A maneira como Estado exerce suas políticas de segurança pública corroboram a triste situação de uma "cidade partida". E isso não acontece só no Rio não! Varginha, Manoel Congo e manifestação na estrada em Barra do Piraí mostraram isso em nossa região.
Segue abaixo um texto retirado do saite do Observatório de Favelas (www.observatoriodefavelas.org.br) sobre o pronunciamento do nosso secretário de segurança pública.
Saudações alvinegras e contra a política de confrontos e criminalização da pobreza e espaços populares, Estrela Solitária.
A hierarquia da vida no Rio
A declaração do secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame, sobre a preocupação da polícia com a migração de traficantes para as favelas da Zona Sul, revela uma hierarquização do valor da vida, segundo Raquel Willadino, coordenadora do Núcleo de Violência e Direitos Humanos do Observatório de Favelas.
“Esta frase indica o atual processo de hierarquização do valor da cidadania e da vida em função da origem social, raça, classe econômica e local de moradia”, afirmou Raquel ao comentar a entrevista do secretário.

Na entrevista, que foi ao ar pela manhã na rádio CBN e na segunda edição do jornal RJTV, nesta terça (23), José Mariano afirma que a migração para a Zona Sul é uma das estratégias dos traficantes para escapar das recentes operações da polícia nas favelas situadas na periferia da cidade. Esta situação preocupa a secretaria de segurança, uma vez que, segundo Beltrame, é mais difícil que as ações da polícia se realizem em favelas da Zona Sul.
“Buscá-los [os traficantes] na Zona Sul, no Dona Marta, no Pavão-Pavãozinho, eu [polícia] estou muito próximo da população. É difícil a polícia ali entrar. Porque um tiro em Copacabana é uma coisa, um tiro na Coréia, no Alemão, é outra. E aí?”, afirmou o secretário.
A presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Margarida Presburger, também criticou a posição do governo, em nota divulgada hoje (23) para a imprensa: “O secretário assumiu publicamente que, para o governo, o morador de classe média da Zona Sul recebe tratamento diferente e tem direitos de cidadania que o trabalhador que mora na favela não tem, quando é obrigado a ficar no fogo cruzado dos policias com os traficantes, tem sua casa invadida por uns e por outros e não tem onde se abrigar”.
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