Quem é aliado de quem mesmo?
O jogo político valenciano continua gravitando em torno de lideranças individuais e de famílias tradicionais. Mas Valença precisa de algo mais sólido do que simpatias e antipatias pessoais ou familiares de ocasião ou conveniências meramente eleitorais
Por Paulo Roberto Figueira Leal
Ilustrações: João Paulo Maia
Definidas as seis candidaturas na disputa pela prefeitura de Valença, algumas constatações saltam aos olhos: a mais óbvia é a tibieza dos partidos. Há coligações que reúnem partidos que há décadas são adversários históricos no cenário nacional, amalgamando siglas que vão da esquerda à direita (por exemplo, o PT aliado ao DEM; o PP aliado ao PSB). Há também a clara e inequívoca reafirmação de que o jogo político valenciano continua em grande parte gravitando em torno de lideranças individuais e de famílias tradicionais.
A maior parte dos diretórios municipais dos partidos constitui mero aglomerado de cabos eleitorais e/ou candidatos a vereador agregados a esses projetos de poder organizados em torno de indivíduos ou famílias. E é sintomático que, no curto espaço de quatro anos (numa eleição realizada, em 2008, nas duas eleições marcadas e desmarcadas em sequência, e na que virá em 2012), adversários viraram aliados, voltaram a ser adversários, transformaram-se em aliados novamente – ou o contrário...
Exemplos não faltam: em 2008, Vicente Guedes foi eleito com apoios da família Graça e da família Graciosa; Luiz Antonio, que tinha um vice do PT, renunciou para apoiar Álvaro Cabral – nesse processo, naquela reta final da campanha, parte do PT, que até então criticava violentamente Vicente, veio a pedir votos para ele. Durante o governo, Vicente reaproximou-se da família Corrêa, afastou-se dos Graça e dos Graciosa.
Com a saída temporária do prefeito, na última das duas eleições não realizadas, em 2011, Luiz Antônio/André Corrêa rejeitaram apoiar Álvaro (candidatura pela qual Luiz Antônio abandonara a disputa, em 2008, para derrotar Vicente), lançando Paulinho da Farmácia. Já o PT, que em 2008 indicara o vice de Luiz Antonio (e, diante da desistência dele em favor de Álvaro, aproximou-se de Vicente no final da campanha), em 2011 seguiu Álvaro, assim como parte do grupo mais ligado à família Graciosa.
Na campanha que se avizinha, o grupo de Luiz Antônio/André flertou com Fernandinho Graça (aliança que seria curiosa se avaliada em perspectiva histórica, à medida que nos últimos 40 anos a oposição Fernando Graça/Luiz Antônio foi a base de vertebração da política valenciana), chegou a cogitar apoio a Álvaro ou Rômulo, e enfim decidiu-se pela candidatura própria de Saulo Corrêa, com apoio do governo estadual.
Álvaro vem apoiado por aliados tradicionais, mas também pelos Graciosa e pelo PT. Fernandinho Graça caminha com menos partidos – mas é digna de nota a surpresa produzida pela indicação de Regina Magalhães como vice. Lideranças partidárias como Felipe Camelo (cujo PR lançou agora Fábio Ramos como candidato próprio) e Rômulo Milagres (indicado pelo PSDB) já foram, em pleitos anteriores, aliados e adversários de alguns desses campos organizados em torno, por exemplo, dos Graça, dos Graciosa, dos Corrêa ou de Álvaro.
Ufa! Em resumo, em curto período, quase todo mundo esteve próximo e distante de quase todo mundo. Definitivamente, os últimos anos da política valenciana demonstraram que, além de fortemente desideologizadas e altamente personalizadas, as alianças foram quase sempre construídas ou sepultadas em função de cálculos eleitorais ou problemas pessoais/familiares de curto prazo, muito mais do que em função de um eixo programático comum a ser ofertado à sociedade.
