Greves e outras atividades em que as massas trabalhadoras jogavam papel decisivo eram vistas como uma ameaça contra seus privilégios e, por isso, eram contrariadas
Rosa Luxemburg
Com a crise econômica que assola todo o planeta, já podemos dizer que aqui no Brasil estamos num período de recessão. As demissões anunciadas no setor metalúrgico (como na CSN, em Volta Redonda, que ameaça demitir 1.800 operários), é um problema de Valença ou não? Quantos são os valencianos que trabalham na CSN? Quantos serão demitidos? E em outras firmas empreiteiras ou terceirizadas que prestam serviço à CSN? Pode-se concluir que toda a região Sul Fluminense, Médio Paraíba, Costa Verde e Região Serrana serão afetadas com as demissões, num efeito dominó em todos os setores pelo desemprego.
Em alguns lugares como São José dos Campos, o sindicato dos Metalúrgicos – ao contrário do sindicato de metalúrgicos de Volta Redonda –, não cedeu às pressões dos patrões com relação aos bancos de horas, não toparam pactos que prejudicassem o trabalhador e por isso, na época, ficou completamente isolado, inclusive dos movimentos sociais.
Hoje com a crise instaurada, aquilo que o presidente Lula tem chamado de diarréia, corresponde à demissão diária de 8.800 trabalhadores de postos de trabalho. Em São José dos Campos a decisão de três anos atrás, de não aceitar as imposições do capital, fez com que estes trabalhadores resistissem bravamente no caso da Embraer, até a justiça definir pelas demissões. Mas foi fundamental para elevar o brio do trabalhador e exatamente por isso, apesar das ameaças das montadoras, eles resistem bravamente em seus postos de trabalho. Qual a diferença de Volta Redonda para São José dos Campos? No segundo houve luta, resistência, intransigência do sindicato e dos trabalhadores. Em Volta Redonda houve fraqueza e desmobilização.
Aqui em Valença, no dia 24 de março, aconteceu mais uma assembléia dos profissionais da educação. Compareceram em torno de 300 professores e funcionários e numa assembléia eletrizante, com um alto sentimento de revolta, os profissionais votaram o início da greve a partir de quinta feira (26 de março), com uma próxima assembléia no dia 30/03 às 10h ao lado da Catedral.
O que pedem os educadores (as):
. Pagamento do mês de dezembro até o dia 31/03
. Pagamento de março até o quinto dia útil do mês de abril
. Regularização do vale-transporte
. Pagamento das gratificações de diretores de escolas
. Chamada dos concursados do último concurso.
Todas essas exigências são dívidas do executivo para com os servidores da educação e no caso de dezembro de todo o funcionalismo. É público e notório que em dezembro gasta-se mais e os trabalhadores contraem dívidas. Às vezes a médio e longo prazo, como prestações da Casas Bahia.
A pergunta que fica é por que o prefeito que saiu, não efetuou o pagamento do pessoal? Na minha opinião, a partir de um momento em que a mosca azul o picou e ele a qualquer preço quis se reeleger, tivemos como resultado o empreguismo, dívidas a fornecedores, gastos indevidos e até mesmo não gastar como foi o caso da educação que virou o ano com dinheiro em caixa.
Essas questões ficarão a cargo do Ministério Público, Tribunal de Contas (?), Tribunal Regional Eleitoral, etc. Ou seja, num regime democrático de estado de direito, o prefeito eleito em outubro foi Vicente Guedes. O fato do prefeito não ter feito tal dívida, não o exime das responsabilidades deixadas, inclusive as dívidas ao funcionalismo e aos fornecedores.
A situação objetiva é a seguinte: o pessoal da educação está sem dinheiro e vale-transporte para chegar ao local de trabalho, ou seja, nas escolas e creches. Estão endividados sem receber os salários de dezembro, quando contraditoriamente existe dinheiro dos recursos da educação como os 25% constitucionais, o Fundeb, salário educação, o Fundo de Participação dos Municípios, o IPTU e outras receitas, sejam impostos ou taxas.
Ora, se comprovadamente existem os recursos da educação, porque o prefeito Vicente Guedes não alivia a dor do pessoal que não sai em páginas de jornal? Por que não tomar uma atitude, ao invés de permitir que a coerção aconteça nas escolas para acabar com a greve? É melhor deixar o povo à míngua do que conceder.
Os profissionais da educação do município mostraram na assembléia a indignação e estão dispostos a assumir os riscos. O que seriam estes riscos? Aqueles como assédios morais, ameaças veladas de corte de ponto, estágio probatório, etc. Ainda assim, a maioria destas mulheres não se calaram e tomaram uma grave decisão. A greve!
