quinta-feira, 8 de julho de 2010

Coluna publicada no Jornal Local - 8/7/10

Mais do(s) Mesmo(s)

Ei menino branco o que é que você faz aqui
Subindo o morro pra tentar se divertir
Mas já disse que não tem
E você ainda quer mais
Por que você não me deixa em paz?
Desses vinte anos nenhum foi feito pra mim
E agora você quer que eu fique assim igual a você
É mesmo, como vou crescer se nada cresce por aqui?
Quem vai tomar conta dos doentes?
E quando tem chacina de adolescentes
Como é que você se sente?
(...)


Renato Russo era um poeta, por isso tinha a liberdade de cantar proibidões há 30 anos atrás. Numa das suas antológicas composições ele vaticinou o “faroeste caboclo” que se torna a vida de quem brota de herói na capital do país: Santo Cristo, além de não conseguir tirar foto com o Lula, toma chumbo pelas costas do “Jeremias Traidor”.

E por falar em Brasília, agora que os botinudos do Dunga voltaram pras suas mansões na Europa, vou me atrever a falar sobre o que pode acontecer no cenário político da “pátria de chuteiras” se não usarmos com parcimônia e sapiência a nossa arma (“winchester 22”) da democracia.

Dilma, Serra e Marina são os candidatos que a TV mostra pra gente. Existem outros, mas estes não interessam ao sistema corporativo que controla a opinião do brasileiro. Dilma é do partido dos trabalhadores (PT) e vai ganhar as eleições porque seu adversário, além de careca, representa um pensamento conservador ultrapassado (o neoliberalismo). O PT tomou da geração tucana anterior o monopólio “gramsciano” de tocar mentes e corações. Tomou, e não foi à toa, uma vez que acompanhamos uma sensível melhora no padrão de vida de milhares de pessoas (as classes média-baixas que agora detêm 10% das riquezas nacionais) e outra espetacular melhora na vida de outros cidadãos (classes muito altas – 200.000 pessoas que controlam 85% das riquezas). Este novo pensamento que o PT instalou no poder, que admite uma transferência mínima de renda para os pobres através de políticas compensatórias, é o social-liberalismo, diferente do neoliberalismo, e distante também da social democracia européia.

A Marina até seria uma boa candidata, mas ela não está aí pra ganhar. Está óbvio que ela entrou nessa pra assegurar a vitória de Dilma (“só os profetas enxergam o óbvio”), e sem querer subestimar a sua inteligência, o partido que ela se filiou (PV) até outro dia mesmo era aliado do governo central, ou pior, quando não são aliados de tucanos e democratas (sic).

Por outro lado, a esquerda democrática radical não consegue se unir. Apresentam dois candidatos: o servidor aposentado (promotor) do Ministério Público e fundador do PT, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), e o metalúrgico sindicalista Zé Maria (PSTU), mas, por não terem visibilidade alguma na mídia, são “esquecidos” pela grande maioria dos brasileiros.

Infelizmente quem realmente estará assumindo as rédeas da nação com a vitória de Dilma é o PMDB. Não o histórico Movimento Democrático Brasileiro, mas o partido de Temer, Sarney, Renan, Sérgio Cabral e Picciani. Não sei se são melhores que Serra, Aécio, Artur Virgilio e Cesar Maia. Aqui no Rio a gente conhece muito bem a “marra” dessa turma, e embora o PMDB nacional seja uma reunião de caciques e coronéis de cores, sotaques, penas e chicotes diferentes, acho que a coisa não muda de figura quanto entra em questão a indelével luta de classes e as liberdades democráticas. Em suma, são todos mais do mesmo, só que malhado!

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