sábado, 7 de janeiro de 2012

Artigo publicado no Jornal Local de 5/1/12

Mosca na Sopa
Eu sou a mosca
Que pousou em sua sopa
Eu sou a mosca
Que pintou prá lhe abusar...


Se tem um mal que os anos vêm me trazendo é a chatice. Paciência eu nunca tive mesmo, mas ficar chato era uma coisa que eu não imaginava que ia me acometer. Assim como disse o prêmio Nobel e comunista português, José Saramago, pessimista eu nunca fui... Péssima é a realidade. Mas confesso que ser um chato é cansativo.

Tô ficando chato porque não tô vendo a maravilha do progresso recente e o desenvolvimento sustentável que a televisão e os telejornais tentam me vender em som digital e imagem 3D. Tô ficando chato porque não consigo entender como uma cidade que, há 50 anos, tinha dois hospitais de pronto atendimento ao povo, hoje só tem um. Tô ficando chato, pois não consigo acreditar que um Estado que tem mil mortes anuais por autos de resistência policial (90% jovens pobres e negros) esteja “pacificado”. Tô ficando chato porque não consigo me conformar com esta Copa do Mundo fajuta, esta Olimpíada que, por enquanto, só trouxe especulação imobiliária; com a hipocrisia que é tratado quem tenta ver o problema das drogas ilícitas pela ótica da saúde e redução de danos (enquanto isto, as multinacionais que fabricam a vodca Absolut e a Big Apple estão lucrando bilhões com a mesada dos adolescentes). Tô ficando chato, pois não concordo com a lógica meritocrática e empresarial que os governos de direita tentam enfiar guela abaixo dos alunos das escolas públicas. Tô ficando chato porque não vejo mais nos jovens a vontade crítica de mudar isto tudo que está aí.

O que ainda me anima é que os chatos sempre tiveram lugar de destaque na história. Para o bem e para o mal. Um chato do bem que eu gosto muito é o saudoso professor Darcy Ribeiro, que definiu muito bem a sua “chatice” já no final da sua impávida vida: “... Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando, como um cruzado, pelas causas que comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária... Na verdade somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que nos venceram nessas batalhas”. Feliz 2012 Valença, na medida do possível!

17 comentários:

Anônimo disse...

Samir Resende, como você escreve bem! E sabe do riscado. Deveria se dedicar mais a isso: a escrita. Importante forma de luta. Sua escrita é clara, firme, posicionada, mas talvez o que mais seduza seus leitores e , aqui, advogo em causa própria e a franqueza do verbo,evidenciada na emoção e na generosidade de alguém que acredita no que escreve, nas escolhas é visível seu compromisso com a sociedade. Acho que você inda pode mais. Muita mais. Sua admirada(o). Quanto ao fato de ser chato, o que seria do mundo sem eles?!!! Uma mesmice só. Parabéns e não desanime da luta.

Anônimo disse...

Tá ficando chato, Samir??Vc é a maior galocha que conheço....haja red bull, cachaça e vodka pra te aguentar!

Anônimo disse...

Realmente não dá para viver de televisão. O mundo é ao vivo e a cores. Sinto muito mas tem de levantar a bunda da cadeira, viajar por aí e ver com os próprios olhos. E tenha certeza que por aí (no mundo, inclusive no Brasil)tem coisa ruim, mas também tem muita coisa boa, como por exemplo a indústria do turismo no Nordeste, a primorosa cidadania do Sul do país, a agricultura e pecuária de Goiás, Mato Grosso, Uberaba e Uberlândia. O termo "pacificado" é mesmo ridículo, mas a ocupação quase que total da rede hoteleira no Rio de Janeiro no fim de ano é verídica e de ridícula nada tem, e muita gente honesta e trabalhadora ganhou com isso, alguns deles pais responsáveis e cientes de seu dever, famílias estruturadas que cuidam das "mesadas" e controlam o consumo das vodkas e coisa e tal, pois na minha opinião, filhos são responsabilidade dos pais e não do Estado. O artigo é bom, bem escrito. Deixo aqui apenas a minha opinião a respeito de alguns temas abordados.

Anônimo disse...

Concordo. Não dá pra ser feliz em um país onde político é sinônimo de corrupto. Pior... Em uma microcidade do interior onde todos sabem os nomes dos bois e só os apoiam. Feliz 2012... Grande coisa.

Ana Melo disse...

Anonimo, vai uma dica: ler Meszáros em “A crise estrutural do capital” vai lhe permitir não ser tão genérico em temas tão importantes e multifacetados; bem como, lhe dará mais possibilidade de leitura quanto ao texto do autor Samir Resende. E você nem vai precisar sair do seu cômodo sofá.

Anônimo disse...

Pra ser mosca em sopa de vicente dá um bocado de trabalho. Uma coisa entendi: ou se enquadra às marcutaias ou tá fora. Ser mosca na sopa dess gente só mesmo bebendo o caldo.

Anônimo disse...

Aí, vou falar a verdade....NÃO TÔ NEM AÍ PARA VOCÊS! Sou primo e apaziguado do FFF e nós estamos enchendo nossos bolsos de $$$...vcs tem que entender que tem hora para todos......agora, infelizmente, para vcs, é a nossa....depois vão vir outros.....Vcs tem que respeitar a ordem e o merecimento!

Anônimo disse...

Apaziguado ou apaniguado (favorito, predileto, protegido, favorecido etc)? Marilda Vivas.

Maria Thereza disse...

