domingo, 4 de julho de 2010

Moacyr Góes: Punição à mediocridade

Dunga como técnico foi um triste exemplo de desrespeito ao futebol brasileiro

Diretor de teatro e cineasta

Rio - Quando Dunga foi escolhido técnico da Seleção, me veio de imediato nossa incapacidade de reconhecer a importância e apostar na experiência e excelência. Falar agora de teimosia e mediocridade é chutar cachorro morto. Isso não é bom.

Dunga foi a tradução de um mal que nos persegue. O de achar que o futuro não cobra o amadorismo, a esperteza e o desdém pela História. Não nascemos, no futebol, para coadjuvantes. Fizemos História como protagonistas de um jogo caracterizado por beleza e criatividade.

Essa é nossa marca, o que nos distingue. Daí vem a paixão. E isso jamais foi vivido de maneira descompromissada, avessa ao trabalho e desleixada com o compromisso com a vitória. Esse é papo dos medíocres.

O cargo de técnico da Seleção deve ser o apogeu de uma carreira e o time, a tradução do que temos de melhor. Como duvidar dessa obviedade? Mas aceitamos conviver com o improviso e o despreparo.

E ainda tentam nos impor a vontade de torcer de qualquer maneira, sob a acusação de que, do contrário, não somos patriotas, adoramos o atraso, etc.

A gente não é brasileiro porque simplesmente nascemos por aqui. Somos por uma série de valores que nos identificam e nos constituem. Entre eles uma maneira de jogar e gostar do futebol.

Essa seleção nunca empolgou porque seus valores estavam apartados daquilo que nos levam aos estádios: a alegria e a beleza. Eu não gosto de perder, mas não suporto mais ainda o medo e a mediocridade.

Agora é aprender com os erros, se possível. Para isso uma pergunta se faz imperiosa: por que todo mundo quer jogar como nós e a gente quis jogar como se fôssemos outros?

Como não costumo falar por meias palavras digo logo. Melhor torcer para o bando de loucos argentinos e seu técnico destrambelhado. Eles parecem se divertir.

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