segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Da série: "porque o Rio de Janeiro é penúltimo lugar no IDEB"


Aulas a distância para suprir falta de professor no estado

 

Escolas da Faetec adotarão aula por teleconferência já em fevereiro. Tecnologia para compensar carência de mestres poderá ser estendida à toda rede estadual de ensino


Rio - Para suprir a carência de professores na rede pública de ensino, o Rio de Janeiro vai recorrer à tecnologia. Um só mestre se comunicará com até quatro turmas espalhadas pelo estado por um telão especial e câmeras que captam som e imagem. A novidade começa em fevereiro nos Centros de Vocação Tecnológica (CVTs), escolas técnicas da Faetec, como informou, em outubro, a coluna ‘Informe do Dia’. A iniciativa pode ser estendida à toda rede estadual.
O Rio é pioneiro na adoção da telepresença nas escolas, que será empregada em aulas de Química, Física, Biologia, Matemática e Geografia — áreas em que professores são artigo de luxo. Os nove CVTs que deverão receber a modernidade no Ensino Médio e profissionalizante são: Caxias, Belford Roxo, São João de Meriti, Nova Iguaçu, São Gonçalo, Manguinhos, Cidade de Deus e Nilópolis.

Remuneração extra

As aulas serão ministradas do CVT de Quintino. As quatro turmas, com cerca de 40 alunos cada, participarão simultaneamente, e monitores ficarão em sala. Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, a interação entre os ambientes é total e não está descartado salário diferencial devido ao maior volume de provas.

“É uma medida de teste e emergencial para suprir a carência de professores. Alunos receberão pen-drives para assistir à aula depois”, explica.

Câmeras darão ‘close’ no aluno que perguntar e, em todos os ambientes, a dúvida será ouvida. Detalhes como estudantes cochilando, passando cola ou conversando também serão captados. Segundo Amos Maidantchik, diretor da empresa Cisco, fornecedora da telepresença, o aparelho custa R$ 250 mil e a transmissão da imagem é feita por sinal de Internet.

Para a doutora em Educação pela Universidade de Columbia, Regina de Assis, melhor do que investir em tecnologia é aumentar o salário do professor e concretizar o plano de carreira. “Economizar professor não é o melhor método. Além disso, aulas práticas de Química e Física não podem ser abandonadas”, alerta.

Segundo a Secretaria de Ciência e Tecnologia, em Química, Física, Biologia, Matemática e Geografia só 10% dos alunos ingressos chegam ao fim da faculdade e poucos optam pelo magistério.

Para reverter este quadro, Cardoso quer pagar, a partir do 2º semestre de 2011, R$ 200 mensais para incentivar alunos de faculdades. Em troca, eles terão que assinar contrato para trabalhar 3 anos na rede pública. “Se agora formam 4, ano que vem vão estar formando zero. Fizemos levantamento informal na Faetec e apenas 3% dos professores queriam que os filhos seguissem a mesma carreira”.
Em Química, só quatro formados na Uerj há 2 anos

Resultado de levantamento do número de ingressos e formandos para carreiras de magistério em universidades do estado é desanimador. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), de 2007 a 2009, entraram 512 alunos no Curso de Física, porém só se formaram 129 (25%). Já o curso de Química registrou apenas quatro concluintes em 2008, contra 44 matriculados no mesmo ano.

O curso que forma professores de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro registra queda de formandos desde 2007, quando se formaram 36 pessoas. Os índices dos anos seguintes foram 18 e 11. Para a professora Valcir Santos, diretora do Instituto de Matemática da UFRJ, a falta de valorização dos professores e os baixos salários são a principal causa de abandono do magistério.
Ela cita ainda que alunos não aprovados em Engenharia, por exemplo, acabam optando por Matemática, mas conseguem transferência no meio do curso. “Há famílias que se opõem à licenciatura, mas digo aos alunos para fazerem o que gostam”, aconselha.

Na UniRio, em 2008, houve mais concluintes do curso de Música (22) do que no de Ciências Biológicas (15). Dados do vestibular da Universidade Federal Fluminense (UFF) comprovam a baixa procura. Química registrou 264 inscritos em 2009, contra 1.109 em História e 7,4 mil em Medicina.

Curso forma 4 mestres em 1

Visando a suprir a carência de professores nas escolas, a UniRio abriu, este ano, o curso de Licenciatura em Ciências da Natureza, que forma mestres em Química, Física, Matemática e Biologia. O curso dura 4 anos e oferece 30 vagas.

Para Loreine Hermida da Silva e Silva, pró-reitora de Graduação da Unirio, um professor apto a ministrar 4 disciplinas diferentes pode ter uma matrícula em cada matéria e, assim, beneficiar a rede pública: “Há necessidade em todo País de professores de certas disciplinas. Cursar uma faculdade é caro, mas o professor não tem este retorno no trabalho, ganha mal”.

Física tem poucos alunos e alguns não querem dar aulas
Depois de enfrentar seis anos de cálculos, fórmulas e desgaste em escolas, Paula Nascimento, 23 anos, concluirá o curso de Física na Uerj este ano. A cerimônia, porém, não terá muitos colegas que ingressaram com a jovem em 2005. “Muitos foram para Engenharia. Quero ser professora, mas de ensino superior, pois paga melhor”, afirma.

Colega de classe, Alex Muniz Rodrigues, 23, desistiu do magistério após dar aula para estudantes do Ensino Médio. “Há muitas salas de aula lotadas, com muitos alunos conversando e sem interesse. Quero fazer pesquisas em Geofísica”, declara.

Já Dayana Siqueira, 25, dá aulas de Química em cursinhos de pré-vestibular desde o 2º período da faculdade. A jovem conclui o curso na UFF este ano e pensa em fazer concurso para a Faetec e Pedro II.

“Amo dar aula e quando o professor se impõe, a turma respeita. Há lugares que pagam bem e é possível tirar R$ 2 mil por mês”, conta, entusiasmada.


3 comentários:

Anônimo disse...

Não sei o estado do Rio, mas em Valença eu sei o motivo do fraco desempenho, chama-se PROFESSOR.....Mas isso tem tem complicações, seja na desvalorização profissional, falta de estrutura e etc, mas também tem outras questões, mas a mais importante é a falata de capacidade e o despreparo de muitos, inclusive um que é sabichão e que posta aki, não é Sr. Samir Resende????? O qual é conhecido no meio como o "PAI DA CERTEZA"! Mas isso é outra história

Abraço fraternal

Tyler Durden disse...

Também acho este Samir Resende um fanfarrão! Pai da certeza, tio da falácia e padrinho do desbunde!

Abraço fraternal

Anônimo disse...

Ahhhh, o Samir é o melhor que nós temos!!! Pelo menos tenta e põe a cara.