O paradoxo é o conjunto dos servidores. Por que o pessoal da garagem, do lixo, dos departamentos, dos outros setores como saúde, não se manifestam, não reclamam não reivindicam, e se submetem a essa situação? Por que o sindicato dos servidores municipais não divulga uma simples nota? Por que têm diretores que ocupam cargo de confiança no executivo? Por que o silêncio e a inação? Por que esta direção deste sindicato só se preocupa com o dinheiro do imposto sindical?
O caso de Valença, a exemplo dos citados Volta Redonda e São José dos Campos, tem analogias. O SEPE sempre lutou todas as lutas nesta cidade, nunca desde sua fundação, há 31 anos, deixou de enfrentar qualquer governo. Não tem pelêgo. Não está a serviço do patrão! Por isso essa greve, além de legítima, é moralmente correta.
Por que ninguém fala do outro sindicato? Por que o mesmo não se mobiliza? Assim os servidores se sentem traídos justamente por quem deveria defendê-los? Nesse caso, este sindicato cumpre o mesmo papel do que o de Volta Redonda: não leva os trabalhadores à luta. Essa é uma diferença fundamental e objetiva. Em Valença está acontecendo na educação uma greve defensiva. A Prefeitura Municipal de Valença é quem deve aos trabalhadores.
Danilo Serafim coordenador do Sepe e da executiva nacional da Conlutas!
Em alguns lugares como São José dos Campos, o sindicato dos Metalúrgicos – ao contrário do sindicato de metalúrgicos de Volta Redonda –, não cedeu às pressões dos patrões com relação aos bancos de horas, não toparam pactos que prejudicassem o trabalhador e por isso, na época, ficou completamente isolado, inclusive dos movimentos sociais.
Hoje com a crise instaurada, aquilo que o presidente Lula tem chamado de diarréia, corresponde à demissão diária de 8.800 trabalhadores de postos de trabalho. Em São José dos Campos a decisão de três anos atrás, de não aceitar as imposições do capital, fez com que estes trabalhadores resistissem bravamente no caso da Embraer, até a justiça definir pelas demissões. Mas foi fundamental para elevar o brio do trabalhador e exatamente por isso, apesar das ameaças das montadoras, eles resistem bravamente em seus postos de trabalho. Qual a diferença de Volta Redonda para São José dos Campos? No segundo houve luta, resistência, intransigência do sindicato e dos trabalhadores. Em Volta Redonda houve fraqueza e desmobilização.
Aqui em Valença, no dia 24 de março, aconteceu mais uma assembléia dos profissionais da educação. Compareceram em torno de 300 professores e funcionários e numa assembléia eletrizante, com um alto sentimento de revolta, os profissionais votaram o início da greve a partir de quinta feira (26 de março), com uma próxima assembléia no dia 30/03 às 10h ao lado da Catedral.
O que pedem os educadores (as):
. Pagamento do mês de dezembro até o dia 31/03
. Pagamento de março até o quinto dia útil do mês de abril
. Regularização do vale-transporte
. Pagamento das gratificações de diretores de escolas
. Chamada dos concursados do último concurso.
Todas essas exigências são dívidas do executivo para com os servidores da educação e no caso de dezembro de todo o funcionalismo. É público e notório que em dezembro gasta-se mais e os trabalhadores contraem dívidas. Às vezes a médio e longo prazo, como prestações da Casas Bahia.
A pergunta que fica é por que o prefeito que saiu, não efetuou o pagamento do pessoal? Na minha opinião, a partir de um momento em que a mosca azul o picou e ele a qualquer preço quis se reeleger, tivemos como resultado o empreguismo, dívidas a fornecedores, gastos indevidos e até mesmo não gastar como foi o caso da educação que virou o ano com dinheiro em caixa.
Essas questões ficarão a cargo do Ministério Público, Tribunal de Contas (?), Tribunal Regional Eleitoral, etc. Ou seja, num regime democrático de estado de direito, o prefeito eleito em outubro foi Vicente Guedes. O fato do prefeito não ter feito tal dívida, não o exime das responsabilidades deixadas, inclusive as dívidas ao funcionalismo e aos fornecedores.
A situação objetiva é a seguinte: o pessoal da educação está sem dinheiro e vale-transporte para chegar ao local de trabalho, ou seja, nas escolas e creches. Estão endividados sem receber os salários de dezembro, quando contraditoriamente existe dinheiro dos recursos da educação como os 25% constitucionais, o Fundeb, salário educação, o Fundo de Participação dos Municípios, o IPTU e outras receitas, sejam impostos ou taxas.
Ora, se comprovadamente existem os recursos da educação, porque o prefeito Vicente Guedes não alivia a dor do pessoal que não sai em páginas de jornal? Por que não tomar uma atitude, ao invés de permitir que a coerção aconteça nas escolas para acabar com a greve? É melhor deixar o povo à míngua do que conceder.