Quais foram os programas de governo que orientaram aproximações/afastamentos? Que ideias minimamente organizadas justificaram as composições e, mais especificamente, as bruscas mudanças de posição nesse curtíssimo período de tempo? E mais importante: que programas (partidários, ideológicos, de políticas públicas) serão ofertados em 2012?
Exceção a esse quadro é a candidatura de Chico Lima (PSOL), com apoio do PCB. De um partido muito pequeno e sem estrutura, apresenta um discurso claramente ideológico e, mesmo diante de todas as limitações, talvez seja a garantia de que algumas questões politicamente relevantes serão discutidas num viés que não seja somente pragmático.
Mas é pouco. As lideranças que disputarão o próximo pleito estão obrigadas a oferecer mais do que histórias de ódio eterno que se traduzem, de tempos em tempos, em declaradas paixões profundas (e vice-versa). Valença precisa, como cimento para uma proposta política capaz de levar o município adiante, de algo mais sólido do que simpatias e antipatias pessoais/familiares de ocasião ou conveniências meramente eleitorais.
Paulo Roberto é professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), autor de diversos livros, entre eles “O PT e o dilema da representação política” e “Mídia e identificação política”
9 comentários:
Gostei muito do texto do Prof. Paulo Roberto, porém, no papel é muito bonito falar de ideologia, a prática é outra. Tanto que o ilustre Prof. Paulo foi militante do PT, e hoje não participa mais.
Qual será o motivo?
Garanto que ficou decepcionado ou discorda de idéias de representantes do PT.
ESSE PT É UMA ZONA! NA MÃO DO MUNIRZINHO AQUILO VIROU UM IMPÉRIO DO GAROTO PERDEDOR. NÃO SAI CANDIDATO E FICA MANTENDO O PARTIDO SOB SUAS ASAS, COMO SE FOSSE, SÓ DELE.
Saulo é Lindo! Rômulo Bobão! Fábio Ramos é bobinho / virou bucha de canhão. Fernandinho é uma Graça. Barriga é o que ele tem. Pensa muito e quando faz - sai debaixo: ele é um palhaço que patina nos 5 mil do saibro.
Dr Alvaro é fanfarrão / pousa de bom moço mas não sei não / tem uma fia que é um horror, se ele ganha vai ser o pavor. O genro que nunca trabalhou / aguarda ansioso por uma bocada / se o mestre sai atrás / cisma de propor porrada.
Na verdade tá dificil / de pensar quem é o pior / Por isso o Chico reina solto / Mas não leva. Teomalacheia já disparou. 500mil, é o que dizem que o homem da mala tem. O negócio é anular e esperar outras eleições por homens de bem. Tipo Chico. Igual não tem.
Teodorico mala cheia? Taí. Gostei. A Garça de São Francisco fica onde? O trato desandou? A mala tá tão pesada que ele anda dando soco nas paredes da rua. Tá desesperado de não levar bocada. Desde que foi fiscal, fez de tudo na vida, mas sempre levando por fora, ou em busca de guarida. Pobre home? Não, pobre de nós!
É óbvio que a pessoa mais íntegra e capaz nesse quadro é o Chico Lima. Todos são péssimos administradores e não apresentam esperanças para as coisas melhorarem.
Ele tem meu voto, mas infelizmente não vai levar pq não compra voto como os demais candidatos.
Mas um dia ele chega lá.
Crise das Instituições, por Eduardo Ferrão
“Oh ! Pacato cidadão !
Eu te chamei a atenção
Não foi à toa, não
C’est fini na utopia
Mas a guerra todo dia
Dia a dia, não…”(SKANK)
Fala-se muito em crise das instituições .
Na verdade, a crise é tópica e conceitual, na seara dos serviços públicos.
Todas as concepções político-ideológicas de estado , sejam liberais, conservadoras, totalitárias ou até mesmo fundamentalistas, convergem no sentido da busca do bem-estar coletivo, com maior ou menor expressão dos chamados direitos fundamentais.
