Há uma semana, discutíamos com um grupo de pessoas sobre a cultura e sua "situação" em Valença. Lembrei de um texto que publicamos no VQ 24, em julho de 2007.
Nossa contribuição à gestão da Cultura em Valença
Como pensar e gerir a cultura em Valença? Qual o peso dela para o nosso desenvolvimento? Como sair da atual cultura de eventos e iniciar um modelo pautado no princípio da cidadania cultural? Segundo Célio Turino, secretário de Programas e Projetos Culturais do Ministério da Cultura, "a cultura não pode ser confundida com eventos isolados, reduzida ao mero entretenimento, ou restringi-la às Belas Artes ou à cultura erudita e hermética". Para ele, "cultura é um pouco disto tudo, mas são também as referências históricas, costumes, condutas, desejos e reflexões.". E nós concordamos com isto.
Inclusive por realizarmos os Festivais de Inverno de Valença e outras atrações lúdicas, sabemos que o evento cultural, como concretização de um processo, tem um papel importante e muitas vezes são nesses acontecimentos que as pessoas tomam contato, pela primeira vez, com determinadas manifestações. Mas, antes de tudo, cultura é o cultivo da mente e a cola que une uma sociedade.
Adotar a cultura como filosofia de governo gera renda, é social, amplia os horizontes, promove o desenvolvimento sustentável [hoje em dia não mais acreditamos em "desenvolvimento sustentável", pois "aprendemos" que o capitalismo não é sustentável]. A cultura integra ações, dá sentido às realizações e reformas dos governos. Concordamos com Célio Turino quando ele diz que "a cultura é o fio condutor que une o direito que o cidadão tem à saúde, ao transporte, à moradia, à escola, ao trabalho, à cidadania.". É com a cultura,
e só com ela, que conduziremos nosso município à igualitária democracia, recolocando os cidadãos no caminho da emancipação humana.
Pensando num município - e naturalmente no poder público - pautado na cultura para a criação de uma identidade local, na conservação dos patrimônios materiais e imateriais, e na pluralidade das manifestações culturais, é que propomos a criação do Fórum Municipal de Cultura - e posteriormente do Conselho Municipal de Cultura - objetivando a democracia cultural e a democratização da cultura, a cidadania cultural e a legitimação da esfera pública da cultura. Antes é preciso articular atores culturais e vários segmentos - grupos culturais, ongs, gestores do governo, produtores culturais, artistas, pesquisadores e outros - a fim de garantir a continuidade do planejamento cultural em relação às mudanças de gestão.
O Fórum Municipal de Cultura é, antes de mais nada, um espaço de articulação, intervenção, troca de experiências e debates, que busca construir alternativas para as políticas culturais do município, envolvendo a sociedade local e outras instâncias de governo (estadual e municipal). Seu fundamento é o direito à participação cultural dos cidadãos, entendida de forma ampla, respeitando a diversidade cultural.
Participamos ativamente da luta pela criação do Conselho Municipal da Juventude. Não tivemos organicidade e mobilização necessária para levá-lo adiante, mas sua pequena organização gerou excelentes resultados. Acreditamos que um Fórum Municipal de Cultura receberá o abraço e a participação comunitária necessários para fazê-lo uma ferramenta única e vanguardista de um novo processo de construção de Valença. Uma reconstrução com suas estacas na democracia participativa, na diversidade de opiniões e na gestão democrática das esferas públicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário