quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O que está em jogo no dia 31/10: eleger o governo das "invasões" ou não eleger?


— O Stédile declara apoio à Dilma porque, com ela, eles (sem-terra) vão poder fazer mais invasões, mais agitações — afirmou.

Serra classificou o MST como um "partido revolucionário socialista".

— Não é para a reforma agrária que o MST existe — afirmou.

Declarações de José Serra ao Jornal Zero Hora, em 26/07/2010, pode ser lido aqui.

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Os movimentos sociais e as eleições

Por João Pedro Stedile

Estamos vivendo mais um período de campanha eleitoral. O povo tem o direito de indicar seus representantes para os mais importantes cargos da república. Em Brasília e nos governos estaduais.

Infelizmente, a campanha tem tido pouca participação popular. Não tem havido debates de projetos para a sociedade. Os grandes problemas do povo, como falta de emprego formal, distribuição de renda, superávit primário, taxação das fortunas, reforma agrária, garantia de acesso universal de todos jovens a universidade, violência nas periferias, falta de moradia, dependência do capital estrangeiro, domínio das transnacionais sobre nossa economia e recursos naturais, estão ausentes dos debates.

As campanhas dos candidatos ao parlamento, beiram ao ridículo e tem se baseado cada vez mais no poder econômico de alguns candidatos que estão gastando fortunas. O núcleo dirigente do agronegocio, por exemplo, fez uma reunião com suas cooperativas empresariais para levantar 800 milhões de reais e elegeram a meta de 100 deputados federais do agronegócio. A senadora do DEM, Kátia Abreu e presidenta do CNA, fez um boleto compulsório de 100 reais para enviar a todos fazendeiros do país pedindo contribuição para a candidatura Serra. E por ai vai...

Esse cenário da realidade é resultado de vários fatores: um período histórico de refluxo do
movimento de massas; uma dispersão ideológica das forças de esquerda, uma apatia das grandes massas que estão satisfeitas com as pequenas melhorias que obtiveram no governo Lula. E não acreditam que os políticos resolvam seus problemas. E uma estabilidade econômica, que evita debates cadentes próprios das crises.

Essa apatia se deve também à legislação eleitoral, que praticamente impediu a realização de grandes comícios e a participação direta das massas. Hoje, a campanha eleitoral se resume basicamente a televisão. O marketing eleitoral usa técnicas para “vender” candidatos, e não para debater projetos ou idéias.

Nos movimentos sociais, temos avaliado que apesar da falta de debate em torno de projetos, no entanto as candidaturas a presidente e governadores representam setores organizados das classes sociais. Defendem de fato interesses de classes, ainda que não explícitos.

Defendemos que é uma obrigação política como militantes das mudanças sociais, a necessidade de derrotar a candidatura Serra, por tudo o que ela representa. Defendemos a necessidade de eleger os candidatos mais progressistas para os governos do estado. E precisamos eleger o maior número possível de parlamentares de esquerda, comprometidos com a classe trabalhadora. Esses candidatos estão dispersos em inúmeros partidos. Por isso, acreditamos que nessa eleição, não é uma questão de programa ou de partido, é uma questão de compromisso com a classe trabalhadora.

Pessoalmente, sou otimista, e acho que as urnas vão desenhar um cenário de melhor correlação de forças institucional, a nível federal, nos governos estaduais e no parlamento, para podermos avançar em mudanças sociais.

Embora, todos saibamos que os espaços institucionais são insuficientes, e que a as mudanças dependem da combinação dos espaços institucionais com a necessária mobilização das massas.

João Pedro Stedile é membro da coordenação nacional do MST e da Via Campesina Brasil.
O texto foi publicado originalmente na revista Caros Amigos

2 comentários:

Anônimo disse...

Ué gente, O MST tem ligações profundas com o PT, todo mundo sabe disso, e sabemos que das invasões com destruições totais, ninguém foi punido, p q? Pq eles são pobres e coitadinhos!

Anônimo disse...

Em meio a um debate sério sempre aparece alguém como vc para escrever bobagens. Se vc sabe, eu não sei!