Como estado é uma noção política, fruto de abstrações jurídico-filosóficas , sua atuação é dimensionada pelo desempenho dos respectivos agentes. Não importa a natureza do cargo ou função, nem a forma de investidura. Seja mandato eletivo, seja cargo, haja ou não vitaliciedade.
Todos, absolutamente todos, existem para servir ao cidadão, que, aliás, os legitima na origem.
E é exatamente na falta de conscientização do principio ético-político que viceja a apontada crise.
Há uma brutal inversão axiológica de instrumentos e mecanismos estatais, por parte de seus operadores.
É o burocrata maltratando o usuário dos serviços públicos, expondo-o a constrangimentos e humilhações no atendimento. Carimbos, senhas, filas, repartições, setores, departamentos, diretores, supervisores, chefes, subchefes, vice-chefes, crachás , ordens de serviço, despachos e outros signos infernais, tudo em ambiente manifestamente hostil ao cidadão maltratado.
Age o barnabé como se prestasse um favor, quando, na verdade, cumpre um dever.
É o profissional da saúde pública tratando os pacientes como animais ou, na melhor das hipóteses, como um número a ser adicionado em sua planilha de desempenho . Sem a menor preocupação com a eficácia do tratamento , quando prescrito. Tudo sob o pretexto da baixa remuneração e das más condições de trabalho.
É o policial, arbitrário e truculento, fazendo de delegacias, postos ou viaturas verdadeiros circos de horrores para os cidadãos que demandam por segurança .
É o magistrado, que vê no ato jurisdicional e nas liturgias pertinentes fatores de demonstração de poder e de afirmação social.
Atender pessoalmente ao jurisdicionado – seu verdadeiro patrão, na concepção democrática de Estado - com educação e presteza, somente quando o humor o permitir e nos raros espaços de uma agenda congestionada por “outros compromissos” e por viagens acadêmico-recreativas .
É o parlamentar fazendo do mandato uma alavanca de satisfação de interesses pessoais ou de mera afirmação político-eleitoral perante feudos , setores econômicos ou corporações.
É o ministro de estado, cercado de uma corja de companheiros ou correligionários , direcionando as verbas mais expressivas para seu reduto eleitoral, embora outras regiões do país estejam a demandar mais urgência em seus pleitos naquele ministério.
São apenas alguns exemplos da derrocada moral de nosso serviço público. Há exceções, é verdade. Raras, mas há. E, como toda exceção, permanece sufocada pela generalidade da regra.
Lamentavelmente, numa dramática deturpação institucional, os agentes públicos querem mesmo é ser autoridade. De preferência com veículo oficial, estacionamento e elevador privativos; assessores, diversos, para lhes servir de anteparo ao público ou para lhes compensar deficiências, inapetências e inoperâncias. Mais um auxílio-moradia perfeitamente cumulável com o “auxílio-habitação”, mais quintos, sextos, sétimos e oitavos, neste “teto” repleto de chaminés. Sem falar no indefectível passaporte diplomático, que lhes permite fugir de filas e constrangimentos a que são submetidos os viajantes humanos e mortais.
Ou se esboça uma reação forte e imediata – tipo “pé na porta” e um grito de “basta !” – a isso tudo, ou se assiste passivamente a agonia de uma república de “pacatos cidadãos”. A quem, ainda não se sabe, se chamar a atenção foi à toa, ou não.
É muito estranho, QUE EM TEMPOS TÃO MODERNOS e QUE O MEIO DE COMUNICAÇÃO É TÃO EFICAZ (mídia impressa, televisiva e on-line),o quadro político valenciano ainda permite estas canditaduras....o mais estranho ainda é entender como são ocultados e/ou omitidos pelos meios de comunicação em geral e pela população o que cada candidato é na sua essência como SER HUMANO, COMO FAMÍLIA e O QUE CADA UM REALMENTE PRETENDE FAZER DE CONCRETO PELO MUNICIPIO, ou seja, pelos eleitores Valencianos. Candidatos com problemas sério de uso de DROGAS, AGRESSÕES FÍSICAS (principalmente em mulheres), CORRUPTIVOS, etc...ainda conseguem tal destaque em partidos políticos que se dizem da democracia. Este é cenário Valenciano na política 2012!!!
