sábado, 11 de outubro de 2008

Saudações a quem tem coragem!

Estou muito preocupada com o papel da mídia em relação aos movimentos sociais, não é de hoje que isso acontece - em relação aos movimentos e locais - em que atuamos. Escrevo para pedir a ajuda do Movimento em relação à condição do movimento/Estudantes da UERJ. Todo mundo sabe que os estudantes da UERJ ocuparam a reitoria após assembléia estudantil no dia 10 de setembro, com pauta de reivindicação urgente (como bandejão, assistência estudantil, etc.*ver texto do blog: http://uerjocupada.blogspot.com/2008/09/comunicado-do-movimento-de-ocupao-em.html. Decidiu-se voto a voto, em duas assembléias pela manhã e a noite a participação na greve (iniciada pelos docentes no dia 8 de setembro - se não me engano). Após a assembléia da noite a ocupação teve início - decisão dos estudantes presentes na assembléia, em torno de 500 pessoas.

A tomada de rumo do DCE foi decidida perante as assembléias estudantis antes da ocupação e durante a ocupação.

A ocupação durou 20 dias. Hoje, dia 10, a saída da ocupação completa uma semana e três dias. De represálias e ataques terroristas estão sofrendo os estudantes que são diretores do DCE - Gestão eleita em julho de 2008 - posse em agosto se não me engano. Nessa gestão "Nada será como antes" o plebiscito pela majoritariedade venceu a proporcionalidade.


Abrindo um parêntese:

- Ano passado (2006-2007) a gestão foi composta por todas as 4 chapas que concorreram ao DCE. A chapa "Camarão que dorme a onda leva" – PC do B - UJS, diversas correntes do PT, Juventude do PSB – teve maioria dos votos e maioria da gestão proporcional, com a grana das eleições para governador do Rio. Grupos que consideramos de direita e conservadores, por atuarem na universidade de forma neoliberal e privatizante da instituição. Educação não é mercadoria.*Correu o boato de que nessa eleição essa chapa movimentou mais de 20.000 reais, durante as eleições para o DCE, com dinheiro vindo de diversos lugares, exemplo: das campanhas do PT para governador e deputados estaduais e federais. Eu mesma presenciei no dia do resultado das eleições a conversa com um cabo eleitoral de um deputado-PT da zona oeste do Rio, que com a vitória aprovou a "doação" de 3000 reais para a campanha desta chapa. Esse grupo político anda de braços dados com o governo Sérgio Cabral. Seus partidos ocupam cargos importantes do governo, tais como a Secretaria de Ciência e Tecnologia*a UERJ hoje está vinculada a essa secretaria (PSB), base do governo na ALERJ, etc. Além disso, esse grupo, onde se inclui a famosa UJS – União da Juventude Socialista do PCdoB, isso, a mesma que monopoliza a UNE (União Nacional dos Estudantes), foram cabos eleitorais da campanha para reitoria em novembro passado do atual reitor eleito democraticamente pelo colégio eleitoral da UERJ. Colégio Eleitoral = estudantes/ funcionários técnicos e docentes.*o voto é proporcional em relação ao colégio eleitoral das categorias, ou seja, o voto de um docente pode chegar a valer o voto de 49 estudantes.*Vieiralves tem um currículo invejável, é do PT e esteve afastado da universidade durante muito tempo (ocupando cargos no governo Sérgio Cabral e anterior) retornando para vencer as eleições e recolocar seu grupo político conservador no poder (UERJ 21).

Obs.Currículo do REItor: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4780741H0

No dia 9 de outubro saiu no jornal O DIA na página 12, a matéria da convocação da impressa feita no dia 8 de outubro pelo REItor, onde a nenhum estudante nem a TV UERJ (feita por estudantes da Faculdade de Comunicação da UERJ) foi permitido participar. E, que calunia os estudantes/ ocupação em relação à situação/condição da reitoria após a retirada da ocupação. Essas calúnias são instrumentos que nos desqualificam e nos expõem de tal forma terrorista e ainda mais, nos colocam no lugar contrário. Colocam-nos no lugar deles, porque eles sim desmontam a universidade pública. Bebem água Perrier (R$ 5,00 a garrafinha) e nós nem bebedouros temos Além das perseguições ditatoriais de um Estado Positivo de Direito, há a perseguição citada. Todos os diretores empossados do DCE são réus dos processos durante a ocupação, que se iniciaram na reintegração de posse. Essa perseguição continuou essa semana, quando o reitor e um funcionário do Tribunal de Contas do Estado foram a 18DP - Praça da Bandeira, e fizeram duas queixas-crime. A do TCE é sobre um suposto laptop e um pendrive. Esse sujeito disse que fazia um trabalho na UERJ e esqueceu lá seu laptop e seu pendrive. Alegando foram furtados por algum estudante/pela ocupação. Nesse processo ele coloca o nome de uma estudante - que também é diretora do DCE e faz parte da comissão de comunicação da Ocupação - para prestar esclarecimentos/ depor na delegacia. Já o processo do REItor, Ricardo Vieiralves, é relacionado a supostos danos ao patrimônio público. Com valor de total (dos supostos prejuízos) somados em R$ 50.000. Nesse todos os estudantes são os autores da suposta desgraça - principalmente aqueles que ocuparam a reitoria. Ou seja, os supostos danos são: "desaparecimento de laptop, pendrive, pixação, e furtos de alguns objetos". As fotos que o REItor divulgou para a imprensa foram forjadas. Repito isso é uma armação!! No início da ocupação foi feito um inventário do que havia no local com uma comissão inclusive de pessoas da Administração Central e seguranças da UERJ - seguranças que são patrimoniais e seguranças pela segurança mesmo = seguranças da repressão, se é que vocês me entendem. Na retirada dos estudantes, foi feita uma nova comissão que inventariou e relatou a situação do local - composta por diversos membros e entidades da UERJ: ASDUERJ associação de docentes da universidade do estado do rio de janeiro www.asduerj.org.br e do SINTUPERJ sindicato dos trabalhadores das universidades públicas estaduais http://www.sintuperj.org.br/.

