Derrotado nas urnas, Jorge Picciani demite 43 na Alerj

Direto do site do jornal o Globo

Autor: Fábio Vasconcellos

RIO - Dois dias após o resultado das eleições, a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa (Alerj) começou terça-feira a exonerar funcionários do departamento de administração da Casa e do Gabinete da Presidência, incluindo uma diretora de comunicação. Ao todo, 43 pessoas foram afastadas. Nos próximos dias, outras 60 deverão ser demitidas.

Os atos de exoneração foram assinados pela primeira secretária da Casa, deputada Graça Matos, e pelo presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB), que concorreu a uma vaga no Senado, mas perdeu para Lindberg Farias (PT) e Marcelo Crivella(PRB). Oficialmente, Picciani informou que as mudanças são naturais numa Casa política que conta com cargos de livre nomeação. Disse ainda que havia exonerações de gabinetes que tinham sido solicitadas antes das eleições.

Mas, nos bastidores, o clima é de insegurança. Funcionários comentaram que as exonerações estão relacionadas à briga pela sucessão na presidência da Alerj. Picciani teria iniciado a reorganização dos cargos de olho na composição de forças para eleger o futuro presidente da Casa, que assumirá em fevereiro. Estão no páreo os deputados Edson Albertassi, Paulo Melo e Domingos Brazão, todos do PMDB.

Funcionária da Casa há quase oito anos, a jornalista e diretora da TV Alerj Fernanda Pedrosa foi demitida por telefone, na segunda-feira à tarde, pela diretora de RH da Assembleia. Na conversa que teve no mesmo dia com Picciani, Pedrosa soube que o cargo seria estratégico para o processo sucessório da Casa:

- Fiquei surpresa com a exoneração, pois essas mudanças só ocorrem em dezembro. Além disso, ocorreu 24 horas após o resultado das eleições. O presidente (Picciani) me informou que precisava do cargo porque estava organizando a Casa para o futuro presidente, a pedido do governador.

A maior dificuldade do governo para manter a presidência da Alerj é o aumento do número de deputados de partidos de oposição. Eles agora serão 21 e deverão votar contra o candidato escolhido pelo Palácio Guanabara. Além disso, a composição das chapas que vão concorrer terá que dividir os cargos da Mesa Diretora entre os partidos aliados. O PDT, que ampliou sua bancada e teve o deputado mais votado este ano, Wagner Montes, deverá brigar por mais espaço nas comissões e da direção da Casa.

Além disso, o PMDB precisará contornar outros impasses. Desde a última eleição de Picciani, havia um acordo para que o deputado Paulo Melo fosse o seu sucessor, mas, na Assembleia, há deputados que teriam resistência à indicação do parlamentar.