Caro Professor, suas palavras traduzem o que o valenciano que teve que sair da cidade para tntar a vida longe da familia e dos amigos sente. Em Valença reina sim, a vontade de famílias tradicionais e o povo ainda reluta em ver que não é o PT ou o PSDB que ganha a eleição, é a familia fulana ou beltrana. Nas eleições de 2012 mais uma vez acontece a briga das familias, só que com um problema para eles. Houve um imprevisto e o candidato que seria só pra cumprir tabela, não aceitou fazer acerto político com ninguém e está incomodando. Tanto que já ofereceram a "mala" e o camelo bancou o burro. O imprevito atende pelo nome de Fábio Ramos, Fabinho para os mais próximos. Filho de um trabalhador com uma dona de casa, estudante de escola pública, e como não podia ser diferente trabalhador, não um "político" de carreira que pode ficar na Rua dos Mineiros pedindo voto e vendendo ilusões aos mais necessitados, enquanto os impostos são desviados para manter suas mordomias. acredito muito nesse "imprevisto", suas idéias são simples, e baseadas em coisas que aprendemos nas aulas de moral e civica da escola em que estudamos ou ainda em alguns mandamentos divinos que políticos normalmente não praticam.
procure saber quem é le e de suas ideias quem sabe o senhor não mude de ideia e veja nesse garoto um futuro para a cidade, o que ele pode fazer ainda não sabemos enquanto dos outros os resultados falam por si.
O POVO DE VALENÇA NÃO É OTÁRIO!!!
Candidatos gastam em campanha para prefeito mais do que ganha um prefeito em 4 anos de governo.
A julgar pela fortuna gasta até agora com as eleições municipais de Valença-RJ nestes últimos meses, os candidatos à prefeito Dr. Álvaro Cabral do PRB, Saulo Correa do PSD e Fernandinho Graça do PP, deverão terminar a campanha no ‘vermelho’.
É isso mesmo caros eleitores e por isso lhes pergunto:
Quais serão suas verdadeiras intenções com tanto dinheiro gasto?
Será que eles estão dispostos a recuperar todo este dinheiro a qualquer custo?
Se observarmos toda esta gastança veremos que já tem gente enriquecendo com isso às custas da quantidade e variedade de material gráfico e de publicidade espalhadas pela cidade (inclusive em altos de morros e no meio de pastos), a quantidade de carros tocando suas músicas o dia inteiro (fora o gasto com o combustível), e a legião de pessoas recrutadas para ajudar a elegê-los... com o sempre só quem perde é o povo mesmo.
Fiquemos espertos povo de Valença, pois esta claro que os candidatos Dr. Álvaro Cabral, Saulo Correa e Fernandinho Graça vem gastando verdadeiras fortunas nestas eleições na tentativa de se elegerem. Como não somos otários e já vimos diversos casos no passado em que politicos gastavam assim "por conta" durante a campanha, sabemos que depois de eleitos eles só pensam em fazer de tudo para "recuperar" a diferença custe o que custar, seja em propinas, em corrupção ou até mesmo roubando?
ATENÇÃO
IMPRIMA UM DESTES ADESIVOS E COLE EM SEU CARRO OU ESTAMPE EM UMA CAMISA, VAMOS FAZER DESTA VEZ COM QUE VALENÇA SE TORNE UMA CIDADE MELHOR PARA TODOS NÓS, O DINHEIRO DELES NÃO PODE COMPRAR O NOSSO CARATER.
NA MILIARTES (NILO PEÇANHA) SE VOCÊ LEVAR UMA CAMISA A ESTAMPA NÃO CHEGA A R$5,00 E O ADESIVO UNS R$3.00
OBS. ENCONTRE E BAIXE OS ADESIVOS NO GOOGLE PESQUISANDO PELOS NOMES DESTES CANDIDATOS.
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