segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Apesar do que dizem PT e PSDB, o Brasil é cotado entre os piores na área de ensino

Retirado do site: A vida como a vida quer

Como muitos brasileiros (o Ibope dava conta de algo perto de 6% da audiência no horário), eu vi ontem à noite o debate da Folha/RedeTV com os dois candidados ao segundo turno das eleições para presidente do Brasil. Em meio às farpas e trocas de acusações na primeira e segunda pessoas do plural (parece-me que agora tudo gira em torno do “nós fizemos”, “vocês não fizeram”, como se o país fosse bipartidário), houve uma tentativa de creditar para um lado ou outro as ações em prol da melhoria da educação.

Mas ainda há muito – mesmo – para fazer! Apesar do que apresentam os marqueteiros do PT e do PSDB, o Brasil é cotado entre os piores na área de ensino, em função do baixo investimento na área – e mesmo sendo considerado a 9ª economia mundial do planeta, ocupa o 76º lugar em desenvolvimento educacional porque está posicionado entre os piores investidores nessa área.

Os números não são totalmente novos, não é mesmo? Todos ouvimos ou lemos notícias comparativas do investimento em educação – cá entre nós, nem eu aguento mais a ladainha citando o case da Coreia, mas o fato é que ele é bom, pois o país asiático saiu de uma situação ruim para uma excelente neste quesito – e é sabido que as nações com melhores colocações no ranking do ensino investem de US$ 7 mil a US$ 10 mil/ano por aluno, enquanto nosso país destina, de forma geral, a pífia soma de US$ 1,33 mil.

Os dados que cito ouvi na 4ª Mostra Fiesp/Ciesp de Responsabilidade Socioambiental, durante a mesa-redonda Investimento em Educação: ações que contribuem para o desenvolvimento Social, no qual César Callegari, sociólogo e diretor de operações do Sesi-SP, comentava os baixos investimentos que também trazem consequências que permeiam vários elos da cadeia do conhecimento, entre eles o pouco aproveitamento do aluno, a baixa remuneração dos professores e o despreparo dos atores educacionais em sala de aula.

E o que isso tem a ver com o debate dos presidenciáveis? Ora, o Brasil precisa tomar decisões corajosas e emergentes na área educacional para conquistar outros patamares.

“Enquanto o salário de um juiz é R$ 12.798, um professor de educação básica recebe R$ 1.088 por 40 horas semanais, e o de educação básica está na faixa dos R$ 660”. Precisamos alcançar um patamar social mais equilibrado, não acham?

No evento, realizado em agosto, era divulgado também um plano estratégico para mudar esse cenário que previa a participação ativa da sociedade e compunha uma proposta conjunta com uma carta-compromisso para os candidatos aos governos federal e estadual, com base na experiência bem sucedida da entidade que tem muitos “braços” na área educacional – sei bem de perto porque a primeira escolinha do meu filho era ligada ao SESI e tinha excelente qualidade.

A metodologia educacional do Sesi-SP é complementada por orientação alimentar, incentivo à cultura e acesso a diferentes práticas esportivas e vem trabalhando o conceito que engloba um conjunto de material didático, metodologia e capacitação de professores. Não é exatamente parte do que precisamos?

#ficaadica para os presidenciáveis pensarem ao discutir a situação dos professores, as escolas integrais, ensino técnico e programas de capacitação de profissionais. Para quê tentar inventar coisas novas se há tanto já funcionando na sociedade e merecendo ser ampliado e incoporado?

P.S. Parte das farpas dos candidatos dizia respeito ao IDEB. Você sabe do que se trata?

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. O indicador é calculado com base no desempenho do estudante em avaliações do Inep e em taxas de aprovação. Assim, para que o Ideb de uma escola ou rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula.

Para que pais e responsáveis acompanhem o desempenho da escola de seus filhos, basta verificar o Ideb da instituição, que é apresentado numa escala de zero a dez. Da mesma forma, gestores acompanham o trabalho das secretarias municipais e estaduais pela melhoria da educação.

O índice é medido a cada dois anos e o objetivo é que o país, a partir do alcance das metas municipais e estaduais, tenha nota 6 em 2022 – correspondente à qualidade do ensino em países desenvolvidos.

Você pode consultar o IDEB aqui.

3 comentários:

Anônimo disse...

Culpas dos professores!

Anônimo disse...

Acho que para que pais e responsáveis acompanhem o desempenho da escola de seus filhos devem conversar com os mesmos observando seu domínio da língua portuguesa..."largar" pela casa algo para que leiam (jornal, revista, etc...)observando seu interesse e capacidade de interpretar. Verificar também se sabem fazer contas, como é seu conhecimento matemático...enfim...acho que o IDEB é um cabide de tecnocratas.
Quanto ao salário do professor é evidente que deve ser bem melhor. Mas acho também que isto resolve o problema do professor e não da educação. Desculpem, já estou velho, estudei em escola pública (BOA, MUITO BOA), no Instituto de Educação...a Diretora do 1º segmento era a Dª Paula, mãe do Pabeto. Tive sempre uma professora de cada matéria...tinha reprovação e tudo. Me acho medianamente preparado. Tive base e consegui ler grandes escritores, ouvir boa música, reconhecer alguns pintores, conversar sobre vários assuntos. A coisa se inverteu e hoje escola boa é escola particular...que na essência faz o mesmo que a escola pública de antes fazia. Aonde será que erramos ? Ou melhor...aonde será que erraram ?

Sanger/Regnas disse...

Muito bom comentário anônimo. Realmente, a questão da educação é mais ampla do que os problemas dos professores. Devemos ser cuidadosos para não passarmos a impressão que os nossos problemas são os únicos problemas da educação.