A decepção(?) da Câmara

É difícli falar em decepção na Câmara de Valença, porque os nobres vereadores eleitos não despertavam muita esperança no eleitorado. Pelo menos eu acredito que não. Mas um deles, o primeiro vereador eleito pelo PT (com todas as contradições possíveis e impossíveis) talvez fosse a candidatura eleita que traria alguma esperança de mudança. Longe disso, a sua legislatura é das mais criticáveis (para o mal).

Li dois comentários da Marilda Vivas aqui no blog e me senti representado por eles. Muito em relação ao vereador Felipe Farias, do PT local, que vem decepcionando (embora essa seja uma palavra que signifique pouco) a população valenciana. Talvez decepcionando quem não o conhecia de fato – como eu – e que esperava muito mais (ou muito menos) dele.

Marilda fala da decepção e de algumas posturas que demonstram a atuação do vereador. Me senti representado porque ele já processou dois integrantes do blog porque o consideraram “covarde” (saiba mais sobre isso AQUI), e porque o vereador foi bastante dissimulado na ocasião. Lembro que ao publicar o texto no blog, eu pessoalmente enviei email para ele abrindo espaço para que pudesse replicar, ele responde o email de forma evasiva, mas durante o processo que instaurou contra a gente, ele disse que tentou falar com a gente e que nunca demos oportunidade. Não é preciso dizer do que isso se trata. Abaixo as considerações da Marilda, a primeira sobre a atuação mais geral do vereador, e uma segunda sobre a atuação do mesmo em relação à educação em nosso município. Além das críticas ao vereador, ela também traça um interessante registro histórico da educação em nossa cidade/estado. Aqui eu reitero a posição da nossa amiga/leitora:

Não creio que o Vereador Felipe Farias tenha levado grana para se portar como se portou. Vaidoso como é ... na fala, nos gestos... precisa de constante autoafirmação para manter um equilíbrio aparente. Enfim. Convivi com ele no início de seu mandato, cheguei mesmo a lhe ser útil nos embates que manteve com o partido. Muito poderia dizer. Mas aqui não é muro de lamentações. Mas como político, é um fracasso em termos de interesse público. Ele é o que diz ser: corporativista - não tem espírito coletivo arraigado em sua formação. Para mim merece zero sua atuação parlamentar. Começou lá atrás aprovando a doção de terras do Pólo Agrícola para possíveis holdings passando por outros crimes lesa juramento como foi o caso em que da tribuna vetou o requerimento do Vereador Zan que solicitou do Executivo saber para onde foi enviado o material oriundo do Parque de Exposição e da Chaminé da Keramic. Nunca vou me esquecer do desprezo no olhar e do riso debochado dizendo ao Zan que ele fosse recorrer ao Ministério Público caso quisesse obter as informações desejadas. Dai para frente não parou mais. As artimanhas para provar a LEI DO BRAT/Guardas Municipais utilizadas por ele foram consideradas por mim VERGONHOSAS. Tendo a formação profissional que tem, piorou tudo. Ali ele coroou sua vaidade pessoal e traiu a confiança ao governo municipal quando não orientou ao prefeito - que supostamente teria solicitado a ele resolver esse problema - os caminhos que esse de fato deveria seguir. De todos e de longe, o parlamentar mais vergonhoso que podíamos ter, visto as esperanças nele depositadas. O estrago por ele promovido no Legislativo Valenciano faz com que eu queira pular esta página da História.

Num comentário seguinte, Marilda prossegue suas impressões:

Da EDUCAÇÃO e dos EDUCADORES: Nas últimas 3/4 décadas a reestruturação produtiva impôs uma mudança de rota no Sistema Capitalista. As ESCOLAS, dentro desse novo contexto, vêm passando por modificações que, por seu lado, passam a exigir dos professores novas posturas/ mudanças de seus papéis sociais como educadores. O sociometabolismo do capital pressiona os educadores, deles exigindo que se adequem a um novo padrão pedagógico que esteja em conformidade com o mercado. Exigem, sem dó e nem piedade, que os educadores ressignifiquem seu agir. Contudo, os governos (municipais e estaduais) não investem em qualificação e formação, o que gera nos profissionais de educação a angústia de terem que, por conta própria e com seus poucos/parcos recursos, construir um novo perfil docente que possibilite um trabalho satisfatório e digno a ele e a seus alunos. Quando a Câmara Municipal de Valença, via Vereador Felipe Farias ataca debochadamente essa categoria de profissionais, está apenas (para ser cínica do lado de cá) ignorando um importante foco: o da construção da subjetividade do professor que, pressionado pelas profundas e violentas transformações do mundo globalizado moderno/contemporâneo, se vê obrigado a repensar/construir novas formas de interpretação do seu fazer profissional. Interpretações essas de todas as ordens possíveis: estéticas, morais, intelectuais, culturais, etc. Possivelmente sem ter uma leitura adequada do mundo, muitos vereadores que ali estão capitaneados pelo Vereador debochador, a quem possivelmente se tem em ordem de bom e culto moço, não percebem que as rupturas provocadas pela difusão do ideário/ideologia liberal atingiram intensamente os aspectos da vida social - o modo de pensar, agir, e de sentir; os sistemas de poder, os hábitos de consumo, as atitudes culturais... enfim, tudo! O grande crime cometido pela Câmara e particularmente pelo vereador petista é não ter/não saber que a abertura política promovida pelos militares foi feita de forma a impedir que a oposição chegasse ao poder. E que se ela chegou foi à custa de muitas dores. Dores que precisam ser honradas ainda que o PT hoje esteja no Poder Central e faça alianças com cobras e lagartos - a fidelidade deve estar ao lado daqueles que tombaram. Não cabe tripudiar da História. Tem que ler mais. Estudar para aprender que na lógica empresarial imposta aos valencianos pelo atual prefeito, é exigido dos professores que se garanta a melhoria da qualidade do "produto". Ou seja, que se garanta a aprovação dos alunos de modo a melhorar os índices estatísticos do município e, consequentemente, do Estado. Vocês também estão inseridos na "farra" capitalista. Estão contribuindo para que a ESCOLA se torne uma EMPRESA - a qual deve se tornar eficiente e deixar os consumidores (alunos e responsáveis) satisfeitos de modo a minorar a tensão social. Iludidos pelo "canto da sereia" liberal, vocês estão produzindo no seio da sociedade valenciana buracos a serem preenchidos por tudo quanto há de pior no seu submundo. Na ótica do Estado a melhoria da qualidade de ensino deve ser lida como "política de resultados (aprovações)" e "indicadores educacionais satisfatórios". Frente a tudo isso os professores são exigidos, cobrados e responsabilizados. E vocês vereadores valencianos do G7 ajudam a calcar mais fundo. E porque não leem, não se instruem nem mesmo o suficiente para legislar dentro da constitucionalidade, vão se juntar à malta que culpabilizam os professores/docentes/mestres pelos baixos resultados que veem sendo obtidos, sem mergulharem fundo no porquê dos resultados e o que fazer com eles. Mesmo que se sintam perdidos, os professores podem auxiliá-los, vereadores, a identificar o novo papel da escola e os estragos que isso vem provocando em suas saúdes discorrendo, quem sabe, sobre a Síndrome de Bournout a qual estão cada vez mais sujeitos - agora com a ajuda de Vossas Nobres Pessoas.

PS: ao vereador Felipe Farias, adianto publicamente que o espaço do blog está aberto para suas possíveis considerações sobre esta postagem.

Vitor Castro