Em entrevista ao iG, presidente do órgão que aplicará avaliação a futuros professores acredita que ela vai mudar profissão
Retirado do site Ig educação
Autora: Priscilla Borges
Diante dos desafios de formar professores mais bem preparados, tornar a carreira mais atraente e valorizada, o Ministério da Educação decidiu criar uma avaliação que, mesmo antes de ser definida, tem gerado inúmeras polêmicas entre sindicatos e especialistas.
Proposta do próprio ministro Fernando Haddad, o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente nasce com a intenção de melhorar a seleção de futuros professores. A prova, que funciona como um teste de proficiência, será executada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O iG conversou com o presidente do Inep, Joaquim José Soares Neto, e com a coordenadora geral de instrumentos e medidas educacionais do órgão, Gabriela Moriconi, responsável pela prova. Neto, que também é professor universitário, acredita que a avaliação será decisiva para o futuro da carreira do professor. A importância que o órgão tem dado à prova é tão grande que uma diretoria do Inep será dedicada exclusivamente a ela.
O objetivo do MEC é que estados e municípios, de acordo com os próprios interesses, possam utilizar os resultados desses exames – que serão feitos por quem quiser – para selecionar professores. A experiência acumulada do Inep seria utilizada de forma gratuita pelos governos estaduais e municipais.
As regras, os conteúdos e o modelo da avaliação, que inicialmente será aplicada apenas para futuros docentes da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental, não foram definidos. O documento com as diretrizes pensadas pelo órgão de estudos e pesquisas do Ministério da Educação estará aberto a críticas e sugestões até 3 de julho. Até o fim do ano, Neto espera ter o projeto pronto para ser aplicado em 2011.
Vocês decidiram criar uma diretoria só para cuidar de avaliações da carreira docente. Por que?
Neto: Estamos nos especializando na área de avaliação de professores, pela importância que eles têm para a educação. É o principal ator do processo educativo e o Inep está dedicado a isso. Uma diretoria inteira do Inep ficará por conta disso. Acho que é importante esclarecer que estamos falando de avaliação para ingresso na carreira, não de professores que estão em exercício.
Muitas entidades e especialistas reclamam que não foram ouvidas pelo MEC ou pelo Inep antes de a decisão de criar o exame fosse tomada. Como você vê essas críticas?
Neto: O momento para isso é agora. Estamos lançando uma discussão nacional, que não está fechada. Esse é um exame de ingresso na carreira. Ele não vai avaliar professores que estão em atividade. O papel das instituições agora é fazer propostas e críticas. O governo tem de exercer o papel de lançar propostas e colocá-las em execução. Nada será imposto, porque o exame é de adesão, tantos de estados e municípios quanto de candidatos. Tenho certeza de que essa discussão vai motivar mudanças na carreira do professor, aumenta a motivação dos futuros docentes, provocar pressão por melhores salários.
Qual a importância de avaliar o profissional que pretende ser professor e por que não analisar a formação dos que estão em atividade?
Neto: O Inep fará um exame técnico e com qualidade, que pretende auxiliar a seleção de bons candidatos, mostrando o perfil de professor que o País quer. Esse desenho ainda está totalmente aberto. As instituições que quiserem utilizar os resultados vão solicitá-los ao Inep. E a sociedade vai usar esses dados e debates da forma que ela achar melhor. Os municípios hoje que precisam contratar professores têm de organizar o concurso, o que exige experiência e recursos financeiros que muitas vezes eles não têm. Além disso, nós faremos chegar o exame em todas as regiões. Isso vai gerar mobilidade no País. Em relação aos professores em atividade, meu sentimento é de que esse assunto precisa ser mais discutido. Ele ainda não está amadurecido.
Existia uma demanda de estados e municípios para a criação desse exame?
Gabriela: Alguns estados e municípios queriam que o Inep fizesse uma avaliação que pudesse ajudá-los. Depois, houve a divulgação de um estudo que falava sobre a qualidade ruim dos concursos para professores feitos no País.
O Inep pretende divulgar os resultados desse exame por faculdade, como acontece hoje com os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por escola? Esse retorno para as instituições não seria positivo para melhorar a qualidade de formação?
Neto: Acho que o papel do Inep é criar um exame de qualidade. Essa demanda será levantada pela sociedade.
Há algo na proposta elaborada pelo Inep que vocês acreditam que não deve ser retirado do texto original? Alguma ideia em especial?
Gabriela: Nós estudamos exames de diversos países antes de elaborar o documento. Em todas essas experiências, o conteúdo que o professor vai lecionar, as metodologias de ensino, o desenvolvimento humano e aprendizagem ficaram nas propostas de exames. Acredito que esses são pontos essenciais que não sairão do texto.
Vocês têm expectativas de que muitos candidatos participem da prova?
Neto: Pelas discussões geradas a partir de agora, imagino que sim. Muitas pessoas, sabendo que o exame vai até elas, se sentirão estimuladas a participar do exame. Os estados e municípios, por sua vez, se sentirão estimulados a aderir porque vão contratar pessoas de alto nível. Isso vai aumentar as possibilidades de emprego e a mobilidade das pessoas. Para mim, esse exame vai aumentar o prestígio da carreira.
