A retumbante cobertura jornalística e a visão triunfalista da ocupação de morros do Rio escondem distorções gravíssimas e crônicas do esquema de segurança pública, adverte no Roda Viva desta segunda-feira o antropólogo Luiz Eduardo Soares.
No programa que a TV Cultura de São Paulo transmite a partir das 10h da noite, o entrevistado lembra que a necessidade de envolvimento das Forças Armadas, embora necessária e positiva, comprova o fracasso da política de combate à violência. E afirma que não faz sentido deduzir que, desde o fim de semana, o Estado Democrático de Direito recuperou o controle sobre as zonas conflagradas.
Por enquanto, reitera Luiz Eduardo, nada mudou nas favelas amputadas do mapa da União. E nada mudará de essencial se não forem removidos velhos tumores.
“O principal problema continua sendo a corrupção endêmica que afeta a polícia há muitos anos”, diz o entrevistado, que foi coordenador da área de segurança do governo Anthony Garotinho em 1999 e 2000, secretário nacional de Segurança Pública em 2003 e é um dos autores dos livros Elite da Tropa e Elite da Tropa 2, origem dos filmes que fizeram do Capitão Nascimento um herói brasileiro.
Como nos livros, que misturam alguma ficção e muitos fatos reais, o contingente de policiais honestos é de bom tamanho. Mas a “banda podre” predomina. Sobretudo por isso, acha perigosamente equivocado supor que se consumou a vitória do Bem contra o Mal e imaginar que tudo está resolvido. Embora sem a mesma magnitude, ressalva, operações semelhantes já ocorreram nos morros cariocas, com efeitos invariavelmente efêmeros.
“Espero que desta vez seja diferente”, diz, traindo na voz e na fisionomia o pessimismo de quem combate a “banda podre” desde a virada do século. “De lá para cá, a situação piorou”, constata.
Para Luiz Eduardo, o fenômeno mais alarmante é a multiplicação das “milícias”, grupos criminosos formados por policiais. “As milícias são mais eficientes e perigosas que as quadrilhas do narcotráfico”, compara. Segundo o especialista, não existe uma política nacional de segurança pública. “Tentamos fazer isso em 2003, mas o núcleo duro do Planalto convenceu o presidente Lula de que, se assumisse a administração desse setor, teria problemas com os índices de popularidade”.
Das várias ideias que apresentou, uma das poucas encampadas pelo governo foi a Força Nacional de Segurança Pública. Que acabou deformada por interesses políticos e virou um exército fantasma.
Luiz Eduardo descarta a hipótese segundo a qual os ataques do narcotráfico ocorreram em resposta à implantação das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs. Ele se limita a informar que a verdade surgirá ao fim de investigações que correm em segredo de Justiça.
Uma fonte da coluna revelou que uma das versões investigadas atribui a onda de violência a um impasse nas negociações entre policiais e bandidos que tentavam atualizar a tabela de propinas.
2 comentários:
F volta a investigar TCEs do Rio e de Minas
Autor(es): Jailton de Carvalho
O Globo - 24/11/2010
Novo relator no STJ autorizou retomada do inquérito, que apura irregularidades na aprovação de contas de prefeitos
BRASÍLIA. Com autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e sem fazer alarde, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal recomeçaram as investigações sobre o suposto envolvimento de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Rio de Janeiro com desvios de verbas públicas. O ministro Castro Meira, relator do caso no STJ, já até autorizou a polícia a intimar os conselheiros José Gomes Graciosa, Jonas Lopes de Carvalho Júnior, o ex-conselheiro José Nader e o filho dele, o deputado estadual José Nader Filho (PTB).
O delegado Rodrigo Moraes Fernandes, novo encarregado das investigações, deve expedir intimação para ouvir os conselheiros e o deputado na próxima semana. Os conselheiros têm prerrogativa de marcar data, horário e local dos depoimentos. Moraes começou ontem a interrogar funcionários ligados aos conselheiros que poderiam explicar supostas irregularidades nas condutas das autoridades encarregadas de fiscalizar a aplicação dos recursos públicos.
O delegado pretende ouvir ainda esta semana pelo menos 13 servidores. O STJ também autorizou a Polícia Federal a interrogar três conselheiros do Tribunal de Contas de Minas Gerais: Wanderly Ávila, Antônio Carlos Doorgal e Elmo Braz.
Os conselheiros de Minas e do Rio começaram a ser investigados a partir de documentos apreendidos na Operação Pasárgada, da PF. Iniciada há dois anos, a operação apontou suposto envolvimento de conselheiros com manobras da consultoria SIM para favorecer prefeitos suspeitos de desvios de dinheiro. A PF e o MPF investigam se conselheiros receberam vantagens para aprovar contas irregulares dos prefeitos.
No Rio de Janeiro, as denúncias levaram a criação de uma CPI na Alerj, mas as investigações da polícia e da assembleia acabaram limitadas por decisões do STJ e do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Castro Meira, que assumiu a relatoria, atendeu pedido do MPF e em agosto autorizou a PF a interrogar conselheiros e servidores do TCE. No despacho, o ministro pede que a polícia o mantenha informado de cada etapa da investigação.
VQ FAVOR LEVANTAR ESSAS INFORMAÇÕES
http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/11/23/pf-volta-investigar-tces-do-rio-de-minas-923094751.asp
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