova Era e Mulekes do Samba.

Quando eu comecei a produzir uns discos pra galera do pagode de Valença, comecei a encaixar algumas paradas minhas, que por sinal não eram muito boas. Mas era o que tinha (risos). E aí essa gravação do Belo foi o primeiro contato com editora, arrecadação, direitos autorais como autor. Uma surpresa muito boa!
E nesse disco do Belo botaram como música de trabalho uma versão de uma música americana, que durou só uma semana. Quando ele fez um acústico na Rádio Nativa ou 98, tocou Intriga da Oposição, que é a minha música com o Rafael, e na hora a galera começou a ligar pedindo pra tocar e a gravadora teve que mudar a música de trabalho. E normalmente música de trabalho fica de três a quatro meses rolando bem e vai diminuindo depois até tocar muito pouco. A Intriga da Oposição ficou nove meses. O disco é de 2006 e bombou em fevereiro de 2007! Hoje em dia o sucesso é descartável e ficar nove meses tocando direto é sinistro.

E aí começam os contatos. Já tive música de trabalho com Os Travessos, que fiz junto com o Mileno; o Pique Novo gravou música minha e do Edgar. Música com o Edgar eu já fazia há muito tempo, mas o Edgar é maluco né velho! (risos)
Reconhecimento

Hoje em dia eu tenho um reconhecimento no meio do pagode, que apesar de me garantir o sustento, não é um meio que eu quero ficar. E eu tenho muito mais vontade de estourar coisas minhas no meio pop do que no pagode. Mas, como compositor, o pagode foi a porta de entrada. E eu não sou de ficar escutando pagode, mas é o que me proporciona poder viver de música. Já consegui comprar até um Fiat Uno!, pagar as contas e ajudar meus pais, que era o que eu mais queria.
Processo de composição

Hoje em dia eu tenho uma autonomia como compositor que os produtores entram em contato por telefone ou e-mail falando que vão fechar um disco tal e que precisam de uma música assim ou assado, o famoso “briefing”. Mas também tem muita coisa minha que entrou sem ser “brifada”, como no Sorriso Maroto, que é um dos grupos mais difíceis de entrar no pagode porque os caras do grupo compõem muito bem. Como compositor a gente divide a música em partes: A, B e Coro (refrão). Pro Sorriso, eu tive uma idéia de A e B que eu achei muito boa, mas muito pop, no sentido de não convencional do pagode, uma melodia parecida com o pop internacional. E mandei essas duas partes pro Arnaldo Saccomani, sem o Coro. E ele ligou uma semana depois dizendo que tinha terminado a música e se poderia ter terminado. Falei: claro! Ele enviou pro Sorriso Maroto, que já estava com o repertório para o disco fechado, e o diretor da gravadora falou que não entrava mais nada. O Bruno, vocalista do Sorriso e produtor do disco, falou com o diretor da gravadora e então tiraram uma música pra colocar essa. Isso foi sem “briefing”. E pra tirar uma música e colocar outra com o repertório já fechado, ela tem que vir arrebentando. E veio.

Alternativa (?) Sul FM
Eu não conheço o João Alberto pessoalmente, apesar de achar o cara um prego. Quando a gente tocava no SD14, fomos uma vez fazer entrevista na rádio, o que já é raro ver na Alternativa. Nessa época um vereador cedeu meia hora pra gente. E o João Alberto veio dizendo que gostou muito da gente, que éramos muito bons, etc. E era época de eleição e estávamos fazendo “showmício” pra um candidato que ele não apoiava. E, pelo que entendi na época, ele vetou nossas músicas na rádio. Até aí beleza, não quer tocar?, então foda-se. A Alternativa Sul não arrecada ECAD mesmo. O cara arrecada R$ 100,00 por mês, dá R$ 0,01 pra cada compositor e diz que arrecadou e está tudo certo. Rádio pequena é assim, não tem arrecadação pra compositor.

