Seminário explora viés econômico, político e cultural da gestão dos recursos hídricos no Brasil e busca solução para a crise mundial da água
A água é o começo da vida e pode ser o fim dela. O Brasil possui a maior reserva do planeta, no entanto, várias regiões do país já enfrentam crises de abastecimento. A água em todas as suas dimensões - econômica, política e cultural - é o tema do seminário Futuro das Águas, promovido pelo O Instituto e o SESC- Rio, que acontecerá nos próximos dias 23 e 24 de março, no Arte SESC, Flamengo, Rio de Janeiro. Para debater o assunto, entre outros, nomes como os ecologistas Fernando Gabeira e Guido Gelli, o economista Sergio Besserman Vianna, os pesquisadores Paulo Canedo e Henrique Lins de Barros e, na área cultural, o poeta Ferreira Gullar e a editora Heloisa Buarque de Hollanda.
Um dos principais focos do seminário é debater, de forma integrada, as perspectivas no mundo e no Brasil, sobretudo nos centros urbanos, onde já vive metade da população mundial e quase 80% da brasileira. Para o economista Sergio Besserman: "o aquecimento global, que aumenta a evaporação e modifica o regime e a distribuição das chuvas, será, provavelmente, a principal causa de desabastecimento de água em grandes cidades do mundo". Besserman alerta que 70% das emissões de gases de efeito estufa ocorrem em função da produção ou consumo das cidades.
O modelo de vida adotado nas cidades também é destacado por Henrique Lins de Barros, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, como a principal causa da crise da água. "A produção de produtos descartáveis, uma das características da modernidade, consome enormes quantidades de água que poderia ser utilizada para o consumo das pessoas e, por outro lado, joga no ambiente uma quantidade crescente de lixo que, por sua vez, polui a água." Um exemplo citado por Henrique: para se produzir uma conexão USB se gasta mais de mil litros de água! "O que temos de diferente em relação a muitos países é a nossa enorme quantidade de água. O que nos falta é, sem dúvida, uma política de estado para evitar a poluição das reservas e a redução do uso da água pela indústria", conclui Henrique.
Ainda sobre o consumo nas cidades, de acordo com o pesquisador Paulo Canedo, um entre cada sete brasileiros que moram nas cidades não é servido pela rede de abastecimento de água. "É uma situação absolutamente inaceitável, mesmo para um país em desenvolvimento. A universalização do serviço urbano de distribuição de água tratada deve ser vista como emergência".
O enfrentamento da crise passa sobretudo por aspectos econômicos, acreditam os especialistas. "Para isso mudar, infelizmente, o aspecto econômico é preponderante. Infelizmente, a água só será mais valorizada quando passar a ser cobrada. Enquanto não pesar no bolso isso não muda. Tem muito chão pela frente para tomarmos consciência de que o planeta é um só", acredita Guido Gelli, diretor do Jardim Botânico. Mas Sergio Besserman chama atenção para outros fatores: "alcançar a sustentabilidade na gestão dos recursos hídricos é uma questão econômica, mas também política e cultural".
A reflexão se completa com uma conversa sobre as relações entre natureza, política e cultura que envolvem a água, tão recorrente nas histórias, lendas e tipos que compõem a cultura brasileira. Além de discutir assuntos como saneamento, preservação, sustentabilidade, o evento enfocará também as dimensões culturais da água e seu espaço no imaginário coletivo brasileiro. "Estamos pensando a água como elemento da vida num sentido mais abrangente e simbólico. Este é um problema da ciência, mas não se restringe a ela", diz Ilana Strozenberg, antropóloga e uma das diretoras d'O Instituto. Heloisa Buarque chama atenção para a água como elemento fundamental em diversos rituais e mitos de origem. "A produção artística também lida muito com esse universo, tornando a água talvez tão grande e expressiva quanto o meio físico, terrestre", lembra a editora. Como destaca Besserman: "Deus disse a Adão para dar nomes às coisas...e decidimos chamar esse mundo coberto de águas de planeta Terra".
Seminário 'Futuro das Águas'
Dias 23 e 24 de março
Local: Auditório do Arte SESC
Rua Marquês de Abrantes, 99, Flamengo
Inscrições pelo site: oinstituto.org.br
Programação:
Abertura - 23/03 às 17h
Mesa 1 - Futuro das águas: impasses e perspectivas - 23/03 às 18h
Moderador: Luiz Claudio Costa (Universidade de Viçosa)
Palestrantes convidados:
Marilene Ramos (Secretária de Estado do Ambiente)
Deputado Fernando Gabeira
Guido Gelli (Diretor do Jardim Botânico)
Paulo Canedo (COPPE/ UFRJ)
Mesa 2 - As águas e o futuro da cidade - 24/03 às 17h
Moderador: Manoel Ribeiro (urbanista)
Palestrantes convidados:
Sergio Besserman Vianna (Presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável e Governança Metropolitana - Rio de Janeiro)
Dieter Muehe (UFRJ)
Márcia Panno (Projeto Caminho das Águas /FRM)
Mesa 3 - Imaginário das águas - 24/03 às 19h
Moderador: Heloisa Buarque de Hollanda (escritora e editora)
Palestrantes convidados:
Henrique Lins de Barros (CBPF)
Luiz Fernando Duarte (Museu Nacional / UFRJ)
Paulo Herkenhoff (Curador e crítico de arte)
Ferreira Gullar (escritor, poeta e crítico literário)
OBS: Serão distribuídas senhas meia hora antes do início das mesas.
