domingo, 20 de dezembro de 2009

Nossos vereadores são políticos?


[Vereador Naldo] Disse que apesar de ter a impunidade parlamentar da Tribuna, jamais falou alguma coisa que fosse mentira, que sempre foi verdadeiro em suas palavras. Solicitou que isso ficasse registrado em ata.[1]

Poucas coisas são unanimidades: uma delas é o desgosto com a política. Dizem por aí que não tem jeito: a política define do salário do professor à qualidade do serviço de água numa cidade. Falam até que aqueles que não gostam de política são governados por aqueles que gostam.

Interessante notar que em Valença acontece uma situação curiosa: nossos vereadores não gostam da política. Só assim é possível a fala vereador Carlinhos de Osório: “Criticou o Sr. Valney, coordenador de transporte da saúde, pois tem que atender bem a população e não fazer política”[2]. Eu fico tentando entender como um político pode criticar uma pessoa por fazer política. Pode-se imaginar qual seria a concepção de política do nosso vereador. Observamos também que o vereador ZAN exprime seu entendimento sobre política: “O Vereador Luiz Antonio (Zan) encerra dizendo que se o Presidente do DCE está inadimplente é porque precisa e não tem bolsa, porque na FAA tem bolsa para quem tem conchavo com a política[3]”.

O que podemos esperar de políticos que não gostam da política?A nossa condição de eleitores nos leva a procurar uma distinção entre política e politicagem. A política como o campo em que resolvemos os conflitos de interesses e onde, atenção vereadores, o interesse público é superior, embora não antagônico, ao interesse privado.

Um exemplo hipotético para examinarmos nosso conceito: numa cidade qualquer uma empresa de ônibus proíbe a passagem de estudantes para chamar atenção sobre o não pagamento das passagens pela prefeitura. Como um sujeito político agiria? Não é estranho pensar que se uma criança não tem o meio de transporte para se chegar à escola, o direito de estudar ficou vulnerabilizado. Não existem contra argumentos que justifiquem/legitimem a proibição sobre os alunos. O interesse da empresa é menor frente ao direito da educação. Infelizmente, o sujeito politiqueiro não só ficaria do lado da empresa, mas tentaria convencer aos outros que está também do lado dos estudantes. Diria quantos anos tem a empresa, quantos funcionários ela emprega e tudo o mais o que a imaginação permitir. Só não faria a pergunta fundamental: “A qualidade do serviço da empresa imaginária é bom?”. O politiqueiro não pode falar isso porque todos sabem que ele não anda de ônibus graças ao belo salário que nós damos a eles e porque não pode negar o óbvio. Há também o temor de trazer para si a insatisfação com o dono da empresa. Assim ele sempre tenta parecer ser superior ao conflito de interesses.

O que devemos entender que a politicagem não são pessoas. São práticas políticas. Não é apenas suficiente combater os politiqueiros temos que entender e lutar contra as práticas da politicagem. Quem sabe assim elegeremos pessoas que nos possam servir de referência através de citações que demonstrem o espírito público de nossos representantes. Chegará o dia?!



[1] Ata da Câmara Municipal de Valença. Data: 06/04/2009. Página 3. Veja Aqui

[2] Ata da Câmara Municipal de Valença. Data: 08/06/2009. Página 5. Veja Aqui

[3] Ata da Câmara Municipal de Valença. Data 02/09/2009. Página 7. Veja Aqui

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