POR Juliana Guida Maia
Foi numa manhã inevitável
E o efeito devastador do fogo
Tocou-me pela primeira vez.
Muitos choravam bares e jogos
Outros choravam dinheiro
Enquanto eu chorava arte.
Minhas lágrimas, nossas lágrimas
Não apagaram o fogo.
Eu tinha um ar tão menina
E o efeito sufocante do fogo
Envelheceu minha respiração.
Versos nunca mais foram gritados
A música nunca mais tocou alta
E nas pinturas nunca mais cores vibrantes.
Minha juventude, nossa juventude
Não apagaram o fogo.
Era só um dia de trabalho
E o efeito inebriante do fogo
Atrasou-me por tempo demais.
No seio da princesa
Tanta Memória incendiava grandiosa
Num último espetáculo.
A minha história, a nossa História
Não apagaram o fogo.
Tanta arte pulsava em mim
E o efeito destrutivo do fogo
Matou o acervo do meu olhar.
Dizem que algo nasce do fogo...
Naquela esquina nunca mais
ninguém nasceu.
Artistas sem-teto,
Esse poema, nossa poesia
Não reergueram as ruínas que
sobraram do fogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário