Lá estava Quixote curtindo as férias: 10 horas de sono, episódios de Lost, Naruto, Bleach, Sobrenatural, sem stress, sem aluno pulando o meu pescoço. Um verdadeiro paraíso. Durou exatamente três horas o meu descanso. Ele terminou justamente na quarta feira, 9 de dezembro. Como estava com tempo sobrando e com a consciência pesada em não saber o que ocorria na minha cidade, liguei meu rádio para escutar a entrevista de um Deputado feita pelo dono da maior rádio valenciana.
Mal sabia que tinha feito um grave erro. Já a chamada da entrevista denunciava o conteúdo, ou a falta dele. A chamada falava que um amigo meu iria entrevistar um Deputado sobre “importantes” assuntos. Como não tinha nenhum amigo na rádio identifiquei aquilo como o marketing da emissora.
Pois bem, começou a entrevista e fui percebendo que o objetivo da mesma não era informar nada a alguém, mas sim um espaço para a auto-promoção do Deputado. Não tinha questionamentos, dúvidas, só existia a política da troca de elogios. Um falava bem do outro e os dois falavam bem de Deus....
O tal assunto importante da entrevista eu não pude perceber. A entrevista acabou e minha intenção de saber sobre a atuação do deputado não se realizou. No entanto, ficou difícil não sair da entrevista com a impressão de que o Deputado é um cara preocupado com os “anseios da população”. Só não entendi o que ele faz/fez, mas ele é um Good boy.
No entanto, comecei a duvidar que o caminho pelo qual escolhi para obter informações pudesse fornecê-las. Duvidei mais ainda e pensei na hipótese de que aquela entrevista fosse uma mercadoria que o dono da rádio, “meu amigo”, vende para os seus “outros” amigos, certamente mais poderosos e influentes do que eu. O que seria então a coisa ”importante” que a chamada da entrevista dizia? A resposta para a questão só apareceu no Jornal da mesma emissora.
No intervalo do Jornal aparece a famosa chamada em que meu amigo desconhecido entrevistará outros Deputados, e, pasmem, também sobre “importantes assuntos”. Aí eu entendi todo o significado da expressão: “importantes assuntos.” Vamos então minha interpretação sobre o uso do termo. “Importantes assuntos” significa inexistência de pauta, troca de elogios ou a popular BALELA. Você acaba de ouvir e fica com a sensação de que foi enganado. Se for esperto até consegue saber o que as pessoas vão falar antes das próprias, é o lugar onde reina o politicamente correto.
Poderia ser diferente? Penso que sim. No começo da entrevista o entrevistador poderia falar: “O espaço da nossa conversa foi comprado pelo senhor fulano de tal por tantos reais, o microfone está aberto para ele.” Seria mais sincero, mais honesto para com os ouvintes. Só escutaria aqueles que acreditam nas propostas do entrevistado. Mas respeito à inteligência do público não faz parte dos anseios do amigo, nem da rádio dele. Pior para nós.
PS: É revoltante, dia 11 de Dezembro e não ter recebido salário da Prefeitura de Valença e nem Décimo Terceiro.
Um comentário:
Eu às vezes me pergunto se os meios de comunicação em geral não acreditam na nossa inteligência ou, o que seria pior, já fizeram uma pesquisa para ter certeza da falta dela em nós.
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