Podem ser lidos textos a respeito da situação da REITORIA após a ocupação nos endereços da ASDUERJ, do SINTUPERJ e do blog da ocupação (uerjocupada.blogspot.com).

Peço a contribuição do MOVIMENTO VALENÇA EM QUESTÃO, de outros MOVIMENTOS e das pessoas pela não criminalização dos movimentos sociais, ajudando a divulgar mais uma mentira da mídia burguesa. Sendo veículo de apoio do movimento e dos estudantes da UERJ, mostrando o nosso repúdio ao poder da mídia burguesa e dos poderosos, que deturpam nossas atuações e nos terrorizm com processos criminais. Peço que leiam o blog da ocupação: http://www.uerjocupada.blogspot.com/. Mandem apoio para ocupacaouerj@gmail.com. Me refiro ao apoio individual e das entidades.

Muito obrigada e me desculpem se em algum momento do desabafo não me expressei bem e não me fiz entender. Conto com o apoio de vocês e dos movimentos. Se puderem divulgar os textos que estão no blog, será de grande valia. Não se esqueçam de visitar e viajar nas postagens antigas da ocupação da UERJ.

Mais informações entrar em contato com a comunicação da ocupação através do email ocupacaouerj@gmail.com


Saudações aos corajosos,


Luciane Barbosa de Souza
Pedagoga/ UERJ – Estudante de Ciências Sociais UERJ – lesada desde 2002, ano de vestibular/ingresso na UERJ.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ao MVQ e ao autor do texto, Danilinho Serafim em especial.

Antes de tudo, esse comentário é resultado de uma conversa anterior à leitura desse texto somado à leitura desse que pretende ser uma análise “definitiva” das eleições em nosso Município.

A nós duas o artigo “Eleições: Análises, Reflexões e Lutas” não pareceu muito contundente, embora gostemos muito e reconheçamos o valor de quem o redigiu. Entre os vários equívocos, apontamos um em especial, quando o autor defende que "(...) Desde o primeiro momento ficou claro que nenhuma das candidaturas vitoriosas em potencial trariam mudanças substantivas a realidade valenciana.”

Ao contrário do que pensa o autor, não existe nenhuma “claridade” nesse ponto. Até porque candidaturas não trazem mudanças, substanciais ou relativas; candidaturas sustentam-se no passado político dos proponentes e nos planos de governo. “Planos”. Enfim, uma cruza de “experiência” e “expectativa”, na acepção mais barata de um R. Koselleck.

Em nível de governo, através do qual, sim, pode ser transformada ou não a “realidade valenciana”, a candidatura vitoriosa não pode vir a ser julgada. A análise política séria não se funda em perspectivismo, videntismo, seja lá o que for. Ao contrário, nesse momento de transição, será preciso entre nós - e muito – ponderamento, crítica, cobranças com acompanhamento de ações e auto-crítica por parte da sociedade civil organizada (ou desorganizada, já que o próprio MVQ reconhece não gozar de “organicidade”) para que mudanças sejam efetivadas num futuro – esperamos - próximo.

Parcerias também. Por exemplo, conseguimos há um mês (30 dias!!) sensibilizar a representação feminina do Rotary e a FAA a fim de garantir aos 20 inscritos no programa de alfabetização na Varginha exames oftalmológicos. Até o momento, o MVQ não conseguiu sequer marcar um encontro com as lideranças da Ocupação Gisele Lima, na Varginha, pra organizar a realização das consultas. E, pior, estamos a ponto de perder uma voluntária como a Mônica porque a própria Ocupação e nós não conseguimos nos “organizar” para que os 20 inscritos se beneficiem desse trabalho fundamental.

Será preciso, pra que essa sua idéia, Danilo, de “organicidade” total de esquerda se realize, pequenos passos fundamentais e bem dados. Se não tivermos competência pra garantir à Varginha esse mínimo, meu caro, desculpe-nos, seus argumentos continuarão nos soando falaciosamente.

E não espere que o PCB, PSTU, PSOL e partidos dessa pretensa linha de oposição se sensibilizem com a Varginha ou qualquer outro bairro de periferia. Quando o assunto é “favelização”, no mundo inteiro, se o povo não se organiza, se o povo não interfere, nada muda. A “gente” é povo, quer juntar-se a nós? Independentemente de vocês, estaremos na Varginha no sábado, com chuva e o que for caindo do céu, canivete e o cacete a quatro. E não estaremos lá porque somos MVQ, mas porque somos cidadãs.

Ana Reis, jornalista
Marcelle Sales, estudante de História (FAA)

Anônimo disse...

A UERJ ta uma merda!