Caro Samir Resende, gostei muitíssimo do texto. Escrever sobre questões que estão na ordem do dia, minimamente contribuirá para que pessoas que nem sequer estavam despertas para o assunto, comecem a despertar, e isso, já é um sinal muito positivo! Para aqueles que têm uma atuação militante; é momento de refletir e analisar se de fato está avançando em seus discursos.
No entanto, Prof. Samir, apesar de, como você, entender que a forma com que o Estado trata o tema é hipócrita, tratando o tema como uma “guerra às drogas”, devo dizer que discordo da forma com que você abordou o tema e sua relação com saúde. Claro que é um assunto que diz respeito à saúde! Estamos falando do uso de drogas que fatalmente leva dependência química e, que, na maioria das vezes, infelizmente, traz danos a vida de quem é usuário. E o Estado tem que estar preparado para acolher estes dependentes à medida que esses percebem doentes, e que precisam, e desejam ajuda. Outra coisa seria a ótica da saúde pública cujo tema só permitirá tal abordagem a partir do momento que seu uso afetar o coletivo, ou seja, a sociedade sofrer prejuízos em função dos seus usuário. Cabe ao Estado intervir. Obviamente uma questão tão complexa e subjetiva onde muitos fatores estão envolvidos, inclusive , no que tange aos Direitos Humanos ; é o elementar direito que o individuo tem sobre sua vida e suas escolhas. Só aí vão minhas ponderações quando você relaciona saúde com o uso de droga.
No mais, minhas sinceras considerações. Deixo Maria Lúcia Karam, um dos nossos melhores nomes sobre o tema:

“Somente a legalização da produção, do comércio e do consumo de todas as drogas porá fim à enorme parcela de violência provocada pela proibição. Somente a legalização da produção, do comércio e do consumo de todas as drogas permitirá a efetiva regulação e o controle do mercado, de forma a verdadeiramente proteger a saúde. Somente a legalização da produção, do comércio e do consumo de todas as drogas permitirá a economia dos recursos atualmente desperdiçados na danosa “guerra às drogas” e o aumento da arrecadação de tributos, assim permitindo a utilização desses novos recursos em investimentos socialmente proveitosos.” (trecho de sua entrevista ao DAR- Desentorpecendo a Razão)

Anônimo disse...

Voces já parrarram pra pensar o que é estarrrr ao lado da Clarrrineta Pentelhada?

Anônimo disse...

A galera do VQ está de férias???? Há mais de uma semana sem novos posts....Vamo lá, moçada...... cheio de notícias interessantes aí do interesse de Valença!

Cicero Tauil disse...

Samir, meu garoto, pinturas rupestres te cai melhor do que no vernáculo pátrio!
Você é um fanfarrão!
Conversaremos mais, porém, com a mão gelada e a palavra molhada!

CADU DE SOUZA disse...

BOM DIA!!! ACORDEI FAZENDO-ME A SEGUINTE PERGUNTA: O PRÉDIO DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA ESTA PRESTES A SER VENDIDO, ALIÁS PARA QUEM NÃO SABE O PRÉDIO NÃO É DA FACULDADE.
SE FOR VENDIDO O QUE VAI ACONTECER? A FACULDADE DE ODONTOLOGIA VAI FECHAR AS PORTAS?
QUEM SOUBER ME RESPONDA. MAS SERIA UMA BOMBA ATÔMICA NA ECONOMIA VALENCIANA. MAS UMA TRAGÉDIA !!!! O FIM DO MUNDO É VALENÇA!!

Anônimo disse...

Não e surpresa. O Padre Medoro inventou o Movimento Por Amor À Valença com a Clr em riste para trazer o irmão justamente pra isso. Vender tudo que pode, destruir tudo o que pode Isso já foi pensado desde 2005. E vocês do PT deram um presentão para ele: FELIPE FULGÊNCIO FARIAS tudo O QUE O PADRECO MANDAR.

Anônimo disse...

http://valenca.rj.gov.br/wp-content/uploads/2012/01/d57c31ed69f146952aaa4c0665a5ccfa.pdf

NESTE LINK TEM OS APROVADOS DO CONSELHO TUTELAR!! ELEIÇÃO É DIA 25 DE MARÇO. MAIORES DE 16 ANOS COM TITULO DE ELEITOR PODE VOTAR.

Ana Coêlho disse...

Caro Cadu, se a faculdde de odontologia fechar é porque de fato, economicamente, anda mal das pernas.
Será que seria tão ruim assim? Tenho lá as minhas dúvidas. Quando cheguei à Valença, a FOV, era a melhor faculdade privada do Estado. O Vestibular era sério, promovido pelo Cesgranrio. Hoje, é feito aqui, o nível intectual dos alunos é baixíssimo( são afirmativas de professores),"muita minhoca"(com isso quero dizer que em termos econômicos não é tão mais atrativa quanto antes. Ao passo que, em 1995, alunos de várias partes do Brasil compunha o corpo discente da faculdade.
Agora, não me leve a mal, a partir do comentário que farei. Encare como uma autocritica. Ou seja, de fundo pessoal e não coletivo.
Então: Poxa vida, isso teria que ter acontecido 17 anos trás!!! Teria me poupado de muitas coisas e pessoas.

Romerito disse...

Vai ser vendida para pagar as indenizações trabalhistas! Agradeço a má administração da Fundação Antolhos das Antas pelo dim dim doado gentilmente pela incompetência de sua gercia!
"Jo quiero meu dinero"!!