quarta-feira, 25 de março de 2009

Vai um contrato aí?

Sou um apaixonado por filmes de zumbi. Meus preferidos são “Resident Evil: Apocalypse” e “Extermínio”. Em ambos os filmes existe uma cena que vou utilizar para fazer uma metáfora com a condição de se depender da nossa prefeitura. A cena acontece quando os personagens principais acordam e se deparam com a situação alarmante: uma cidade cheia de zumbis. Eles não sabem como o fenômeno começou e nem como solucioná-lo. Interessados eles estão apenas em sobreviver. Cada dia, um dia.

Ainda não existem zumbis em Valença, no entanto convivemos com um problema que ninguém sabe como surgiu ou como começou. Para as pessoas que passam em frente à Secretaria de Municipal de Educação a cena chega a ser esquisita: entra e saí de professores. Todos querendo um contrato temporário para dar uma aula qualquer em qualquer lugar. Falo com experiência de quem já foi contratado da prefeitura de Valença.

Aula qualquer significa que nenhum setor da secretaria procurará se informar se está contratando um profissional competente ou não. Basta apresentar o diploma e ter algum conhecido que você conseguirá um emprego.

Engraçado notar que sempre falamos da importância da educação para o futuro de um país e, numa cidade do interior, contratamos um profissional com metodologias nada objetivas: podemos escolher, como parâmetro, a metodologia do quem chegar primeiro, com a sua variante moderna (aquele que discar mais rápido o numero de telefone) e a sua variante pós- moderna (mandar o seu currículo via e-mail).

No entanto, trago aqui a receita infalível para conseguir um contrato: cite o nome de um político. “O político fulano de tal me mandou aqui ” (Nota1). É só falar que as portas do Paraíso vão se abrir para você meu amigo aspirante a ser contratado. Ninguém está preocupado se você tirou 10 no seu artigo científico, nem se você é um bom profissional. Mas, se tiveres um político ao seu lado.Aí você estará dando aula no dia seguinte.

Causa estranhamento o fato de nossos representantes terem a capacidade de decidir quem receberá o contrato, não sabia que eles tinham a competência intelectual para saber quem vai receber, ou não vai receber o contrato. No entanto nós professores somos obrigados a nos humilhar perante tão distinta classe como forma de ganharmos nosso sustento.

Assim como nos filmes, os maiores sustos ficam para a parte final. Tente conversar com os responsáveis pela secretaria sobre a melhor forma de escolha dos profissionais. Todos vão concordar que o concurso público é a melhor forma de selecionarmos os professores da rede municipal. Todavia, existe uma tendência das pessoas que têm consciência que estão fazendo coisas erradas de tentar explicar o mundo pelo que ele é, e não pelo que ele deveria ser. Nesse sentido, eles poderiam argumentar que há necessidades imediatas que precisam ser supridas pelo contrato. Retruque respondendo que não existe necessidade imediata que se repete todo ano. Se for perspicaz demonstre que uma coisa imediata tem um caráter contingente, bem diferente de uma coisa que se repete todo ano. Se você for bem enjoado, você ganhará a resposta definitiva: “é meu jovem, no entanto as coisas são assim aqui”.

Se as coisas são assim, o que fazer? Sendo assim podemos ignorar o fato de que temos um Concurso Público, o que obriga a secretaria chamar os profissionais da educação pelo mesmo. Será que nossos representantes gostariam de ver os seus filhos numa escola que contrata seus professores dessa forma? Nos filmes citados, o final não foi nada bom: ou a cidade foi abandonada até que todos os zumbis morressem (Nota 2) de fome ou então mandaram uma bomba atômica acabando com a cidade. Melhor sorte para a princesinha da Serra!

Nota1: Usei a expressão “fulano de tal” para evitar a nova moda dos políticos valencianos: o processo por problemas psicológicos. Assim, caso não exista um político chamado fulano de tal, ainda posso exercer a minha liberdade de opinião sem ter que pagar, ainda mais, pelos nossos representantes

Nota 2: Como um zumbi pode morrer?

13 comentários:

Anônimo disse...

QUAL É A SUGESTÃO DO VQ PARA OS PROBLEMAS DA EDUCAÇÃO EM VALENÇA?
PELO QUE VEJO VCS TEM SOLUÇÃO PRA TUDO.

Anônimo disse...

é isso msm sanger, a gente se mata pra passar no concurso e vê aquela fila gigante na porta da sec educação
um absurdo msm

Vitor Castro disse...

ô, 'Anônimo da Caps Lock', envie seu problema por email que conversamos sobre a solução do mesmo.

abs.

Anônimo disse...

Um bom meio de começar é provocar o MP sobre a questão. Só para ter uma ideia, O Tribunal de Justiça determinou a realização de concurso público no estado para a substituição dos contratados. Claro que governo recorreu e a questão foi para tribunais superiores. Outra: a educação é um dever do estado e, portanto, o cargo de professor do ensino fundamental e médio é carreira típica do estado, o que garante o ingresso nas rede públicas apenas por concurso público aberto e nacional.

Anônimo disse...

CAPILO

NÃO TENHO PROBLEMA ALGUM E NEM A SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS DE VALENÇA, DIFERENTE DE VCS DO VQ QUE DIANTE DE SUAS MENTES PRIVILEGIADAS POSSUEM O DOM DE RESOLVER OS PROBLEMAS DO MUNDO.

Vitor Castro disse...

Obrigado pelo elogio, mas está exagerando. Não somos tudo isso...

abs.

Sanger/Regnas disse...

O primeiro passo: todos os profissionais da educação devem ser chamados via concurso público. Educação não é cabide de empregos.

Sanger/Regnas disse...

Ter solução é difícil mesmo. Até mesmo porque não sabemos a gravidade do problema. Contudo, o pior é não ter problema. Quando não se tem um problema acha-se que tudo que acontece é normal ou que é "assim mesmo".
Muito cuidado devemos nós ter quando não temos nenhum problema!

Anônimo disse...

abaixo a repressao, professor nao é ladrao!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Concordo com o autor do post. Tem que chamar professores aprovados em concurso público. Contratos são feitos para suprir necessidades emergenciais. o que não é o caso da educação ja que foi feito um concurso a pouco mais de um ano e ainda se encontra em validade. Com relação a outros cargos é complicado, pois não existe uma lista para chamar, de modo que tem que ser realizado concurso para as outras áreas para diminuir essa "fila" atras de contratos. E outro ponto que tem que se destacar é que realmente só entra na prefeitura funcionário apadrinhado ou puxa saco de político ou alguém com um cargo de destaque. Ou seja tem que ter "QI".


vlw!

Anônimo disse...

esclaresce aí gente

é verdade q o secretario de educação saiu?
quem vai assumir?

vlw

Vitor Castro disse...

Parece que o secretário caiu, mas a prefeitura ainda não se manifestou a respeito. Já entramos em contato com a assessoria da PMV na tentativa de obter uma resposa, mas não nos deram retorno.

Nesse período sem que um novo secretário seja indicado, a vice-prefeita, Dilma Dantas, vai exercer o cargo. Mas para divulgar oficialmente, continuamos esperando a manifestação da prefeitura.

abs.

Anônimo disse...

Bolsa familia parece que também tem que ter QI. Tem um vereador, amigo do povo, que faz milagres para coseguir uma bolsinha. Alguém já leu a publicação contendo o nome das pessoas que fazem o controle social destas bolsas. A Lei exige que sim. Que exista esse controle.