O ultimo chefe de polícia famoso no Rio foi Álvaro Lins. Ele era chefe de um grupo de dominava delegacias e fazia acordos com as quadrilhas de bandidos na cidade.
O successor, Alan Turnowski, começa, a partir de hoje, a viver momentos delicados. Seu braço direito na chefia era o delegado Carlos Antônio Luiz de Oliveira, que está sendo procurado pela Polícia Federal.
Qual o problema do braço direito de Turnowaski? Quando digo braço direito, refiro-me à importância que foi dada a Oliveira na própria estrutura da Chefia de Polícia, dividida entre um setor operacional e um administrativo. Oliveira ficou com o operacional.
Seu problema principal foi avisar aos traficantes da Rocinha que a PF iria fazer uma operação para prendê-los. De certa forma, isto está registrado no livro Tropa de Elite 2. Há uma referência à gravação, na qual o traficante Roupinol diz que a federal está em cima, que iria desmontar tudo, inclusive o laboratório e desaparecer por algum tempo.
Turnowski e Oliveira estiveram na reunião com a PF, na qual se planejou a operação. Tudo era conhecido no Rio mas, por causa do processo eleitoral, o desfecho não poderia acontecer em 2010. A Federal é louca, mas não queima dinheiro. Se partisse para cima, no ano passado, teria complicações com o governo estadual e o governo federal.
Hoje, depois que Oliveira desapareceu(estranho que não esteja em casa, precisamente na manhã da busca), Turnowski foi chamado a depor na Polícia Federal, como testemunha. Parece simples, mas não é. Não se tomam depoimentos de chefe de polícia a respeito de crimes de associação com o tráfico de drogas. Ou ele sabe alguma coisa e tomou as providências, ou nada sabe e nada tem a declarar.
Turnowski saiu da PF com um discurso bem Mubarak: daqui não saio, daqui ninguém me tira. Em seguida, afirmou que a polícia estava cheia de traidores. Ninguém precisa ter intuição especial para conhecer com quem trabalha. Mas um chefe de polícia, ao escolher seu braço direito, não pode ser ingênuo, ou então não tem talento específico para o cargo.
Em outubro de 2010, Oliveira, que já fez cursos nos Estados Unidos e trabalhava com apreensão de armas, foi afastado de seu posto. Mas lançado num outro cargo importante: subsecretário de ordem pública. Passou a ser o responsável operacional pelo choque de ordem, que tanto excitou os coleginhas jornalistas na época. Operação importante para a cidade mas que, de um modo geral, significou porrada nos pobres e advertência aos ricos.
Só um governo e sua imprensa deslumbrada acham que é possível impor a ordem à força, sem associá-la à contrução de uma infraestrutura e um trabalho pedagógico. A cada grupo de pessoas presas por fazer pipi na rua, comemorava-se como se estívessemos tomando o Monte Castelo na II Guerra.
Oliveira fugiu, Turnowski está só. No momento, ampara-o grande prestígio do Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que é um homem sério e competente. Mas, às vezes, o próprio Beltrame subestima nossa inteligência. Ao dizer que Turnowski tem sua confiança, não explicou como foi possível tudo isso e, ao afirmar que Turnowski era apenas uma testemunha, esqueceu-se de que, na verdade, o chefe de polícia do Rio de Janeiro não tem nada a informar e sim a fazer, quando algo assim acontece.
O importante é que ,graças à Polícia Federal, deu-se um grande passo. Pena que Beltrame ainda não queira dar o outro: colocar no lugar de Turnowski um grande chefe de polícia.
PS: o delegado Carlos Antônio Luiz de Oliveira entregou-se à PF no meio da tarde. (Texto publicado num jornal de São Paulo, claro né?)
(tudo a lesma lerda!)
Um comentário:
Deve tá correndo um CC brabo entre eles.
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