sábado, 8 de novembro de 2008

"Troco tudo o que fiz por ‘tô ficando atoladinha’"

A ironia fina de Tom Zé se cristaliza a partir de certas declarações suas, consideradas por alguns interlocutores como puro sarcasmo, mas ele os contesta com veemência: “No caso desse refrão ‘tô ficando atoladinha’, fui lá no meio do mundo selvagem recolher uma pedra preciosa. Veja bem, estou dizendo que troco minha obra toda por essa música, troco tudo o que eu fiz por ‘tô ficando atoladinha’, morro de inveja porque é um metarrefrão microtonal e plurissemiótico. É difícil um artista conseguir tanta intensidade informacional, ser um portador de uma estética tão forte quanto esse refrão”.

No show que faz esta sexta no Circo Voador, lançando o ótimo "Estudando a bossa - Nordeste Plaza" (Biscoito Fino), ele desenvolve essa idéia numa canção inédita, feita especialmente para o show. Na música, de quebra, ainda relaciona o "Atoladinha" com a bossa nova - tema central de seu disco (leia mais aqui). O cruzamento aparece explícito em versos como "E como bom filho do pato" (referência a "O pato", sucesso na voz de João Gilberto) e "O referido 'Atoladinha' / É bossa-nova-batidã o".


Segue a letra da nova canção do baiano, na qual ele entra de cabeça na atmosfera sexual que transpira dos pancadões:

EXEGESE DO REFRÃO "ATOLADINHA" , EM SUA TRÍADE:


MICROTONAL
META-REFRÃO
PLURI-SEMIÓTICO

MICROTONAL

Escutem, manos e minas:
pois como é natural
em todo o prazer carnal
quando a gruta da gatinha umedece molhadinha,
ela só chega no bom subindo quartos de tom.
Pois o soluço carnal
que vem nos quartos de tom
é coisa microtonal.
Ó mina, chega de prosa
ó mano, relaxa e goza.
E como diz por aí
aquela tal Suplicy:
ó mina, chega de prosa,
ó mano, relaxa e goza.



META-REFRÃO

O referido "Atoladinha"
é bossa-nova-batidão
pois é um meta-refrão
que bota os outros no chão.



PLURI-SEMIÓTICO

Sendo pluri-semiótico
não deixa o mano neurótico
e como bom filho do pato
informa bem ao ouvido
e reverbera no tato.
A mina fica no tópico erótico-utópico.
Ó mina, chega de prosa,
ó mano, relaxa e goza.
E como diz por aí aquela tal Suplicy
ó mina, chega de prosa,
ó mano, relaxa e goza.

*Retirado do blogue MPB Player e do sítio A TARDE On line

4 comentários:

Anônimo disse...

tom zé só pode tá esclerosado!
ou então é mais um a compor a chamada
sociedade do consenso: é consensual
hoje não falar mal ou achar algo de
valoroso nesse universo baixo-nível
do funk!... funk nem é isso, essa baixaria
que a televisão quer que a gente
acredite que seja. então vai o tom zé, com
todo o seu carisma, dá entrevista num programinha
de quinta catigoria e manda essa, a de
“que trocaria toda a sua obra por uma
porcaria de um funk”, ah, fala sério!

fica em casa tom zé!!!!!!
que a gente se esbalda no que de
bom vc já fez tb em casa, sem jô
e sem atoladinhas, mulherisso ou mulheraquilo.

pronto, falei.

Tyler Durden disse...

Pois é,

Antes, quando o funk falava dos problemas sociais e da luta de classes, tipo "eu só quero é ser feliz" e etc, ele era discriminado, taxado como sub-cultura e não tinha espaço na mídia.

Agora, que só fala de putaria, armas e drogas, ele tem espaço no horário nobre e o Luciano Huck enche o cú de dinheiro com esta porra!

Bota uma dentadura no cu ri pro caralho, né??

Anônimo disse...

a que ponto chegamos!
Eu quero descer dessa viagem.

Anônimo disse...

a que ponto chegamos!
Eu quero descer dessa viagem.