Retirado do site: Tudo é história!
Autor: Alessandro Santana
Dez entre dez brasileiros, se questionados, colocariam a corrupção como um dos maiores problemas do nosso país, se não o pior, pois dela decorrem todos os outros como a violência e a falta de condições dignas para a maioria da população.
Não somos os únicos e tampouco seremos os últimos a tratar desse tema. Talvez não na mesma escala, mas ela ocorre em todos os países do mundo, incluíndo os países "desenvolvidos" que nos servem de modelo.
Sabemos também que ela extrapola os limites da política, isto é, enquanto ficamos horas criticando nossos políticos - que nós mesmos escolhemos, fazemos as coisas mais absurdas no nosso cotidiano, tais como enganar os outros visando algum lucro ou benefício, furar filas, burlar uma ou outra regra, etc. A esse comportamento que nós chamamos carinhosamente de "jeitinho brasileiro", o historiador Sérgio Buarque de Holanda (pai do compositor Chico Buarque) atribuiu ao "Homem cordial". Segundo ele, os brasileiros usam essa máscara de cordialidade com o objetivo de conseguir tirar vantagem das mais diversas situações, mais que isso, também como uma forma de resistência às adversidades do dia-a-dia e dos sistemas políticos.
Em seu livro Raízes do Brasil, Sérgio Buarque procura compreender os traços históricos que formaram os brasileiros que somos hoje - recomendo a TODOS que leiam esse livro!. Para isso, busca no "estilo português" de colonização a origens de vários desses vícios. Compara o colonizador português ao espanhol, respectivamente o semeador e o ladrilhador, explicitando a total falta de planejamento urbano e econômico dos primeiros, sempre focados na exploração rápida e a qualquer custo.
Não me estenderei muito nesse ponto devido aos limites do blog, mas é por essa via que caminha o historiador, jurista, sociólogo e cientista político (Ufa... o cara é fera!) Raimundo Faoro. Em Os donos do poder, sua obra prima, mostra como esquemas de propinas, contrabandos e desvios de dinheiro, tão presentes nos nossos noticiários, também possuem raízes nos modos como o Brasil foi colonizado. Pra você ter uma ideia, era bastante comum pessoas venderem tudo em Portugal para comprar cargos de fiscais por aqui, pois o que compensava tal esforço não era a "remuneração" oferecida pela Corte, mas sim a participação no vistoso sistema corrupto colonial.
Essa explicação histórica da corrupção não pode, entretanto, servir de justificativa para a apatia do brasileiro frente à situação vergonhosa que vivemos. Ao invés de nos conformarmos com o "foi sempre assim", deveríamos pensar o que eu posso fazer pra mudar essa situação. Não é preciso que ninguém se sinta o próprio Zorro, mas que procure realizar a mudança a partir das pequenas coisas e atitudes, no nosso dia-a-dia.
Por isso o título desse post, inspirado na dissertação de uma aluna que tenho no 2º ano do EM. Analisando e propondo soluções para o problema da corrupção generalizada no país, com base nos pensamentos de Nicoloau Maquiavel (O príncipe) e Tomas Morus (A utopia), afirma que todos nós deveríamos ter um Thomas Morus dentro de nós, isto é, um bom senso que nos levaria a pensar as situações não sobre o prisma do lucro fácil, mas sim pelo da ética e da moral. Assim como não se começa uma casa pelo telhado, somente fazendo a nossa parte é que, a médio ou longo prazo, conseguiremos mudar a realidade do nosso país.
Autor: Alessandro Santana
Dez entre dez brasileiros, se questionados, colocariam a corrupção como um dos maiores problemas do nosso país, se não o pior, pois dela decorrem todos os outros como a violência e a falta de condições dignas para a maioria da população.
Não somos os únicos e tampouco seremos os últimos a tratar desse tema. Talvez não na mesma escala, mas ela ocorre em todos os países do mundo, incluíndo os países "desenvolvidos" que nos servem de modelo.