Depois disso, quando a Intriga da Oposição estourou no Brasil inteiro, ficando em segundo lugar no Brasil, junto com Justin Timberlake e outros, na Alternativa Sul não tocava. E aí veio a do Pique Novo, que também estourou no Brasil inteiro. De novo, nada de tocar na Alternativa. Eu tenho minhas dúvidas se realmente é perseguição, mas é estranho né?! Eu não faço questão de que ela toque, porque não vou ficar mais rico com isso. E o mais estranho é que a Alternativa é uma rádio que toca pagode pra caralho.

Cenário valenciano
Quem trabalha com arte em Valença não tem apoio nenhum. E tem muita banda em Valença hoje em dia, o que não acontecia quando eu comecei a tocar. Tem uma galera que faz um som aí do bom, mas tem muita gente ruim também. Alguns acabam de aprender um instrumento e já querem fazer violão e voz no barzinho. Quando eu fazia violão e voz com o Jean Tavares, não tinha quase ninguém, era só o Paulinho Lima, Morgado, Gordurinha, a galera mais velha. O que acontece é que a galera paga um preço cada vez mais baixo pra ter um show no seu estabelecimento.

Também é uma ilusão achar que vai ganhar dinheiro tocando na noite em Valença. Então, o que atrai a molecada é aparecer, falar por aí que toca na noite, ganhar status. Uma piranhagem com quem estuda há um tempão. O som do cara é maneiraço, mas o dono do bar não quer saber se a música é boa ou ruim. Ele quer a casa cheia. Eu parei de tocar na noite em Valença porque não admito mais ver gente que está começando agora pedir pra dono de bar tocar de graça ou por R$ 30,00. E pra tocar por R$ 30,00 eu prefiro comprar uma caixa de cerveja com a rapaziada e ficar bebendo sem tocar. Como vou levar meu instrumento que vale uma grana, preparar repertório, ensaiar, fazer uma parada bacana, e aceitar “cachê” de R$ 30,00 porque tem uma galera que está cobrando isso? Não dá. O único lugar que eu disponho a levar minha guitarra e minha pedaleira que eu comprei e que custaram uma grana pra mim, é no pesqueiro do Vitinho. Lá ele pega a portaria e dá um dinheiro justo. E tem gente que se esconde no banco de trás, ou na mala, pra não pagar R$ 5,00. Aí é foda. Não dá nem 2 cervejas.

Perspectiva
Não tem como não falar da Tribo Urbana e da Província como referências. A gente ia ver o Marcos Prado ensaiar. Mas, hoje em dia e daqui pra frente, acho difícil acontecer algo parecido de novo em Valença. O status, para o molecada, está acima da vontade em lutar pra conquistar espaço, qualidade e profissionalismo. Uma hora você acaba falando: ou arrumo emprego ou continuo tocando! Quando você entra no meio, é mais fácil viver como compositor do que como músico. Ainda mais numa cidade pequena como Valença.
Projetos

Eu não me sinto mal em escrever pagode não! A vertente dos pagodes que vem sendo gravada é muito diferente do convencional. Está rolando uma influência de rock, sertanejo, black, Roberto Carlos. Isso anima em continuar a escrever também. E os caras estão querendo essas músicas novas. Mas, por outro lado, outro dia escrevi uma música pra Maísa, aquela garotinha do SBT! (risos). É um trabalho como outro qualquer.
A minha idéia hoje é fazer uma banda com meus parceiros como Maroon 5, com qualidade, com identidade. Esse é o projeto da banda Facy, que está nascendo. Quero muito produzir esse disco.
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Algumas Composições de Douglas Lacerda
• Belo - Intriga da oposição (2006) e Pare pra pensar (2009)
• Sorriso Maroto - Eu sou desse jeito (2009)
• Pique Novo - Ligando os fatos (2009)
• Os travessos - Você não quis me ouvir (2008)
• Grupo Louca Paixão - Deu no que deu
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Conheça o projeto de guitarra instrumental “4.700 substancias tóxicas”, de Douglas Lacerda, Jean Tavarez, Diego Souza e Léo Peruca
www.myspace.com/douglaslacerda2
http://www.bandafacy.com.br/