Um dos principais focos do seminário é debater, de forma integrada, as perspectivas no mundo e no Brasil, sobretudo nos centros urbanos, onde já vive metade da população mundial e quase 80% da brasileira. Para o economista Sergio Besserman: "o aquecimento global, que aumenta a evaporação e modifica o regime e a distribuição das chuvas, será, provavelmente, a principal causa de desabastecimento de água em grandes cidades do mundo". Besserman alerta que 70% das emissões de gases de efeito estufa ocorrem em função da produção ou consumo das cidades.
O modelo de vida adotado nas cidades também é destacado por Henrique Lins de Barros, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, como a principal causa da crise da água. "A produção de produtos descartáveis, uma das características da modernidade, consome enormes quantidades de água que poderia ser utilizada para o consumo das pessoas e, por outro lado, joga no ambiente uma quantidade crescente de lixo que, por sua vez, polui a água." Um exemplo citado por Henrique: para se produzir uma conexão USB se gasta mais de mil litros de água! "O que temos de diferente em relação a muitos países é a nossa enorme quantidade de água. O que nos falta é, sem dúvida, uma política de estado para evitar a poluição das reservas e a redução do uso da água pela indústria", conclui Henrique.
Ainda sobre o consumo nas cidades, de acordo com o pesquisador Paulo Canedo, um entre cada sete brasileiros que moram nas cidades não é servido pela rede de abastecimento de água. "É uma situação absolutamente inaceitável, mesmo para um país em desenvolvimento. A universalização do serviço urbano de distribuição de água tratada deve ser vista como emergência".
O enfrentamento da crise passa sobretudo por aspectos econômicos, acreditam os especialistas. "Para isso mudar, infelizmente, o aspecto econômico é preponderante. Infelizmente, a água só será mais valorizada quando passar a ser cobrada. Enquanto não pesar no bolso isso não muda. Tem muito chão pela frente para tomarmos consciência de que o planeta é um só", acredita Guido Gelli, diretor do Jardim Botânico. Mas Sergio Besserman chama atenção para outros fatores: "alcançar a sustentabilidade na gestão dos recursos hídricos é uma questão econômica, mas também política e cultural".
A reflexão se completa com uma conversa sobre as relações entre natureza, política e cultura que envolvem a água, tão recorrente nas histórias, lendas e tipos que compõem a cultura brasileira. Além de discutir assuntos como saneamento, preservação, sustentabilidade, o evento enfocará também as dimensões culturais da água e seu espaço no imaginário coletivo brasileiro. "Estamos pensando a água como elemento da vida num sentido mais abrangente e simbólico. Este é um problema da ciência, mas não se restringe a ela", diz Ilana Strozenberg, antropóloga e uma das diretoras d'O Instituto. Heloisa Buarque chama atenção para a água como elemento fundamental em diversos rituais e mitos de origem. "A produção artística também lida muito com esse universo, tornando a água talvez tão grande e expressiva quanto o meio físico, terrestre", lembra a editora. Como destaca Besserman: "Deus disse a Adão para dar nomes às coisas...e decidimos chamar esse mundo coberto de águas de planeta Terra".
Seminário 'Futuro das Águas'
Dias 23 e 24 de março
Local: Auditório do Arte SESC
Rua Marquês de Abrantes, 99, Flamengo
Inscrições pelo site: oinstituto.org.br
Programação:
Abertura - 23/03 às 17h
Mesa 1 - Futuro das águas: impasses e perspectivas - 23/03 às 18h
Moderador: Luiz Claudio Costa (Universidade de Viçosa)
Palestrantes convidados:
Marilene Ramos (Secretária de Estado do Ambiente)
Deputado Fernando Gabeira
Guido Gelli (Diretor do Jardim Botânico)
Paulo Canedo (COPPE/ UFRJ)
Mesa 2 - As águas e o futuro da cidade - 24/03 às 17h
Moderador: Manoel Ribeiro (urbanista)
Palestrantes convidados:
Sergio Besserman Vianna (Presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável e Governança Metropolitana - Rio de Janeiro)
Dieter Muehe (UFRJ)
Márcia Panno (Projeto Caminho das Águas /FRM)
Mesa 3 - Imaginário das águas - 24/03 às 19h
Moderador: Heloisa Buarque de Hollanda (escritora e editora)
Palestrantes convidados:
Henrique Lins de Barros (CBPF)
Luiz Fernando Duarte (Museu Nacional / UFRJ)
Paulo Herkenhoff (Curador e crítico de arte)
Ferreira Gullar (escritor, poeta e crítico literário)
OBS: Serão distribuídas senhas meia hora antes do início das mesas.
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