Sabemos também que ela extrapola os limites da política, isto é, enquanto ficamos horas criticando nossos políticos - que nós mesmos escolhemos, fazemos as coisas mais absurdas no nosso cotidiano, tais como enganar os outros visando algum lucro ou benefício, furar filas, burlar uma ou outra regra, etc. A esse comportamento que nós chamamos carinhosamente de "jeitinho brasileiro", o historiador Sérgio Buarque de Holanda (pai do compositor Chico Buarque) atribuiu ao "Homem cordial". Segundo ele, os brasileiros usam essa máscara de cordialidade com o objetivo de conseguir tirar vantagem das mais diversas situações, mais que isso, também como uma forma de resistência às adversidades do dia-a-dia e dos sistemas políticos.
Em seu livro Raízes do Brasil, Sérgio Buarque procura compreender os traços históricos que formaram os brasileiros que somos hoje - recomendo a TODOS que leiam esse livro!. Para isso, busca no "estilo português" de colonização a origens de vários desses vícios. Compara o colonizador português ao espanhol, respectivamente o semeador e o ladrilhador, explicitando a total falta de planejamento urbano e econômico dos primeiros, sempre focados na exploração rápida e a qualquer custo.
Não me estenderei muito nesse ponto devido aos limites do blog, mas é por essa via que caminha o historiador, jurista, sociólogo e cientista político (Ufa... o cara é fera!) Raimundo Faoro. Em Os donos do poder, sua obra prima, mostra como esquemas de propinas, contrabandos e desvios de dinheiro, tão presentes nos nossos noticiários, também possuem raízes nos modos como o Brasil foi colonizado. Pra você ter uma ideia, era bastante comum pessoas venderem tudo em Portugal para comprar cargos de fiscais por aqui, pois o que compensava tal esforço não era a "remuneração" oferecida pela Corte, mas sim a participação no vistoso sistema corrupto colonial.
Essa explicação histórica da corrupção não pode, entretanto, servir de justificativa para a apatia do brasileiro frente à situação vergonhosa que vivemos. Ao invés de nos conformarmos com o "foi sempre assim", deveríamos pensar o que eu posso fazer pra mudar essa situação. Não é preciso que ninguém se sinta o próprio Zorro, mas que procure realizar a mudança a partir das pequenas coisas e atitudes, no nosso dia-a-dia.
Por isso o título desse post, inspirado na dissertação de uma aluna que tenho no 2º ano do EM. Analisando e propondo soluções para o problema da corrupção generalizada no país, com base nos pensamentos de Nicoloau Maquiavel (O príncipe) e Tomas Morus (A utopia), afirma que todos nós deveríamos ter um Thomas Morus dentro de nós, isto é, um bom senso que nos levaria a pensar as situações não sobre o prisma do lucro fácil, mas sim pelo da ética e da moral. Assim como não se começa uma casa pelo telhado, somente fazendo a nossa parte é que, a médio ou longo prazo, conseguiremos mudar a realidade do nosso país.
2 comentários:
Maravilha de texto. A autocrítica é um passo importante, muito importante. Somos nós que devemos mudar. Gosto muito de usar o supermercado como laboratório. Observem. Na grande maioria, nosso povo não se respeita. Pequenas atitudes, como por exemplo, largar o carrinho no meio do caminho e fingir que não tem ninguém mais no mundo, obstruindo a passagem de todos, denuncia o fato. Somos incapazes de ensacar as compras (nossas compras), pois acreditamos que a responsabilidade é do empregado do supermercado (visão colonialista). Se o caixa é para 10 volumes, não interessa, pois eu tenho 15 ( isto é só mais 5)... e por aí vai. Mas dia desses uma criança me esbarrou (sem querer é claro) no supermercado e pediu desculpas. Outra me pediu licença e depois agradeceu. Por último ontem vi uma criança advertir sua mãe dentro do carro, pois a mesma queria estacionar na vaga de deficiente na Rua Padre Luna, portanto acho que vamos chegar lá.
nada melhor para se imunizar do que o bom senso, já dizia Tim Maia: o bom senso é a imunização racional.
Postar um comentário