Os profissionais da educação do município mostraram na assembléia a indignação e estão dispostos a assumir os riscos. O que seriam estes riscos? Aqueles como assédios morais, ameaças veladas de corte de ponto, estágio probatório, etc. Ainda assim, a maioria destas mulheres não se calaram e tomaram uma grave decisão. A greve!
O paradoxo é o conjunto dos servidores. Por que o pessoal da garagem, do lixo, dos departamentos, dos outros setores como saúde, não se manifestam, não reclamam não reivindicam, e se submetem a essa situação? Por que o sindicato dos servidores municipais não divulga uma simples nota? Por que têm diretores que ocupam cargo de confiança no executivo? Por que o silêncio e a inação? Por que esta direção deste sindicato só se preocupa com o dinheiro do imposto sindical?
O caso de Valença, a exemplo dos citados Volta Redonda e São José dos Campos, tem analogias. O SEPE sempre lutou todas as lutas nesta cidade, nunca desde sua fundação, há 31 anos, deixou de enfrentar qualquer governo. Não tem pelêgo. Não está a serviço do patrão! Por isso essa greve, além de legítima, é moralmente correta.
Por que ninguém fala do outro sindicato? Por que o mesmo não se mobiliza? Assim os servidores se sentem traídos justamente por quem deveria defendê-los? Nesse caso, este sindicato cumpre o mesmo papel do que o de Volta Redonda: não leva os trabalhadores à luta. Essa é uma diferença fundamental e objetiva. Em Valença está acontecendo na educação uma greve defensiva. A Prefeitura Municipal de Valença é quem deve aos trabalhadores.
Danilo Serafim coordenador do Sepe e da executiva nacional da Conlutas!
7 comentários:
Eles querem que os professores trabalhem tirando o dinheiro do próprio bolso no pagamento do transporte. Serão os professores reembolsados posteriormente com este dinheiro que gastaram? Dúvido. Como então não fazer esta paralização? Tem que paralizar, professor é um profissional que deve ter seus direitos assegurados.
A pergunta que eu me faço é: você não recebe o salário e ainda tem que pagar para ir trabalhar, e querem que esse trabalhador fique calado sem fazer nada?
Absurdo, essa palavra resume tudo.
Só para constar, O Vicente Guedes, ganhou o último processo no TRE-RJ (Mandado de Segurança) o qual teve julgamento hj (26/03/2009). agora só nos resta o TSE. Mas lembrem, tem que ter competência para fazer o "processo" chegar lá. Há requisitos próprios e legais (prequestionamentos), não sei se os mesmos serão ou foram preenchidos. Teremos que esperar.
Estamos em meio a uma crise. Uma crise em que realmente quem sempre se da mal é o funcionário. Mas eu como administrador vou mostrar a vcs outro ponto de vista. Imaginem vcs sendo dono de uma fabrica e esta esteje dando prejuizo...o q vc faz? corta gastos, faz economias. Se surtir efeitos blz. Senão corta mais gastos, e quais são os cortes que vc faz? Funcionários, para diminuir a produção em excesso, reaquecer a economia, aumentar o valor do produto, se sustentar para poder contratar de novo e fazer a maquina global continuar a girar. Isso é o básico disso. Nenhuma empresa vai trabalhar para ter prejuízo por causa de funcionário nenhum. Isso é loucura.
Com relação a greev dos professoes de Valença não tenho mais nada a acrescentar, pois ja fiz o mesmo nos outros posts.
vlw
Educação não é padaria.
infeliz o comentário do empresário, pois educação não é comércio. mas vamos a uma visão empresarial então. o empresáio bem sucedido deve saber maximizar seus investimentos e em paralelo levar em consideração que eu maior patrimônio são seus trabalhadores. hora, segundo parece existe uma mensagem na câmara, enviada pela atual administração, pedindo aprovação para um gasto no carnaval no valor de R$500.000,00. somados a este valor as doações do Ministério da Cultura e empresas como a Light, temos um carnaval de R$1.000.000,00. cade a crise então aqui? alguem viu este tal carnaval de um milhão? será que foi para o caixa dois? e os mais de seiscentos novos empregados da prefeitura ao custo aproximado R$400.000,00 mês? o empesário fala em cortar pessoal, então vai demitir professores? é este terror que ele quer aqui como foi na cidade vizinha. outro dia uma professora pediu para ser atendida pelo secretário, ao ter seu pedido negado reclamou, ao que saiu alguma ascecla e disse "eu conheço você, sei onde trabalha. CUIDADO hein..." deêm as mãos firmes a esses professores. abram os olhos com o forasteiro... fechou escolas lá e quer o mesmo aqui.
Belíssimo texto que temos que reproduzir na edição impressa que esta demorando demais a sair :((
ô empresário... paga mico nao
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