"Um xarope de esperança, uma dose de alegria e um caminhão de amor": estes são alguns dos principais ingredientes de Pedro Paulo Garcia, ou melhor, do "Doutor Kuratudo", que desde 1997 faz trabalhos voluntários em hospitais, escolas e creches de Valença.
Hoje, aos 67 anos e com uma longa estrada no voluntariado, o doutor Kuratudo está afastado do trabalho, devido a uma cirurgia cardíaca feita recentemente; mesmo assim, ainda fala com orgulho e brilho nos olhos sobre o seu belo trabalho e suas boas experiências.
Essa história começou em 1980, quando Pedro Paulo teve um câncer no sistema linfático e precisou ficar internado, ficando sozinho em um quarto e sem receber muita atenção. Vivendo essa agonia, Pedro se colocou no lugar de outras pessoas que, assim como ele, não recebiam visitas e nenhum tipo de atenção.
- Resolvi então que, no dia que eu ficasse curado e tivesse tempo, iria aos hospitais pelo menos para dar boa tarde às pessoas e demonstrar preocupação com elas - disse.
E a promessa foi cumprida. Ele começou a ir toda semana aos hospitais, conversar com as pessoas, cumprimentá-las e passar um pouco de sua experiência com o câncer para quem precisava. Com o passar do tempo, Pedro Paulo foi chamado para trabalhar com crianças.
- Fiquei um pouco assustado, pois nunca havia lidado com crianças - confessou, afirmando que não sabia como iria fazer essa nova atividade.
Mesmo assim, ele aceitou o desafio e resolveu aprender a conviver e a levar alegria às crianças do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Foi então que surgiu o "Doutor Kuratudo", um misto de médico e palhaço que, com seus instrumentos de proporção exagerada, levavam alegria e distração a quem precisava. Crianças que ficavam no hospital tristes e com medo passaram a ter uma energia a mais para superarem a doença.
O trabalho em Valença
Pedro resolveu levar o trabalho para sua cidade, Valença. Trabalhando como voluntário nos hospitais da cidade, recebeu a ajuda de mais algumas pessoas apaixonadas pelo voluntarismo. Sempre com o lema "a boa vontade e amor é tudo, sem amor não somos nada", o teatro cresceu e recebeu o reforço de Alex e Jean (os palhaços Perebas), Ana Elise (Enfermeira Ai Ai), Tayana Calmon (Laila, a Fiscal), além de Marcelo e Gilbertinho, que atuam assistentes do palhaço. Segundo Pedro Paulo, a alegria e o amor das pessoas ajudam - e muito - na recuperação dos pacientes.
- É muito comum eu chegar aos hospitais e ver as crianças tristes e desanimadas, mas basta me verem chegando com o personagem para logo esbanjarem o sorriso no rosto e o brilho nos olhos - afirma, ressaltando que a receptividade é grande, tanto dos pacientes quanto dos pais e demais familiares.
- Trabalhei por muitos anos como administrador e fui diretor de uma grande empresa, mas o que me realiza de verdade é ser voluntário. Eu amo fazer isso.
Em Valença, o trabalho é mais voltado para as crianças, porém os adultos também não ficam de fora: Pedro Paulo corta cabelo, faz barba e se torna amigo e ouvinte de vários adultos que precisam de uma boa companhia.
- Faço todo esse trabalho sem o apoio ou patrocínio de ninguém, tudo que faço é por minha conta. Eu sinto falta de mais pessoas que se importem com esse trabalho e se disponham em ajudar - desabafa.
Sempre no final de ano, Pedro Paulo ainda arrecada brinquedos e doa à crianças carentes no Natal. Este ano, porém, ele não poderá fazer as doações devido à recuperação da cirurgia.
Fonte: sítio do Diário do Vale
2 comentários:
PÔ, nunca ouvi falar do Karatudo. Um exemplo de que a gente não dá valor para o que temos em nossa cidade. A iniciativa dele é formidável, me lembrou os Doutores da Alegria, que fazem um trabalho super legal, mas não chegam em cidades pequenas - acho que só Rio e São Paulo.
Realmente é uma pessoa com um espírito iluminado. Leva alegria a todos que estão internados no Hospital. Inclusive o Jornal Local, de Valença, já fez matéria com ele no ano de 2008. É um grande homem. Saúde e paz Kuratudo. Tô torçendo por suas melhoras. Bjks
Postar um comentário