No Brasil de
hoje, a forma de governar é o "presidencialismo de coalizão". Nosso
sistema político admitiu a ascensão de um partido popular (e até então operário
- PT) ao poder central - mesmo a um custo elevado do "aggiornamento"
(mudanças no programa partidário).
Este voo que o
PT e outros deram ao poder, em que pese a ganância de alguns ex-sindicalistas,
não veio acompanhado de mudança no perfil conservador do Congresso Nacional.
Assim, os
partidos de centro esquerda que chegam ao poder tem que negociar até as
calcinhas (cargos, indicações, empregos) com a direita do bispo, do pastor, do
latifundiário e do parasita do mercado de capitais, que estão encastelados nas
casas legislativas. Isto pra não falar dos crimes de lesa pátria, como a reforma
da previdência e a privatização torta dos recursos hídricos (Cedae).
Enfim, a
lógica é a mesma para as cidades e os estados, onde prefeitos e governadores
"trocam" o apoio dos vereadores e deputados, ao custo de calcinhas
(cargos, empregos, indicações). Por isso, somente disposição cosmética e cara
feia não adiantam, quando vêm casadas com rebaixamento às raposas dominantes das
assembléias legislativas e câmaras dos vereadores.
Outra maneira
de enfiar apaniguados no serviço público é a contratação de firmas mafiosas
para administrar o pessoal, trocando voto por emprego. Há anos esta lógica se
alojou na Rede Estadual de Educação, onde o inspetor de aluno, a coordenadora
de turno, a faxineira e até a diretora da escola (indicada) tem que ir pra rua,
segurar bandeira do partido da ordem. A Saúde está indo pro mesmo caminho.
Entrevista do Vice Prefeito
Na última
edição do Jornal Local, o vice prefeito de Valença, Sr. Munir Assis, deu uma
entrevista preocupante. Disse que, passados quase 100 dias de governo, estava
esperando oportunidade de “conversar” com o prefeito sobre importantes assuntos.
Não menos graves foram as posições do Sr. Munir em relação
ao movimento de trabalhadores da PMV, que brigavam pra comer. Falar que o
movimento grevista da Educação foi precipitado e que eles deveriam dizer
"fizemos errado, pois estamos recebendo", sabendo que o pagamento atrasado
de meses só saiu depois de muita passeata e greve, é brincadeira, né?
Outro aspecto que ficou marcante na entrevista é o total
alheamento do PT nas decisões de governo, inclusive com o Dr. Munir insinuando
que o Dr. Álvaro pode vir apoiar o Pezão em detrimento ao senador Lindberg.
Isso mostra que as feridas da escolha para vice prefeitura ainda não foram
cicatrizadas.
Enfim, mas
vice em cidade província é pra isso mesmo: enfeitar como cereja o bolo
municipal. Quem deveria estar dando explicações à população sobre a água
barrenta da Cedae, o contrato emergencial milionário com a empresa de lixo, o
processo “simplificado” para contratação de servidor, da dengue epidêmica e do
lixo nas ruas é quem realmente manda nesta cidade: a turma do PMDB.
Vale do Café
Cidade de barões e coronéis é assim: manda quem pode,
obedece quem tem juízo. E quando o povo reclama, eles lembram que, na época do
chicote e da baioneta, as coisas eram piores. Enquanto não aprendemos que os
problemas das nossas escolas (falta de merenda, teto caindo, sala superlotada,
professor doente e com fome...) são também os nossos problemas – mesmo que meu
filho(a) estude na escola particular - vai ficar tudo igual. Valença teve a
chance do novo nas ultimas eleições: pela esquerda, pela direita e até pelo
meio. E aí? O povo quis? As famílias deixaram?
É pesado... A maioria foi enganada mais uma vez, pois o sistema
esta podre e é hereditário. O Rio sempre foi um sindicato de políticos e juízes
corruptos, milicianos, contraventores, punguistas, sonegadores, jornalistas deslumbrados
e outros escroques, salvo raras exceções. Enquanto estivermos dominados por
esta bandidocracia, as coisas vão ser decididas no tribunal da máfia. Basta ver
a quantidade absurda de jornalistas independentes e blogueiros que são
assassinados no estado. Melhor eu parar por aqui...
Dr Álvaro já sabia disso. Tá faltando decidir se ele vai
acender a vela pra Deus ou pro Diabo.
(Coluna publicada no Jornal Local, de 21/3/13)