Retirado do site Ig educação
Autora: Priscilla Borges
Diante dos desafios de formar professores mais bem preparados, tornar a carreira mais atraente e valorizada, o Ministério da Educação decidiu criar uma avaliação que, mesmo antes de ser definida, tem gerado inúmeras polêmicas entre sindicatos e especialistas.
Proposta do próprio ministro Fernando Haddad, o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente nasce com a intenção de melhorar a seleção de futuros professores. A prova, que funciona como um teste de proficiência, será executada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O iG conversou com o presidente do Inep, Joaquim José Soares Neto, e com a coordenadora geral de instrumentos e medidas educacionais do órgão, Gabriela Moriconi, responsável pela prova. Neto, que também é professor universitário, acredita que a avaliação será decisiva para o futuro da carreira do professor. A importância que o órgão tem dado à prova é tão grande que uma diretoria do Inep será dedicada exclusivamente a ela.
O objetivo do MEC é que estados e municípios, de acordo com os próprios interesses, possam utilizar os resultados desses exames – que serão feitos por quem quiser – para selecionar professores. A experiência acumulada do Inep seria utilizada de forma gratuita pelos governos estaduais e municipais.
As regras, os conteúdos e o modelo da avaliação, que inicialmente será aplicada apenas para futuros docentes da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental, não foram definidos. O documento com as diretrizes pensadas pelo órgão de estudos e pesquisas do Ministério da Educação estará aberto a críticas e sugestões até 3 de julho. Até o fim do ano, Neto espera ter o projeto pronto para ser aplicado em 2011.
Vocês decidiram criar uma diretoria só para cuidar de avaliações da carreira docente. Por que?
Neto: Estamos nos especializando na área de avaliação de professores, pela importância que eles têm para a educação. É o principal ator do processo educativo e o Inep está dedicado a isso. Uma diretoria inteira do Inep ficará por conta disso. Acho que é importante esclarecer que estamos falando de avaliação para ingresso na carreira, não de professores que estão em exercício.
Muitas entidades e especialistas reclamam que não foram ouvidas pelo MEC ou pelo Inep antes de a decisão de criar o exame fosse tomada. Como você vê essas críticas?
Neto: O momento para isso é agora. Estamos lançando uma discussão nacional, que não está fechada. Esse é um exame de ingresso na carreira. Ele não vai avaliar professores que estão em atividade. O papel das instituições agora é fazer propostas e críticas. O governo tem de exercer o papel de lançar propostas e colocá-las em execução. Nada será imposto, porque o exame é de adesão, tantos de estados e municípios quanto de candidatos. Tenho certeza de que essa discussão vai motivar mudanças na carreira do professor, aumenta a motivação dos futuros docentes, provocar pressão por melhores salários.
Qual a importância de avaliar o profissional que pretende ser professor e por que não analisar a formação dos que estão em atividade?
Neto: O Inep fará um exame técnico e com qualidade, que pretende auxiliar a seleção de bons candidatos, mostrando o perfil de professor que o País quer. Esse desenho ainda está totalmente aberto. As instituições que quiserem utilizar os resultados vão solicitá-los ao Inep. E a sociedade vai usar esses dados e debates da forma que ela achar melhor. Os municípios hoje que precisam contratar professores têm de organizar o concurso, o que exige experiência e recursos financeiros que muitas vezes eles não têm. Além disso, nós faremos chegar o exame em todas as regiões. Isso vai gerar mobilidade no País. Em relação aos professores em atividade, meu sentimento é de que esse assunto precisa ser mais discutido. Ele ainda não está amadurecido.
Existia uma demanda de estados e municípios para a criação desse exame?
Gabriela: Alguns estados e municípios queriam que o Inep fizesse uma avaliação que pudesse ajudá-los. Depois, houve a divulgação de um estudo que falava sobre a qualidade ruim dos concursos para professores feitos no País.
O Inep pretende divulgar os resultados desse exame por faculdade, como acontece hoje com os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por escola? Esse retorno para as instituições não seria positivo para melhorar a qualidade de formação?
Neto: Acho que o papel do Inep é criar um exame de qualidade. Essa demanda será levantada pela sociedade.
Há algo na proposta elaborada pelo Inep que vocês acreditam que não deve ser retirado do texto original? Alguma ideia em especial?
Gabriela: Nós estudamos exames de diversos países antes de elaborar o documento. Em todas essas experiências, o conteúdo que o professor vai lecionar, as metodologias de ensino, o desenvolvimento humano e aprendizagem ficaram nas propostas de exames. Acredito que esses são pontos essenciais que não sairão do texto.
Vocês têm expectativas de que muitos candidatos participem da prova?
Neto: Pelas discussões geradas a partir de agora, imagino que sim. Muitas pessoas, sabendo que o exame vai até elas, se sentirão estimuladas a participar do exame. Os estados e municípios, por sua vez, se sentirão estimulados a aderir porque vão contratar pessoas de alto nível. Isso vai aumentar as possibilidades de emprego e a mobilidade das pessoas. Para mim, esse exame vai aumentar o prestígio da carreira.
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